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História Minha Lucy - Inconstante


Escrita por: Ichionn

Notas do Autor


Fiquei tão feliz com os favoritos e comentários, que decidi atualizar hoje.
Obrigado a todos e boa leitura!

Capítulo 2 - Inconstante


 

   Minha Lucy ― escrito por Ichionn

Capítulo 01: Inconstante

  

            ― Isso não é contra as regras? ― ela pergunta, mas está concentrada numa garrafa de conteúdo alcóolico.

            ― Só tem uma regra Cana, e ela não diz nada sobre isso. ― digo, remexendo-me no sofá que cheira a cerveja.

            A propósito, a casa inteira fedia a isso.

            A morena refletiu. Provavelmente não se lembrava de muita coisa sobre hoje, o que não me surpreende. Cana está sempre, absurdamente, embriagada.

            ― Só preciso lhe dar umas dicas de como beber, certo?

            ― Pelo maior tempo possível. ― complemento.

            Ela pensou por alguns segundos, já que se tratando de si mesma não precisava de nenhum macete.

            ― A competição é amanhã, portanto vá bem descansada e não esteja com fome quando começar.

            Assenti, apesar de não entender a relação desses hábitos com a bebida. Ela continuou ante o meu silêncio.

            ― De alguma forma eu não preciso seguir isso ― e eu posso imaginar o porquê ― Mas li em algum lugar que proteínas e gorduras atrasam a embriaguez e a energia faz seu corpo trabalhar melhor.

            Então é isso. Faz sentido.

            Descanso e uma boa alimentação me ajudariam a vencer Natsu, supostamente.

            Agradeço pelos conselhos e me despeço da Alberona. Já é tarde e eu preciso acordar cem por cento no próximo amanhecer para ganhar essa maldita aposta, e, quem sabe, tudo voltar à normalidade.

            Ainda que estivesse irritada, o Dragneel fazia mais falta do que eu gostaria de admitir.

             ✤

            Ao virar a esquina de casa, vejo uma silhueta escorada na entrada do meu condomínio. Está escuro, mas há alguns postes acesos e à medida que me aproximo posso identificar quem é. 

            Faço um grande esforço para agir indiferente à sua visita.

            ― O que faz aqui? ― pergunto rude.          

            Sentir sua falta não significa que pisarei no próprio orgulho.

            Caço as chaves na bolsa, ignorando-o completamente. Em razão de já passar da meia noite, a governadora havia chaveado a porta principal, normalmente acessível sem tranca até às 23h00min.

            ― Não gosto do seu tom. ― Natsu reclama.

            ― Acostume-se.

            Não preciso vê-lo para confirmar o quanto minha resposta lhe irritou. Ouço-o expirar forte e continuo fazendo pouco-caso, mas no fundo temo estressa-lo demais. O Dragneel tem um limite de paciência curto, e eu o conheço bem o suficiente para saber que preciso me apressar.

            Quando encontro o pequeno objeto prateado e o giro dentro da maçaneta, Natsu se coloca na minha frente antes que eu pudesse fugir.

            Isso é mal.

            Recuo um passo e ele impede o segundo ao apanhar meu braço, para em sequência me trazer mais perto de si. Talvez apenas um palmo e meio nos distanciasse agora. Gostaria de continuar meu drama, fingindo ser a durona que desafiou o mago de vários níveis acima – exceto no quesito inteligência–, mas dessa vez perco a compostura.

            Olho-o nos olhos, corada com a nossa aproximação e a sua mão tão possessiva me segurando.

            ― Lucy, Lucy. ― murmurou rouco.

            Sua carranca está assustadora, o sorriso que identifiquei como malicioso não melhorava a situação.

            ― Devia ser mais educada com quem vai precisar obedecer amanhã.

            ― Você está bastante confiante.

            ― Eu sempre venço. Você sabe.

            É. Eu sei. E não consigo disfarçar minha infelicidade diante disso.

            Uma pausa.

            ― Além do mais... ― sua mão livre captura meu outro braço. ― estou faminto para vê-la submissa. ― sussurra próximo a minha orelha.

            Todos os meus pelos ouriçaram. Deixo escapar um pequeno gemido desconcertado, o qual desgraçadamente fez aquele sorriso atrevido alargar em conjunto de um risinho triunfante.

            Mas que droga está acontecendo aqui?

            ― O que tem em mente? ― ouso perguntar.

            Meu corpo parecia queimar. Estávamos perto demais e eu sabia que parte desse calor exalava dele, o Dragon Slayer do fogo. Tentei a todo custo entender seu comportamento excêntrico, porém foi em vão. Não havia precedentes.

            ― Você vai gostar, em partes. ― respondeu dando a ênfase.

            Por algum motivo prevejo o oposto.

            ― Isso não responde. ― desvio o olhar, constrangida demais para manter contato visual.

            ― Está ansiosa? ― sua voz embargada de malícia me arrepia.

            ― Como eu poderia?  

            Rebato menos convicta que o desejado. Ansiedade era uma hipótese bastante equivocada, porém eu claramente estava curiosa e não conseguia esconder.

            Ridículo, Lucy, muito ridículo!

            Ele riu baixo, muito provavelmente se divertindo em me deixar transtornada. E como quem finalmente decide findar suas brincadeiras de mau gosto, o Salamandra liberta meus braços e na sequência da às costas.

            ― Até amanhã, Lucy.

            Vejo-o se afastar em passos lentos, até desaparecer por completo no fim da rua. Só então solto todo o ar que nem sabia estar prendendo. A porta até agora trancada ampara minhas costas, sinto um constante calafrio no ventre, que aparentemente estava ali desde o nosso primeiro contato físico.

            Natsu sempre foi assim?

            Desde quando ele me deixa tão desconcertada?

            Depois do banho vou para a cama, ainda procurando respostas para um enigmático conjunto de ações. Tínhamos, sim, crescido bastante desde o dia que entrei para a Guilda, mas essa personalidade intimidante sempre fez parte dele?

            Se não o conhecesse tão bem, diria que seu olhar de hoje via uma mulher, e não sua melhor amiga Lucy Heartfilia.      

            Isso é completamente impossível, de qualquer forma.  

            Natsu só está empolgado demais com a competição e torrando mais neurônios que o habitual. Tenho certeza que ele continua o mesmo garoto idiota e desligado para mulheres de sempre. O que aconteceu hoje foi apenas uma brincadeira. Ele é imprevisível em todas as línguas e sinônimos existentes, eu já deveria estar acostumada.

           Seja qual for o seu pedido ganhando a competição amanhã, ainda que sejamos amigos, não posso esperar nada de bom ou sequer razoável.

            Eu definitivamente preciso vencer.

            Eram 4h38min quando olhei o relógio pela última vez.


Notas Finais


Continuo?


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