1. Spirit Fanfics >
  2. Misfit >
  3. Fisico

História Misfit - Fisico


Escrita por: Doublefenix

Notas do Autor


oieeeeeeeeeeeeeeeeeeee <3

se lembram de mim? alguém se lembra dessa fanfic? :v

bom, primeiramente quero dizer que SIM, eu cogitei abandonar Misfit e toda essa historia de fanfic simplesmente porque: eu sou escrota.

brincadeira, mas, em partes, eu achava que Misfit era uma bosta, que a fanfic tava sem graça, que o couple já tava enjoativo, que eu nao sabia narrar bem, que todas as mudancas que eu achava que estavam deixando a fic melhor só tava piorando, ENFIM, eu sentia que tava um lixo e que eu precisava tomar vergonha na cara e escrever algo DECENTE.

MAS

durante esse... oq? um mes ou dois? enfim, durante o periodo hiatus de misfit, acabei por receber muitas mensagens, tanto no face, quanto aqui no social, quanto no tt, mensagens que me tocaram MUITO, como varias vezes anteriores e digo e repito, essa fanfic só está de pé por causa do leitores que nunca a deixaram afundar e mesmo perante uma exclusao me ajudaram a dar a volta por cima e disso só posso agradecer!

Sobre minha doença, para muitos curiosos, eu tenho melhorado SIM gente! até mudei meu coquetel de remedios agora estou usando mais estabilizadores de humor doq ante depressivos ^^

o ano já ta acabando e agora segunda feira é meu aniversario! decidi postar em comemoracao a quase 1 ano de misfit, aos meus 16 aninhos e aos favoritos 100% recuperados! MUITO OBRIGADA a todos e nos vemos nas notas finais!!!!



PS. capitulo nao foi betado entao qualquer erro culpem a mim, ok ? desculpinha <3

Capítulo 17 - Fisico


Fanfic / Fanfiction Misfit - Fisico

 

 

 

 

 

Capitulo 17- Físico

 

 

 

 

 

"Nenhum afogado pode saber qual a gota de água que fez sua respiração parar"

-O Diário De Uma Paixão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Após aquele bilhete não saí mais de casa durante um mês.

 

Trinta completos dias passaram sem que uma ampulheta fosse capaz de medi-los. As correspondências, multas, todas permaneciam acumuladas na entrada do apartamento e eu não ligava.

 

Já não importava mais.

 

Vinte e quatro horas por dia passava jogado no sofá, com aquele papel entre os dedos, mirando a caligrafia bonita.

 

"Eu também te amo"

-Grandão

 

Tais palavras ecoavam em minha mente como se fosse possível ouvir, mesmo que longínqua, a voz grave.

 

Lia e relia tantas vezes que acabei por, sem querer querendo, decorar o texto.

 

Ele ainda me amava.

 

Era isso então?

 

Tudo estava confuso. Pobre mente minha nublava-se em pensamentos contraditórios, os quais, em sua grande maioria, não eram bons.

 

Não era o tipo de pessoa que comemoraria sem parar, que os lábios rasgariam sorriso antes de dormir e que voltaria rastejando para os braços dele.

 

Eu apenas não conseguia compreender.

 

Por quê?

 

Por que ele havia me abandonado então?

 

Como? Como ele achava que podia aparecer assim, sem mais nem menos, dizendo que me amava?

 

E como reagir aquilo?

 

Afogava-me num mar de água gostosa e morna, porém, rasa em demasia. Sendo assim, impossível de execrar aquelas palavras, embora sentisse profundo fel pelo dono das mesmas.

 

Nada fazia mais sentido.

 

A pior parte de se tornar alguém triste é que você nem faz ideia do que lhe faz feliz mais.

 

Eu não sabia o que pensar, o que acreditar, tinha medo, medo de estar sendo enganado de novo. De estar entrando naquele labirinto bonito e florido, desabrochado em promessas dissimuladas e declarações aleivosas, apenas embrenhando-me nos arbustos ludibriantes aos quais sabia que apenas levariam até um beco sem saída.

 

Respostas... Era disso que eu precisava.

 

Respostas.

 

Mas ao mesmo tempo em que parte de meu ser estava completamente desesperada por explicações, outra tampava os ouvidos. O que ele diria?

 

"Eu não pude sair de casa", "Estive muito ocupado com o casamento" Alias, seria ele, casado ainda? Será que dividia a cama com Sandara? Será que tinha filhos? E onde morava? Onde trabalhava?

 

Droga.

 

Não sabia nada sobre ele.

 

Como era possível alguém ao qual eu passara tantos e tantos momentos junto, que despertava tantos sentimentos em mim... E eu não sabia nada sobre ele. Será que era culpa minha? Será que devia ter perguntado?

 

Não sei. Mas em minha mente, sempre fora daquela maneira. Tudo que acontecia de ruim em minha vida, era, direta ou indiretamente culpa minha.

 

"Ai...que horas são...?"

 

Sim, eu havia me acostumado a falar sozinho. Fazia parte do que era viver mais de cinco anos praticamente sem conversar com ninguém.

 

Naquela manhã, em especial, eu precisava ir ao trabalho ( se é que aquele ainda estava de pé) tal chance escassa, afinal, quem fica um mês faltando no serviço e ainda consegue manter o mesmo?

 

Estava completamente perdido.

 

Fora as correspondências, dívidas... Iria ser despejado logo menos. Só de recordar dos dias à mercê dos perigos da rua... Um arrepio já cruzava a espinha;

 

Arrastei-me até o celular já velho, tentando verificar o horário, mas apenas pude suspirar ao perceber que o mesmo estava descarregado. Lembro-me de pensar que esses aparelhos censurados descarregavam muito rápido que talvez fosse para que parássemos de usa-los e passássemos a nos concentrar em coisas mais importantes.

 

Coloquei aquilo na tomada, bufando, enquanto tentava achar algo para comer. Meus dedos afoitos abriram o armário branco e velho, tendo visão daquelas prateleiras tão vazias quanto meu estômago. Estava com tanta fome... Desejo que vocês nunca saibam o que é ficar com a barriga doendo e doendo.... Sem nem imaginar quando será a próxima refeição.

 

Mesmo que minhas costas doessem de tanto ficar deitado, voltei para o sofá. Precisava dormir para enganar aquela fome que me contorcia o corpo.

 

Levei os orbes até o celular, agora já ligado, encarando o horário.

 

Seis e vinte e três da noite.

 

Franzi o cenho ao verificar que havia... Mensagens?

 

Mensagens?!

 

Mas apenas uma pessoa tinha o meu numero...

 

Arregalei os olhos, correndo em direção do aparelho.

 

Não podia ser.

 

Não podia ser ele.

 

Senti meu coração balançar ao deparar-me com o numero tão conhecido. A garganta tornou-se seca e os dedos tremeram como nunca antes, naquela confusão interna é tão abrupta.

 

Recordo-me de apertar a primeira mensagem, notando que a mesma era do inicio do mês:

 

[você ainda usa esse celular? Sou eu, o Chanyeol, se ler isso me responda, bjs]

 

Levei os dedos até os lábios já trêmulos, estava tão destruído internamente que se tornava difícil ficar de pé.

 

Quero dizer, dormia pelos cantos, acordava em horários desregulados, sempre a lamentar falsas memórias, sonhos perdidos, uma conexão falha.

 

E agora... Esta conexão fazia-se, em tantas mensagens, como se sua procura redimisse o sentimento caótico que ainda sentia por ele.

 

Terminei de ler e abri a próxima quase que automaticamente, curioso e apressado nas ações.

 

[baekhyun? N me ignore... se vir essas mensagens me liga]

 

Variava nas datas, eram de dias diferentes, alias, de datas seguidas, como se tivesse mandado uma por dia durante aquele mês.

 

[pq esta faltando no trabalho? N me deixe preocupado, preciso falar c vc]

 

Preocupado?

 

O coração apertava-se de tal maneira enquanto eu lia aquilo, meus olhos cansados imaginavam a cena... Como se fossem capazes de cria-la ali mesmo à frente de mim.

 

Mente que engana, se ilude, e em sua ilusão... Teimava em me iludir, num Chanyeol a digitar mensagens... Preocupado...

 

[aconteceu alguma coisa? Me responde pfvr]

 

“Não aconteceu nada...” Murmurei aquilo.

 

Droga!

 

Era lógico que tinha acontecido! Sumiu durante anos, me abandonou na espera, no aguardo quase que eterno, e depois simplesmente apareceu assim!

 

Tão arrebatador, tão forte, tão abrupto, tão... Chanyeol!

 

[o lay falou que vc saiu de la, é por minha causa n é?]

 

Sim, era por sua causa. Seu idiota! Quem havia o mandado ir falar com o Lay?

 

[baekhyun....me responde, eu to ficando mto preocupado....pfvr]

 

Quanto mais eu lia, quanto mais as palavras entravam em mim, aquele bolo formando-se na garganta.

 

Eram apenas mensagens, remetidas em longos períodos do passado, tão irredutíveis e impossibilitadas de afunilarem-se em meu filtro de sentimentos.

 

Impressionante tal coisa, como às vezes falam algo tão pequeno... Tão supérfluo, e apenas palavras, em sua total grandiosidade, já são capaz de mexer conosco de tal forma.

 

Nas memórias que submergem a mente... Balançando corações tão fracos e mal cicatrizados.

 

[pfvr....n faça nenhuma bobagem, eu só te peço isso, n faça nenhuma bobagem]

 

Que bobagem? Matar-me? Ah, se ele soubesse quantas vezes já havia sonhado com aquilo.

 

Quantas vezes que a janela sombria fora minha única companhia nas noites frias.

 

Se fosse para estar morto eu já estaria.

 

[eu fui d novo no bar.... eu qro te ver, pfvr, vamos conversar...]

 

Droga.

 

Droga.

 

Queria ver ele.

 

Queria tanto ver ele.

 

[eu n sei oq aconteceu...pfvr, vamos conversar]

 

Meus dedos passavam as mensagens com descontrole, clicando com força diversas vezes os botões, talvez para demonstrar explicitamente que, no fundo, era marcado por centenas de pesares escondidos... Mas que péssimo esconderijo que era meu coração!

 

Laterais oculares já queimando, acumulando a saudade que queria escorrer bochecha abaixo.

 

Não sabia o que havia acontecido? Eu que não sabia o que havia acontecido.

 

Por quê? Por que me abandonou Chanyeol?

 

Eu... Eu não sabia de nada.

 

[ :p consegue se lembrar?]

 

Não pude suportar quando a pequena carinha fez-se presente na próxima mensagem, comecei a borrar a tela com as lágrimas que escorriam.

 

Doía tanto.

 

Como eu poderia esquecer Chanyeol? Como?

 

[ :3 vc sempre me mandava essa]

 

Eu lembrava.

 

Lógico que eu lembrava.

 

Era impossível sentir raiva dele...

 

Respondam, vocês conseguiriam sentir raiva de um cara desses?

 

Eu sei, sou um idiota...

 

Tropeçava em cada vã onda, e caía perante simples teclas de piano, mas poucas palavras eram capazes de destrancar meu coração.

 

E ele? Ele conhecia todas elas.

 

[boa noite pequeno...eu queria q vc me respondesse :( ]

 

Boa noite... Eu conseguia imaginar um Chanyeol adormecido, sob uma cama grande, com sua esposa ao seu lado, o quarto espaçoso, a vida boa, tudo aquilo que eu nunca poderia oferecer. Tudo aquilo que eu não possuía nem para mim.

 

O que eu poderia dar a ele? Que vida teria ao meu lado? Passando fome, dormindo em um sofá velho? Deveria ficar longe de mim mesmo, merecia muito mais que um homem cansado e de olheiras profundas.

 

[o lay me disse que você foi demitido....foi culpa minha n foi? Me desculpa, pfvr, eu vou achar um emprego pra vc, eu prometo, só me responde]

 

Não queria emprego. Não queria nada. Não queria mais nenhum tipo de contato com Chanyeol.

 

[me desculpa...de verdade, eu vou parar de ir atrás d vc]

 

Aquela frase quebrou-me de pouquinho em pouquinho.

 

Como assim parar de ir atrás de mim? Então era isso? Ele estava desistindo de novo? Covarde!

 

Apertei novamente o botão, fungando as lágrimas quentes, a última mensagem era de algumas horas atrás.

 

[vou estar te esperando no ponto em frente da sua casa às 7h, dps disso vc pod ficar livre d mim]

 

Fitei o relógio, já se passavam das seis.

 

Ele não estaria lá. Ou será que estaria? E por que eu estava cogitando isso?

 

Era obvio que não iria.

 

Suspirei, abandonando o celular no chão e tornando ao sofá. Joguei-me ali, sentindo o mesmo permanecer intacto, estava tão magro que nem peso no estofado fazia mais. Fechei os olhos, concentrando-me em cair no sono.

 

Mas e se Chanyeol estivesse lá?

 

Ele não estaria Baekhyun.

 

Virei de lado, arrumando-me no móvel duro. Precisava dormir.

 

Mas ele havia dito que depois de hoje não me procuraria mais, não é?

 

Droga, eu o perderia para sempre?

 

Meu coração apertou  tão fortemente com essa ideia. E não era isso que eu queria? Que ele fosse embora da minha vida? Então por quê? Por que aquele nó na garganta?

