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História Minha Salvação - Capítulo XIII


Escrita por: Isabela07

Notas do Autor


OLHAAAAAAA ELAAAAAAAAAAA

Pessoal, capítulo saindo do forno, então já to pedindo desculpas pelos erros ortográficos e de concordância. Se eu fosse corrigir só ia conseguir postar amanhã e como prometi postar nesse fim de semana está aqui entregue, como prometido!


MUITO OBRIGADA A TODO APOIO E CARINHO, VOCÊS SÃO INCRÍVEIS MEUS AMORES

Conversamos nas notas finais por que devem estar ansiosos!
Boa leitura!

Capítulo 14 - Capítulo XIII


“Ninguém sabe ao certo o impacto que tem na vida dos outros.”

Itachi

Sempre soube que o meu sumiço afetaria Sasuke, só não imaginei que a minha decisão impactaria tanto em sua vida e tão negativamente.

Depois do meu reencontro desastroso com meu irmão e minha conversa com Shikamaru, decidi me inteirar melhor sobre o que aconteceu durante os quase seis anos que passei fora de suas vidas e bom... Muitas coisas aconteceram nesse meio tempo

Fugaku tinha conseguido extrapolar as minhas expectativas, assim como Rasa. Sempre soube que ambos nunca iriam aceitar que Gaara e Sasuke subissem ao trono sem que interferissem de alguma forma, mas forjar casamentos e manipular o conselho em favor do antigo governo já era demais, mesmo para eles.

Era um jogo sujo e perverso de se ter com seus próprios filhos

O problema de clãs tradicionalistas como os Sabuku’s e Uchiha’s era justamente esse, não aceitavam mudanças em suas composições e quando elas aconteciam eram consideradas piores do que um atentado contra o trono.

Eu ter renunciado meu lugar de direito, o lugar que fui preparado por anos para ocupar sem nem mesmo Fugaku desconfiar foi pior do que uma facada em suas costas. Ele não esperava uma atitude dessa vinda de mim, não do seu primogênito, do seu sucessor e orgulho. Toda a honra da família foi manchada pela minha recusa em favor do meu irmão mais novo, gerações e gerações de histórias e tradições foram renegadas com isso... Um guerreiro nunca poderia liderar um povo de acordo com meu clã, mas eu não pensava desta forma.

Sasuke era totalmente capaz de ocupar o meu lugar e seria mil vezes melhor do que eu como um líder, mas meu pai nunca conseguiria enxergar isso, não com todo o orgulho o cegando.

O orgulho Uchiha era algo dificil de ser vencido.

Rasa, por outro lado, era uma incógnita para mim

Nunca consegui entendê-lo muito bem.

Ele era um bom pai para Gaara, mesmo sendo rígido e cobrando uma disciplina digna de um guerreiro quando o ruivo começou a treinar, mas com o rapto de Temari e as outras o seu tratamento para com Gaara virou uma montanha russa, até se estabelecer em constantes ataques aos atos do mais novo. Nada do que o ruivo fazia era bom o suficiente ou certo, sempre existia algo que poderia ser julgado ou desprezado.

Era uma relação extremamente nociva.

Rasa passou de uma figura paterna para um ditador em sua relação com Gaara, privando o filho mais novo de ter contado com a própria mãe e fazendo a cabeça do irmão mais velho contra o outro, afastando-os cada vez mais.

Foi uma surpresa para mim quando Kankuro largou suas obrigações para com o reino.

Nunca imaginei que ele deixaria as ambições de Rasa de lado e faria algo por conta própria, mas ele fez e deixou o pai possesso com esse ato de rebeldia

O clã Sabaku não era tão grande quanto o Uchiha, tão menos tinha uma história e legado tão antigo quanto, porém era uma família extremamente dura e reclusa, deixando bem claro a todos o motivo de serem conhecidos como bestas em tão pouco tempo.

Lembro-me perfeitamente do ataque que Rasa teve em frente ao conselho tentando impedir que a posse da coroa do clã passasse para Gaara. Nunca tinha visto o homem tão abertamente transtornado que nem naquele dia, mas não tinha o que ser feito, Kankuro tinha abdicado de seu direito a frente de vários nobres, assim como do conselho e de governantes de outros reinos... Não tinha como revogar um ato daqueles e não passar o título para Gaara faria com que os Sabuku’s não tivessem mais ninguém elegível ao cargo, fazendo com que outra família pudesse reclamar por aquele direito.

