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História Misfit - Doces Borboletas


Escrita por: Doublefenix

Notas do Autor


Oiee, olha eu aqui de novo anjos <3 pois bem, caso alguém tenha recebido minha mensagem duas vezes (ou mais euheuheuheuhe) é pq o SS tem realmente um metodo dificil de mandar essas mensagens, entao estou tendo que mandar de um por um e em varios dias, por isso talvez estejam acontecendo enganos >< me desculpe por isso.

De qualquer forma, postarei todo dias E ~plantao globo~ já comecei a escrever o ultimo capitulo!

Nao esquecam de avisar que Misfit voltou, para seus proximos amigos e espero que gostem das mudancas o/

Qualquer duvida, tia Moon esta aqui, podem falar comigo <3

Boa leitura!

Capítulo 2 - Doces Borboletas


Fanfic / Fanfiction Misfit - Doces Borboletas

 

 

 

 

Capítulo 2- Doces Borboletas

 

 

 

"A vida é infinitamente mais estranha do que a mente de qualquer homem poderia um dia imaginar."

- Arthur Conan Doyle

 

 

 

Não sei bem ao certo quando iniciei meu hábito de observar muito as pessoas e tudo ao meu redor, era como se eu possuísse um medidor interno que me fizesse julgar os outros.

 

Não era proposital, não, realmente não era, simplesmente parecia que quando alguém passava, minha mente observava cada pedacinho de si, traçando uma personalidade que podia fazer sentido ou não.

 

Mas geralmente não fazia.

 

Era apenas julgar por julgar e já que ninguém era capaz de ler meus pensamentos do quanto achava tudo aquilo uma chatisse sem fim e tinha vontade de me enterrar no chão quando batia o sinal, ficava julgando mesmo, sem dó nem culpa.

 

E naquela época a pessoa mais interessante a ser julgada era Chanyeol.

 

Talvez porque meu medidor interno insistisse em querer medir uma amizade ou pelo menos um pequeno contato entre eu e ele, sendo que, na realidade, nada existia.

 

Não pensem que fiquei interessado em si assim, logo de inicio e sem nem pensar duas vezes, também não era para tal, vou admitir que sim, depois de nossa breve conversa no terraço eu o via com outros olhos, talvez sabendo como era sua voz, seu sorriso e achando que ele não era tão assustador quando aparentava...ou não.

 

 Lembro que passei a observar o ruivo frequentemente, faziam-se algumas semanas desde a última vez que havíamos nos falado, e desde então o garoto de olhos prateados não saia de minha mente, às vezes me pegava pensando em si até na fila do banco, minha mãe ficava irritada, dizia que minha cabeça estava no mundo da lua.

 

E, risos, eu sentia vontade de dizer que realmente, era algo bem próximo da lua, aqueles olhos prateados, lunares.

 

Minha mente vivia no mundo de Chanyeol.

 

Por vários motivos.

 

Um, ele era estranho.

 

Não estranho porque era magrelo, alto, desengonçado e vestia-se como um marginal, nem muito menos pelos seus cabelos de tom de fogo e os olhos claros.

 

(Não que ele não fosse tudo isso).

 

Qualquer um que visse ou conhecesse Chanyeol diria que, no mínimo, ele enxergava as coisas de uma perspectiva diferente.

 

Enquanto todos, inclusive eu mesmo, permaneciam sentados com a postura reta, anotando tudo o que era passado na lousa ou dormindo, Chanyeol usava seu tempo em atividades aleatórias.

 

Vira e mexe eu lhe pegava desenhando, escrevendo algo, alguma bobagem sem sentido, ele mordia os lábios em momentos como aquele, afastava-se da carteira e observava como o desenho se encontrava e eu sorria de leve pois achava engraçada sua face concentrada, a boca comprimida em um sorrisinho simples, acanhado.

 

Tão oposto do semblante que se desenhava sob as feições quando o ruivo erguia aqueles orbes na direção de alguém, assassinos e cortantes.