 

Eu precisava esquecê-lo.

 

"Merda..." Tornei a virar no sofá.

 

Eu precisava...

 

Eu precisava...

 

Eu nem sabia do que precisava.

 

Eu não podia! Eu não podia cogitar aquilo!

 

Ele precisava sair da minha vida de uma vez por todas.

 

Isso.

 

"Eu também te amo"

 

As palavras circulando em minha mente. Estaria ele, mentindo? Amava-me então? E por que havia desaparecido?

 

E eu permanecia repetindo as mesmas dúvidas em minha mente, os mesmos questionamentos. Apenas ali, perguntando as mesmas coisas.

 

A verdade era que eu queria tanto encontrar com Chanyeol, mas ao mesmo tempo tinha aquele medo.

 

Medo.

 

A desculpa que todo mundo gosta de dar.

 

Eu tinha medo do que poderia acontecer, de ouvir suas explicações.

 

E se ele dissesse algo como "Ah, eu cansei de você..." "Ah é....eu esqueci a promessa"

 

Definitivamente não aguentaria ouvir aquilo.

 

Mas agora eu finalmente havia encontrado o par de olhos prateados... E eu iria perdê-los?

 

Seria como perder uma parte de mim novamente. Se é que ainda existia "eu". Antes, aquele Byun, completo e moldado a sua própria maneira, a sua própria musica, a sua própria fragrância, a sua própria coreografia... E então Chanyeol, que se aproximou de fininho passo por passo, toque por toque, riso por riso, pranto por pranto, e dedilhou seus dedos por tudo que eu era, a procura de uma pequena falha.

 

Então, gentilmente, ele colocou seu amor dentro dessa rachadura.

 

E aquela música, antes clássica, trocou de acordes, de notas, reinventando-se em si, como rock, como pop, como tudo que com certeza me deixaria surdo. Aquela fragrância, antes suave e fraca, emadeirou-se, tornando-se odor forte, cheiro dele. Aquela coreografia, antes dançada em pequenos passos, agora era valsa, tango em seus pés... E tudo aquilo que um dia era Byun deixou de ser para virar aquilo que talvez fosse Chanyeol.

 

E aquele pouquinho que eu era esqueceu-se de ser eu.

 

"Droga! Droga!" Comecei a embrenhar meus dedos na almofada velha.

 

Desejando que ele devolvesse-me.

 

Que ele devolvesse-me ou que me levasse consigo de uma vez.

 

"Eu também te amo"

 

Conseguia praticamente ouvir sua voz grave sussurrando as palavras doces em meus ouvidos.

 

Ir ou não ir atrás de Chanyeol?

 

Será que valia a pena? Ele havia me feito sofrer durante tantos anos, nunca contara sua historia de vida, nem de onde tirava tantos objetos censurados.

 

E eu não sabia nada sobre ele.

 

Como poderia eu então, entregar-me de corpo e alma a um praticamente desconhecido?

 

Precisava parar de me apaixonar por ideias do que poderíamos ter sido. Que poderíamos ter passado mais tempo juntos, nos abraçado um pouco mais, beijado um pouco mais, fodido um pouco mais, tentado um pouco mais, sido um pouco mais.

 

Mas tinha aqueles olhos... Que eram como correntes, prendia-me a si como uma aranha prende suas vítimas em uma teia.

 

Correntes que vieram a mudar tudo aquilo que eu poderia vir a ser.

 

E eu não sabia se ficava ou não feliz por isso.

 

Chanyeol era o suficiente para mim? Ou era eu que não era suficiente para ele? Involuntariamente aquela vontadezinha ruim de ser suficiente cresceu dentro de mim, devia de ser algo que ele abandonou quando foi embora, a coragem de fazer as coisas, essa busca frenética pela liberdade.

 

Acho interessante, se você parar para perceber, a gente fica nesse blábláblá sobre liberdade.

 

Mas no final, se limita o tempo todo.

 

E eu?

 

Derrubaria ou não meus limites?

 

Estávamos tão trancados dentro de nós. O mundo possuía seus muros, ele possuía seus muros, nossa relação possuía seus muros e eu ainda estava preso atrás dos meus próprios. Vinte e dois anos e eu ainda não sabia quem era eu e agora inventava de saber Chanyeol?

 

"Porra eu sou muito idiota!" Quando dei por mim, em meio aquela confusão toda, já portava um casaco e um par de tênis.

 

E sim, eu iria atrás de Chanyeol.

 

Valendo a pena ou não valendo a pena.

 

Eu não o perderia novamente. Eu definitivamente não o perderia novamente.

 

Não tranquei a porta, as escadas receberam minhas pegadas rápidas, enquanto eu descia desesperado aquela escada estreita.

 

Era isso. Eu iria atrás dele. Era ele que eu queria, meu deus! E como eu queria.

 

Abri o portão negro como se minha vida dependesse disso, entrando na rua nublada, onde poucas pessoas passavam. Misturei-me no meio delas, com um pequeno sorriso nos lábios, dali poucos minutos eu veria Chanyeol.

 

Estava tão nervoso!

 

Mas pela primeira vez... Feliz.

 

Ele ainda me amava certo? Isso queria dizer que... Ficaríamos juntos?

 

O semblante alegre apenas abriu-se ainda mais na face cansada, só de pensar em estar em seus braços novamente!

 

As cenas da noite do ônibus voltaram até minha mente. Seus dedos nos meus, nós éramos apenas um. Sempre fomos.

 

Eu estava cansado, cansado de reprimir essa vontade, que fosse ridículo de minha parte!

 

Eu o queria.

 

Sentei naquele ponto, ao lado de uma senhora e um adolescente, os olhos ainda felizes.

 

Logo menos ele estaria ali.

 

"Com licença, que horas são?" Nem lembrava qual fora a última vez que minha voz havia saído daquela maneira.

 

Tão alegre. Tão colorida. Tão leve. Tão viva.

 

"Seis e cinquenta e oito." A mulher respondeu levemente irritada.

 

Mas não havia problema, estava para nascer pessoa que fosse capaz de retirar-me daquele estado alegre em que  me encontrava.

 

Mordia os lábios, olhando para todos os lados da rua, a procura daquelas madeixas avermelhadas.

 

Após mais de dez vezes levando os olhos até as mais improváveis direções, disse para mim mesmo que precisava me acalmar.

 

Logo ele estaria ali.

 

Um ônibus passou e o garoto ao meu lado entrou no mesmo. Fitei a porta, tentando ver se Chanyeol saía por ali, mas não foi o caso.

 

Tudo bem... Respire.

 

Ele devia estar vindo.

 

Comecei a questionar-me se estava bonito o suficiente, nem havia me arrumado... Aquele nervosismo crescendo dentro de mim, embrenhando suas folhas em meu pensamento.

 

E meu hálito? Será que iríamos nos beijar? Será que seu beijo ainda era o mesmo? Eu sentia tanta saudade de seus lábios...

 

Amaldiçoei-me por não ter colocado roupas melhores.

 

"Desculpa perguntar de novo, mas que horas são?" Os olhos negros firam-me de soslaio e ela bufou.

 

"Sete e dez."

 

"Obrigada."

 

Ok.

 

Sete e dez.

 

Eram apenas dez minutos.

 

Ele devia estar vindo.

 

Deixei com que meus orbes fitassem todos os transeuntes apressados, que iam e vinham diante de meus olhos.

 

Por que todos tinham tanta pressa?

 

Nunca entendi a correria, se no final, todo mundo morre.

 

Minha perna balançava-se freneticamente, no mesmo ritmo que os dentes castigavam os lábios.

 

Novamente outro ônibus parou ali, recebeu os passageiros e foi embora... Sem deixar nem se quer um rastro de Chanyeol.

 

Cogitei perguntar novamente o horário para a senhora ao meu lado, mas decidi por esperar.

 

Ele devia estar um pouco atrasado.

 

Traguei saliva, mudando de posição ainda sem sair do banco, estava tão nervoso, fazia tantos dias desde a última vez que o vira.

 

Eu queria que ele chegasse logo!

 

"Moça... Desculpa, mas que horas são?" Sorri para ela e a mesma suspirou.

 

"Sete e vinte."

 

Apenas vinte minutos de atraso.

 

Não era muito.

 

Ele já devia estar chegando.

 

Meus olhos continuaram a procura-lo pelas pessoas que passavam, essas, cada vez mais escassas.

 

Troquei de posição tantas e tantas vezes que perdi a conta, então um ônibus parou e a mulher ao meu lado levantou-se.

 

"Já são oito horas." E dizendo aquilo, entrou no automóvel e se foi.

 

Traguei saliva, pensando que talvez se tratasse algum problema no trabalho...

 

Uma hora apenas.

 

Logo ele estaria ali.

 

Isso.

 

Logo, logo.

 

Comecei a pensar em nossa juventude, os dias em que passávamos conversando sobre qualquer assunto bobo que encontrávamos, apenas nós dois e nosso terraço.

 

Sorri involuntariamente.

 

Sentia falta da época em que não precisávamos nos preocupar com aquela realidade arrebatadora.

 

Onde o vento gelado e abraços eram a única armadura contra tudo aquilo que nos cercava.

 

Suspirei.

 

Por que ele tinha que demorar tanto?

 

Outro homem sentou-se ao meu lado, provavelmente esperando um ônibus.

 

"Desculpa incomodar, mas-"

 

"Não tenho esmola."

 

Franzi o cenho, fitando o homem engravatado.

 

Esmola?

 

"E-eu só quero saber... Que horas são."

 

Ele ergueu o braço, onde resplandecia um relógio prateado, de aparência cara.

 

"Nove em ponto."

 

"Obrigada."

 

Senti meu peito apertando-se.

 

Duas horas.

 

Onde ele estava?

 

Um carro negro parou em frente ao ponto e o senhor ao meu lado entrou no mesmo, reclamando sobre algo que não pude ouvir.

 

Pensei sobre suas palavras...

 

Esmola...

 

Então era isso que minha aparência mostrava?

 

Quis chorar.

 

Eu devia ser tão feio... Tão magro...

 

Como Chanyeol poderia gostar de alguém como eu? Alguém sem atrativos?

 

Ele era alto, bonito, inteligente, bem de vida, forte, e tinha aqueles olhos... E eu era o completo oposto.

 

Droga!

 

Já não existia felicidade nenhuma em mim.

 

Ele estava tão atrasado! Lembro-me de fitar o céu quando um trovão soou alto.

 

E então, os pingos.

 

Meus ouvidos foram preenchidos por pequenos gritinhos das pessoas que passavam pela rua, tentando fugir da chuva.

 

Mas eu precisava me acalmar, logo ele estaria ali.

 

Sentia as gotas geladas caindo sobre mim, como se atravessassem minha alma.

 

A água misturando-se com aquele vento gelado e os fortes e estrondosos trovões indicavam que aquilo não se cessaria tão cedo.

 

E de pouco a pouco, enquanto os segundos viravam minutos e os minutos transformavam-se em horas, já não havia mais pedestres.

 

Apenas a chuva.

 

E eu, em meio a ela.

 

Sozinho naquela rua escura.

 

Meus dentes tremiam de frio, enquanto eu tentava, inutilmente, esfregar meus braços ensopados, querendo me aquecer.

 

Já devia ser mais de dez da noite, e nada de madeixas ruivas ou olhos prateados.

 

“Cadê você?” A voz baixinha, abafada pela chuva forte, enquanto meus olhos ainda tentavam procurar por ele.

 

Então era aquilo?

 

Aquela era sua resposta?

 

Eu era tão burro! Tão idiota de achar que ele gostava mesmo de mim!

 

Todo aquele tempo... Sendo enganado... Sendo usado como motivo de piada.

 

Ele devia estar debaixo de cobertas quentes, ao lado de sua esposa, enquanto eu estava ali.

 

Congelando debaixo da chuva.

 

Os pingos gelados eram como agulhas que me alertavam sobre uma realidade a qual eu não queria acreditar.

 

Ele... Ele não gostava de mim, mas, mais que isso, ninguém gostava.

 

Eu estava sozinho no mundo.

 

Nem eu mesmo gostava de mim.

 

Mas... Mas por que era tão difícil de acreditar que fora tudo uma mentira?

 

Como ele conseguia ser tão cruel?

 

O que eu havia feito para ele?

 

Sempre dei o melhor de mim... Sempre fui gentil... Sempre fui carinhoso.

 

Eu sempre o amei tanto.

 

Como alguém pode ser capaz de tratar mal alguém que nunca lhe fez mal algum?

 

Eu não conseguia compreender isso.

 

 Sentia-me tão fraco... Tão vazio.

 

Chanyeol não... Chanyeol não valia a pena.

 

A pessoa que eu mais amava no mundo não correspondia aos meus sentimentos.

 

Precisei respirar fundo para aceitar aquilo, mas quando o ar saiu... Não fora apenas ele.

 

Foi ridículo, mas eu chorei. Foi sem motivos, sem causa, sem ataque, foi sem princípios e sem justificativa.

 

Mas eu chorei.

 

Chorei porque doeu, porque alargou o peito, apertou a caixa torácica de tal modo que ficou difícil de respirar. Chorei porque não conseguia mais segurar o choro.

 

Chorei pela falsa esperança, pela fagulha de que ainda poderia acontecer, pela maldita! Céus, a maldita crença que a gente crê mesmo dizendo que não o faz.