Rasa teve que aceitar Gaara no trono, não por ele ser seu filho e merecer – em sua concepção-, mas para que a sua família não perdesse o título que teve por tantas décadas em seu nome.

O orgulho falou mais alto no final e ele teve que aceitar, mesmo a contragosto, mas isso não quer dizer que ele ainda não mexa os pauzinhos para que a vida de Gaara seja um inferno enquanto está no poder

Depois de ter conversado por algum tempo com Shikamaru e ter uma noção melhor de toda a situação, decidi seguir meu caminho.

Ele disse que separou um quarto do lado do dele para mim, para que não corresse risco de outras pessoas saberem do meu retorno antes que eu estivesse pronto e agradeci por ele ter pensado nisso.

Como sempre o Nara pensou em tudo

Sabia que mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar meu pai, estava com mais de meia dúzia de palavras entaladas para cuspir na cara dele, porém, no momento, precisava de um tempo para digerir tudo o que descobri e também pensar em um modo de conversar com Sasuke sem que aconteça uma guerra ou algo do gênero

As coisas já não estando complicadas, ainda tinha, no meio disso tudo, a intimação que Deidara tinha me dado...

Eu sinceramente não sabia o que fazer sobre esse assunto, mesmo depois de anos, ainda me sentia um gatinho assustado quando pensava em confrontar os meus sentimentos e de fato torná-los reais...

Deidara estava certo, ele não merecia esperar ou sofrer pelos meus medos. Éramos dois adultos agora e por mais que fosse difícil para mim eu precisava resolver isso.

Sempre soube que minha volta seria complicada, mas não estava preparado para voltar tão cedo, ao menos não enquanto Fugaku ainda estivesse vivo. Para ser franco e sincero, eu nunca estaria pronto para voltar para cá, mas nunca previ que uma situação dessa pudesse acontecer.

Não imaginei que Sasuke me odiasse tanto e que estivesse praticamente uma cópia de nosso Otōsan

Sasuke era o meu Otōto, eu o vi crescer, estava lá quando ele perdeu Sakura e se fechou para o mundo, mas mesmo com o passar dos anos e estando a frente de um exército gigantesco, liderando em batalhas e guerras sanguinárias nunca tinha deixado de ser justo e repugnar certas atitudes, e o fato deu estar aqui agora para impedi-lo de fazer algo que antes ele abominava com todas as suas forças apenas me mostra o quão afetado e quebrado meu Otōto está

Isso me revira o estômago e me faz mal

Não importa o quanto Sasuke esteja puto comigo, não iria deixar com que ele se afundasse ainda mais na merda em que estava.

Fugaku não ligava para ele e eu precisava que ele entendesse que orgulhar aquele homem apenas o destruiria mais.

Nada de bom vinha dali ou daquele maldito orgulho Uchiha e eu sabia melhor do que ninguém sobre isso, tinha marcas permanentes em meu corpo para me lembrar do que ele era capaz.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Neji

Remexi-me na cama e me espreguicei

Sentia meu corpo meio dormente e mais pesado do que o normal, parecia que minhas pálpebras estavam coladas uma na outra, pois tentava abrir meus olhos sem obter sucesso no ato.

Eu estava completamente torpe

Fazia muito tempo desde que tinha dormido tão pesado desta forma, e a sensação era maravilhosa.

Não queria sair tão cedo desse quarto

Que o conselho se exploda, Neji Hyuuga está tirando férias

Virei-me para o lado contrário e me acomodei melhor na cama, abraçando um dos travesseiros que encontrei ao meu lado e soltando um suspiro prazeroso.

Nada melhor do que a cama da gente

Porém meu momento de paz e sonolência logo foi quebrado, senti uma movimentação extra na cama e abri meus olhos assustado.

Mas que porra?

Levantei minha cabeça e procurei a origem da perturbação.

—O que aconteceu? Por que estás me olhando com essa cara como se tivestes visto uma assombração? —Perguntou Tayume olhando para mim como se fosse algum doente mental

Ela estava sentada ao meu lado no colchão, escorada na cabeceira da cama e em suas mãos tinha um livro.