 

Ás vezes, também notava como estourava a própria calça, puxando seus fiozinhos, deixando-a ainda mais rasgada.

 

Ás vezes, rabiscava o próprio coturno, com frases aleatórias, talvez sentimentos que carregasse dentro do peito, ou apenas futilidades usuais que sentia a necessidade de livrar-se.

 

Às vezes, ele dormia, espalhando as madeixas vermelhas por toda a mesa branca.

 

E, às vezes, inspetores apareciam para leva-lo à diretoria.

 

Não eram raros os momentos em que nossos olhos encontravam-se e ele me pegava no flagra, lhe observando, lhe medindo.

 

Eu não corava, mas ficava constrangido, pois não era legal estar quieto, "notando a existência" de alguém, e esse alguém simplesmente "notar que você estava notando na existência dele".

 

Também não eram raros os momentos em que eu, discretamente, lhe direcionava o olhar e já o encontrava me encarando, com aquelas esferas acinzentadas de prata derretida.

 

Em ambas às vezes desviávamos os olhos.

 

Fingíamos que nada havia acontecido.

 

Naquela época, eu estava completando treze anos de noivado, já que aos três fora prometido a minha esposa.

 

Quem a escolhera eu não sei, só sei que era assim e pronto.

 

Taeyeon era minha esposa.

 

Até hoje não entendo o conceito de esposa.

 

Por mais que a gente cresça, há sempre coisas que a gente não pode entender.

 

Recordo-me de seus sapatos brancos, moldado em um pequeno salto, e de poucas palavras que ela me dirigia vez ou outra, a verdade é que naquele tempo todo mundo era muito quieto.

 

 Observar minha própria noiva, enquanto esta estava ali, sentada ao meu lado e copiando atenta o que era passado sob o quadro negro e extenso, me fazia questionar se Chanyeol também teria uma noiva, e se sim, ela estudava conosco?

 

Ela era bonita? Quantos anos tinha?

 

Aos poucos me via pensando cada vez mais na vida do garoto desconhecido, e era estranho porque bem...era estranho.

 

Já mencionei seus coturnos escuros?

 

Chanyeol usava-os um dia sim, um dia não, quando não, optava por um par de All Star negros até no solado, e eu sempre me questionava o porquê dos mesmos estarem frequentemente sujos de terra, imaginando onde ele havia pisado, ou com quem havia pisado.

 

Seu cabelo vermelho se destoava de todas as cabeças negras em nossa sala de aula branca, e , às vezes, eu também pensava sobre suas tintas, e em como ele o pintava, se gostava mesmo daquele tom, se não tinha curiosidade de usar outro, como tornaria-se moreno.

 

Mas vejam só, eu gostava dele daquele jeito, não sei, o preto das vestes misturava-se com o branco de sua pele e o calor da madeixas de sangue e tudo tornava-se tão bonito e formidável.

 

Nota mental: Preciso falar menos sobre cores ou essa velha e detestável historia poderá se tornar ainda mais enfastiosa.

 

Aquelas mechas caídas nos olhos, os fios vermelhos levemente ondulados e bagunçados me deixavam com vontade de penteá-los, de coloca-los no lugar, assim como meus dedos praticamente tremiam de desejo de arrancar suas roupas e colocar peças brancas, similares as minhas.

 

A verdade é que eu tinha vontade de mudar Chanyeol.

 

Ele era diferente e queria fazê-lo à minha imagem ou pelo menos, como minha imagem era horrível, à imagem de outro alguém.

 

Desde sempre ele fora uma incógnita para mim, acho que é algo inevitável em nossas vidas.

 

Encontrar alguém.

 

Alguém que pode ser qualquer pessoa, homem, mulher, velho, novo, qualquer um.

 

Você irá simplesmente olhar aquele desconhecido ou aquela desconhecida e pensar, "quem é você?”.