 

Chorei porque não sabia o que fazer. Não sabia jogar fora todas as lembranças que haviam surgido tão repentinas, toda aquela velha dor que  mesmo tão doida não diminuía o que eu sentia. Chorei porque estava fraco perante toda essa situação.

 

Chorei porque quando chorava lembrava-me de todos os prantos anteriores, todas as madrugadas mal dormidas, todos os pesadelos, todos os abandonos. Chorei por notar que mesmo achado que forte sabia ser, não sabia, tentava matar a dor sozinho e não conseguia.

 

Chorava porque o mundo não era capaz de ouvir a minha dor, porque os passos dos que passavam perante a mim, refletiam e espirravam a água que escorria do céu.

 

As lágrimas começaram a escorrer desesperadas e eu já nem sabia qual água que saía de mim e qual água que saía das nuvens.

 

Ele conseguia manipular tão bem, estava tão frágil, tão indefeso, e todos pareciam querer machucar ainda mais.

 

"O que eu fiz?" Eram as palavras que escapavam baixinhas de meus lábios.

 

O que estava acontecendo?

 

Merda. Eu sabia o que estava acontecendo.

 

Eu sentia demais. Era isso que estava acontecendo. Você acredita nisso? Que alguém seja capaz de sentir mais que o normal? Ou que essa pessoa só sente de forma errada?

 

Meus internos não correspondiam aos meus externos. Mas será que existe alguém que os internos correspondem aos externos?

 

Não sei. Eu sou só eu.

 

E talvez seja isso que personalidade é, a diferença entre seus internos e seus externos.

 

As lágrimas escorriam de meus olhos como pétalas secas caíam de flores... Mas, de quebra, sobrava-me meras dignidades por amar a quem não me amava da mesma forma.

 

 

E em meio aquele jardim de mudas, eu era a florzinha mais feia, a mais ignorada, aquela que servia de alimento para insetos.

 

Apenas conseguia murchar e murchar cada vez mais.

 

Já não existia mais felicidade em mim, já não existia mais amor em mim.

 

Encarei um ônibus que passara esguichando água suja em minhas pernas.

 

Meia noite.

 

Eu havia ficado cinco horas.

 

Cinco malditas horas esperando por ele.

 

E novamente, ele não havia cumprido sua promessa.

 

Eu gostava de ser palhaço, não era possível.

 

Ergui-me daquele banco tremendo, não sabia se era pelo choro, pelo frio, pela dor...

 

Doía tanto, que eu sentia que nunca mais seria capaz de sorrir na vida.

 

Os tênis pisavam nas poças, inundando-se naquela água pútrida e fria.

 

E naquele ritmo torturante, atravessei a rua, desejando que um carro passasse por cima de mim.

 

Dizem por aí, no popular soar da língua estalada por céus de bocas sujas e mal escovadas, que sempre existirá uma flor de lição após uma semente de dor. Não se trata de mentira.

 

Nossas alegrias são normalmente criadas em silêncios de amargas esperas, porque ninguém acharia justo passarmos por experiências de calcários sem que nasçam experiências de ressurreição.

 

Mas céus! Queria tanto ter noção do tamanho da lição que ganharia em troca de toda a dor que compartilhava.

 

Era naquela noite.

 

Era naquela noite que eu deixaria de existir.

 

Já não havia motivos para viver.

 

Quem era "eu"? Ou melhor, quem fora "eu"? "Eu" já existira? "Eu" havia se perdido? Se definhado por ai?

 

Será que naquela vontade de morrer, eu realmente morreria?

 

Ou será que "eu" já estava morto há muito tempo?

 

Deixei com que meus dedos tocassem o portão negro gelado, sentindo as roupas pesarem pela água que carregavam.

 

Eu queria ir para aquilo que chamava de casa e apenas esquecer-me de tudo para sempre. Apenas pular daquela janela...

 

Mas então... Aquela voz.

 

"Baekhyun!!"

 

Os olhos molhados arregalaram-se como nunca antes, enquanto o corpo virava-se rapidamente em direção ao som.

 

Não... Eu devia estar delirando.

 

"Baekhyun!!"

 

Meus orbes percorreram toda a rua, tentando enxergar em meio à chuva forte, até alcançarem aquela silhueta alta.

 

Chanyeol.

 

Era mesmo ele?

 

"Baekhyun! Espera!!"

 

E aquela figura começou a correr, aproximando-se mais e mais, até eu fitar seu rosto... Suas pernas longas, os cabelos molhados... E... Os olhos prateados.

 

    "Baekhyun!!" Ele parou bem em frente a mim, enquanto a chuva ainda caía impiedosa sobre nós.

 

 O homem respirava afobado, apoiando-se nos joelhos, enquanto de seu rosto pingava água gelada, assim como ao meu.

 

"Cha-chanyeol...." Balbucie, sem crer que era realmente ele ali.

 

"Baekhyun, me desculpa!"

 

Apenas aquela sua voz.

 

Tão calma.

 

Tão passiva.

 

Como ele podia falar daquele jeito?

 

Desculpa?!

 

Ele havia me deixado plantado durante cinco horas!

 

Ou melhor, cinco anos!

 

E agora vinha com essa de desculpa?

 

"Eu não desculpo!” Comecei meu discurso, tentando colocar para fora aquelas palavras que sentia no íntimo “Sério Chanyeol, não dá pra conviver com você... sai da minha frente...”.

 

Precisava desabafar aquilo.

 

Aquela raiva que eu sentia dele, muita raiva. Raiva acumulada durante anos.

 

"Pequeno, por favor, me escu-”.

 

E quando vi, meus dedos já estavam em seu rosto.

 

O tapa estalado perdeu seu som devido a chuva forte que devorava toda a cidade.

 

Minha palma da mão trêmula queimava, mesmo molhada.

 

Fitei seu rosto iluminado pela luz da lua, enquanto ele ainda o mantinha levemente virado, escondendo os olhos.

 

Respirei fundo, antes de continuar a falar. Ou melhor, gritar.

 

"Você não vem me chamar de pequeno seu bosta!!”

 

Ele ergueu a face de bochecha avermelhada, fitando-me sério enquanto eu falava.

 

“Acha que eu sou palhaço, ein?! Acha que eu tenho cara de retardado?!"

 

Os olhos prateados fitando-me inexpressivos, opacos, e não sabia o que passava em sua mente.

 

Mas na minha era apenas ódio. Ódio daquele que fingia me amar.

 

 "Nunca, você tá me ouvindo?! Nunca mais apareça na minha frente!!”

 

Ele parecia ouvir tudo atento, enquanto eu vomitava as palavras em cima dele.

 

“Eu te odeio!" Abri o portão negro e já nem chorava mais, as lágrimas estavam presas de tamanha que era minha raiva "E não ouse vir atrás de mim!! Você não presta!!"

 

Eu queria bater tanto nele, mas tanto.

 

Já estava preparado para ir embora até a espelunca que chamava de casa, quando um seus dedos envolveram meu pulso.

 

Suspirei.

 

Eu queria que ele deixasse-me em paz.

 

Ele não estava satisfeito?

 

Não fora o suficiente?

 

Eu já tinha sofrido tanto.

 

O que mais ele queria?

 

Virei irritado, fitando um Chanyeol de cabeça baixa e postura curva, apenas segurando em meu braço com pouca força.

 

"O que você quer ein?!” Tentei puxar o braço, mas ele segurou mais forte “Sai daqui!! Sai da minha vida!!"

 

E ele não soltava.

 

"Eu vou bater em você!! Me solta!"

 

Mas ele continuou com o rosto escondido, prendendo os dedos em meu agasalho molhado.

 

E eu queria que desaparecesse.

 

Eu não queria seu brinquedo.

 

Eu não queria ser sua segunda opção.

 

Eu não queria ser apenas um sonho para ele, porque para mim ele era pura realidade!

 

Era isso que eu era não é?

 

Um brinquedinho?

 

Talvez o mais frustrante fosse saber que fazia de tudo para esquecê-lo, juro que fazia de tudo, desviava pensamentos, revirava sonhos e procurava novos objetivos.

 

Do fundo de cada parte de minha alma, existia um esforço sempre a mais para que teu nome não soasse tão lindo entre meu linguajar.

 

E o mais irritante era exatamente isso, eu tentava e tentava não amá-lo... E ele nem tentava, ele nem ao menos tentava não me amar.

 

Frisava seus ideiais sem ter a mínima noção de que eu não correspondia a suas expectativas, queria mesmo era andar na linha, nas minhas linhas.

 

Mas só dentro tropeços que recordava que minhas linhas eram todas tortas.

 

"Me solta!!" Aproximei-me dele, reduzindo toda aquela pouca distância entre nós, levando a mão livre até o ruivo, tentando bater novamente em seu rosto.

 

Mas seu braço ergueu-se, impedindo meu contato violento.

 

Seu corpo molhado colou-se ao meu, e então ele ergueu o rosto, fitando-me face a face.

 

Arregalei os olhos quando pude enxergar aquele rosto iluminado pela lua, sentindo meu peito, tão envenenado em fúria, diluir-se lentamente.

 

Ele....ele estava chorando.

 

"Pe-pelo amor de de-deus....pa-para com isso."

 

Naquele momento foi como se todo o meu corpo entrasse em choque.

 

As lágrimas caiam afoitas daqueles olhos prateados, os quais eu amava tanto.

 

Meu deus!

 

Vocês já entraram em desespero?

 

Eu me desesperava quando Chanyeol começava a chorar.

 

Era como se aquilo fosse errado, tão errado, era como se aquela tristeza que ele sentia, entrasse em mim.

 

Eu queria abraça-lo.

 

Eu não queria ter batido nele!

 

Droga eu não queria!

 

Porra!

 

Por que a gente faz as coisas sem pensar?

 

"Va-vamos conversar....e-eu te imploro." Ele soltou-me, começando a ajoelhar no chão sujo e molhado “Por favor , por favor, por favor.”

 

Seu corpo grande tremia, envolvido por aquele terno fino, enquanto ele chorava, na altura de minhas pernas.

 

Traguei saliva, encarando aquele homem desesperado, rebaixado aos meus pés.

 

E subitamente, o feitiço virou-se contra o feiticeiro.

 

E agora, eu sentia tanta raiva de mim.

 

Ele conseguia ser tão bom.

 

Tão perfeito.

 

E eu... Eu tinha ódio dele por isso.

 

Era apenas mais uma forma de manipular-me.

 

"Não, eu não quero conversar!"

 

Ele começou a chorar mais alto e agarrou-se em minha calça molhada.

 

E eu?

 

Eu entrei em pânico de vê-lo naquele estado.

 

"Por quê?!"

 

Puxei a perna com força, livrando-me do toque tão abruptamente que tropecei no primeiro degrau da escada. Cai ali sentado, molhando a escadaria do prédio.

 

Fitei-o, enquanto a chuva ainda caía sobre seu corpo tão grande.

 

"Por que?!" Comecei a gritar sem importar-me com os vizinhos "Por que?! Porque você é um mentiroso!! Mentiu para mim essa vida inteira!!"

 

Ele tentou aproximar-se, mas eu comecei a chutar a entrada, evidenciando que era para ele ficar do lado de fora.

 

E ele ficou debaixo da chuva, mesmo sabendo que era muitas vezes mais forte que eu.

 

Eu havia batido nele, mas se Chanyeol quisesse, poderia ter me matado ali mesmo.

 

"E-eu nunca menti...eu nun-"

 

Nunca mentiu?

 

"Cala a sua boca!! Você nunca mentiu?! Acha que eu ainda caio nessas suas conversas?! Eu sou outra pessoa agora Chanyeol!"

 

Ele ainda achava que podia vir com aquelas falas pra cima de mim.

 

Dizendo que me amava...

 

Tudo! Tudo mentira!

 

"Baek... por favor...”.

 

Não queria ouvir sua voz. Não queria prender-me ainda mais aqueles sentimentos antigos.

 

Que me inundava a mente, congestionando o coração.

 

E vê-lo daquela forma, tão... Destruído...

 

Era uma tentação.

 

Eu sabia que era.

 

"Por favor?!!"

 

Fora naquele ponto que eu comecei a chorar, e a chorar muito.

 

Ele precisava me ouvir.

 

Ouvir que eu estava em cacos. Não era só ele.

 

Era eu também!

 

Era tudo aquilo que eu já pude ser e que não existia mais... O garotinho Byun que passou fome, que passou frio, que passou por tantas casas, por tantas camas...

 

Aquele garotinho de dezessete anos que precisava tanto dele.

 

E ele nunca veio.

 

Ele precisava saber disso!

 

"Eu também pedi muito “Por favor” durante esses cinco anos!! Eu pedia por favor para você vir me buscar como havia prometido!! Mas isso nunca aconteceu!! Você nunca cumpriu sua promessa!!"

 

Levantei-me de pouco a pouco, enquanto ele ainda permanecia com os joelhos no chão, recebendo aquela chuva sobre si.

 

Aquela chuva que caía tão arrebatadora, combinando com a cena que se fazia ali.

 

"Que promessa?!!" Fora sua vez de gritar.

 

Que promessa?

 

É... Parece que ele havia esquecido.

 

Tentei fechar aquele portão, mas em uma fração se segundos ele já estava de pé, segurando o mesmo.

 

Olhei fundo naqueles olhos prateados marejados.