—O que tu estás fazendo aqui? —Indaguei um pouco perdido

A morena me olhou desacreditada, erguendo uma de suas sobrancelhas

—Acho que o tanto que tu dormiste afetastes teu cérebro. —Disse Tayume balançando a cabeça em negação. —Eu estou aqui porque me tiraram do calabouço e simplesmente me jogaram no teu quarto, vossa senhoria —Essa parte foi dita em tom de ironia por parte dela. —Chegaste ontem antes do almoço e simplesmente morreu na cama, estava quase gritando para que alguém chamasse um médico já que a porta está fechada. —Disse ela dando de ombros enquanto dava uma pequena risada. —Achei, sinceramente, que poderia ter partido dessa para o inferno e iria acabar recaindo sobre mim a culpa da tua morte, mas vi que estavas respirando então não me preocupei mais com isso.

Demorei um tempo para raciocinar as palavras da mulher.

Meu raciocínio realmente está mais lento, mesmo quando acordava não demorava tanto para ficar altivo.

Porra, eu estava dormindo desde ontem

Isso explicava por que sentia meu corpo tão torpe e pesado e também a vontade enorme de apenas virar para o lado e voltar a dormir.

Nunca mais ficaria dias sem dormir, eu não aguentava isso e demorava no mínimo uma semana para me recuperar — Eu falava isso, mas sempre acabava fazendo de novo e terminava na mesma situação

Quando eu estava em campo de batalha era completamente diferente, eu não sentia a exaustão causada em meu corpo, a adrenalina e toda a situação extremamente estressantes não deixavam e as poucas horas de “descanso” que tinha eram suficientes para me colocar na ativa novamente.

Mas eu não estava lutando pela vitória e pela minha vida e a dos outros no momento, mesmo tendo surtos de raiva com o conselho e querendo matar alguns deles, o meu dia a dia como um Governante era completamente diferente do que tinha como um Comandante em batalha.

—Que horas são? —Perguntei com a voz um pouco rouca. Precisava de um belo copo de água para diminuir a sensação da garganta seca.

Tayume olhou em volta e achou o relógio que ficava em cima da mesa de cabeceira ao lado dela.

—São quatro e quarenta e sete.

—Está cedo ainda. —Disse em um suspiro aliviado. —Achei que tivesse dormido mais.

Tayume me olhava com um ponto de interrogação no rosto.

—Como assim dormido mais!? —Ela quase gritou, fazendo-me dar um pequeno pulo pelo susto. —Tu dormiste quase trinta horas seguidas e acha isso pouco!?

—NANI! —Gritei pulando da cama na mesma hora e quase caindo por causa do edredom que estava embolado no meu corpo.

Obrigada reflexos rápidos!

—É impossível eu ter dormido isso tudo!

—Neji, tu chegaste aqui um pouco depois das onze da manhã de ontem e morreu na cama e só acordou agora, são quase cinco horas da tarde! —Disse a mulher indignada. —Tá achando que estou mentindo é, seu idiota?! —Gritou

—O quarto está todo escuro, achei que fosse de madrugada! —Tentei me defender.

Vossa magnitude sabes que existe uma coisa mágica e incrivelmente útil que serve justamente para impedir que a luz não entre nos lugares que se chama CORTINA? Seu idiota! —Berrou a mulher revoltada.

Eu apenas senti o impacto do livro quando ele acertou minha cabeça, não vi quando ela o jogou e tão menos ele vindo em minha direção.

—Isso é para ver se acorda!

Eu tinha merecido o livro na testa? Talvez, mas nunca admitiria isso... Nem sob tortura

—Tu ficaste louca!? —Indaguei olhando mortalmente para a mulher em minha cama

—Não, mas considere isso como um aviso amigável.

—Aviso amigável sobre o que?

—Deixe-me sem comida por vários dias novamente e me coloque no seu quarto enquanto dorme, pode não acordar em uma próxima, Majestade. —Sorriu a morena macabramente em minha direção

Engoli em seco

—Acho adorável a sua capacidade de mudar de assunto e ser tão delicada ao mesmo tempo, Tayume. —Disse tentando disfarçar que ela tinha conseguido me deixar com um pouco de medo – vulgo muito.

