História Minha pequena Nashi - A garota de capuz.

POV LUCY.

“Fica longe dela! Não chega perto da Lucy seu monstro! Não ouse tocar num fio de cabelo dela novamente, você não tem ideia do que eu vou lhe fazer caso tente!!”

Minha cabeça parecia prestes a explodir em qualquer segundo. Ainda não conseguia ver onde estava, entender o que estava acontecendo para que um forte cheiro de sangue cobrisse as minhas narinas.

Só sabia que alguém estava me acolhendo em seus braços, e que eu estava deitada em seu colo. Estávamos em um chão frio, manchado de líquido vermelho. Talvez fosse sangue, aquele que exalava o cheiro e me entorpecia.

Tentei abrir os olhos quando escutei gritos desesperados, mas ainda não estava conseguindo, tudo estava muito confuso, estava sentindo muita dor na cabeça. Me lembrei que eu amava a voz que chamava pelo meu nome e gritava para que alguém se afastasse de mim. A voz era sem dúvidas da pessoa mais importante da minha vida.

- Natsu... – Consegui sussurrar, minha boca seca não permitiu mais que isso. Apalpei as cegas e senti seus braços que me protegiam – Natsu...

“Já mandei ficar parada ai, não chega mais perto!!”

Era a voz do Natsu. Ele continuava gritando, seu desespero entristeceu o meu coração, que não mais batia nos intervalos certos, tímido e assustado.

Eu queria poder dizer para ele que estava tudo bem, para que não mais se preocupasse em me defender, seja lá do que estivesse por perto. Aquilo estava machucando ele, pude sentir em sua voz. Mas, não fui capaz de abrir a boca depois de sussurrar seu nome.

Ainda estava escuro, os meus olhos se negavam a uma exposição para o que estava acontecendo em minha volta. Segundo após segundo Natsu me acolhia com menos força, parecia não estar aguentando a dor que estavam lhe causando. Eu quis abrir os olhos, quis me mexer para não desampará-lo, eu desejei libertá-lo. E então os meus olhos pareceram entender o meu pedido, a minha cabeça ainda dava mil voltas, mas consegui enxergar mesmo que embaçado.

“Por favor... Não chega perto!!!”

Agora ele estava implorando, olhando para o que lhe causava tanto medo. Estava chorando. O Natsu chorando é uma das coisas que não costumei ver, mas ele estava agora. Ergui o braço e lentamente cheguei ao seu rosto, ele parou de falar ao sentir o meu toque.

Tudo parou. Tudo começou a entrar na minha cabeça outra vez. Enxerguei o que deveria, a realidade. E gemi quando uma dor latejante pareceu estourar meu corpo inteiro.

- Lucy, fala comigo por favor!! – Natsu pediu com uma expressão indecifrável. Não pude saber se estava aliviado, ou se o medo ainda o dominava, talvez as duas coisas. Mas ele não sorriu, ainda estava chorando – Eu prometo que vou cuidar desses ferimentos meu amor! Mas não dorme de novo, por favor!!

- Natsu... – Foi inevitável não chorar. Ele estava me olhando tão preocupado e eu era a culpada por seu sofrimento – Me perdoa...

- Acordou mais cedo do que deveria – A voz dela soou baixo, acompanhei a direção do som e me senti estraçalhada ao vê-la, de braços cruzados a dois metros da gente – Bom, pelo menos você pode parar de gritar feito louco agora Dragneel.

Eu queria acreditar o quanto antes que aquilo tudo não passava de um pesadelo, mas era real, Bianca estava mesmo de pé há dois metros de mim.

Eu quis falar seu nome, mas me lembrei que não podia. Nossos olhares se encontraram e não pude deixar de fitá-la com as minhas dúvidas e medo.

- De pé – Ela disse. Natsu tentou falar, mas fora interrompido pela repetição da ordem. Eu tive certeza que era comigo, quando Bianca repetiu pela terceira vez, implorei para que o meu corpo obedecesse ao meu esforço. Eu precisava ficar de pé em alguns segundos – Vou falar pela última vez Lucy, de pé!

- Ela não vai ficar de pé! – Natsu gritou, trêmulo. Já não conseguia me segurar firme. Agradeci a esse triste acontecimento e num impulso me livrei de seus braços, encostando-me na parede – Lucy... Não.

- Me perdoa Natsu... Eu preciso.

- Muito bem Lucy – Bianca gesticulou para que eu fosse em sua direção – Agora venha até aqui, rápido.