 

"Nunca mais fala comigo!! "

 

Não me importei com o portão, apenas o soltei ali.

 

Eu queria sumir. Desaparecer.

 

"Baekhyun!!"

 

Comecei a correr escada acima, sabendo que ele vinha atrás de mim.

 

Ouvia o barulho causado pelos tênis molhados pisando no chão, ensopando os degraus.

 

E o que é? Ele sempre me disse que todos os nossos sonhos se tornariam realidade, mas ele se esqueceu de mencionar que pesadelos eram também sonhos.

 

"Sai!! Sai daqui!!"

 

Eu queria que ele desaparecesse.

 

As lágrimas escorrendo e eu estava tão desesperado.

 

Eu não aguentaria por mais tanto tempo...

 

Eu não aguentaria resistir a ele.

 

Aquele homem que era Park Chanyeol.

 

Sua mão agarrava a minha vez ou outra, mas eu continuava correndo e correndo, sem nem ao menos ver os degraus.

 

"Que promessa?!! Baekhyun!!"

 

Ouvia seus gritos próximos de mim, rezando para que o último andar chegasse logo.

 

Este, parecia nunca aproximar-se, traindo-me enquanto eu ainda tentava fugir do ruivo.

 

E em um desses passos mais rápidos que minhas pernas pequenas eram capazes de dar, eu fui de encontro ao chão.

 

Meu peito doeu, atingindo o piso, mas nenhuma dor exterior comparava-se aquela que eu sentia por dentro.

 

E então... Para meu desespero, aqueles braços envolvendo-me rapidamente.

 

“Baek?! Ta tud-” Abraçou-me por trás, com aquele corpo grande e molhado, enquanto eu tentava me virar e escapar de tudo aquilo.

 

Ele me prendeu embaixo de si, enquanto eu deferia chutes fracos, eles eram fracos porque eu chorava tanto...

 

Ele não entendia? Não entendia que não podia ficar perto de mim?

 

E o pior... Eu também não entendia que eu não podia ficar perto dele.

 

Que não podíamos ficar juntos.

 

"Sai!!" Novamente desci a mão em seu rosto, agora, na outra bochecha, machucando-o, mesmo não desejando fazer isso.

 

Ele levou os dedos até a região agredida e eu fiquei com tanto medo de apanhar dele.

 

Mas não foi o que aconteceu, então eu apenas aproveitei a deixa para levantar, escapando de seus braços, mas ele também se pôs de pé, agarrando meu pulso.

 

Será que? Será que se lhe mostrasse, em um privilégio, minhas lágrimas, gota por gota, seria capaz de recolhe-lhas como se recolhe chuva, trancafiando sofrimentos em um pote especial? Seguiria suas melodias, nascentes em meus olhos e escorridas por minha bochecha, enquanto estas redesenhavam suas próprias histórias?

 

E será que notaria que, no fundo, eu estava com medo de confessar tais expectativas? Que, no âmago, estava assustado demais para falar?

 

Nesse será, será que as impediria, rompendo barreiras com seus beijos cálidos, trazendo seu soar ao me ensinar que nem sempre a dor era culpa minha?

 

E me teria, de forma um pouco diferente de quando éramos adolescentes curiosos, com minha jugular em cada pedaço de suas mãos, sussurrando para mim que eu era precioso demais para chorar?

 

Porque eu precisava de alguém.

 

Quando ninguém nos nota, discute conosco, quando ninguém presta atenção no que falamos, nos desafia, a gente meio que acredita que não existe. Precisamos de alguém. Precisamos saber que temos alguém. Nem que seja falsa crença, temos de crer.

 

Será, céus! Que se eu lhe mostrasse minhas lágrimas, ele iria mostrar as suas?

 

E aprender que por mais que estivéssemos solitários, nunca estaríamos sozinhos?

 

"Para de fugir de mim!!" Já estávamos em meu piso, eu parei de importar-me com qualquer coisa naquele momento.

 

Eu precisava me livrar dele.

 

Pelo bem ou pelo mal.

 

"Eu nunca fugi de você!! Você que fugiu de mim!!"

 

Ele franziu o cenho, enquanto eu puxava meu braço de volta.

 

"O quê?!"

 

As lágrimas ainda escorriam de meu rosto e do dele também.

 

"Como assim o que?! Você me abandonou!!"

 

Ele tentou aproximar-se e eu apenas recuei para trás.

 

"Eu nunca te abandonei Baekhyun!! Você desapareceu!!"

 

Fora a minha vez de juntar as sobrancelhas.

 

Eu... O abandonei?

 

Não estava entendendo.

 

"O que?! Seu idiota!! Você prometeu que ia voltar para me ver!! Eu fiquei dois meses te esperando porra!!"

 

Ele parou de chorar e fez uma expressão brava.

 

"Eu não pude sair de casa!! Eu falei isso nas cartas!!"

 

Não me importava com os vizinhos, as respostas estavam ali, sendo vomitadas em cima de mim.

 

"Que cartas?!"

 

Cartas? Ele estava louco?

 

"Como assim que cartas?!!"

 

"Você não mandou carta nenhuma!!"

 

"Eu mandei todos os dias durante dois anos!!"

 

Franzi o cenho...

 

Cartas?

 

Mas então... Meus olhos arregalaram-se quando aquela memória veio à mente.

 

A senhora abrindo a lata de lixo e jogando as correspondências acumuladas fora...

 

Não.

 

Não.

 

Não.

 

Meu deus!

 

Levei meus olhos ainda com a mente em branco para o homem ensopado em minha frente.

 

Chanyeol fungava as lágrimas, fitando-me... Eu estava tão chocado que o chão abaixo de meus pés parecia simplesmente ter desaparecido.

 

Ele... Ele havia ido atrás de mim então? Eu... Eu não conseguia acreditar...

 

Não.

 

"Baek..." O ruivo caminhou lentamente até mim.

 

"E-eu... Minha... minha vó jogou fora Chanyeol! Ela jogou fora! Eu nunca recebi elas! Eu vi ela jogando fora...mas eu não sabia...eu não sabia..."

 

Comecei a chorar novamente.

 

Eu tinha sido tão idiota.

 

Tão idiota.

 

"Eu planejei que fugíssemos pela fronteira, coloquei códigos secretos em todas as cartas, fui na sua casa... E sua cama estava sempre vazia!! Eu te procurei durante dois anos e não te achei em lugar nenhum!! E agora você me vem com essa de que cartas?!!"

 

Merda.

 

Merda.

 

Eu não sabia, eu não sabia que as cartas eram dele!

 

Eu achava que eram de meu pai!

 

"Para! Por favor... Eu não tive culpa... Eu... Eu não recebi carta nenhuma!"

 

Ele suspirou, fechando os olhos.

 

"Não acredito... Porra... Eu não acredito!"

 

Ele parecia tão bravo, tão decepcionado.

 

"Ela jogou fora!" Precisava me justificar, justificar para ele que eu nunca havia fugido dele.

 

"Ela jogou fora!! Eu... Eu achei..."

 

Fitei aqueles olhos prateados, enquanto meus dedos tentavam enxugar as lágrimas que escorriam dos meus.

 

Eu estava tão desesperado.

 

Uma mente em branco.

 

E tão arrependido.

 

Droga! Se eu tivesse esperado para contar que não queria me casar...

 

"Eu fiquei achando... Eu fiquei achando que você tinha ido embora!!" Gritava em meio as lágrimas, como se aquilo fosse a única coisa que conseguisse fazer.

 

"Eu fiquei achando que você tinha se esquecido de mim!"

 

Mas sua resposta alcançou-me os ouvidos rápida demais.

 

"Eu nunca esqueceria o amor da minha vida!"

 

E aquela pequena distância que ainda separava-nos, tornou-se nula.

 

Seus braços compridos puxaram-me pela cintura com força, fazendo meu corpo molhado colar-se ao seu, e fora algo mais rápido do que meus olhos poderiam captar, mas quando vi, seus lábios já estavam nos meus.

 

 E naquele momento eu soube.

 

 Aquela seria a noite em que me apaixonaria por Chanyeol.

 

 De novo.

 

 Meus olhos arregalaram-se enquanto ele, rapidamente, deslizava sua língua molhada dentro de minha boca. Toquei em seu peito, ainda acometido por aquela enxurrada de sentimentos tão congestionados, e os braços envolviam-me quase que por inteiro, fazendo sentir aquele toque ao qual eu esperava ha tantos e tantos anos.

 

 Minhas pálpebras deslizaram lentamente, deixando escorrer bochecha abaixo as lágrimas acumuladas, enquanto meus dedos correram afoitos até seu pescoço gelado, sentindo aquela pele, aquela tez tão maravilhosamente quente que me causava espasmos, como aquele homem por inteiro, nublando-me a mente, quebrando muros os quais eu mesmo fazia questão de construir.

 

Tão calidamente desesperador que era o contato, a simetria lapidar a qual os corpos envolviam-se, como se procurassem um ao outro, devorando-se no encontro, voltando para o pó ao qual vieram. Apertou-me ainda mais forte em seus braços, impedindo-me de escapar, coisa que eu não faria tão cedo.

 

Obriguei-me a ficar na ponta dos pés para tentar corresponder a tudo aquilo, a todos aqueles gestos, a todos aquelas afeições, todos aqueles sentimentos, trancados dentro de mim, trancados dentro de nós.

 

E aquele... Beijo.

 

Seus lábios ainda possuíam a mesma textura macia de cinco anos atrás, a língua molhada envolvendo-se com a minha, abraçando-se sem a menor timidez dentro das bocas que a cada segundo ansiavam por mais contato.

 

O órgão de consistência muscular, moldando-se ao meu, explorando aquelas bocas já tão conhecidas como se não existisse amanhã, após tantos dias de espera.

 

Meus dedos embrenharam-se em seus cabelos, os puxando com força, do jeito que eu gostava de manusear as madeixas, agora molhadas, recordando-me dos velhos tempos.

 

Não era apenas um beijo qualquer.

 

Era o fruto de um sentimento tão forte, tão vivo. Um sentimento acumulado há anos, mas nem um pouco frio, e eu precisava livrar-me de toda aquela saudade, não apenas eu, ele também.

 

Chanyeol segurava-me daquele seu jeito desesperado, tremendo os dedos em minha cintura, enlaçando sua língua afoita, de calor indescritível, em uma sede incontrolável pela minha. As cabeças tombando para os lados, movimentando as faces, procurando aprofundar ainda mais o contato, de tal maneira, que em poucos segundos as salivas tornar-se-iam apenas uma.

 

Suas mãos não tardaram em deslizar pelo meu corpo, apertando com âmago cada pedacinho de carne que pudessem encontrar. Era impossível resistir aos seus toques, eu mordia aquela isca, caindo na armadilha que eram aqueles olhos prateados, sentindo seus músculos por cima do tecido ensopado, os braços agora mais desenvolvidos, adultos.

 

Meu coração pulsava tão forte, que se eu ainda acreditasse em enfarto, já teria enfartado ali mesmo.

 

Amaldiçoei-me por ser um simples ser humano e precisar de ar, pois não queria separar dele, nem por um segundo. Quebrei o contato respirando afobado, tragando aquele oxigênio com desespero, mas antes mesmo que pudesse fechar os olhos, sua mão afoita já me puxava novamente pelos cabelos, unindo as bocas.

 

Seus lábios retornaram aos meus da forma mais conotativa possível, talvez, pois a chance de um dicionário definir as entregas e embaralhos de nossas línguas, fosse patética. Como se fosse inútil tentar encontrar uma teoria capaz de explicar porque, mesmo quando nossos pulmões eram preenchidos pelos suspiros mais doces possíveis, ainda permanecíamos tão sem ar.

 

Não conseguia respirar direito, mas mesmo assim, continuei a corresponder o contato com ferocidade, tratava-ser do mesmo Chanyeol desesperado de anos atrás, sempre beijando daquele modo sedento.

 

Aquelas mãos grandes deslizaram pela extensão de minhas costas, e ele nem precisava abaixar-se muito para aquilo, apenas pousando as mãos em minhas pernas, erguendo-me pelas coxas.

 

Minhas costas molhadas bateram conta à parede do piso, enquanto aquele Chanyeol faminto devorava até o ultimo pedaço de meus lábios, como se nunca mais fosse tê-los para si.

 

O único problema era que eu não conseguia corresponde-lo quando as coisas chegavam aquele ponto.

 

Eu precisava respirar.

 

Quebrei o contato repuxando aqueles cabelos vermelhos, fazendo com que um gemido dolorido escapasse de seus lábios, os quais eu prendia entre meus dentes. Meu coração pulsava tão fortemente contra as caixas torácicas que sentia que o mesmo explodiria a qualquer momento, recordo de abrir os olhos, encontrando-me com aquelas esferas prateadas semicerradas, que evidenciavam o quão excitado ele já estava.

 

E deus!

 

Fitava-me daquela forma tão libidinosa, arrepiando-me o corpo, que era impossível manter um ritmo lento, eu precisava dele, eu precisava muito dele.

 

Precisava sentir sua pele contra a minha, sua respiração em meu pescoço, os gemidos graves em meus ouvidos.

 

Ele soltou minhas coxas, mantendo-me contra a parede, apenas com seu corpo entre minhas pernas, aumentando a fricção dos corpos ensopados enquanto suas ambas as mãos fixaram-se em meu rosto, segurando-me pelas bochechas coradas, frisando minha excitação.