—Estou apenas te dando uma dica amigável de que estou morrendo de fome e que tu não tiveste nem a decência de pedir algo para que eu comesse ontem. —Disse ela cruzando os braços e bufando. —Passei não sei quantos dias presa naquele lugar horrível e fedido, diga-se de passagem, tentei fugir, ferrei com meu braço, fui arrastada para cá e só não me amarram porque o médico disse que poderia piorar minha torção, dormi mesmo morrendo de frio e estando suja e com fome e tive que ficar aqui te vendo dormir depois. Sorte a minha que criei coragem a fui mexer nas suas coisas e achei o banheiro e tomei um banho, também peguei uma roupa sua, porque não tinha condições de continuar a usar as minhas, nem para pano de chão elas tem serventia mais.

—Espera, mexeste nas minhas coisas? —Indaguei nervoso

Tayume se levantou da cama em um rompante e andou na minha direção, colocando o dedo no meu peito – já que eu era mais alto do que ela – e batendo com ele no meu tórax enquanto me fuzilava com o olhar.

—Tu juras que de tudo o que eu falei agora o que prestastes atenção foi que mexi em suas coisas!? —Falou um pouco mais alto enquanto ainda continuava a bater o dedo em meu peito, fazendo com que eu me encolhesse um pouco por causa do rompante da mais nova. —Seu príncipe de merda! Pouco me importa como trata as pessoas, mas me recuso a ser tratada dessa forma, pode me colocar para lavar o estábulo real de cabo a rabo com uma escova de dentes, mas vou te ensinar a como tratar as pessoas começando com o básico!

Tayume pegou em meu braço e me puxou até a cama, acabei indo por ter me assustado com a atitude da mulher, e cai sentado no colchão.

Nunca em minha vida tinha vivenciado algo parecido com isso e estava totalmente sem reação

—Fica sentado na merda da tua cama e me dê a chave da porta. —Disse ela

—Não vou te dar a chave do meu...

—Eu não estou pedindo Hyuuga, me dá essa chave antes que eu te estrangule!

—Olha só, eu que sou o Nobre aqui, pare de agir como uma maluca!

Tayume simplesmente pulou em cima de mim.

Foi tudo muito rápido e eu ainda estou em uma ressaca de cansaço e sono, meus reflexos não estão tão rápidos como normalmente são.

Como estava sentado na ponta do colchão ela pulou em meu colo e jogou meu tronco para trás, fazendo com me deitasse na cama, suas pernas prenderam o meu quadril firmemente e ela se deitou sobre mim.

Arregalei meus olhos e ela sorriu para mim.

—Sempre complicando as coisas. —Disse ela em uma risada.

Do mesmo jeito que ela se jogou em mim, ela saiu de cima com um sorriso vitorioso.

Ela se afastou da cama dando passos para trás e ainda olhando para mim, quando julgou ser longe o suficiente mostrou a chave que antes estava em meu pescoço e riu, dando-me as costas e correndo em direção a porta do quarto.

Levantei-me pulando da cama e fui atrás dela, mas ela já tinha aberto a porta e conversado com alguém quando consegui chegar nela

Malditos lençóis que enroscaram nos meus pés e me fizeram cair

—O que tu estás fazendo? —Indaguei a mulher assim que cheguei à porta

—Vai para a cama e fique sentado lá. —Disse ignorando minha pergunta

—Tu não mandas em mim! —Disse nervoso para a morena

—Não é questão de mandar, estou pedindo que espere lá! Já terminei o que tinha que fazer aqui, será que tu serias capaz de sentar tua bunda no colchão e esperar um pouco?

—Quero saber o que conversou e com quem! —Respondi enquanto ela fechava a porta

—Bom, primeira lição Príncipe Hyuuga, querer não é poder.

—Eu sou um Governante, estou a frente desse reino então o meu querer é poder sim! —Respondi para a mulher enquanto ela continuava a andar na minha frente.

Ela parou perto da cama e recolheu os lençóis que caíram da cama quando levantei – Esses malditos – e começou a dobrá-los enquanto dava uma pequena risada.

—Por que está rindo? —Indaguei curioso enquanto me sentava em uma poltrona do outro lado observando enquanto ela ajeitava a cama

—Estou apenas me perguntando... Quantos anos tens? —Perguntou me olhando

—Vinte e cinco anos. —Respondi sem entender o que ela queria com isso

—Tem certeza de que tem Vinte e cinco anos e não cinco? —Indagou rindo, ao mesmo tempo que organizava os travesseiros na cama

Fechei a cara para a pergunta.