 

Eu sentia deveras vontade de saber quem era Chanyeol.

 

Já se passavam do meio dia quando, em um dia de aula qualquer, para ser mais nada exato, que, em um deslize, deixei a armadilha prateada capturar-me.

 

Não desviei os olhos.

 

Lembro-me que ele também não.

 

Mas fora rápido, poucos e vergonhosos segundos.

 

Ele sorriu e nada disse, nada fez, nada se mexeu, nada, assim...nada.

 

Como se aquele sorriso não tivesse queimado de levinho cada pedaço da minha alma e me feito questionar, meu deus! O que eu estava fazendo olhando para aquele maldito? Que agora ria da minha cara patética, provavelmente acreditando que eu desejava ser marginal feito ele.

 

Apenas continuou me encarando de forma profunda, sutil, fazendo com que seus olhos cinza se tornassem navalhas afiadas que me perfurassem aos poucos.

 

E eu nem desviava, ficava sendo atingido com gosto, sustentando o olhar.

 

Naquele tempo, eu não entendia.

 

Seus olhos possuíam esse mistério que me deixava um pouco...embasbacado? Não sei.

 

Anos mais tarde, ah, que infelizes anos, eu veria que com Chanyeol, eu podia até mesmo dizer que não havia entendido como ele falara.

 

Mas eu nunca poderia dizer que não havia entendido como ele olhara.

 

 

X

 

 

Fora numa quarta feira, depois de faltar na escola durante uma semana e meia devido a uma gripe, dessas que vem sem nenhum motivo e desaparece com menos ainda, que eu encontrei-me com o garoto de cabelos vermelhos pela terceira vez.

 

Ele segurava dois pedaços de madeira nas mãos que eu nunca havia visto antes, e os batucava contra a grade enferrujada do local frio.

 

Hoje em dia, guardo esse par de pedaços de madeira em minha cômoda do escritório.

 

Primeira gaveta à esquerda.

 

Aproximei-me dele irritado, já cheio de mim, cheio de palavras, cheio de coragem.

 

Aquele era o meu terraço.

 

Posteriormente, se tornaria o nosso terraço.

 

Mas ainda não, naquela tarde de quarta feira, o terraço abandonado da escola era unicamente meu.

 

"O que está fazendo aqui?" Fui direto, recordo-me que ele não precisou ao menos girar o pescoço, ele já sabia que era eu.

 

"Observando" ele me respondeu com sua voz aveludada e que olha, eu achava um descaso que eu não pudesse ter uma igual, reparando que o meu timbre assemelhava-se a um pato sendo abatido.

 

Ah, a voz de Park Chanyeol... Hoje, quando vou deitar-me consigo ouvi-la ao longe, sussurrando meu nome.

 

"Aqui é o meu terraço, saia daqui." Aproximei-me dele, querendo chuta-lo para longe.

 

"Não estou vendo nenhuma placa dizendo que esse lugar pertence à Byun Baekhyun." Ele riu de leve, encarando-me quando parei ao seu lado.

 

Meu corpo tremeu ao ouvir meu nome completo ser dito por sua voz grave, como se as vogais dançassem em sua língua.

 

Deixei-me observar toda a imensidão fria e abandonada da cidade, enquanto os pequenos acúmulos de neve se sujavam do piche das ruas, sentando-me ao seu lado, e sentindo, mesmo que pouquinho, o calor de seu corpo contra o meu.

 

Talvez tivesse achado, naquele momento, que era melhor ficar em silêncio do que explicar para Chanyeol que existem certas coisas e pessoas na vida que não possuem nossa assinatura nelas, nosso nome, mas simplesmente parecem nossas.

 

Aquele terraço era assim.

 

"O que é isso?" Apontei para os pedaços de madeira em suas mãos, os quais ele ainda batucava constantemente na grade.

 

"Baquetas" ele me respondeu.

 

 Não respondi mais, pois não havia entendido o que eram baquetas, muito menos para que serviam.