 

E acredite, eu estava tão excitado.

 

Aproximou-se, suas mãos firmes e grandes postas sob minhas nádegas apertando a carne que vazava entre seus dedos, veio contendo uma boca cheia de "para sempre's", e tez tão quente quanto o verão. E, em cada toque, questionava-me como iria me consertar após aquele furacão. Mas eu sabia que iria.

 

Aquele contato violento, diferente, imerso na saudade, era tão mais prazeroso, seu rosto ao meu, batendo os narizes, aproveitando para unir também as bocas, entrelaçando a língua agressiva a minha ao iniciar um novo ósculo, fazendo-me gemer entre o beijo insaciável.

 

Seu corpo colou-se ainda mais ao meu, se é que isso era possível, apertando-me contra a parede ao lado de casa, fazendo-me sentir aquele volume em suas calças. Ele roçou sua intimidade à minha, apertando-as naquele pouco espaço, causando aquela sensação gostosa e torturante.

 

Não podíamos ficar ali, ou alguém poderia aparecer.

 

O empurrei com força, quase caindo no chão com o ato, mas ele agarrou-me novamente pela cintura, daquele seu jeito apressado, impedindo-me de ir de encontro ao piso. Levando  lábios quentes até meu pescoço, sugando a tez sensível, enquanto eu fechava os olhos entre suspiros, aproveitando o contato.

 

Mas eu precisava, mesmo em todo aquele êxtase, acordar para a realidade.

 

Meus dedos foram em direção da maçaneta da porta ao lado, abrindo o apartamento conhecido e Chanyeol não parava de me agarrar por um segundo, pouco se importando com o mundo ao nosso redor.

 

O empurrei novamente, ouvindo o estalo de sua boca desprendendo-se de minha pele, agora, molhada pela saliva dele. Este me fitou sério, levemente irritado, portando olhos felinos, os quais me fizeram gelar.

 

Dei alguns passos para trás, entrando naquela sala, ainda sob aquele olhar lúbrico.

 

Ele estava muito excitado, muito desesperado.

 

E se sua necessidade fosse menos que desespero... Então caberia ser mesmo amor?

 

Suas mãos espalmaram meu peito, jogando-me com tanta força para trás que fora impossível não cair no chão da sala de casa.

 

Franzi o cenho, sentindo dor ao encontrar-me com o piso, mas meus olhos estavam preocupados em fitar os atos daquele homem de cabelos vermelhos.

 

Observei tudo por baixo, enquanto ele fechava a porta do local quase a quebrando, apoiei-me nos cotovelos, vendo aquele Chanyeol irado vir em minha direção, e talvez se eu não estivesse tão excitado, ficaria com medo dele.

 

Agachou-se, ficando entre minhas pernas, enquanto seu tronco grande apoiava-se sobre mim sua boca tornou a beijar-me afoita, seus dedos abriam o cinto de minha calça.

 

Rompi o ósculo tentando tirar sua mão de minha veste, estava envergonhado, enquanto Chanyeol parecia em outro universo, mas ele era muito mais forte e apenas começou a selar meu pescoço em cada centímetro de tez que encontrasse, causando espasmos.

 

"Eu senti sua falta." Aquela voz grave, sufocada pela respiração afoita, soou em ouvidos desprotegidos, adentrando os mesmos, mexendo com minhas estruturas.

 

Droga.

 

Por que ele precisava falar aquele tipo de coisa?

 

Eu não queria ficar emotivo.

 

"Cha-chanyeol... Para." Continuei empurrando-o para longe de mim, fugindo daquela vergonha que crescia dentro de meu ser.

 

"Eu senti tanto a sua falta." Novamente as palavras gentis, meus olhos fechados, as mãos em seus ombros.

 

"Para..." Ele ergueu-se, agarrando meus pulsos que tentavam afasta-lo, obrigando-me a encarar aqueles olhos irritados.

 

"Vai Baekhyun, diz!"

 

"Chan-"

 

"Diz! Diz que você quer que eu pare! Diz que é para eu te soltar! Vai! Diz!"

 

Fitei aquele homem acima de mim.

 

Faziam-se tantos anos.

 

Eu havia desejado, sonhado, infinitas vezes com ele, e agora estava ali, acima de mim.

 

E o que eu poderia dizer?

 

Ele tinha razão, a verdade era que eu não queria que ele parasse.

 

"E-eu também... Senti sua falta." As palavras sinceras fugiram de meus lábios em direção daquele ao qual eu amava tanto.

 

Chanyeol...

 

Sentia falta até mesmo de pronunciar seu nome.

 

Ele era como um poema que eu sempre sonhara em escrever ou uma história que sempre quis contar. E agora aquele sentimento voltava, mais maduro, mais bonito.

 

Mais forte.

 

E queria afogar-me nessas águas, não podia ter medo daquele mar de olhos prateados e profundidade desconhecida. Eu precisava ser como chuva... Nunca ter medo de cair.

 

E naquele momento... Eu precisava chover.

 

"Eu senti muito, muito a sua falta!" Comecei a soltar aquelas palavras trancafiadas dentro de mim, despindo-me única e apenas para ele.

 

Tentei soltar meus pulsos, mas suas mãos deslizaram calmas por cima das minhas, embrenhando os dedos.

 

"Então me deixa cuidar de você." Ele se aproximou, deitando sob mim "Eu quero fazer tudo de novo, eu quero te beijar, ouvir sua voz gemendo pra mim, sua respiração à noite, quero dormir com você...”.

 

A boca já praticamente colada a minha, pronunciando aquela declaração, enquanto as carnes labiais rolavam vez ou outra.

 

Droga!

 

Por que tinha que falar aquilo?

 

Eu era tão fraco... Tão fraco quando se tratava dele.

 

"Eu quero acreditar que a gente não estragou tudo aquilo e que... Que você continua sendo meu."

 

Ao final da sua frase, e sem perceber, a água já se acumulava nas laterais de meus olhos, aquilo era tão injusto, tão injusto.

 

"Eu sou seu..." Comecei a sussurrar aquelas palavras, sentindo as lágrimas escorrerem bochecha abaixo, mesmo sabendo que não devia chorar em momentos como aquele, ambos tão excitados, mas era impossível, eu havia aguardado por ele, e ele por mim.

 

E agora estávamos finalmente juntos.

 

"Eu sou seu... Chanyeol...”.

 

 Diria aquilo quantas vezes fosse necessário, independente de suas escolhas, independente do tempo que passasse, independente dele gostar ou não de mim.

 

Eu era dele, sempre fui.

 

Eu sou dele, até os dias de hoje.

 

Seus lábios tocaram lentamente os meus, quase que em um carinho, naqueles toques que eu tinha certeza que seriam únicos.

 

"Shh...chega..." As mãos abandonaram as minhas para irem em direção das bochechas molhadas, secando com os polegares aquelas gotas "Pequeno....shh, para de chorar."

 

Pequeno...

 

E eu só comecei a chorar mais ainda.

 

Droga eu o amava tanto, tanto.

 

Era impossível de acreditar que aquilo era real.

 

Que finalmente, depois de tantos anos eu estava com ele.

 

Parecia um sonho.

 

Um riso baixinho saiu de seus lábios, enquanto ele, lentamente, adentrou sua mão gelada pelas minhas roupas molhadas.

 

"Não precisa chorar, eu to aqui agora...”.

 

Por quanto tempo ele estaria ali? Eu queria que ele nunca mais fosse embora, apenas ficasse para sempre comigo.

 

Suas mãos abriram o zíper de meu agasalho enquanto eu respirava com calma, tentando parar de chorar. Era só que... Eu estava tão emocionado, tão... Tão feliz.

 

O ajudei a se livrar daquelas peças molhadas, jogando-as para qualquer canto e ele fitou meu peito desnudo com tanto desejo nos olhos que eu pude sentir-me amado naquele momento.

 

Pude sentir-me bonito.

 

Seus lábios viram até os meus, envolvendo-me novamente em um daqueles ósculos que apenas Chanyeol conseguia proporcionar-me. Segurei em seu rosto, embrenhando novamente as línguas, gemendo vez ou outra devido sua agressividade, e ele rompeu o contato, erguendo-se ainda entre mim.

 

Seus dedos deslizaram até suas próprias roupas, jogando o terno para qualquer lugar, deixando-o apenas com a camisa social branca. Aquela ansiedade crescendo dentro de mim, Chanyeol despindo-se para mim, era algo que me deixava constrangido, sim, com  certeza, mas também fazia-me morder os lábios, deslizando lentamente a língua sob a carne agredida.

 

Porque eu o desejava.

 

Muito.

 

Fitava seus movimentos, a maneira em que retirava a gravata negra com apenas uma mão, fazendo o ar faltar-me. Eu queria toca-lo. Queria jogar-lhe no chão frio mesmo para prova-lo de maneiras impuras o quanto devíamos amor.

 

Seus dedos desabotoaram afoitos a trilha de botões branquinhos, exibindo pouco a pouco aquele torso úmido, já tão conhecido. E então... Aquele abdômen levemente malhado, marcado pelas cicatrizes e aquele número grande. 61. Lembrando-me da primeira vez que fitei aquelas marcas.

 

Ele terminou de tirar a camisa e após fitar meu olhar sob sua barriga fechou a expressão, obvio, não gostava daquela parte de si. Mas eu precisava provar para ele, que não existia uma porção de pele, uma pinta, um vestígio, não existia nada que passasse despercebido por mim.

 

Cada defeito, cada expressão, cada gesto, cada maneira e cada mania, compunha aquela pessoa a frente de mim.

 

E era essa pessoa que eu amava.

 

Então como não abraçar suas imperfeições?

 

Elas eram tão perfeitas.

 

Ergui-me como foi possível, segurando em sua cintura com ambas as mãos, enquanto deixava com que meus lábios selassem com ternura, mais ainda com desejo, toda aquela região, beijando cada pequena marquinha.

 

Deslizando a língua até seu peito, fora assim que senti seu gosto, arranhando a pele com minhas unhas bem cortadas, seus suspiros abandonando lábios enquanto eu continuava a espalhar saliva no torso despido.

 

Queria senti-lo com ambas as mãos, com meus dez dedos, tê-lo apenas para mim, tocar cada parte de si. E quando tornei a vê-lo exposto perante a mim, era como se um tornado consumisse toda a minha mente. Então eu lhe senti, minhas mãos percorrendo seu peito, e era como tocar um trovão.

 

Sua pele tinha gosto de todas as minhas manhãs, de todas as tardes já ocorridas desde o começo dos tempos. E eu juro, não acredito em nada no mundo que possa me fazer esquecer esta sensação e a de quando ele caminhou sob o meu, cansado e solitário, corpo.

 

Meus dedos finos deslizaram por seu abdômen, arrepiando os pelos e veias, traçando um mapa do tesouro entre suas cicatrizes e céus! Queria confessar a ele que minhas mãos estavam frias, mas meu coração pegava fogo.

 

Dizer que não sentia sua falta era chamar a mim mesmo de mentiroso.

 

Queria amar-lhe como se eu fosse um campo extenso, um lugar tão aberto e grande que ele nem pensaria duas vezes antes de liberar todos os demônios e bestas trancafiadas em seu peito. Um lugar tão vasto  que poderia fugir e fugir que mesmo assim a única coisa que seria capaz de ver era a mim.

 

Ele ergueu-me pelo queixo, selando meus lábios com os seus, e eu apenas sai de baixo de si, ficando de joelhos como ele, tornando a beija-lo frente a frente. Os peitos molhados, agora também pelo suor, roçaram-se me causando espasmos, enquanto suas mãos deslizavam pelas minhas costas apertando com força a carne, fazendo-me gemer nas bocas.

 

"Ahn..." Quebrei o contato suspirando pesado quando seus dedos apertaram minhas nádegas com  ímpeto, gemendo baixinho contra seu pescoço, aproveitando para morder com pouca força a pele da região, sentindo seu gosto em meu paladar.

 

Meu volume roçava-se com o dele, e eu só conseguia fechar os olhos, arranhando aqueles braços desnudos os quais me envolviam com saudade e desejo.

 

"O-onde fica o quarto?" Sua voz estava pesada, frisando sua excitação.

 

Mordi os lábios, nervoso.

 

E agora?

 

"Eu... Eu não tenho quarto."

 

Ele suspirou contra meus ouvidos.

 

"Eu vou dar um jeito nisso depois, ta bom?"

 

Não sabia ao certo a o que ele referia-se.

 

Se era sobre a cama.

 

Sobre mim.

 

Sobre nós.

 

Chanyeol ergueu-se, ficando de pé, e ainda sobre meu olhar sentou-se no sofá branco, e fitei-o levemente confuso ele sorriu sutilmente, observando-me de soslaio.

 

"Vem cá."

 

Foram suas palavras, enquanto seu indicador clamava por mim, ditas naquela voz grave, que me derretia por dentro, não era um pedido. Levantei-me levemente atordoado com aquele volume incômodo, indo a sua direção.

 

Parei em frente ao ruivo sentado, observando seus olhos prateados por cima, e ele sorriu sapeca, levando os dedos até as beiradas de minha calça, começando a deslizar o jeans com cuidado. Aproveitei para remover os tênis, os empurrando junto às roupas, suspirei envergonhado quando a peça foi de encontro ao chão, deixando-me apenas de cueca em frente aos seus olhos.