—Não sou uma criança

—Então pare de agir feito uma. —Disse enquanto revirava os olhos. —Tu és um adulto, e mais do que somente isto, é um dos cinco governantes desse Reino, já lutou em diversas guerras apesar da pouca idade e vários inimigos o temem e respeitam por saberem de teus feitos, não precisa agir feito uma criança mimada que não ganhou um doce toda vez que algo não sair como planeja, aprenda com os erros e com as negativas da vida. Te garanto que eles vão apenas te ajudar a se fortalecer mais, não seja um nobre apenas no sangue, mas em caráter também. Isso vale bem mais no final, garanto-lhe. —Disse sorrindo no final e desviando o olhar.

Continuei a olhando e refleti sobre o que ela me disse.

Talvez, se eu tivesse escutado isso antes de conversar com Shikamaru teria surtado, mas agora consigo compreender melhor.

Shikamaru é meu amigo... Mais do que isso, é um irmão para mim

Nunca quis magoá-lo ou decepcioná-lo, mas era difícil para mim estar à altura dos anseios que o clã tinha para mim. Sabia perfeitamente que só ocupava o lugar que tenho por que Hiashi tinha morrido e Hinata tinha desaparecido há anos, assim como Hannabi era nova demais para assumir o trono. Se não fosse eu, não tinha mais ninguém da família principal.

Fiquei tanto tempo tentado provar aos outros que era digno de estar ali, de ocupar aquele lugar, que não percebi que aquele lugar já era meu.

As palavras de Shikamaru me acertaram precisamente.

Eu não tinha que orgulhar os mortos ou tentar ser digno para a parte secundária da família, ela não poderia fazer nada contra mim, estavam ali para me servir e obedecer, apenas. Ou eles aceitavam um novo meio de governo ou seriam depostos, era bem simples no final das contas.

Era a minha regência e não mais da descendência de Hiashi.

Tayume também estava certa ao dizer que muito mais que o sangue, o caráter valia mais.

Eu mais do que ninguém deveria saber disso, afinal, meu pai, mesmo sendo irmão gêmeo de Hiashi era tratado praticamente como sendo da família secundária, apenas por ter nascido com trinta segundos de diferença.

Quando eu tinha dois anos meu pai morreu em batalha, ele era o comandante do exército e Hiashi assumiu a responsabilidade sobre mim, afinal eu era o seu sobrinho e por ser homem era o meu papel ser o próximo Comandante do exército.

Quando fiz seis anos a mulher de Hiashi engravidou, lembro perfeitamente da comemoração dentro do Clã, afinal, o Governante finalmente teria um descendente e se algo acontecesse com ele o poder não cairia nas minhas mãos, já que por tradição eu era o meio termo entre a família principal e a secundária, sendo considerado alguém com sangue da família secundária, um nobre com sangue manchado.

Apesar de toda essa tensão  dentro do clã, eu amava Hinata, ela era uma criança extremamente fofa e meiga, que amava me seguir para cima e para baixo. Muitas vezes precisava pedir para que ela ficasse com as outras meninas para que eu fosse treinar, afinal, desde cedo fui iniciado na arte da guerra e aquele não era um local para uma criança como Hinata, ela era delicada demais para aquilo.

Tinha dias que os meus treinos começavam antes de o sol nascer e a pequena já estava na mesa do café me esperando e sempre me desejava um bom dia, assim como ela sempre me esperava voltar e me contava como tinha sido o seu dia e perguntava como tinha sido o meu.

Ela era minha prima pelo sangue, mas no meu coração a tinha como irmã.

O sequestro dela me destruiu.

Foi a primeira sensação de perda que tive.

Eu era muito novo quando perdi meu pai, quase não tinha memória dele, então a sua perda não foi muito sentida.

Mas com Hinata foi diferente, foi como se uma parte minha tivesse ido junto com ela e nunca mais consegui recuperá-la.

Hiashi sentiu a perda da filha, mas sua esposa ficou destruída. A maior preocupação do clã voltou a ser o trono ser passado para mim e a pressão recaiu sobre o casal que recém tinha perdido a filha.