 

Hoje, quando olho para elas, contento-me em avaliar apenas sua aparência, mesmo sabendo seu uso.

 

Eu saberia dizer até a árvore que fizera sua madeira.

 

Mas nunca saberia usá-las como Chanyeol sabia.

 

"Onde você conseguiu isso?" Questionei, desejando puxar assunto.

 

Pensem como eu, era desagradável estar sentado colado ao lado de alguém no mais pleno silêncio.

 

Eu não curtia, realmente não curtia.

 

"Por ai." Não prolongou a conversa.

 

"Se o diretor souber você–"

 

"Eu sei, eu estou ferrado.”

 

"Chany–"

 

"Baekhyun, nunca é alto o preço de fazer o que lhe faz bem."

 

Suas palavras ecoaram em minha mente vazia e como a neve que caía do céu, acumularam-se no conjunto que era Park Chanyeol.

 

Um montinho de neve nas bordas de minha mente.

 

Hoje, o comparo a flocos de neve.

 

Gélidos e lindos, daqueles que aparecem apenas em uma estação do ano, mas são capazes de cobrir tudo onde tocam.

 

São frios e queimam, mas já notou a forma suave em que tocam as coisas?

 

Floco a floco.

 

Pouco a pouco.

 

Quando eu me dei conta, já não havia verão capaz de derreter aquele monte de neve.

 

Após sentir algo incômodo tocar meus cabelos, pude ver as tais baquetas se movimentando ali, entre os fios, como se brincassem e apreciassem cada mecha.

 

Virei o rosto para Chanyeol na hora, confuso com suas ações.

 

Ele me olhava sério, e com apenas uma mão, deslizava a madeira comprida pela extensão de meu rosto, de meus braços, sob as roupas, fazendo-me sentir a textura da mesma.

 

E eu só queria saber o porquê de estar passando sua baqueta por mim, tendo os olhos presos sob minha pessoa de tal forma que era esquisito, mas eu não podia olhar para os lados, muito menos para baixo, ou talvez tivesse alguma vertigem, caísse e morresse.

 

"As arranjei na loja de censurados." Murmurou, soprando fumaça congelada sob meu rosto.

 

Na hora eu não acreditei que tal loja existisse.

 

Mas tudo bem, pois ela não existia mesmo.

 

"Por que as coisas são censuradas, Chanyeol?"

 

Peguei uma de suas baquetas, relando as mãos, as sentindo com meus próprios dedos e elas me traziam uma sensação estranha.

 

 Um conforto.

 

Hoje em dia, não trazem mais.

 

"Por que está me perguntando isso?" Retrucou, quase que desconfiado.

 

"Não sei... achei que você soubesse o porquê." Dei de ombros.

 

"Eu tenho cara de quem sabe?"

 

"Tem."

 

Lembro que ele riu um pouco, envergonhado, mas eu só falara a verdade.

 

Chanyeol tinha cara de quem sabia de tudo.

 

Sabe? Essas pessoas que você pensa "nossa, como pode?" saber tanta coisa assim.

 

"Eles não querem que a gente saiba... digo, o governo." Começou a sussurrar, aproximando ainda mais seu rosto do meu.

 

"Do quê?" Sussurrei junto e sem motivo.

 

"Da verdade, da verdade por trás das coisas."

 

"Que verdade?"

 

"Você não acha estranho Baekhyun? Digo, olha o meio em que vivemos, você não sente desejos?"

 

"Como assim? Que desejos?" Franzi o cenho.

 

"Shh, fale baixo, eles nos observam."

 

Olhei ao redor, procurando por quem Chanyeol estava falando, mas nada pude ver.

 

"Desejos, Baekhyun. Você não cansa de comer sempre a mesma coisa? De ouvir as mesmas músicas? De usar as mesmas roupas?" Chamou minha atenção novamente.

 

"E-eu não sei, Chanyeol, eu nunca pensei nisso."

