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História Minhas Duas Doses de Você - I


Escrita por: Kalliandra

Notas do Autor


Gente, mais um cap. saindo do forno. Agradeço os comentários e os favoritos de coração.

Capítulo 4 - I


Eram exatamente 22:00 horas e mais uma vez eu me perguntava do por quê eu ter escutado Yuri e levá-la junto comigo ao La Place. Agora eu estava aqui ,na sua sala, esperando a minha amiga arranjar uma roupa “normal”. Digamos que Yuri só tem roupas de dois tipos: roupas de trabalho e roupas de “caça” como a mesma denominava. Mas hoje , como ela vai só como minha amiga , fica difícil achar uma roupa “comportada” sem ser profissional demais. Já estava me arrumando para sair sem levar Yuri , quando a morena sai do quarto , em resumo, vestida para matar.

- Ô Yuri... você passou uma hora procurando uma roupa “adequada” e quando sai é desse jeito , porra!- falei analisando cada peça.

- Não reclama, que esse é o look mais comportado que tenho. Ainda tô com os dois pés atrás em relação a esse plano idiota. Eu só tô indo pra garantir que você não vai se fuder na mão de uma pessoa interesseira ou que você não vai estragar a vida de uma pessoa inocente.- falou terminando de se arrumar no grande espelho que tinha na sua sala.

- Yuri, em nome de Deus, onde é que uma regata verde, colada ao seu corpo, um micro short preto de couro e um manolo preto são comportados?! E eu nem citei essa maquiagem. Mas ok, vamos tenho muito o que fazer. – falei já me dirigindo à saída e ignorando seu comentário anterior. Tiffany não me pareceu uma aproveitadora, mas um pouco inocente, eu diria.

- Eu fiz o meu melhor ok?!

- Certo , vamos.

Se eu tivesse ido da minha casa até o La Place , não tiraria nem 10 minutos, mas tive que pegar Yuri, então chegamos quase às 23:00 horas, em resumo, eu queria matar a Yuri.

- Ok, Tae ... onde vamos ficar?- perguntou-me vendo que o restaurante tava lotado. O que me surpreendeu, já que sua movimentação era tranquila.

- Uhm ... vamos ficar ali, perto da janela de vidro.- apontei para o lugar e segui Yuri.

- Boa noite , senhoritas ...- uma garçonete veio nos atender, assim que sentamos a mesa, mas não era a que eu queria.- vocês já sabem o que vão pedir? – perguntou simpática.

Quando Yuri ia responder , eu a interrompi.

- Na verdade , não me entenda mau, mas eu gostaria que uma outra funcionária nos atendesse.- falei sem fazer cerimônia.- O nome dela é Tiffany, por favor.

- Ah , ok vou chama-la.- A menina saiu sem graça. Não liguei.

- Porra, Taeyeon, a menina veio toda educada! E outra coisa, vai chegar matando é?! Por que você não deixa a Tiffany te perceber e depois você a chama. Desse jeito não adiantou nada esperar uma semana para não parecer “ansiosa”.- falou uma Yuri constrangida.

-Yuri, vou pedir com educação ... não se meta!- falei já pegando o cardápio, mesmo que já soubesse o que iria pedir.

- Olá, boa noite, vocês já escolheram os pedidos... – levantei meu olhar e então ela percebeu de quem se tratava.- ah é você! – pareceu um pouco surpresa.

- Olá, Tiffany ... bom, eu já tenho meu pedido e você Yuri?- falei me virando, só para dar de cara com uma Yuri paralisada e de boca aberta.- Yuri, Yuri ... YULLL.- perdi a paciência e dei um tapa em seu braço. Ela despertou do transe.

- YYAAAAHHH Taeyeon ... -falou esfregando o braço –  e-eu vou pedir o mesmo que você. Falou voltando a encarar Tiffany.

-Ok , então o que vão querer? – ela me parecia um pouco triste, mas mesmo assim era educada. Gostei.

- Então, vou pedir dois gnochis Yuri.- vi ela assentir.

- Certo. Algo para beber? - Hum ... que tal você. Ri com meu pensamento.

- Por enquanto  não. Só isso mesmo.

Tiffany se retirou com os nossos pedidos anotados. Fitei Yuri em busca de algum movimento ou reação dela.

-Yuri... fala alguma coisa.

- Era a Stephie ... Tae.- ela sussurrou pra mim, com lágrimas nos olhos, me encarou por fim.- eu não sei o que falar, é tão real, mas ao mesmo tempo minha mente grita que é impossível algo assim acontecer.- ela se aproximou de mim na mesa.- Sabemos que a Stephanie era filha única , então a chance de Tiffany ser sua irmã gêmea é totalmente nula. Eu só não sei como isso é possível.

-Agora você compreende meu estado?- A encarei.- foi assim que eu fiquei quando a vi pela primeira vez, semana passada.

- Certo ... – suspirou- mas como você vai se aproximar dela?

- Ela deixou cair uma correntinha no meu carro, no dia que dei carona a ela.- foi tudo o que falei.