Ao longo dos anos diversas tentativas foram feitas e todas resultaram em fracassos e a cada fracasso Hiashi ficava mais transtornado. Quem mais sofreu com tudo acabou sendo sua mulher, ela era doce igual Hinata, mas em seus últimos anos de vida eu a vi definhando nas mãos do homem que ela tanto amou e acredito que em um último esforço de trazê-lo de volta fez de tudo para conseguir gestar uma vida, mesmo que custasse a sua.

Hannabi nasceu quase dez anos depois que tudo tinha acontecido e sua mãe acabou falecendo no parto.

Hiashi tinha conseguido a filha para salvar seu trono, mas perdido sua mulher e acho que isso o afetou mais do que imaginou, pois começou a se tornar mais sanguinário do que era. Atacava qualquer pequeno reino que achava conveniente e eu como comandante de suas tropas tinha que obedecer às suas ordens. Lutei diversas batalhas movidas apenas pela loucura e sede de sangue do homem, até que em uma delas ele foi ferido e acabou não resistindo.

Eu tinha dezenove anos e Hannabi três, e era impossível que ela assumisse o trono. Eu era a única pessoa que podia fazer isso e faltava menos de um ano para que completasse vinte anos, então minha coroação foi adiantada e o trono passou para mim, um sangue manchado agora era o governante e os meus filhos seriam os futuros líderes quando eu morresse.

No fim de tudo o sangue não valeu de nada.

Devo ter me perdido em pensamentos, pois quando me dei conta Tayume estava na minha frente estalando os dedos.

—Achei que iria precisar te jogar da cadeira para te tirar do transe. —Disse a mulher me olhando estranho. —Dormiste de olho aberto?

Balancei a cabeça e ri.

—Óbvio que não, nem sei se isso é humanamente possível! Estava apenas pensando em algumas coisas e me distrai

A morena me olhou e deu de ombros.

—Vai saber, não é mesmo? Pessoas ricas tem cada mania estranha que dormir de olho aberto não me surpreenderia —Disse ela rindo. —Mas, não te chamei para conversar sobre suas manias estranhas, oh senhor governante. Nosso café da manhã ou janta, não sei dizer, pelo horário seria janta, mas ainda como não comemos nada seria café da manhã. —Disse colocando a mão no queixo. —Ah, que seja, estou com fome demais para pensar em que refeição essa merda seria. Chamei-te para dizer que a comida chegou, então levanta a bunda da cadeira e vem.

—Tu pediste comida? —Perguntei levantando-me

—Sim, e essa vai ser a sua segunda lição do dia. Sempre alimente os seus convidados! —Disse ela sentando-se na cama e apontado para a comida com um lindo sorriso no rosto.

Tinha duas bandejas tampadas em cima da cama e estava com um cheiro delicioso.

Meu estômago roncou e minha boca encheu de água

Nem sabia que estava com tanta fome assim

—Primeiro, tu não és uma convidada. —Disse ao me sentar. Ela revirou os olhou abriu a bandeja a sua frente. —Segundo, eu não te alimentei porque não sabia que seria enviada para o meu quarto, levei um baita susto quando descobri que se encontrava aqui e tive que resolver tanta coisa que acabei esquecendo e depois que cheguei só queria dormir, meu corpo estava para entrar em colapso.

—Tu quiseste dizer morrer né? Porque tu não dormiste não. Mas tudo bem, essa carne está tão gostosa que eu te perdoo por essa sua falha. —Disse devorando avidamente um pedaço de carne que tinha no seu prato. Tive que rir da cena, ela parecia um animal selvagem comendo, o que eu poderia compreender já que ela passou muito tempo sem comer e deveria estar morrendo de fome.

—Vou te recompensar pedindo para trazerem mais tipos de carnes nas próximas refeições então.

Tayume levantou o rosto e me olhou desconfiada.

—Qual o truque?

—Como assim? —Indaguei sem entender

—O que vai querer em troca? Tu estás sendo bonzinho demais

Parei o garfo na metade do caminho até minha e pensei no que ela disse.

Realmente, não é do meu feitio agir dessa maneira, ainda mais com pessoas que não conheço.

Mas passar esse tempo com Tayume foi inexplicavelmente satisfatório, tinha tempo que não me sentia assim, mesmo perto dos meninos. As obrigações e preocupações para com o reino acabavam nos saturando e não aproveitávamos mais o nosso tempo como antes.