 

"Pois pense, porque eu ainda não sei o que é... mas eu sei que tem algo muito errado nisso tudo." Ele se aproximou mais de mim, relando os narizes e eu quis me afastar, levemente atordoado.

 

Pude sentir seu cheiro de perto, cheiro emadeirado, fragrância passiva e que me deixou desconcentrado por alguns minutos.

 

"Algo que eles não querem que saibamos."

 

"Chanyeol.... como você pode afirmar isso?" Ri debochado “Não inventa moda cara...”

 

"Mas por que tudo isso?!" Gritou do nada, finalmente dando uma deixa para que eu me afastasse, engolindo seco.

 

Ele parecia bravo.

 

E eu odiava ver Chanyeol bravo.

 

"Por que Byun? Por que não pode ser diferente?"

 

Não entendia sua insistência em querer saber, em argumentar, em discutir o porque das coisas, era assim porque era assim, não tinha o que ser dito.

 

Não era como se eu pensasse naquilo, de uma forma ou de outra.

 

"É assim que as coisas funcionam... não devemos questionar isso..."

 

Ele me fitou com seus olhos cinzas e eles carregavam um sentimento que eu não pudera identificar.

 

Um olhar decepcionado.

 

"Você não entende nada." Murmurou como se fizesse sentido apenas para si.

 

Virou bravo, encarando com um bico o chão, e após silenciosos segundos, levantou-se e, simultaneamente, inundou-me com aquela falta.

 

Falta dele.

 

E em seguida, fora em direção à porta do terraço, que essa altura já não parecia mais tão meu, e se fora.

 

Precisei respirar profundamente, embora o ar gélido insistisse em queimar-me a garganta.

 

Acabei por tossir a fumaça, enquanto observava o par de baquetas abandonadas ali.

 

Não eram minhas, mas pareciam.

 

As guardei no bolso com o pensamento de que já haviam sido tocadas por suas mãos grandes.

 

O toque de recolher soou alto nos arredores da cidade, fazendo-me acordar para a realidade que era o som alto frequentando bandas sujas de meus tímpanos e mente.

 

E com as baquetas no bolso do capotão branco, me deixei levar pelo vento gélido.

 

"Você não entende nada." Suas palavras ecoavam em minha mente.

 

Lembro que naquele momento eu desejei.

 

 Desejei muito entender.

 

X

 

O refeitório da escola servia mingau nos finais de semana, todos gostavam da maçaroca.

 

Eu não comia aquilo.

 

Chanyeol também não.

 

Taeyeon comia.

 

Naquele sábado, sentado à mesa branca do local espaçoso, ouvindo os ruídos que minha noiva fazia enquanto engolia, eu a vira pela primeira vez.

 

Sandara Park.

 

O que me deixava mais irritado não era só o fato dela ser noiva do ruivo.

 

Ou possuir o mesmo sobrenome que ele.

 

O que realmente me irritava era que Sandara Park também não comia mingau.

 

 

X

 

 

Chanyeol faltara o mês de agosto todo.

 

Os alunos não notaram sua falta.

 

Eu notei, mas ninguém precisava saber.

 

Às vezes pegava-me olhando para sua carteira vazia, e me questionava onde ele estava e o que estaria fazendo.

 

É uma curiosidade normal e sei lá, eu só queria saber, mesmo que soubesse que ele não possuía nenhum compromisso comigo e que eu era o garoto aleatório que, raramente, ficava ao seu lado no terraço, o garoto aleatório que, frequentemente, o observava na aula, nas arquibancadas durante o intervalo, nos corredores, quando voltava para casa, enfim, o garoto aleatório.

 

Mas poxa, eu era "O" garoto aleatório, ele tinha sim, que me dar alguma satisfação.

 

Paremos um momento para refletir no quão ridículo eu era.

 

Pronto, passou.

 

Retomando o passado, lembro-me que no primeiro dia do mês de setembro ele aparecera.

