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História Minhas Constelações - Clichê Rebelde


Escrita por: BabiLennox

Notas do Autor


BOA LEITURAAAA❤️

Capítulo 8 - Clichê Rebelde


Fanfic / Fanfiction Minhas Constelações - Clichê Rebelde

"Gênio forte é aquele que fragiliza o convívio." Jeno Oliveira


Aurora Grace

Manhattan, 4:53 PM

Observava o movimento monótono do limpador de para-brisas tentando controlar o tique nervoso que pinicava como uma agulha entrando em minha pele.

Justin parecia distraído e entretido com os respingos de chuva no vidro de sua porta, o corpo inclinado para o lado, de modo que eu não fosse capaz de ver sua expressão facial.

Quando a última pessoa entrou pela porta dos fundos daquela igreja, eu mordi a língua e me virei empurrando seu ombro.

— Tá legal, eu acho melhor você dar o fora desse carro agora. Antes que eu chame um guindaste pra te tirar daqui.

Ele me olhou ainda por cima dos ombros, um olhar de indiferença e então puxou a trava de modo bruto.

— Estarei aqui quando sair! – avisei alto me inclinando sobre o banco e a porta se fechou em um baque, bem na minha cara.

Manobrei o carro saindo do estacionamento e dirigi até o supermercado mais próximo ativando o alarme do celular para não correr o risco de chegar cinco minutos depois do fim da reunião do grupo de apoio e acabar perdendo Justin.

Achava desnecessário todo esse cuidado com um garoto de 19 anos, mas ela era mãe dele e eu nem tinha palpites para dar já que todo cuidado nunca é o suficiente. Ainda mais quando se tratava de alguém tão...genioso. 

Joguei minha bolsa no carrinho e tirei a lista de compras amassada do bolso traseiro do meu jeans. 

Ser assistente pessoal da Sra. Oberlin era um trabalho mais pessoal do que eu gostaria; fazia suas compras, levava e buscava suas roupas na lavanderia e de quebra ainda era babá do primogênito.

— Fala sério. – resmunguei pegando o meu salgadinho favorito e jogando no carrinho

Não havia almoçado hoje de novo.

E provavelmente amanhã seria assim também.


                                      ~

Atravessei um sinal vermelho e as 17:00 estacionei próxima ao meio fio da Igreja. Instantes depois, as portas duplas dos fundos foram empurradas e uma fila de homens de idades variadas saíram de lá, Justin estava no meio dele e eu buzinei chamando sua atenção.

O mesmo veio na direção do carro, com a expressão ainda amarrada e tinha um palito entre os dentes.

— Como foi? – perguntei tentando quebrar o clima pesado que se instalou no veículo no instante em que ele fechou a porta

— Ela te paga pra se importar também?

Engoli a seco, sentindo uma súbita vontade de chorar com a última gota de grosseira no copo de "coisa que preciso tolerar pelo meu emprego". Transbordou, então eu me virei para ele furiosa demais da conta para engolir as palavras em minha garganta.

— Olha só, eu não estou aqui por que quero e pelo visto você também. Não tenho nada haver com as diferenças e problemas entre você e a Sra. Oberlin, só faço o meu trabalho e você, infelizmente, está incluso nele. Então agradeceria muito se facilitasse as coisas pra mim já que nenhum de nós tem escolha sobre isso.

Tirei o um fio de cabelo do rosto e ele continuou parado com os olhos na estrada. Me pus de volta aos trilhos e apertei o volante.

— Okay...

Girei a chave na ignição e pisei acelerador pensando sobre a minha relação com ele, que não era exatamente uma relação. Já havíamos saído pra beber, ele sabia coisa sobre mim, eu o levava para os lugares, então, nomeando seja lá o que fosse, apenas conviviamos juntos.

E isso estava me fazendo gostar menos dele.

O caminho até o prédio em que a Sra. Oberlin morava no Upper East Side foi qualquer coisa parecida com tranquilo. Ele estava tolerando ficar no mesmo lugar que eu sem soltar seus comentários espirituosos e grossos.

Quando eu entrei na garagem e abri o porta malas saindo do carro, Justin me seguiu.