- Ah ... então você vai dizer que veio hoje para devolver a correntinha?!

- Mais ou menos.- Yuri me olhou desconfiada, pois me conhecia o suficiente para saber que eu tinha tudo planejado.- vou leva-la em casa hoje.

- Você fala na maior tranquilidade do  mundo, você nem sabe se ela vai aceitar.- Yuri olhou descrente para mim.

- É simples, vou devolver a correntinha e vou oferecer uma carona, do jeito que isso aqui tá hoje, ela vai terminar a noite exausta, e eu ...bem, eu estarei lá lhe oferecendo uma volta pra casa tranquila e sem empurrões de ônibus.

- Você é inacreditável.- ela desdenhou.

Passado algum tempo, Tiffany voltou com nossos pedidos. Eu e Yuri aproveitamos para conversarmos sobre a empresa. A Century estava com novos planos de implementação e isso estava gerando alguns problemas, nada muito difícil de resolver, mas que pediam uma atenção especial. A noite passou rápido, sempre foi fácil estar na presença de Yuri, ela era uma amiga e tanto, quando notamos Tiffany veio nos avisar que o La Place estava perto de fechar. Olhei para Yuri e esse foi o sinal para que ela entendesse que já podia ir e que dali seríamos eu e Tiffany. Nos despedimos e eu fui pagar a conta, assim que efetuei o pagamento percebi Tiffany passar por mim em direção à porta do estabelecimento. Essa era a minha deixa.

- Tiffany ...- ela parou na frente da porta e me olhou interrogativa.- quero te devolver algo. -me aproximei e juntas saímos do estabelecimento.- Você deixou cair isto.- falei já tirando uma caixinha na qual tinha guardado a correntinha dela.

- Oh ... obrigada! Eu estava procurando ela por todo lugar ... obrigada mesmo.- eu não esperava , mas Tiffany me abraçou, um abraço forte de gratidão, não pude me conter e a retribuí, fechei meus olhos para apreciar o contato, que no entanto, foi curto demais.- Essa correntinha é especial para mim. Estou te devendo uma. -falou sorrindo com os lábios e os olhos.

- Bom ... já que você me deve uma, você pode me pagar deixando eu te levar em casa novamente. Sei que o dia hoje foi corrido por causa do movimento acima do comum de hoje. Você deve tá morta.- falei olhando pros lados, tentando passar um constrangimento, que na verdade eu não tinha.

- Eu moro longe , Taeyeon, além do mais tudo indica que vai chover forte hoje, é melhor não.- falou já se distanciando.

- Você quem disse que estava me devendo uma, eu só estou cobrando, e não haja como se eu não tivesse um carro. Posso te levar, sem problemas. Tudo o que você acabou de falar só serve como um incremento para que eu te leve em casa.- Touché.

- Você não vai desistir né?!

-Não.

- Ok – suspirou – eu estou realmente cansada. Então, podemos ir?

- Claro.

Demos a volta e fomos buscar o meu carro. Assim que entramos, liguei o aquecedor já iria ser uma noite fria em Seoul. A olhei de lado e vi que ela ainda encarava a correntinha, sorrindo. Dei partida, pois do contrário ela perceberia o meu olhar sobre ela.

- Tiffany, posso te perguntar uma coisa?- falei sem olhá-la.

- Bem você já fez , mas sim, pode sim...- falou divertida.

- Eu notei que nessa correntinha tem duas iniciais ... o T é a inicial do seu nome, claramente, mas e o I ?.- a olhei e vi seu sorriso calmo.- desculpe se estou sendo intrometida, mas é um namorado, algo assim?! – perguntei na lata.

- Não. Eu não tenho namorado Taeyeon.- meu sorriso no canto dos lábios não se equiparou à satisfação que eu estava sentindo por dentro.- esse I representa a minha filha.- parei o carro bruscamente. Ela me encarava assustada.

- Me desculpe ... e-eu não queria te assustar. -falei a encarando- eu só não pensei que você tivesse uma filha.

- Por acaso você é uma daquelas pessoas que são preconceituosas sobre mulheres que são mães solteiras?!- me perguntou um pouco ressentida e com um olhar questionador.

- Na-não, é que você é .... você ... não parece ter filho.- encarei o volante.- me desculpe se minha reação não foi agradável.

- Eu já estou acostumada. - falou como um suspiro. Mas me pareceu mais como um desabafo. Percebi , por fim, se eu tinha meus monstros, ela também os tinha.

O restante do trajeto decorreu no mais incomodo e esquisito silêncio. Se antes Tiffany tinha um sorriso, agora ela só olhava pela janela em um sintoma claro de querer me evitar. Quando parei na frente de sua casa suspirei sinalizando que havíamos chegado no destino final. Tiffany se virou para mim e mais uma vez agradeceu de forma seca e impessoal, destravando a porta e saindo do carro. Eu não sei por que, mas tê-la magoado me afetou de uma forma que me fez sair a sua procura.