 

Ele fitou-me de cima a baixo, devorando-me com as íris prateadas, e a vergonha tornou- imensa. As bochechas ruborizando-se a cada instante.

 

"Você é tão lindo..." Uma de suas mãos deslizou até o meu membro coberto pelo tecido fininho e níveo, massageando lentamente, deixando-me com as pernas bambas.

 

"Cha-chanyeol..." Sentia a região pulsar, correspondendo a suas provocações.

 

"Quer que eu faça de novo?"

 

Fiz que não.

 

"E-eu quero fazer."

 

Afastei-me levemente dele, encontrando-me com aqueles orbes felinos e prateados, a verdade era que eu sentia uma vontade terrível de ser a melhor pessoa do mundo quando estava ao seu lado. Abdicava de desejos, de manias, de costumes, apenas para transformar-me no melhor que podia ser.

 

Por ele.

 

"E-eu quero fazer em você." Murmurei e aqueles olhos sérios apenas desencorajavam-me, aumentando o rubor interno e externo, seus dedos abandonaram os ossinhos de minha cintura, indo em direção a seu cinto negro com confiança.

 

Ele puxou o feixe, causando aquele ruído característico do zíper sendo aberto, e até meu último fio de cabelo arrepiou-se com aquilo, mantinha meus orbes presos no chão, evitando olhar para ele, enquanto ouvia as roupas sendo jogadas pela sala.

 

"Tem certeza? Você não precisa fazer isso..." Tornei minha visão para frente, fitando um Chanyeol já despido, e fora impossível não direcionar os olhos até aquela região.

 

"Eu quero" Agachei-me lentamente, sendo observado por ele, aquilo me deixava tão nervoso, mas existia uma chama de confiança, de vontade, de sede.

 

"Baek..." Respirei com força, sendo observado pelo ruivo, seu membro tão próximo ao meu rosto corado, e meu coração pulsando no peito, levei com cuidados os dedos até ali, encostando-se à pele de textura diferenciada e sensível.

 

Deslizei lentamente a língua para fora da boca, sentindo a mesma entrar em contato com seu membro, inundando-me com aquele sentimento, a tez fininha sendo provada pelo meu paladar, e aquele nervosismo que não saía de mim.

 

Tinha medo, medo de ter perdido o jeito, de fazer algo ruim, meus orbes apenas encontravam aquelas íris acinzentadas fitando atentas, brilhantes em libido.

 

Lembro-me de sentir novamente a pele mais macia que o normal, deslizando com cuidado meu órgão molhado por toda a extensão, mantendo os olhos fechados, e o volume em minha própria cueca já doía tanto.

 

Apertei o membro duro em meus dedos, deslizando mais rapidamente a língua de textura áspera por toda aquela pele lisinha, sentindo as poucas veias da mesma pulsarem quase explosivas sobre meu paladar.

 

Um suspiro pesado abandonou os lábios inchados do ruivo e tomei aquilo como incentivo para fazer com ainda mais âmago, apenas levei por aquele instinto, segurando com uma das mãos em seu joelho, deixando minha cabeça pender levemente para o lado, enquanto encaixava com cuidado o começo de seu membro em minha boca.

 

Mantive aquela parte macia em meus lábios, circulando com a língua rapidamente, sentindo seu pênis pulsar em minha cavidade molhada. Um gemido baixo escapou cortado de sua garganta, motivando-me a receber mais de seu pênis, colando mais da metade dele na boca, envolvendo-o com minha língua. Abri os olhos brevemente, fitando um Chanyeol mordendo os próprios lábios, enquanto observava-me com aqueles orbes prateados tão profundos, como se captassem cada pequeno movimento proferido.

 

Afastei-me levemente, colocando aquilo para fora, para repetir os atos logo em seguida, fitando seus olhos fecharem-se, franzindo as sobrancelhas entre um gemido baixo. Desci as pálpebras sob meus olhos envergonhados, tornando a enlaça-lo com a língua quente e molhada, ouvindo os ruídos das sucções na sala vazia.

 

Fechava os lábios, naquele vai e vem lento, umidificando ainda mais com minha saliva, facilitando os movimentos, apenas queria fazer aquilo com mais vontade, mais âmago. Os gemidos alcançavam graves meus ouvidos, fazendo meu próprio pênis pulsar na cueca.

 

Sentia mais o formato de seu membro em minha boca, a cada ato emitido, a maneira em que latejava em minha língua. Chanyeol começou a gemer cada vez mais alto e eu apenas aumentei o ritmo, abrindo os olhos em um traço, talvez de um modo tão luxuriado que soaria estranho, encontrando-o com a cabeça jogada para trás.

 

Chupava-o com mais empenho, cravando as unhas em sua coxa levemente trêmula, movimentando minha cabeça sem importar-me com mais nada, o masturbando no mesmo ritmo.

 

“Ba-baek.... Caralho..." Os dedos embrenharam-se em meus cabelos com força, judiando das madeixas negras, empurrando minha cabeça contra ali, em um toque bruto que quase me engasgou quando seu membro entrou por completo em minha boca, causando-me ânsia.

 

Ainda entrelaçando os fios, ele puxou-me de volta, enquanto eu sentia um líquido levemente salgado escorrer pelas laterais de meus lábios, molhando meu queixo. Fitei-lhe tímido, em um sorrisinho, enquanto ele retribuía o olhar com aqueles orbes sérios, já tão adultos e diferentes das vezes em que fizemos tudo aquilo quando pivetes.

 

"Amo essa boca." Corei com aquelas palavras, enquanto seus dedos deslizavam em direção do meu queixo, erguendo meu rosto por ali.

 

Permanecemos naquele contato visual, minhas pernas estavam levemente adormecidas, em encosto com o chão, enquanto ele observava por cima. Apertei levemente sua coxa, quando ele curvou-se, selando meus lábios lentamente, mordendo o inferior antes de afastar-se.

 

Suas mãos grandes levantaram-me pelas laterais de meu corpo, deixando-me de pé em frente a ele.

 

"Olha pra mim."

 

Seus lábios encostaram-se aos meus, pressionando as carnes levemente inchadas pelos contatos frequentes, suas mãos naturalmente me ergueram em direção a seu colo, minhas pernas uma de cada lado de suas coxas marcadas.

 

Sua língua pediu passagem, deslizando por aqueles centímetros que apenas separavam-nos fisicamente, entrelacei-a minha, sentindo o calor de ambas, enquanto abríamos as bocas, facilitando o ósculo e o roçar de seu membro duro contra minha entrada pulsante coberta pelo tecido.

 

Levei meus dedos até suas madeixas vermelhas, entranhando os mesmos ali, apoiando meus braços sobre seus ombros, envolvendo seu pescoço, ele beijava-me a boca tão prazerosamente, e movido pelas suas palavras, foquei-me naquela troca de salivas, que causava estalos na sala simplória.

 

Seus lábios amassados e sugados pelos meus, enquanto línguas quentes misturavam-se e mãos masculinas desciam por meu corpo semelhante ao dele.

 

Talvez fosse mentira dizer que sua saliva tinha gosto da fruta proibida, pois em nome do diabo, nosso tempo ali se mostrava tão impreciso, tão vasto e infinito, cada suspiro exalado entre nossas bocas que se colavam, e eterno.

 

E quem desejava enganar? Minhas cercas eram construídas para e apenas contra aquele que agora as cruzava, atravessando fronteiras sem pensar nas consequências, sem respeitar meus limites.

 

Linhas de paixão e calor se derreteram do meio fio que insistíamos em suportar, no momento em que sua pele urgente queimou-se a minha para marcar "sim".

 

"Sim" era a única resposta que meu coração afoito poderia lhe responder.

 

Tão controverso e tão persistente o desejo latente, a repulsa, o engodo, o ódio, o rancor, mas solúvel e fluido, misturando-se a química que somente e quando conto, refiro-me a tão somente, os corpos humanos seriam capazes de eternizar.

 

Existiu um breve momento, entre seus lábios e os meus, em que pude observar sua face em deleite, os lábios inchados, o suor brilhante como tela de óleo em sua testa pulverizada por fios vermelhos espalhados para todos os lados.

 

Meus lados seguiram como se ditassem uma orquestra, e eu, maestro sábio, envolvi-lhe as madeixas, puxando aquele rosto entregue.

 

Eu queria que ele acabasse comigo.

 

"Me beija..." As carnes se chocaram "Me come..." Suas mãos fincadas em minhas coxas, apertando o pedaço de calor, erguendo-as, apenas para que seus dedos compridos caminhassem em direção de minha entrada, penetrando de uma única vez "Me... Ahn...  Me devora..."

 

E a única coisa existente entre nos era a antecipação de seus lábios, um momento, tão intenso que o ar desaparecia gradativamente, sobrando apenas os restos de respiração boca a boca.

 

Um momento, tão perfeito, que quando chegava ao final... Notávamos que era apenas o inicio.

 

O calor de sua cavidade molhada contra a minha, e a forma que aquilo acontecida, excitando-me, arrepiando-me por inteiro, sentia os dedos afundados na cavidade apertada, enquanto eu mordia os lábios, extasiado.

 

Talvez minha admiração perante eu e outrem viesse do fato de que poderíamos nos perder dentro de nós mesmos centenas de vezes e, ainda assim, nunca encontrar um caminho.

 

Ele sempre soaria como um lugar que eu nunca estive.

 

Queria mais. Queria muito mais. Daquele sentimento, que amor que nada, talvez muito mais que isso. Era o que desejava acreditar enquanto aquelas veias pulsantes me corrompiam por dentro. Amor que era o que?

 

Escrevas sobre teu amor do modo que este merece ser escrito, e quer saber? Que pouco escrevesse sobre ambos de nós, que culpássemos a serpente, primária do pecado.

 

Não sabia se havíamos ou não sido expurgados do paraíso, mas tinha certeza que ele era aquele fruto. Que ele era a maçã, suculentamente doce e tentador, degustava-me com seu amargo sabor e a falta que sempre fazia para mim.

 

"E-eu quero você..." Murmurei entregue em seus ouvidos  "Eu quero você dentro de mim."

 

Entre mim e ele existiam mais do que todas as perguntas as quais nem se quer ousaram abandonar lábios. Mas eu poderia buscar dentro, e diante, destes questionamentos mudos, que ao final, notaria que talvez estivéssemos queimando todas as velas guardadas apenas para uma emergência.

 

Amor de fogo. Paixão que queima e mata, nasce e morre ainda dentro de sua própria chama.

 

Estávamos naquele tipo de contaminação, intoxicados em ácidos adolescentes, nas poucas lembranças da juventude. Que amor que era aquele? Sabia eu, e ele correspondia ao saber, que tinha os tudo para dar errado, que não havia nada casto entre nós e que a felicidade apenas seria individual para tornar-se mútua.

 

Pelo que esperávamos? Um milagre? Um novo mundo? Realidade que atordoa a mente e alma, mas que ainda assim é realidade, e a era esta consciência total e plena que, ainda assim, não impedia corações de pulsar mais forte.

 

Que mesmo após anos eu ainda seria capaz de ter aquele brilho nos olhos quando olhasse para ele, aquela garganta seca, aquelas mãos suadas.

 

Que amor era aquele? Ou melhor, que amor não era aquele? 

 

Assimilado a dor, mas amor que dói mesmo talvez fosse aquele em que tudo é perfeito, que já não existe brilho, palpitação ou suor. Que tudo já está tão automático que quase esquecemos que também é amor.

 

"E-eu vou te fazer meu como já fiz antes..." Fora sua resposta, em um beijo suave, de algodão doce deleitado na saliva, que acendia o sangue dentro de cada vã veia “Totalmente meu.”

 

Seu espreito exigente traspassava os limites do tempo, como se a alma aventureira do jovem mais novo que eu, um garoto banhado em seu próprio universo marcado por centenas de rachaduras, estivesse ressurgindo a superfície.

 

As mãos grandes, niveamente atenuadas em veias, exibindo-se em apertos, sentia suas unhas fincando-me a carne, serviçais de meu deleite, gemidos meus congestionados por seus lábios afoitos me buscavam em silencio e breu.

 

Dois peitos lisos exibiam a masculinidade e o cheiro pesado de dois homens, dois seres idênticos e violentos. Sobe e desce, sobe e desce, me notava e ele de forma suave e doce, enquanto seus orbes acinzentados percorriam meu torso como se traçassem pontos de um desenho, convidando sua boca faminta a devorar.

 

A me devorar.

 

E eu sabia de sua lábia, de sua pegada, enquanto cada centímetro seu entrava pouco a pouco dentro de mim.

 

Marco polo era apenas alcunha dada ao terço de tez envolvida por sua língua quente, meus lábios abrindo-se em um gemido mudo, não tinha conhecimento se pela dor ou se pelo calor, do botão rosado e enrijecido que ele degustava.

 

Meus olhos seguiram suas ações, extasiados ao encontrarem as íris prateadas, nubladas em um desejo palpável. Ele me observava, enquanto metia em mim, com uma sede, com um fervor.

 

Apenas percebi que mais da metade de seu membro já estava dentro quando quebrei o ósculo, fechando os olhos e respirando forte em busca de ar. Chanyeol apenas puxou-me pela nuca, tornando a unir as bocas, e em um último ato, penetrou-me inteiramente, com força.

