-"DIAS DE CAOS! CONTEMPLEM DIAS DE CAOS EM SAKURAMI!"-grita um jornaleiro.
-"DELEGADO MAURO EM ESTADO DE COMA!"-gritou outro jornaleiro.
-"PREFEITO DÁ SUAS DECLARAÇÕES EM RELAÇÃO A RECENTES TRAGÉDIAS..."-gritou,e você sabe quem foi.
A cidade se movia normalmente,mais calma do que o normal,apesar dos fatos estranhos.
Todos seguiam suas vidas robotizadas e programadas,com as mesmas caras e bocas,com as mesmas rotas.
Poucos comentavam sobre as recentes bombas nos jornais ou nas rádios,nas revistas ou na internet,os mais religiosos.
-"Tudo segue normalmente."-uma voz macia pronuncia suavemente essas palavras e sorri.-"...não é incrível? Não é intrigante?"-fazia cada questão,com voz suave.
Gira a sua cadeira e para a frente de uma outra cadeira,de madeira,com alguém sentado de cabeça baixa.
Nara,a dona do diário,e dos olhos,rosa encara Mari,que está na cadeira a frente,com as mãos e os pés presos e grudados à cadeira.
-"Foi tão difícil,primeira."-falou,sussurrando.-"...Você me deu trabalho,hein?"-disse em tom brincalhão e riu.
Mari aos poucos foi levantando a cabeça,porém,seus cabelos deixavam seu rosto nas sombras,escondendo o rosto ferido,as marcas de mão ao lado do rosto e uma certa vermelhidão ao redor dos olhos.
Mas,Nara sabia o que os cabelos escondiam e ao vê-la levantar aos poucos a cabeça sorria calmamente,a admirando.
-"NÃO! ME LARGUE...LARGUEM!"-gritou Mari,em prantos.
Alguns rapazes,com camisas brancas e com mangas compridas,semelhantes a camisas de força,a seguravam pelos braços a arrastando pelos corredores.
Mari chorava assustada.
Acordou sendo carregada por um rapaz,porém,ainda estava muito fraca,por isso não reagiu e,logo a frente,viu uma menina,talvez da sua idade,a caminhar calmamente,com as mãos para trás e segurando um grande celular rosa e depois foi arrastada por esses rapazes.
Olhava ao redor,mas tudo estava escuro,so via pontos vermelhos em cima,eram câmeras,que ela conseguiu ver.
Entraram no quarto escuro e a empurraram contra a cadeira e a amarraram.
Mari tentava lutar,mas eles eram fortes e logo foi rendida.
Nara se aproximou e tocou no rosto de Mari e a olhou nos olhos.
-"Azuis..."-sussurrou,próxima a seus lábios.
Mari olhava nos olhos rosas da menina,atentamente se lembrou do motorista do táxi,do rapaz que as atacou e levou Yoko e da mulher que dirigia a ambulância.
Em sua mente veio a imagem daquela sombra,com os pés na plataforma que brilhou em rosa,como os seus olhos.
-"Seis!"-repetiu em sussurro no mesmo tempo que a lembrança.
Seus olhos arregalaram e sentiu uma picada em seu pescoço e uma rápida dormência e fraqueza em seu corpo.
-"É sexta!"-sussurrou mais baixo e segurou o rosto de Mari,pressionando as unhas-"Boa noite,escolhida."-e sorriu.
Mari enfraquece e seus olhos se esvaziaram.
Nara gargalhava e Mari apenas a encarava seriamente,ofegando.
-"É uma honra tê-la aqui,primeira!"-disse Nara,alegremente.
-"Cale a porra da boca!"-Mari disse furiosa.
-"Ui! Então existe..."
Nara disse e Mari se espantou.
Nara sorriu e continuou-"...Parece que fiz sua fera interior se remexer dentro de você,mas,ainda não é o suficiente para viver aqui e sobreviver no tabuleiro,minha cara."
Mari se silenciou e desviou o olhar,levemente triste.
-"Yoko..."-Nara disse,olhando nos olhos de Mari.-"...Yoko Uchida."
-"Lê mentes agora?"-disse Mari,em tom de brincadeira.
-"Não é necessário ler a mente,quando se poder perceber no olhar."-disse calmamente.
E ficaram em silêncio.
-"Você a matou! Você matou minha amiga!"-disse Mari,não suportando mais as lágrimas.-"Você é doente! Você é..."
-"Chame do que quiser,nada será novidade aos meus ouvidos."
-"Pois aqui vai uma novidade pra você."-Mari finalmente a olhou nos olhos e sua íris se preencheu em azul.
Nara se espantou com repentina coragem e seu sorriso sumiu.
Mari continuou-"...Posso não ser a mais preparada para o prêmio,como tanto dizes,mas tu também não és."-disse seriamente.
-"Vês o futuro agora?"-Nara questionou e sorriu.
-"Não preciso ver o futuro para ver algo que já está estampado na sua cara."-disse firmemente e sorriu.
Nara se assustou com tais palavras e sentiu suas pernas tremerem por um instante.
Seu olhar se abaixou e sua cabeça começou a doer.
-"Em nome do pai,do filho e do espírito santo..."-um padre falava calmamente,com os olhos fechados,em frente a uma lápide.
Uma multidão o seguia com flores e velas em suas mãos.
Nara gritou de dor e o brilho rosa de seu olhar oscilou,teve uma visão de tragédia.
Lágrimas caiam em seus olhos e sua cabeça não parava de doer.