- Tiffany ... – gritei, mas ela continuou andando, odeio quando fazem isso.- Tiffany ...- mas nada, quando ela já estava chegando perto da sua porta, resolvi correr.

- Tiffany...- chamei ao lhe alcançar, mas mesmo assim não virou para me olhar, apenas continuou parada na frente da porta. Resolvi falar.- Eu realmente não quis te magoar, minha reação foi a pior possível, eu sei. Mas eu realmente sinto muito. Só fiquei curiosa sobre quem seria e ... bem, você é jovem e saber que você tem uma filha é um pouco chocante, mas nada desmerecedor.- falei em um fôlego só.

- Por que? – ouvi ela suspirar a pergunta.

- An ... ?! Por que o quê?- estava confusa.

- Por que você vem me trazer em casa, por que você parece ter um interesse acima do normal em mim, por que você age como se se importasse comigo?  ...Você age com um interesse misterioso sobre meus atos, percebi seus olhos sobre mim e todas as vezes que você se retrai.

- Eu só achei que você precisava e bom ... você mora longe, só achei que você gostaria de uma carona.- falei tentando ser brincalhona , me desviando da segunda parte de seu questionamento, mesmo sabendo que o clima não estava para isso.

- Por que você tem tanto interesse assim em mim, hum?! Pensa que eu não percebi seu olhar sobre mim desde a última vez que esteve aqui? Não sou tão inocente assim ...- falou se virando para mim.

-E-eu quero ser sua amiga. Não sei, você me pareceu alguém que não se deve perder de vista, nem perder a oportunidade de amizade.- a encarei nervosa.- Já disseque não quis lhe ofender com minha reação.

- Humpf ... Eu já ouvi essa conversa antes.- ela me olhou incrédula e desdenhosamente.- Há três anos atrás um cara se aproximou de mim.- ela falou se encostando na porta e com os olhos já marejados.- ele me disse que eu era uma pessoa especial e que minha amizade era algo valioso. Eu era realmente inocente, só tinha 18 anos. Ele me conquistou e eu me vi , pela primeira vez na vida, encantada , apaixonada e sendo protegida por alguém. Foi meu maior erro. Me envolver com um cara que não queria nada além do meu corpo, pena que descobri tarde. Quando descobri sobre minha gravidez fiquei contente e o contei. Naquele dia... – ela me olhou – eu quase perdi meu bebê. Fui agredida de várias formas, você não sabe o quão difícil é ser mãe solteira, sem apoio do pai do seu bebê, sem apoio dos seus familiares.- ela já chorava aos soluços em minha frente.

Eu não sabia como fomos parar em uma conversa tão íntima de uma hora pra outra, por que , para todos os fins, ainda somos desconhecidas. Era como se ela estivesse me jogando na cara todas as feridas que vinha sofrendo e me dizendo: E aí Taeyeon ainda vai continuar? Minha reação naquele momento foi um misto de admiração, tristeza, arrependimento , contemplação e compreensão pela mulher à minha frente.

- E-eu não sabia, me perdoe.- e por impulso a abracei. Eu não sabia , ao certo, o porquê de Tiffany ter se aberto comigo, tão rapidamente, mas naquele momento um estranho sentimento de proteção se apossou de mim e tudo o que pude fazer foi abraçá-la.

- Desde então somos eu e ela ... – ela suspirou me afastando delicadamente.- e não é fácil Taeyeon, céus! Os olhares de julgamento, as especulações sobre mim.

- Tiffany ... eu realmente não queria lhe insultar, e lhe peço mil perdões pala minha reação. E-eu também sei como é ser julgada e descriminada por uma coisa na qual você é vítima. Eu espero que você me perdoe. – ela me encarava com os olhos vermelhos, enquanto comprimia os lábios.

- Nunca alguém me pediu desculpas por ter me magoado.- ela segurou a minha mão.- Você está sendo a primeira.

Aquela fala me abalou. Minha mente ainda tentava processar todas as informações: Tiffany era mãe solteira; mãe de uma menina , que pelas minhas contas deveria ter em torno de 2 anos cujo nome começava com a letra I. Mas o mais intrigante foi saber que aquela mulher a minha frente era tão ferida pela vida quanto eu. Se meus monstros estavam em Jeonju, os dela estavam por todo o lado.

- Bom saber que fiz algo positivo para você hoje.- falei apertando sua mão.

- Taeyeon ... – me chamou quando eu já estava me preparando para ir embora.- obrigada por ter me escutado. Não sei ao certo, mas senti que deveria ser honesta com você. Sou uma pessoa cheia de traumas... mas se você ainda quiser minha amizade... somos desconhecidas, eu sei, e você é minha cliente no trabalho, mas eu gostaria de tê-la por perto.

- Oh ... claro que eu quero! – falei sorrindo.

- Então ... amigas?!- falou com seu mais belo eyesmile.

- Claro.- apertei sua mão sorrindo.

Me despedi e me direcionei ao meu carro, com uma única dúvida: continuar ou não com o meu plano.


Notas Finais


Bom... até a próxima!


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