— Por que não usa a lavanderia daqui? – escondi a surpresa por seu monólogo não conter nenhuma pitada de grosseira, apenas curiosidade e o fato dele está se dirigindo a mim 

— Porque é sua mãe quem manda. – ele ri e se inclinou pegando uma das cestas de roupas e caminhou até a porta que dava pro saguão

Peguei o outro cesto e abaixei o porta malas em um baque sútil travando o carro. Corri em atrás de Justin que segurava a porta com o pé para que eu passasse. 

Surpresa, eu lhe lancei um olhar grato e seguimos em frente. 

O hotel não era nada menos do que mega luxuoso, podia apostar que meu salário não seria suficiente pra pagar se quer a hospedagem de uma semana aqui.

No elevador, Justin ficou de frente para mim e me olhou por cima como se analisasse e criticasse cada célula minha.

Pensei sobre o que eu disse no carro para ele e sustentei o olhar. Talvez tivesse feito ele repensar sobre o modo como ele agia e eu duvido muito que ele se importe com isso ou com a opinião de qualquer outra pessoa sobre ele.

Mas ainda sim, sorri e cai fora quando as portas se abriram. A primeira visão que tive foi da escada do apartamento e Ofélia apareceu em minha frente segurando um vaso de suculentas.

— Oi Ofélia. – apertei os olhos sorrindo para ela

— Como vai Grace? – ela passou a mão em minhas costas e me guiou até a cozinha

— Muito bem, obrigada. Eu trouxe trabalho.

Ela riu e eu coloquei o cesto em cima do balcão e Justin fez o mesmo, depois saiu de lá sem dizer nada.

— Pode deixar aí, vou levar lá pra cima e arrumar no closet antes que a Sra. Oberlin chegue.

— Não precisa de ajuda pra levar? 

— Não, pode deixar ai.

Enfiei as mãos no bolso traseiro e concordei por fim, dando uma espiada no corredor.

— Então Ofélia, você trabalha com a Sra. Oberlin a muito tempo não é?

Ela balançou a cabeça concordando.

— Desde que ela se mudou pra Nova York. 

— Então deve conhecer Justin desde pequeno. – presumi

— Toquei as fraldas dele. – ela riu parecendo se lembrar de algo

Olhei para o piso de porcelana enxergando meu reflexo meio turvo ali, subi o olhar sorrindo para ela.

— Por que ele não morava com a Sra. Oberlin? – joguei a primeira pedrinha rodando o bico da minha sapatilha no chão

— É complicado Grace e acho que não estou autorizada a falar sobre isso com alguém. Mas ele não é um menino mau apesar de agir como de fosse exatamente assim. Justin só é... incompreendido.

Balancei a cabeça vendo ternura passar por seus olhos.

— É. Eu vou indo, fica bem. – acenei jogando beijos no ar para ela

Apertei um dos botões do painel e ouvi passo atrás de mim. Por cima dos ombros vi Justin descer as escadas com um laptop me baixo do braço.

— Já está indo? – entrei no elevador e me virei vendo ele descer o último degrau

— Poisé, ainda tenho coisas pra fazer. – comprimi os lábios

Justino moveu a cabeça em minha direção, um aceno de despedida meio sem jeito.

— Até mais, Aurora Grace. – seguiu reto, sumindo do meu campo de visão e as portas se fecharam me levando para o saguão

Talvez Ofélia estivesse certa sobre ele. Mas eu ainda tinha questões e observações que pudessem contradizer tudo.

Também não o conhecia o suficiente pra julgar qualquer coisa, apenas a casca grossa que ele mostrava.

No final das contas Justin era somente um clichê rebelde, e eu achava isso engraçado e meio patético.


01:54 AM

Tateei o criado mudo buscando meu telefone que tocava de maneira insistentemente irritante. Gruni agarrando o mesmo e expremi os olhos tentando ler o nome de quem me ligava na tela brilhante.

— Alô? – me sentei na cama e passei a mão pelos meus fios desgrenhados

— Aurora? Sou eu, Catherine, sua mãe.


Notas Finais


O que acharam mores?


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