Seu celular apitou e Mari olhou para ele,sobre a mesa,um pouco assustada.
-"Nara!"-um rapaz se aproximou e a tocou o ombro,pareciam bem íntimos.Mari o reconheceu.
-"O que viste?"-ele perguntou,preocupado.
Nara,ainda com dores,ofegava e aos poucos voltava ao seu normal.
Voltou então seu olhar para Mari,que ainda estava com os olhos da cor de seu diário,e sorriu.
-"Seu funeral!"-disse,em voz sussurrante e com um sorriso largo.
Mari sentiu seu coração parar e um frio passar por sua espinha,lhe causando calafrios.
Seus olhos se arregalaram e um certo desespero tomou conta de seu ser.
Nara,no entanto,gargalhava vitoriosa.
-"EU VI E NUNCA ERRO NO QUE VEJO!"-gritava alegre,se levantando de sua cadeira e adentrando a escuridão.-"NUNCA!"-gritou mais uma vez.
Nara voltou para junto de Mari com uma xícara pequena na mão,com chá a borbulhar dentro.
Mari se debateu na cadeira com força,puxava as mãos e os pés com força,mas nada conseguia.
Nara se aproximou e elevou a xícara para cima da cabeça de Mari e segurou o rosto dela,rudemente,e o ergueu,pondo seu queixo para cima.
Mari olhava para os lados,com o mesmo desespero de sempre,a se debater,já se ferindo mais ainda,procurando talvez uma saída.
-"TOME SEU ÚLTIMO CHÁ,ESCOLHIDA!"-disse e sua voz,por um instante,se retorceu,dando lugar a uma voz mais grave e demoníaca.
O chá se derramou sobre o rosto de Mari,que gritou alto e se debateu com mais força.
Nara,então,começou a derramar chá dentro da boca de Mari,na intenção de afogá-la.
Seu grito foi reprimido e abafado,mas,Mari não parava de gritar.
Puxou com mais força a sua perna e sentiu o laço se soltar,deixando sua perna livre.
O chá acabou e Nara sorria,olhando para a situação de Mari.
Mari estava de boca e os olhos fechados e sua respiração nasal estava pesada.
Apertava os olhos e gemia de dor.
-"Espero que tenha gostado!"-Nara sussurrou e sorriu.
Mari rapidamente cuspiu o chá que havia guardado em sua boca no rosto de Nara,que se afastou gritando.
Tirou sua perna e chutou Nara em sua barriga,a fazendo cair para trás e de costas.
Mari ouviu os espantos e logo olhou para as suas mãos,que já não estavam mais tão apertadas,as cordas estavam frouxas.
Olhou admirada e tirou as mãos.Puxou sua perna e a libertou.
Se levantou,um pouco zonza,e viu Nara ao chão,já se levantando.
Se aproximou rapidamente e a chutou,uma única vez e Nara gritou de dor.
Os rapazes que lá estavam avançaram contra Mari,com porretes nas mãos.
Em um piscar,seus olhos estavam azuís e os movimentos dos rapazes foram desacelerando até que tudo ficasse imóvel e,com um movimento leve de sua mão direita,rapidamente o tempo voltou e uma força os impulsionou contra as janelas de vidro,que se quebraram e se estilhaçaram.Cairam para fora e tudo o que se ouvia eram os seus gritos sumindo aos poucos.
Nara olhou assustada para Mari e seus olhos brilharam e uma lágrima rolou.
O desespero tomou conta de seu ser e Nara se arrastou pelo chão em direção a uma das janelas.
Mari olhava para as mãos,confusa e admirada.
Levantou um pouco o olhar e viu seu celular azul.Sorriu e foi ao seu encontro,agaixando e o pegando.
Espantosamente,Mari sorriu e ficou mirando a tela do celular.
Viu o reflexo de uma sombra atrás de si e o brilho rosa em seu olhar e se assustou.
A tela brilhou e Mari virou,rapidamente,e ergueu a mão em direção a Nara,que já estava com a mão para cima,pronta para apunhalá-la.
O tempo parou rapidamente e Nara ficou imóvel,assim como tudo ao redor,no céu e na terra.
Mari olhou para Nara e depois para a própria mão,a abaixou e saiu da presença de Nara,saindo daquele quarto.
Correu pelo corredor,que estava claro,e sorriu.
Sentiu até um certo incômodo com a claridade e uma fraqueza em suas pernas,afinal de contas,foram três dias inteiros em plena escuridão,amarrada a uma cadeira.
Seus passos começaram a pesar e sua cabeça começou a latejar.
Confusa,Mari não parou,mas,não conseguiu conter os gemidos e as caras de dor.
A dor só aumentava a cada passo que cada em direção a um elevador.
Uma dor intensa invadiu sua cabeça e Mari não evitou o grito alto de dor,e caiu de joelhos.
O tempo voltou ao seu ritmo normal e um rastro de sangue,vindo de seu nariz,já estava formado no rosto de Mari,que estava incrivelmente ofegante.
Passos então ecoaram e Mari desesperada se apressou em levantar.
-"PRIMEIRA!!"-gritou furiosamente Nara,ao vê-la correr em direção ao elevador.
Mari correu desesperada e ao se aproximar apertava rapidamente o botão.
Olhou sobre o ombro e viu Nara se aproximar,com sorriso largo e olhar devorador.
A porta do elevador se abriu e Mari correu para dentro,apertando mais uma vez o botão para fechar a porta.
Nara vinha gargalhando e correndo velozmente,porém,a porta se fechou e Nara ficou para fora.
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