O meu corpo ainda estava tentando processar as informações confusas, toda aquela situação repentina em que entrei. Passo a frente e quase sem conseguir me manter de pé eu fui cambaleando. Observei em minha volta, o quarto estava vazio, com a exceção de uma cadeira que estava atrás da Bianca, onde um buquê de flores penava abandonado.

Vi a boca de Bianca ameaçar abrir, aquilo não poderia acontecer ou teria mais problemas. O sangue começou a pingar pelo meu queixo e a dor de cabeça não parava. Ignorei que cairia a qualquer instante e segui em frente.

Em segundos senti o meu braço ser agarrado, ela havia impedido que eu caísse. Respirei fundo, aliviada. Bianca retirou o buquê da cadeira e bruscamente me fez sentar.

- Natsu... – O encarei sentado no canto do quarto, tremendo de mãos apoiadas nas pernas, me encarando agora não mais chorando, apavorado – Não faz nada com o Natsu.

- Silêncio.

- Você... – Natsu disse seco, senti que ele não iria medir palavras – Eu ainda não sei porque está fazendo isso com a Lucy... Porque nos fez vir até aqui usando de uma armadilha. Ainda não estou nem acreditando que você existe, mas posso esquecer facilmente disso tudo quando matá-la.

- Me matar? – Encarei Bianca, ela não havia se intimidado com nada do que escutou, estava cheirando as flores mortas em suas mãos – Você disse que vai me matar?

- Basta que faça qualquer coisa contra a Lucy – Natsu tentou se levantar, mas estava tremendo tanto que não foi capaz. Meu coração doeu ao vê-lo naquele estado de pânico quando tudo que ele queria era nos tirar daquele pesadelo. Ele gritou novamente – Eu juro que não vou poupar sua pele... Eu não vou aguentar vê-la maltratar a Lucy.

- Não vai precisar ver nada, Dragneel.

- Desgraçada... – Natsu caiu sentado outra vez, baixando a cabeça para que não o víssemos chorar.

- Natsu por favor, eu ficarei bem!! – Falei com o que restou de minha força, as lágrimas se misturaram ao sangue que descia pelo meu rosto – Não enfrente a...

- A sua irmã gêmea, não é Lucy? – Ele concluiu. Senti arrepios com seu tom de voz emanado com raiva e frustração – Eu não sabia que você tinha uma... Mas, agora eu sei que tem. E veja que forma legal de descobrir...

- Me perdoa, eu não... – Nada do que eu falasse poderia reparar o meu silêncio, um segredo que mantive escondido dele por tanto tempo. Vi Bianca caminhar até Natsu, que não ergueu a cabeça em momento algum – Por favor não faz isso! – Implorei, sabendo que não adiantaria – Sou eu quem devo... sniff... eu quero explicar tudo para o Natsu!

- Tarde demais – Bianca estirou sua mão, num sinal para que eu ficasse em silêncio – Dragneel, você percebe que se meteu com uma garota que não deveria não é? Traçou o pior dos destinos que poderia ter na vida quando se envolveu com a Lucy.

- .... Cala a boca. Eu não preciso escutar nada, não quero saber o que você acha da minha escolha. É a minha vida, não a sua.

- A minha irmã é tão boa, tão verdadeira... – Reprimi a minha voz quando tentei gritar para que ela parasse, mas Bianca estava decidida, não havia nada o que eu pudesse fazer – É, ela foi tão boa escolha para você que escondeu todo esse tempo sobre a minha existência. E você nem imagina o que mais meu querido.

Natsu me encarou indiferente, voltando a abaixar a cabeça. Não suportei aquilo, mesmo que ele não acreditasse, tive que deixá-lo a parte da verdade completa, mas a minha garganta a embargou. Imediatamente tive a certeza de que Natsu me odiaria assim que soubesse de tudo.

- Estou com a língua coçando para contar o quanto estive perto de vocês dois esse tempo todo – Mesmo que por aquele momento, senti alívio, porque ela não diria nada a ele ali. Bianca deu passos até ficar de frente com Natsu, aproximou o buquê do rosto e inspirou novamente – Depois que eu terminar, decidirei se você merece saber de toda a verdade, Dragneel.

- Bianca, por favor... – Tentei inutilmente, ela já havia me mostrado aquele olhar ameaçador outra vez. Parei, engoli o meu apelo e já entregue ao pavor de perder o Natsu somente pude escutá-la.

POV AUTOR.