 

Porra, aquilo tudo estava dentro de mim.

 

Que dor.

 

Senti as lágrimas acumularem-se nas laterais dos olhos.

 

"Shh....shh." Seus braços grandes envolveram-me e ele começou a distribuir beijos por toda a minha face.

 

Funguei levemente, enquanto ele acariciava minhas costas, deslizando os dedos pela pele com carinho.

 

"Já vai passar..." Suspirei contra seu pescoço, apertando-o ainda mais contra mim, ele afagava minhas costas, lembrando-me dos velhos tempos, onde ficávamos apenas sentindo os toques um do outro no terraço frio e isolado.

 

E agora, lá estávamos nós, oito anos depois, entregando-se um ao outro, mas, mais que isso, entregando-se ambos, para aquele sentimento.

 

Aquele sentimento que nascera de um desafio bobo, tornou-se uma amizade cada vez mais forte, um namoro, e agora... Uma viagem sem passagens de volta.

 

Ainda estava doendo, mas eu sabia que iria passar, não era a primeira vez  que fazíamos aquilo.

 

"Já... já ta bom..." Murmurei as palavras baixas em seus ouvidos, recebendo um suspiro em resposta.

 

Senti sua mão deslizar até minha cintura, segurando com pouca força ali, seu membro sair de dentro de mim aos poucos, deslizando lentamente, ardendo-me a tez.

 

Hoje me recordo e falo diretamente à ti, Chanyeol, que enquanto estive em seus braços, queria apenas que me amasse.

 

Queria que me amasse sem mentir

Queria que amasse meu coração

Meus pertenceres, meu sentir.

 

Amasse-me sem dizer não

Sem razão, sem perdão, em tua total devoção.

 

Queria que me amasse

Como amam os bichos

Como já amou Adão

E todos aqueles que deixaram de ser sãos.

 

Queria que me amasse

Sem asco e sem vergonha

Na oposta aversão

E na mais violenta colisão

Que um dia poderíamos sofrer.

 

Porque, ó, meu amor

Não te amar estava fora de questão.

 

Embrenhou seus dedos em minha carne com anelo, empurrando meu quadril com força para baixo, aquilo entrou tão rapidamente dentro de mim, e era tão grande, fora impossível não fincar minhas unhas em seus ombros.

 

"Ahn!" Um gemido alto escapou de meus lábios, enquanto sentia meu próprio membro roçar de em seu abdômen preenchido pelas cicatrizes.

 

Repetíamos o ato, e cada vez ele fazia-me sentar ainda mais forte sob ele, sua unhas bem cortadas, afundavam-se em minha cintura, judiando da pele alva, enquanto eu puxava aquela cabelos avermelhados com uma violência desnecessária.

 

Aquele ritmo mantido entre nós era tão lento e ao mesmo tempo tão agressivo e afoito, tão diferente da primeira vez.

 

"De-dessa vez ta tão... diferente." Sussurrei as palavras contra seus ouvidos, sentindo meus lábios roçarem-se contra sua orelha sobressalente.

 

"Somos adultos agora." Ele disse aquilo, mas minha resposta fora um gemido deleitoso, após o ruivo arremeter seu quadril contra mim, penetrando-me novamente.

 

E enquanto sentia seu membro entrar e sair de mim, afundando unhas em suas costas largas, questionava-me como conseguia ter as bochechas tão coradas em meio a todo sangue frio que corria em minhas veias.

 

E talvez eu nunca fosse capaz de entender o quanto eu significava para ele se não fossem as bolsas arroxeadas vivendo embaixo de seus olhos desde o dia em que nós separamos.

 

Nunca iríamos notar a vista tão maravilhosa que existia atrás de nossas janelas quebradas.

 

“Ahn! Cha-han...”

 

Sentia seu cheiro misturado ao suor em seu pescoço, querendo acelerar os movimentos, querendo senti-lo ainda mais.

 

Ele levou uma de suas mãos até minha nádega esquerda, apertando-a, fazendo-me suspirar baixinho, seu membro penetrou-me, acertando aquele ponto ao qual eu nem ao menos lembrava que existia. Arregalei os olhos, abafando o gemido alto, mordendo sua pele, fazendo Chanyeol resmungar.

 

Senti suas unhas cravando-se  em meu glúteo, fazendo-me gemer entre aquela dor misturada com prazer.

 

"Cha-chanyeol!" Tentei tirar sua mão dali, mas ele apenas apertou ainda mais forte, arranhando toda a extensão até minhas coxas.

 

Chanyeol mordeu fraco minha bochecha, selando a região logo em seguida, deslizando os lábios até os meus, mas aquela delicadeza divertida não combinava com o ato, então apenas tornei com os toques agressivos.

 

Agarrei-o pelos cabelos, unindo as bocas, envolvendo as línguas com agressividade, enquanto retomávamos os movimentos durante o beijo quente, afundando seu membro dentro de mim.

 

Procurei por sua boca no meio do caminho, bruto, interrompendo vasos sanguíneos de pulsarem ritmados, minha mão deslizou por suas costas suadas, arranhando, e eu podia sentir a tez sendo amassada contra meus dedos, contra minhas unhas.

 

Eu queria beija-lo, mas não em um simples beijo. Um beijo cheio, longo, gordo, grande.

 

Eu queria estudar ângulos com sua boca rosada e levemente inchada, brilhante na saliva que consumia os poros sob mim. Montar um portfólio de estrelas em cada rachadura daqueles, ah, aqueles lábios.

 

Não sei, nada sei.

 

Essa poesia corporal nunca fez sentido para mim, não a desejava soldado, pois tais linhas narravam coisas como: "seus lábios eram como flores, e aqueles olhos eram milagres, seu sorriso era aurora boreal".

 

Mas seu sorriso não era aurora boreal, ou milagres.

 

Era algum homem, apenas uma criatura abençoada com um sorriso matreiro e um coração felino, que escolhia amar a quem quisesse.

 

E eu queria beijar. Beijar aqueles lábios que nada pareciam com flores, enquanto confessava que o amava, o amava como homem.

 

"B-baek... Merda...”.

 

Suas mãos grandes apalpavam-me tão fortemente, bambeando minhas pernas, mantendo minha mente em branco. Eu sentia aquela corrente elétrica passando por tudo que eu era, extasiando-me, senti seu pênis tocar-me novamente e não resisti em romper o ósculo, gemendo contra seus tímpanos.

 

"Ahn...de-de novo!"

 

Ele aproveitou a deixa para levar os lábios até meu pescoço, sugando a região com fervor, enquanto eu puxava aqueles fios cor de fogo, fechando os olhos, absorto, de tamanho que era o prazer.

 

Ele começou a chupar a pele, causando estalos altos, inundando aquele quarto com os sons daquele ato profano que praticávamos.

 

“Ma-mais!” Não tive vergonha em minhas palavras, enquanto ele gemia contra meu ouvido.

 

Sua outra mão deslizou por toda a extensão de minhas costas molhadas pelo suor que escorria entre os corpos masculinos, embrenhando-se em minha outra nádega, as afastando, porém, a esse ponto já não existiam pudores.

 

“Ahnn! Chanyeol!" Chanyeol penetrou-me tão forte que fora impossível não manifestar som algum, eu gemi tão alto que provavelmente até os vizinhos descobririam seu nome.

 

O puxei pelo rosto, sentindo as gotículas de suor escorrer na fricção das testas, unindo seus lábios judiados aos meus.

 

Beijamo-nos com afobamento, acelerando cada vez mais o ritmo, espalhando o som dos corpos por todo o apartamento.

 

Tentei quebrar o contato, pois o prazer estava imenso, mas ele não deixou, segurando-me pela nuca, apertei-lhe o braço, fincando minhas unhas em sua tez suada com agressividade. Eu estava passando mal, em meio aqueles toques tão agressivos, rápidos, inundado por aquele sentimento que me queimavam em suas mãos, derretiam-me em seus lábios.

 

Mordi sua língua, gemendo entre as bocas, e ele fez o mesmo, deixando com que as lamúrias graves adentrassem-me os tímpanos.

 

Deixaste com que lhe tocasse com palavras, pois minhas mãos abrigavam parágrafos que mais pareciam luvas vazias. Deixaste com que palavras infiltrassem seus cabelos, caminhassem por suas costas largas, brincassem com sua barriga.

 

Meus gemidos eram vais e vens, em loopings, que pediam, em suas entrelinhas, para que ignorasse cada pedido de recusa, cada suspiro de quietos desejos. Pois desejava apenas ele, dentro tão dentro, e quente, molhado, mais fundo, mais forte, mais rápido, isso, mais e ah! Bem aí.

 

Aquilo já estava em tal ponto que eu cooperava com os movimentos, ajudando nas penetrações cada vez mais desinibidas, provocativas, e arrebatadoras, em um sofá que rangia e batia contra a parede atrás de nós, arrastado pelo chão.

 

Segurei em seu ombro, sentindo o peito suado tão colado ao meu que era possível ouvir seus batimentos acelerados, enquanto meu membro enrijecido friccionava-se entre os corpos masculinos.

 

Ele me penetrava com minha ajuda, tão fundo, tão forte, que todo meu corpo pequeno tremia sob si, as pernas bambas, ardendo pelos toques agressivos daquele outro homem.

 

"Po-porra Baek..." Seus braços envolveram-me possessivos, e eu fiz o mesmo com seu pescoço, sentindo sua respiração pesada bater contra minha face.

 

Eu ainda não conseguia acreditar que era Chanyeol ali, possuindo-me para ele, daquela maneira, seus lábios procuraram os meus, e eu não tardei em oferecê-los para aquele Chanyeol sempre desesperado quando se tratava de beijos.

 

Segurávamos tão vigorosamente um ao outro, como se fossemos um só. Porque realmente éramos, mesmo depois de cinco malditos anos.

 

E eu sentia tanta saudade dele.

 

Seu membro continuava entrando e saindo de dentro de mim, naquele ritmo acelerado, fazendo o sofá bater contra a parede atrás de nós, causando os rangidos e pancadas altas.

 

Existiam cometas em sua tez arrepiada? Suas digitais percorriam as escadas de suor caloroso como se se responsabilizassem pela origem de um novo horizonte? Sem ter vergonha ou asco perante sua própria perversão? Seu hálito de fome e gula, estima por centenas de estrelas quebradas?

 

Lua. Eu. Derretida acima dos buracos negros.

 

Buraco negro. Ele. Consumindo a lua.

 

A ponta de seu nariz me perseguia, revelava em meu pescoço, desenhando uma ursa maior, e que memória notável,  gosto de confessar como seus gemidos, aqueles rugidos animalescos, faziam pulsar meu pênis, impiedosamente.

 

"Cha-chanyeol!" Quebrei o contato gemendo seu nome, ainda com o rosto tão próximo ao seu, sentindo o filete de saliva escorrendo entre ambos os lábios.

 

Nas beiradas de minha jugular, sua língua escrevia com maestria todas as palavras sujas que alguém desejaria ouvir. Destrancava-me e me fechava, riscando o piso, corrompendo os closets secretos, enquanto o carpete derretia minha saliva quente por seu pescoço.

 

E com ambas as mãos, recordo-me do seu tamanho, como me abriam, e como ele me penetrou, em uma brutalidade que me fazia acreditar que talvez eu já não possuísse mais nenhuma chave.

 

Ele acertava todas às vezes meu ponto, fazendo-me revirar os olhos em êxtase, já sentindo aquele formigamento em meu baixo ventre.

 

"Grandão eu vou...ahn...cha-"

 

Com uma das mãos ele segurou em minha bochecha, puxando-me para mais um beijo, que não fora negado, enquanto eu deslizava minha mão em direção à sua, embrenhando os dedos, unindo-as.

 

Gemi ainda entre o ósculo, sentindo-me o ar faltar-me, mas Chanyeol continuava com sua boca colada à minha e em meio aquela afobação toda, seu polegar acariciou meus dedos com carinho...

 

Fazendo-me questionar se tudo aquilo era realmente real.

 

O liquido branco, minha semente, esguichou para fora de mim, melando ambos os peitorais encharcados pelo suor.

 

“Hmn...” Segundos depois, senti o mesmo fluído quente fazer-se presente dentro de mim, acompanhando de um suspiro deleitoso do ruivo.

 

Separamos os lábios lentamente, minha visão estava tão turva e o corpo tão fraco que senti que iria desmaiar ali mesmo.

 

Não existem palavras capazes de descrever o que era aquela sensação, aquele torpor, eu sentia-me em outro mundo, tudo girava, ele respirava tão afobado, ainda segurando-me com apenas uma mão.

 

Deitei meu rosto em seu pescoço suado, fechando os olhos, tentando regularizar minha respiração, ainda tendo-me nos braços, ele virou-se lentamente, deitando-me naquele sofá. Senti minhas costas bateram contra o estofado levemente gelado, arrepiando-me, enquanto meu peito nu e melado subia e descia rapidamente.

 

Mas nem me importei, eu estava tão zonzo e perdido...

 

    Ele saiu de dentro de mim, causando aquela falta nostálgica e apenas fechei os olhos, deitando de lado.

 

Estava tão cansado... Tão cansado, ainda sob o efeito do ato.

 

Só queria descansar um pouco...

