História Minha Sombra - Perfeitos

Enquanto estava apagada, sonhei com o dia que fez eu estar aqui. Foi a primeira vez que lembrei dele desde que cheguei.
<<Flash Back on>>
Eu acordei naquele dia muito, muito feliz mesmo, ia ir no shopping com as gurias comprar o vestido para o debut.
Entramos na nossa loja favorita e ficamos horas lá.
- MEU DEUS!!! ESSE FICOU LINDO EN VOCÊ!!!- a Sky falou quando a Lidia saiu do provador.
- Você achou mesmo? Não estou muito gorda pra ele?- a Lidia respondeu com a neura de sempre.
- Pelo amor, Lidia você é a mais magra de nós então para de cu doce.- a Estela disse, amo essa guria.
Ao todo estávamos em 5: eu, a Sky, a Lidia, a Estela e a May. Depois de passarmos a manhã inteira provando e escolhendo vestidos, os guardamos no carro do pai da Sky e decidimos ver um filme.
Na metade do filme, depois de muitos refrigerantes, eu e a Estela achamos melhor não esperar o final do filme e ir no banheiro logo. Saímos da sala e rumamos ao banheiro.
- Só espero que não percamos muita coisa! - disse Estela.
- Pois é! Estava muito bom mesmo.
- Não acha melhor agente abordar o banheiro? Vai ter um monte de gente lá.
- Ta todo mundo vendo filme, não vai ter ninguém.
- Tudo bem, mas se formos estupradas no banheiro a culpa é sua, monamu.
- Nossa, não é pra tanto. Seríamos nós a estuprar o cara.
Rimos. Rimos muito. Muito mesmo. Corremos para o banheiro e, por sorte (ou não), estava vazio. Entramos em boxes diferentes e fizemos o que tínhamos que fazer. Ouvi uma descarga e a porta do lado abrir: Estela já saira.
Saí e fiquei conversando com Estela sobre o filme e o debut, secamos as mãos e saímos do banheiro. Mas algo agarrou meu braço. Olhei e ele me olhou e seus olhos brilharam. Ele puxou estela para dentro do banheiro e ela começou a gritar. Ele me puxou pelo braço e colocou uma faca perto da minha costela ameaçando cravar se eu gritasse.
- Você não precisa fazer isso. Por que está fazendo isso??!!
- Fica quietinha.
- Por que eu?
- Eu disse: Fica. Quietinha.
Não relutei. Ele continuou me arrastando até o estacionamento e me enfiou no porta malas daquele carro imundo. Quando me tirou colocou algo na minha boca e eu apaguei. O resto, bom, vocês já sabem.
<<Flashback off>>
Acordei. Estou... estranha. Não consigo abrir meus olhos. Um se abre, mas nem sinal do outro. Tateio meu rosto... Não. Não pode ser, ele não seria capaz... seria sim. Quando meus dedos tocam no lugar que deveria estar meu olho esquerdo a única coisa que sinto é algo circular com quatro furos no centro.
Está escuro aqui, a única luz é a que vem de fora agora que ele abriu a porta. Caminha na minha direção com um sorriso na cara que vai de orelha a orelha.
- Porque essa carinha triste? Vou ter que rasgar sua boca para ver um sorriso?- diz com uma faca na mão e forço um sorriso.- Bem melhor. Mas ainda triste.
- Como você acha que eu deveria estar me sentindo? Você arrancou a porra do meu olho e costurou um botão no lugar! QUAL É O SEU MALDITO PROBLEMA?
- Problema?- riu nasal- Você quis dizer solução!
- Ainda quero ir embora. Você ainda é um monstro e eu ainda não suporto olhar no seu rosto sem querer te fuzilar. Nada mudou.
- Você mudou. Vai mudar. Mudar é bom para você. Não vai ir embora, nunca vão te achar. Vai ser minha para sempre. Minha boneca para sempre. Meu alívio, minha raiva, seu saco de pancadas, minha refém, minha namorada, meu brinquedo. Então é melhor mudar, não quero outra boneca. As outras eram chatas, não paravam de gritar. Tive que deixa-las sem fala. Hoje fazem boquete para sempre, dão para mim para sempre, mas... Elas não são você. Elas não são perfeitas,  você é.
- Não sou perfeita.
- É perfeita para mim. Somos perfeitos um para o outro.
- NÃO. JÁ CHEGA. NÃO SOU PERFEITA E VOCÊ TBM NÃO É. VOCÊ É UM SÁDICO EGOÍSTA E LOUCO. VÁ PARA O INFERNO!
Não sei como isso aconteceu. Cuspi na cara dele. Não deveria ter feito isso? Talvez. Mas não importava mais. Ele avançou com a faca em mim. Agora eu estou livre. Livre da dor, livre dele, livre desse lugar nojento. Não sei como consegui. A faca veio, fechei meus olhos, simplesmente deixei. Sangue escorreu e ele gritou. Mas... Eu abri os olhos. O sangue não era meu. A faca estava na barriga dele.
- Desculpa Massie. Perdoa-me. De verdade. Você foi a única que entendeu. A única que aceitou. Você me fez libertar. Você realmente me amou.
Eu olhava em seus olhos e via que era verdadeiro. Lágrimas escorriam de meus olhos. Ele fechou os olhos, mas não antes de me sussurrar:
- Eu te amo, Melissa. A chave da porta está no meu bolso. Eu te amo.
Tirei a faca dele e me desamarrei. Procurei pela casa toda um telefone e achei o meu. Liguei para a policia e em menos de 15 minutos estavam lá. Esperava que não fosse muito tarde.
- Você foi muito corajosa, menina. Ainda quis salvar a vida dele.- elogiou-me o delegado.
Vi o corpo dele ser levado para dentro da ambulância rapidamente e deixaram eu ir junto. Duas horas depois, eu estava no quarto dele esperando regir quando ele sussurrou meu nome. Aproximei-me.
- Massie.
- Eu.
- Você me perguntou meu nome, antes de eu virar um monstro. Por quê?
- Porque eu me apaixonei por você.
- É Logan.
- É um nome bem bonito.
- Por que está me salvando?
- Porque não acho que vá voltar a fazer o que fazia.
- Ia sentir saudades minhas?
- Talvez.
- Talvez.- riu fraco.- Desculpa pelo olho.
- Pelo menos não doeu.
- Eu não aguentava mais minha obsessão. Eu me sentia obrigado a fazer o que fazia.
- Por quê?
- Meu pai traiu minha mãe, então ela matou ele durante a noite e fugiu me abandonando. Nenhum dos dois eram perfeitos e isso me irritava. Por causa de seus defeitos foi eu quem sofreu. Não queria uma mulher que fizesse isso comigo, eu tinha que ter certeza. Eu achei.
- Através de uma síndrome ou não, me deixei apaixonar. Acho que te amo. Mas você me machucou. Você me irritou. Você me sequestrou. Mas mesmo assim, quis te salvar no final. Quem sabe somos mesmo perfeitos um para o outro?
Aproximei-me da maca e nos beijamos, meu pai entrou e viu a cena horrorizado. Mas foi eu me afastar que Logan me sussurrou:
- Você me chamou de louco, sou louco, louco por você. Eu te amo, somos perfeitos juntos.
- Talvez.
- Talvez.
Ele fechou os olhos lentamente e a máquina começou a apitar. Eu sabia  o que acabara de acontecer: Jamais o veria novamente. Os médicos entraram e eu saí, chegando ao final do corredor a máquina parou. Sinto saudades dele. Podem me chamar de louca, por que eu sou, eu era: Louca por ele.
Talvez fôssemos perfeitos.
Talvez.