# EVENTO COLÉGIO FAIRY TAIL, ANO ANTERIOR.

Ao chegar na porta do banheiro, Lucy bateu várias vezes desesperada, mas ninguém abria. Segundos depois, sua amiga Sorano apareceu ao seu lado, respirando fundo.

- Ahr... L-Lucy... – Inspirou fundo e soltou o ar rapidamente – Você deveria... estar escondida sabia?

- Sorano...

- ABRAM A PORTA, POR FAVOR! – Sorano gritava, usando suas últimas forças – MINHA AMIGA ESTÁ GRÁVIDA, ELA PRECISA SE ESCONDER!

Segundos se passaram sem resposta de quem estava do outro lado. Sorano fitou sua amiga com os olhos brilhando devido o choro e um sorriso triste apareceu em seu semblante.

- Não se preocupe Lucy, vamos procurar outro lugar! – Tentou amenizar a tensão – Vem comigo.

- Obrigada Sorano... – Lucy tocou sua barriga enquanto caminhava entregue ao medo – Vai ficar tudo bem filha... – Sussurrava, lembrando-se de Natsu.

Os bandidos estavam a solta pelos corredores. Para onde quer que olhassem, Lucy e Sorano viam alguém sendo roubado ou violentado. A albina não se perdoaria se algo acontecesse com sua amiga tão indefesa, por isso esqueceu o significado do medo e entrou em uma das salas de aula sem pensar duas vezes, contando com a sorte para não serem pegas de surpresa lá.

Para a sorte delas o local estava seguro. Haviam algumas pessoas escondidas debaixo das mesas. Sorano pôs Lucy junto delas e tratou de arrastar algumas mesas para barrar a entrada.

Nesse mesmo momento, Bianca, que estava usando uma roupa preta com capuz, estava rondando pelo corredor. Passou em frente a sala em que seu alvo estava escondido, mas não desconfiara de nada.

- Que droga, o Loke me paga por ter deixado um bando de imbecis batedores de carteira cuidarem da execução do meu plano... – Estava passando em frente ao banheiro agora e viu quando uma garota estava sendo chutada para fora por Minerva – Será que ela está no banheiro?

- Boa sorte ai fora filhinha! – Lisanna riu descaradamente, trancando a porta do banheiro. A albina tomou um susto quando viu que alguém as observava pela janelinha – Quem é você?!

- Quem mais está ai dentro com vocês? – Bianca a encarou seriamente, deixando Lisanna confusa – Responda!

- L-Lucy?! – Minerva apontou, assustando a loira que logo correu ao ser reconhecida – Ei Lisanna, tenho certeza que era a Lucy! Mas... Como ela mudou de roupa tão rápido?!

- Eu não vi bem Minerva, mas... Tenho quase certeza que vi a cara daquela vadia me encarando autoritária. Ela me paga por isso depois.

Bianca continuava procurando sua irmã, perdida pelos corredores. Já havia Ela pegou seu rádio comunicador e entrou em contato com todos os seus subordinados ao mesmo tempo.

- Plano A concluído com êxito! Loke já está recolhendo a grana das pessoas e tudo o que é de valor – Quando olhou para o lado direito parou de andar, escondendo-se atrás do ármario quando viu Natsu e Sting surrando um de seus capachos – Que imbecil. Iniciar plano B, peguem Lucy Heartfilia. Lembrem-se de fazer isso com discrição e de forma alguma a matem!

- Entendido patroa – Todos responderam juntos, encerrando a comunicação.

Bianca ficou ali por mais alguns segundos sem tirar os olhos de Natsu, que havia sido visto apenas por fotos. “Você... É o garoto que se apaixonou pela Lucy. Algum dia eu também vou provar de você e vou usar isso como veneno contra ela. É hora de ir embora, deixo o resto com o meu pessoal”.

# EVENTO DE UNIÃO DAS EMPRESAS DRAGNEEL, STRAUSS E FULLBUSTER. ANO ANTERIOR.

Bianca estava sentada à uma mesa afastada de todos, Loke estava sentado ao seu lado. Daquele canto do salão era possível ver com precisão a enorme mesa onde Lucy estava junto de tantas pessoas.

O plano era conseguir mais dinheiro com um novo assalto, mas haviam muitos seguranças no local e por isso a loira decidiu que ficaria apenas observando desta vez.

- Aquela moça agitada de cabelo rosado é a sogra da sua irmã – Loke comentou bebericando wisk – E aquele senhor ao lado dela é o sogro.

- Parecem bem harmoniosos – Disse sem interesse, a todo momento com a mão dentro da bolsa por debaixo da mesa – Sabe a minha vontade agora Loke?