 

"Ei, vai me deixar dormir com você ou vai roubar todo o sofá mesmo?" Ouvi sua voz, e ela parecia tão longe "Pequeno?"

 

"Pe-perai... Eu to um pouco....um pouco cansado..." As palavras desconexas abandonaram-me os lábios, e ele riu, selando minha nuca exposta.

 

"Hoje foi um pouco mais... Forte."

 

"Um pouco?"

 

Acomodei-me melhor naquele sofá, sentindo o homem alto deitar-se em minhas costas.

 

Droga.

 

Chanyeol estava ao meu lado, depois de tantos e tantos anos, naquele sofá ao qual eu dormira diversas vezes sozinho, desejando sua presença, seu colo.

 

E eu queria ficar acordado o máximo o possível, fita-lo adormecendo, beijar-lhe centenas de vezes, mas eu não conseguia ao menos manter meus olhos abertos.

 

Senti os braços compridos envolverem-me, enquanto aquela respiração ainda afetada soprava quente em minha nuca.

 

Ah, tal corpo colado ao meu... Que saudade!

 

"Chanyeol..." Murmurei, desejando que ele ainda estivesse acordado, não sabia que horas eram, mas a lua já brilhava na noite escura, pintando o quarto de feixes negros.

 

"Sim?"

 

Tentei abrir os olhos, ainda cansado, recebendo as carícias em meus braços desnudos.

 

"Não dorme... por favor...."

 

Ele ficou em silêncio durante poucos segundos.

 

"Por quê?"

 

Forçava as palavras, que saiam lentas de minha garganta.

 

Eu precisava ficar com ele, não perder ao menos um segundo de sua companhia.

 

"Eu quero ficar.... eu quero ficar acordado....eu....não vai embora..."

 

Ele riu de leve, apertando-me contra seu corpo aconchegante.

 

"Eu vou ficar exatamente aqui com você, a noite toda."

 

Virei para ele, sentindo meu peito apertar.

 

Eu não queria que ele fosse embora.

 

Nem naquela noite, nem na manhã do dia seguinte, eu o queria comigo, eternamente.

 

"Você... tá casado com ela ainda?" Fitei-lhe esperançoso, procurando uma resposta em seus orbes prateados e brilhantes.

 

Ele suspirou, e não fora preciso resposta, seus olhos desviaram dos meus, encarando um ponto qualquer.

 

Eu quis tanto chorar, que comecei a respirar pesado, preparando-me para as lágrimas que logo escorreriam por aqueles olhos.

 

Chanyeol segurou em meus braços trêmulos, impedindo-me de tampar o rosto.

 

"Pequeno, para, eu to aqui, não to? A gente vai dar um jeito, eu vou vir aqui sempre que possível."

 

Quem garantia que aquilo era verdade? Que ele não desapareceria no dia seguinte e nunca mais voltaria?

 

"Não mente pra mim..."

 

Ele acariciou meu rosto, acalmando-me.

 

"Baekhyun... Durante esses dois meses eu fiquei te procurando quase todos os dias, você acha mesmo que eu vou te largar agora que eu te encontrei?"

 

Eu fitava-o, mas não conseguia acreditar em suas palavras, não conseguia acreditar em suas promessas.

 

Esse é um dos maiores problemas da confiança.

 

Ela é como um papel, depois de amassada, nunca se tornará igual novamente.

 

"Eu não sei.... eu sinto..." Suspirava, tomando coragem para dizer aquelas palavras "Eu sinto que tem muita coisa sobre você que eu não sei...."

 

Sua face era sombreada pela negritude do céu estrelado, permanecendo séria.

 

Ele suspirou, selando meus lábios rapidamente.

 

"Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim....mas você pode ter certeza de uma, que eu te amo muito."

 

Aquelas palavras gentis, sendo proliferadas pelos lábios de quem se ama, ah, como eu resistiria?

 

Eu não sabia nada sobre ele... mas ao mesmo tempo o amava tanto que chegava a doer.

 

"Promete?"

 

"Baek-"

 

"Promete pra mim Chanyeol." Estendi o dedinho daquela forma infantil como tantos anos atrás, quando éramos apenas adolescentes inconsequentes nesse mundo incompleto.

 

Ele fitou o membro, o envolvendo com seu mindinho.

 

"Eu prometo, eu vou ficar aqui com você pequeno."

 

Fechei os olhos, acalmando-me, sentindo seu nariz roçar-se no meu, em um carinho gostoso.

 

"É que às vezes eu não entendo isso..."

 

Seus dedos acariciavam minhas costas, enquanto os meus semelhantes afagavam as madeixas vermelhas daquele homem ao qual significava o universo para mim.

 

"Eu não entendo esse mundo.... não entendo a gente..."

 

A noite fria contracenava com o cobertor que eram seus braços reconfortantes, enquanto aquele odor maravilhoso que exalava inundava-me as narinas.

 

"Não tente entender... algumas coisas não são feitas para serem entendidas e sim, aceitas...”.

 

Os batimentos ritmados aos meus, enquanto aqueles dedos deslizavam tão lentamente por minhas costas, arrepiando-me com o contato dos mesmos na tez.

 

Aqueles olhos fitavam-me tão de perto.

 

Droga.

 

Aqueles malditos olhos de tonalidade quase que branca.

 

Como alguém era capaz de ser tão bonito?

 

Queria chorar... Porque não acreditava que estava em seus braços, após tantos anos.

 

E eu acorrentei-me aquelas íris prateadas, que mais pareciam duas luas brilhantes, enquanto afirmações mudas percorriam os centímetros entre nossas faces, evidenciando aquilo que teimávamos silenciar dentro de nós.

 

Seus dedos acariciando meu corpo em um contato tão lento, quase parados, marcando suas digitais em mim, como o lápis marca a folha, desenhando seu traçado no que era eu.

 

Traçado daqueles que não existe borracha que apague.

 

Sua respiração, ritmada com a minha, moldaram-se em uma só, que era para combinar com aquela fita invisível que sobrevoava-nos, enlaçando as almas.

 

Poderíamos ficar daquela forma eternamente?

 

Dançar entre as sílabas caladas, como se nenhuma música fosse apropriada?

 

Sentir o roçar dos lábios como se os minutos estendessem-se?

 

Tão calmos que seria como se o cenário ao redor congelaria para nós?

 

Apenas sussurrando entre as íris que existia mais magia naquele contato ocular que em uma vida de trocas de olhares com outras pessoas?

 

"Sabe... A noite eu sempre imaginava você comigo... Meu braço em volta de sua cintura, seu rosto bem pertinho de mim, sua respiração.... Me ajudava a dormir."

 

Sorri com aquelas palavras, embrenhando-me ainda mais contra seu corpo, roçando as pernas desnudas.

 

"Eu... Eu sempre me perguntava onde você estaria... O que estaria comendo... Se estaria bem... Eu ficava tão, tão preocupado de que algo acontecesse com você... Eu ia ao banheiro a noite e-"

 

Acariciei seus cabelos quando a voz começou a tornar-se trêmula.

 

Pelo visto eu não era o único emocionado ali.

 

Aquele pânico inundou-me. O pânico que era vê-lo chorando.

 

"Shh, calma."

 

Eu nunca entendi ao certo aquilo.

 

Hoje, penso que, além de namorados, de melhores amigos, de amantes.

 

Eu e Chanyeol havíamos tecido um laço tão forte que ultrapassava barreiras do sangue.

 

Éramos como irmãos, como pais um do outro.

 

Talvez fosse apenas mais uma faceta daquele leque que era nossa relação.

 

Acho que existem infinitas formas de amor no mundo... Mas nunca uma forma igual.

 

"E eu chorava tanto pequeno...eu achava que você... Eu achava que você tinha morrido, toda vez que eu via aquela cama vazia e eu-"

 

"Chega Chanyeol." Selei as pálpebras que cobriam aqueles olhos marejados.

 

Ouvir suas declarações sussurradas em meio a noite, fazia-me lembrar de meu próprios dias solitários, a fome sentida, a solidão, apenas implorando para que meu grandão aparecesse pela janela e me salvasse do mundo ao meu redor.

 

As palavras que eu gritava em meio ao choro, torcendo para que o vento gelado as levasse para onde que ele estivesse.

 

"Eu te amo."

 

Aquelas três palavras ditas pela voz grave a qual eu nunca poderia me esquecer.

 

Sorri para ele.

 

De verdade.

 

Sorri como não sorria há anos.                    

 

Não chorei, embora quisesse muito, nessa minha vida, havia noites  em que eu dormia de tanto chorar...e outras em que mal pregava os olhos, de tanto sorrir.

 

Aquela seria uma delas.

 

"Eu também te amo."

 

Era algo tão simples.

 

Tão clichê.

 

Tão esperado.

 

Tão... Normal.

 

Mas creio que havia algo ali, que diferenciava-nos.

 

Era a sinceridade por trás de todas aquelas palavras rotineiras.

 

Eu o amava e não era de brincadeira, não era por dinheiro ou por sexo, muito menos por carência.

 

Eu não pensava "Quando vamos terminar?"

 

Nem me imaginava com qualquer outra pessoa ou ficava comparando pessoas na rua com ele, não lotava minha mente com questionamentos como: "E se eu me cansar de beijar sempre a mesma boca?", "E se ele se cansar de mim?", "E se-"

 

E se... Não.

 

Eu não pensava em nada disso.

 

Eu apenas pensava "Essa é a pessoa que eu amo.”.

 

Nada mais, nada menos.

 

Sem complicações.

 

Porque a essência da vida está em manter as pequenas coisas como pequenas coisas.

 

Assim elas permanecerão do modo que foram feitas, e não complicadas como gostamos de molda-las.

 

E eu queria apenas repartir uma metade das minhas pequenas coisas com ele.

 

E saber se, talvez, ele repartiria suas pequenas coisas comigo.

 

Mas sabe do mais legal desse sentimento?

 

Ele era recíproco.

 

Então eu apenas permiti com que aquelas três palavras ecoassem na casa que era minha mente.

 

E elas soavam tão divertidas, como se me batessem a porta do coração, perguntando se queria brincar com elas. Olhava bem para seus semblantes de liberdade e derrubava aquela porta, antes fechada, deixando um vazio ali.

 

Um vazio ao qual eu tinha certeza que colocaria uma janela. Uma janela onde as cortinas estariam sempre abertas para o seu "eu te amo".

 

Abri meus olhos lentamente, ainda sorrindo sozinho, perdido em pensamentos, e encontrei um Chanyeol roncando baixinho, com a boca levemente aberta.

 

Franzi o cenho, cutucando-o com um bico nos lábios.

 

"Chanyeol."

 

Ele uniu as sobrancelhas, levemente mais escuras que os cabelos, em uma careta, escondendo seu rosto em meu peito.

 

"Chanyeol... você prometeu ficar acordado."

 

Silêncio.

 

Apenas revirei os olhos, arrumando aquele homem de quase dois metros em meus braços pequenos, acariciando as madeixas da cabeça deitada em meu torso.

 

Nem parecia o mesmo Chanyeol de horas antes, tão agressivo.

 

Fitei o teto branco acima de nós, verificando as rachaduras do mesmo... E você pode ter certeza.

 

Eu nunca havia sentido tanta paz interior quando senti naquele momento.

 

Com ele homem agarrado feito uma criança em mim, deitados ambos em um sofá velho e duro, com apenas a lua iluminando em brechas a sala.

 

Nunca.

 

Já se sentiu assim?

 

Às vezes, nessas esquinas simples da vida, na janela de um ônibus, num dia de chuva, numa roda com alguns amigos, no banho.

 

Desce-te aquele sentimento. Aquela calma.

 

Céus! Eu me sentia perdoado, nem sei pelo quê...

 

E eu não sabia se aquela vida era curta ou longa demais mim e para ele, mas eu sabia que aquilo que sentíamos era como um laço que dá nó, mas não se desfaz.

 

Como livro que vira pagina, mas não rasga.

 

Vidro que racha, mas não quebra.

 

Chiclete que envelhece, mas não perde o gosto.

 

Balão que murcha, mas não estoura.

 

Independente de quanto tempo se passasse.

 

E ai você poderia me perguntar "Porque você o amava?”.

 

E eu não saberia responder.

 

Mas vou te contar uma coisa, esse é o melhor tipo de amor.

 

Daqueles que o coração sabe mais que o cérebro. E o corpo fala mais que a boca.

 

E como na primeira noite em que passamos juntos, não me lembro ao certo em que momento adormeci.

 

Sabendo que o melhor lugar do mundo, não era um lugar.

 

Mas principalmente que ele estava comigo.

 

E não era apenas fisicamente.

 

 

 

"Ainda que eu falasse

     A língua dos homens

E falasse a língua dos anjos

Sem amor eu nada seria"

-Baseado na primeira carta aos Coríntios:

Monte Castelo, Legião Urbana

 

 

 

.


Notas Finais


eai? :v gente DESCULPA mesmo por toda essa demora.... é só que as vezes... sei lá, bate aquele desanimo com a fic, achar que tá tudo um cú, quem escreve sabe bem como é....

entao só quero dizer que vou tentar responder todos os comentarios ^^ <3333 e MTOOOO OBRIGADA por todo o apoio que voces sempre me deram > . <


qualquer coisa já sabem onde me encontrar, certo? @seomoong

até o proximo <333



~Moon


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...