História Minha Dona - Suspeita

As respostas para suas perguntas estão nas notas iniciais, por favor,  leia. 

~*~ 22:00 Horas  / Quarta-Feira ~*~

A noite era calma e amena na cidade dos apaixonados. A jovem de cabelos azulados observava as ruas e o céu estrelado, escorada na sacada de seu quarto não se importando com a brisa que balançava seus cabelos soltos e levantava de leve a barra da blusa de seu pijama curto de tom púrpura. Pensava em como tinha responsabilidades aos 17 anos, nas batalhas como Ladybug, as quais já travava a nos dois anos ao lado do gato preto mais charmoso da França.

Pensava em como podia ser forte, corajosa e decidida  e também fofa e desastrada ao mesmo tempo. Houve um tempo em que tudo o que queria era conquistar aquele que ela  considerava como seu príncipe encantado, um anjo sem defeitos. Mas enfim ela percebeu que ele não era tão perfeito assim enfim, depois de tanto tempo, eles tornaram-se bem próximos nos anos que passaram, melhores amigos. 

Escondidos no fundinho do peito ainda haviam alguns sentimentos por ele, nunca é fácil esquecer o primeiro amor. Mas isso não era mais sua prioridade, havia até mesmo dado alguma chance a outros garotos, como Luka, o jovem de cabelos preto-azulados que a muito lutava pelo amor de Marinette. Mas nesses dois anos não teve coragem, para ela era como se estivesse enganando a outra pessoa.

Uma movimentação rápida e estranha que passou a seu lado fez com que ela saísse de seus devaneios noturnos, virou-se para o lado e deu de cara um gato preto que agora estava escorado de costas para a sacada e olhando para ela com uma expressão curiosa.

— Boa noite. — Falou o garoto de modo simples.

— Boa noite Chat, a que devo a visita? — Perguntou, pelo que devia  ser a décima vez, genuinamente esperançosa de que ele finalmente respondesse a essa pergunta com a 4r4verdade.

— Eu só estava passeando e vi você aqui sozinha, resolvi dar um oi. — Ela revirou discretamente os olhos com a resposta, o gato dava sempre a mesma resposta, pensou suspirando.

— Ladybug sabe que você fica passeando sozinho por aí no meio da noite? — Brincou como fazia sempre, mas dessa vez ele virou-se para ela com um sorriso de lado um tanto suspeito.

— Por mais que eu chame ela de My Lady, ela não é realmente minha dona, você sabe muito bem que no último ano isso tem sido mais pelo costume.

— Mas… Você queria que ela fosse, né? — A pergunta, por mais simples que parecesse pegou o garoto desprevenido, pois fora a primeira vez que ela perguntou isso de maneira tão direta, mesmo depois de anos.

— Eu... É complicado. — Falou olhando para as estrelas. — Se tivesse me perguntado isso a um tempo atrás eu diria que sim, — deu risada, — eu era só um bobo apaixonado! — Então a olhou nos olhos. — Mas hoje em dia, fazendo mais de dois anos que luto ao lado dela, eu já não quero mais isso. Mesmo se Ladybug gostasse de mim agora, nós provavelmente não ficaríamos juntos, afinal, por trás da máscara ela pode ser uma pessoa completamente diferente.

Dessa vez ela é quem foi pega desprevenida, por mais que negasse o gato com toda a convicção ela se sentiu decepcionada até mesmo triste.

— Por quê?

Ele abriu um sorriso deliciosamente malicioso, colocou os braços um de cada lado do corpo dela, segurando na grade, colou seu corpo ao da garota e aproximou o rosto o suficiente para que ela sentisse seu hálito quente. Ela ficou estática, sabia que ele fazia dessas coisas por aí, Chat Noir tinha fama e não era pouca, além das coisas que ele mesmo contava. Mas ele nunca havia passado de meras provocações consigo e não imaginava que ele fosse começar a avançar agora.

— Porque, eu descobri que gosto mais de ser livre. — Aproximou os lábios do ouvido dela. — Não seria uma pena se um gato maravilhoso como eu ficasse preso dentro de casa?

Por um momento seu coração bateu mais rápido, seu corpo esquentou e ela tinha certeza de que seu rosto atingiu um tom escarlate. Levou as mãos ao peito musculoso dele e tentou empurrá-lo, mas seus braços não tiveram força suficiente ou era do que ela tentava se convencer.O felino aproximou mais o rosto do dela e então ela fechou os olhos esperando o beijo. Mas, em vez de sentir os macios lábios do loiro ela sentiu ele se afastar. Abriu os olhos rapidamente e viu que ele tinha no rosto um sorriso satisfeito.

— Você fica linda vermelha assim! — Falou com a mão na bochecha dela.

— Você! Que droga Chat o que foi isso?

— Estava apenas demonstrando o motivo da minha decisão, — falou rindo. Ela cerrou os olhos e deu um tapa leve no braço dele, fazendo-o rir mais.

— Nunca mais faça isso! Seu... Seu projeto de gato preto exibido! — Ela parecia uma criança mimada, mas ainda era tentadora.

— Não posso prometer nada… — Antes que ela rebatesse a fala, o de olhos esmeraldinos roubou-lhe um beijo de canto de boca.

— Sonhe comigo Mari. — Disse apressado e se lançou da sacada dela num piscar de olhos.

— Gato abusado. — Falou de maneira nervosa com os dedos sobre o local do beijo e ouviu a gargalhada do gato preto como resposta.

Entrou para o quarto e foi deitar-se ainda irritada com o garoto e consigo mesma por ter ficado sem reação. Já admitira para sua Kwami que se não fosse a “lista de conquistas de Chat Noir”, teria dado uma chance a Chat. Tinha que admitir que ele a atrai com seu lindo sorriso convencido, seu corpo bem formado e, bom, todo ele. Entretanto isso já não importava, Chat já não queria compromisso e ela não seria apenas mais uma nas mãos dele.

Rolou na cama por algum tempo até finalmente conseguir dormir e mesmo sem sua permissão o gato invadiu seus sonhos.

~*~

Assim que se jogou na cama desfez sua transformação. Plagg voou como um jato até a mesa de cabeceira onde um pedaço suculento de queijo Camembert o esperava. Adrien suspirou satisfeito consigo mesmo e o pequeno gato lançou-lhe um olhar complacente.

— Ainda suspeita que ela possa ser a Ladybug? — o Kwami perguntou com a boca cheia. Adrien revirou-se novamente na cama, dessa vez ficando de barriga para cima e soltou mais um suspiro cansado sem sem responder. O pequeno gato flutuou até a cama e pousou no meio dos cabelos loiros.

Passou as patas pequeninas ali como se quisesse fazer carinho, como se desse forças ao garoto. Por mais debochado e sarcástico que fosse reconhecia que o garoto de apenas 18 anos já tinha enfrentado coisas demais na vida. 

Adrien fechou os olhos e sorriu feliz com o ato do amigo, apesar das brigas e do jeito irritante Plagg sempre sabia ser um bom companheiro nas horas em que ele mais precisava. Eram momentos raros, mas acontecem.

— Acho sim, — falou num sussurro. O gatinho nada respondeu, mas continuou com o carinho até sentir a respiração do garoto ficar calma e ritmada. Esperou um tempo até ter certeza de que o garoto havia dormido e então se ajeitou nos macios cabelos de ouro como se fosse um ninho.

— Espero que esteja certo garoto. Você parece gostar daquela garota e ela parece ser uma boa pessoa.

Fechou os olhinhos verdes e se entregou ao mundo dos sonhos. Na esperança de sonhar com uma certa Kwami vermelha de olhos azuis.