- Q-Qual?

- Pegar essa arma aqui e... Fazer um belo estrago na testa da Lucy.

- B-Bianca, você não precisa fazer isso! Lembre-se do seu objetivo verdad...

- Eu sei, não precisa me lembrar do que eu mesma bolei. Mas é que o ódio que sinto dela só cresce a cada dia Loke – Encarou sua arma discretamente – Se não a mato aqui e agora, é porque preciso dela ainda. Depois que eu não precisar mais, me encarregarei de saciar essa vontade.

- Não gosto que fale em matar a Lucy. Ela não merec...

- Cala a boca! – Loke ficou pálido ao ver seus olhos refletindo um desejo diabólico – Você não sabe o que aconteceu para dizer que ela não merece isso. Ela merece o pior dos castigos.

- T-Tá...

Bianca encarou sua taça sem muito interesse e no momento em que foi pegá-la, algo inesperado aconteceu.

A mãe de Levy havia entrado no salão gritando feito louca, rumo à mesa onde a pequena azulada estava com seus amigos.

- O que significa isso?! – Loke perguntou levantando-se assim como todos os convidados – Aquela mulher está correndo na direção da mesa onde a Lucy está!

- Esta mulher tem uma arma branca! – Gritou Mirajane, correndo dali com as demais pessoas.

- Levy por que você me deixou?! – Samanta continuava gritando – Eu vou matar você e esse marginal!

Era tarde demais para contê-la, Samanta já havia tentado esfaquear sua própria filha e falhou na primeira. Mas ela fez sua segunda tentativa e a lâmina foi na direção de Lucy, que havia se encolhido de medo debaixo da mesa, levantando-se no momento errado.

- Eu vou matar vocês!!! – A azulada gritou sob efeito de seus medicamentos, perdendo completamente a noção de suas ações.

- Lucy!!! – Natsu gritou desesperado ao ver sua amada loira prestes a ser alvo daquela lâmina – Lucy!!!

- Gente ela vai acertar a Lucy! – Algumas pessoas gritavam de mesma forma, fechando seus olhos para evitar ver o pior.

Enquanto os seguranças corriam atrasados para evitar a tragédia e os convidados corriam amedrontados dali, Bianca pôs seu capuz as pressas e tirou de sua bolsa a arma inseparável.

Ela mirou. Friamente acertou o peito esquerdo da mãe de Levy e naquele mesmo instante saiu correndo misturando-se com a multidão.

- Mãeeeee!!! – Levy gritou sem acreditar que Samanta estava agonizando à morte.

- Lucy... Lucy! – Natsu correu até a loira e a abraçou – Você está bem meu amor? Fala comigo Lucy!

- ...

Loke acelerou o carro as pressas, fugindo dali com sua parceira antes que a policia chegasse no local. Ninguém os tinha visto graças a barreira de pessoas que saiam do local ao mesmo tempo.

- Por que matou aquela mulher, Bianca? – O ruivo a encarou pelo retrovisor, vendo-a encarar o nada – Eu te fiz uma pergunta.

- Eu já disse – Foi fria – Ela ia matar a Lucy. Eu ainda preciso dela viva. Eu ainda preciso fazer um acerto de contas, sem a Lucy o meu objetivo vai por água a baixo.

# FLORESTA DE MAGNÓLIA. ANO ANTERIOR.

Bianca seguia Lucy em meio aquela forte chuva, sempre escondendo-se pelas árvores da densa floresta. Loke ficou sabendo do acampamento após perguntar sobre o paradeiro do casal para Virgo e isso interessou bastante à Bianca.

Mas ela não esperava que uma albina a encontrasse no meio daquelas árvores. Lisanna se aproximava com um sorriso diabólico só por ver que se tratava de uma loira ali.

- Você é a Lucy não é?! – Perguntou roboticamente, sem um pingo de expressão – Responda! Mostre o seu rosto!!

- .... – Bianca a encarou e então olhou por entre as árvores borradas de chuva, onde Lucy sumia. Virou-se para Lisanna, tocando a arma que carregava presa à cinta – Eu não sou a Lucy. E você não vai querer fazer nenhum tipo de mal à ela.

- Isso que você está ameaçando pegar... É uma arma?! – A albina abriu um imenso sorriso, dando mais um passo. Bianca recuou dois, encarando-a com cuidado – Por favor, me dê essa arma!! Ela vai me ajudar a estourar os miolos daquela vadia quando eu a encontrar... Eu sei que ela está acampando por aqui! Ela está com o meu Natsu, mas eu quem deveria!