Geralmente estávamos cansados de mais para interagirmos e uma coisa que Shikamaru disse ficou martelando na minha cabeça, não éramos mais os mesmos. As pessoas mudam, isso é normal, mas nos fechamos tanto dentro de casulos e escudos tentando nos proteger que eu não reconhecia mais aqueles com quem cresci.

Sentia falta dos gritos escandalosos do Naruto e dele enchendo a minha paciência para fazermos algo. Isso não acontecia mais.

Tínhamos nos tornados nocivos e passar esse tempo com Tayume me fez respirar livremente novamente em anos e eu nem sabia que precisava disso.

Era uma boa sensação e, mesmo não sendo uma escolha sábia, queria arriscar.

Já tinha acontecido tanta merda na minha vida, que se no final isso aqui desse errado não seria nada de novo para mim, mas essa sensação diferente de aconchego e liberdade era nova para mim e eu queria senti-la  mais vezes.

Era arriscado?

Muito.

Mas eu era a porra de um Comandante.

Já estive em milhares de batalhas e guerras sanguinárias.

O que seria ter que conviver com Tayume perto disso?

—Não quero nada em troca, deixa de ser louca, mulher! —Disse desviando o olhar e voltando a comer.

—Eu não confio em você.

—Mas está aqui comigo agora. —Disse voltando a olhar para ela e sorrindo.

—A porta está trancada.

—Você está com a chave, pode sair a hora que quiser. —Respondi erguendo uma sobrancelha.

Ela ficou vermelha e desviou o olhar.

Ri internamente com a ação.

Quem diria...

—Não é como se eu pudesse ir muito longe, certeza de que aqueles seus brutamontes me pegariam e trariam de volta. — Disse ainda sem olhar para mim.

—Você está certa, eles te trariam de volta, mas eu te disse Tayume, não a quero mais como minha concubina real. Você está livre para escolher o que quer fazer para pagar a dívida que tem com o reino. Não vou te prender no meu quarto contra a sua vontade.

Ela voltou o olhar para mim assustada.

—Eu posso escolher?! —Indagou quase gritando e soltei uma pequena risada, concordando com a cabeça.

—Pode, mas seria hipócrita da minha parte falar que não gostaria de passar mais um tempo contigo antes que decidisse o que quer, gostei de conversar contigo. Fazia tempo que não me divertia assim. —Disse olhando em seus olhos

—Bom, não seria uma má ideia passar mais um tempo por aqui, bom que tu terás tempo de cumprir com o combinado e me empanturrar de carne! —Disse a mais nova sorrindo para mim.

—Por um momento achei que tivesse aceitado por causa da minha ilustre companhia. —Disse revirando os olhos e colocando mais comida na boca.

—Não se iluda desta forma, alteza. —Disse Tayume com um sorriso. —Estou interessada apenas na comida.

Eu quase me engasguei com o que estava na boca e olhei para a mulher na minha frente, mas ela estava ocupada comendo.

Pare de ser um tarado!

Pensando melhor, não sei se seria uma boa ideia eu e Tayume juntos por muito tempo, pelo que percebi ou nos mataríamos ou acabaríamos em meio aos lençóis...

Não que a última opção seja ruim

Sacudi a cabeça e voltei a atenção para o meu prato

Estava feliz e ansioso.

Era bom finalmente sentir algo diferente de cansaço, raiva e tristeza.


Notas Finais


TCHARAAAAANNNNNNNN!
O TÃO ESPERADO NEJITEN, ESPECIAL DIA DOS NAMORADOS ATRASADO KKKKKKKKK

Gente, eu queria ter postado ontem o capítulo, mas eu estou muito enferrujada na escrita, só o Senhor Jabiroca na causa. Só escrever textos acadêmicos, artigos, seminários e essas caralhadas não ajudam no meu potencial de escritor. Estou bolada, de verdade.

Mas, de verdade, espero que vocês tenham gostado.
A minha meta é de ao menos toda semana postar um capítulo (ISSO NO MÍNIMO). Então, no começo acho que até eu pegar a prática novamente e as manhãs vai ser essa média, depois eu aumento kkkkkkk

Eu quero muito saber o que vocês acharam, de verdade, porque toda hora que eu lia mudava alguma coisa. TODA HORA, então preciso saber se tá pelo menos na média dos outros kkkkkkk

Muito obrigada por tudo amores, espero vocês na semana que vem!
Beijos de luz


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