- Você quer a arma? – A loira se agachou, pondo o braço para trás e pegando uma pedra. Levantou-se rapidamente e a atirou em uma direção aleatória, bem longe – Vai pegar se quiser!

- A arma! Por que jogou a arma?! – Lisanna correu sem pensar duas vezes, passando por Bianca sem sequer lembrar de sua existência. Queria apenas a arma – A arma... Eu vou pegar!

- Imbecil... – Suspirou, encarando o alto. A chuva fria lhe fez arrepiar – O que será que a Lucy fez para essa psicopata? Eu não posso perder mais tempo, preciso encontrá-la antes dessa maluca... Deveria ter dado um fim nela ao invés de tapeá-la.

- Como consegue ser tão burra e ingênua? – Lisanna gritou largando os cabelos de Lucy, voltando a pegar sua faca – Vou cortar sua barriga bem devagar... e matar filho e mãe ao mesmo tempo – Sorriu, preparando-se – Depois vou dar um sumiço no seu corpo, para que não possam sequer velar! Vai diretamente para o inferno Lucy!

- Lisanna... Não faz isso... Sniff... Deixa a minha filha nascer! Ela não fez nada para você! Pode me matar daqui a alguns meses, mas não mata a minha filhaaa!

- Puta que pariu – Bianca trincou os dentes ao ver tal horror. Automaticamente pegou sua arma e mirou na cabeça de Lisanna – Cheguei tarde, essa maluca ainda tinha algum senso de direção ou a Lucy é mais tapada do que o normal em dia de chuva.

Lucy respirou fundo. Lisanna ergueu sua faca e riu medonhamente enquanto ansiava acertá-la com toda sua força. Bianca pôs o indicador no gatilho. E nesse momento todas escutaram o grito de Natsu.

- Deixa a Lucy em paz desgraçadaaaa!!

- N-Natsu... – Todas sussurraram. Bianca deu meia volta cobrindo o rosto novamente – Salva pelo príncipe encantado.

POV LUCY.

Não soube o que pensar quando ela enfim terminou de contar com detalhes sobre todas as vezes em que tentou me capturar ou salvou a minha vida. Esteve me observando todo o tempo e contou com a ajuda de Loke para isso.

Me senti mais inútil e vulnerável do que nunca. Confiar nas pessoas deveria ser algo bom, mas percebi que usaram da minha fé contra mim mesma.

Bianca me encarou após ficar em silêncio. Natsu estava sem expressão alguma. Eu quis implorar para que ele falasse comigo, que estava bem. Mas isso era mesmo uma ilusão, eu sabia que ele não estava bem, como ficaria bem envolvido por mentiras, segredos e manipulações?

Saber que Bianca esteve nos vigiando todo o tempo não foi a parte mais chocante. O pior ainda estava por vir, o pior mesmo.

- Me diga Dragneel... – Bianca virou-se para Natsu – Quer saber de toda a verdade sobre a Lucy, sobre a nossa família?

- Vá a merda... – Natsu a encarou com desdém – Está tentando me pôr contra a Lucy...? Eu posso morrer sem saber de nada disso... – Natsu sorriu. Segurei o choro, de garganta entalada. Foi lindo ouvir aquilo mesmo depois de esconder tantas coisas dele – E ainda assim morrerei feliz por ter conhecido e amado a Lucy.

- Que repulsivo Dragneel... – Bianca conseguiu disfarçar sua raiva com um sorriso – Muito bem. Se não quer saber, vou pular para a parte boa da coisa.

De seu buquê ela retirou um objeto e o atirou ao chão bem perto das minhas pernas. A minha cabeça latejava tanto que pensei ser uma ilusão em minha frente. Mas, não era.

Natsu virou o rosto para ver também e travou de imediato.

- E-Esta faca... – Sussurrei trêmula – O que você vai fazer?

- Eu não vou fazer nada. É você quem vai – Bianca caminhou até a porta do quarto, nos olhando sombriamente – Lucy, eu só vou falar uma vez.

- ...

- Mate o Natsu com esta faca, agora mesmo. Se não o fizer, eu vou fazer a proposta para ele.

Natsu e eu nos encaramos apavorados. De repente eu não estava mais ali, minha mente vagava em branco, do mais puro pânico.

- Se o Dragneel também não o fizer, vão se arrepender por não terem matado um ao outro antes. Eu garanto.