 

Seu cabelo estava diferente e não haviam mechas jogadas nos olhos, eles estavam cortados quase curtos, raspados nas laterais e um topete os afastava para trás, deixando ainda mais visíveis os olhos puxados e platinados.

 

Céus.

 

Suspirei quase que caindo da carteira quando a figura curvada adentrou a porta sem pedir licença ou qualquer coisa do tipo, pois os professores já estavam acostumados com sua falta de respeito.

 

Ele olhou para mim quando entrou na sala, fora a primeira coisa que fez, após sua mudança, olhar para minha carteira afastada e colada no canto da sala.

 

E eu também olhei para ele.

 

Ele olhou para Taeyeon sentada ao meu lado, que não olhava para ninguém.

 

E eu permaneci olhando para ele, até mesmo quando sentou-se, jogando a mochila negra no chão, e colocando as pernas sob a mesa.

 

Bonito e rebelde.

 

Fora automático.

 

Meus dedos se fixaram em minha nova lapiseira, enquanto olhava para os lados com o sentimento de estar fazendo algo errado.

 

Tanto hoje, quanto naquela época, eu nunca soubera como desenhar.

 

Mas tentei.

 

As explicações matemáticas as quais aprendíamos todos os anos, eram ditadas pelo professor, porém, as mesmas não entravam mais em meus ouvidos.

 

Uma barreira se formara no momento em que parei de prestar atenção na aula e comecei a desenhar a figura de cabelos vermelhos, agora já não mais caídos sob os olhos, na minha folha de caderno.

 

Hoje chego a rir, quando pego em minhas mãos, o desenho.

 

Dizem que o que vale é a intenção.

 

Era uma pena que eu realmente não tinha boas intenções quando desenhei Chanyeol.

 

E por mais mal intencionadas que fossem minhas atitudes, eu acreditava que era necessário.

 

Chanyeol era o tipo de pessoa de quem escrevem livros sobre.

 

Antes da aula terminar, lembro-me que Taeyeon perguntou sobre meu desenho, ela disse também que ele parecia muito feio, já que não era feito com formas geométricas.

 

Eu ri um pouco e disse que era um personagem da minha imaginação.

 

Mas eu sabia que era mentira.

 

Na hora, fiquei feliz por saber que Chanyeol existia.

 

Que era real.

 

Tão real que ao sair da sala, o senti tropeçar em mim, com certa força.

 

Eu pedi desculpas.

 

Ele não.

 

X

 

 

Na segunda, Chanyeol me procurou no terraço.

 

Mas eu não estava lá.

 

Ele me achou encolhido entre os carros do estacionamento dos professores, encolhido e pensando no sentido na vida e no sono que me consumia.

 

Ele não perguntou por que eu estava ali, embora eu soubesse que ele queria, tanto quanto eu queria perguntar o por que de suas faltas.

 

Em suas mãos, segurava algo, fitei sua palma abrindo-se, exibindo uma bolinha rosada.

 

"É chiclete, pode comer."

 

Eu lhe olhei receoso e por fim, peguei o negocio desconhecido.

 

Não me lembro do sabor, mas acho que era o que chamam de doce.

 

Mas não tenho certeza, pois dizem que mingau também é o que chamam de doce.

 

E aquilo não tinha gosto de mingau.

 

Então eu só resolvi dizer que chiclete tinha gosto de chiclete.

 

E aquilo que Chanyeol chamava de chiclete tinha um gosto bom.

 

"Por que faltou?" Quebrei o silêncio, estávamos sentados atrás de uma picape vermelha, que tinha seus pneus consumidos pelas gramas altas, já que ninguém frequentava aquele lugar proibido.

 

"Por que está perguntando isso?" Observei quando uma bolinha saiu de sua boca, explodindo logo em seguida.

 

"Co-como você fez isso?!" Arregalei os olhos.

 

"Fazendo..." Ele suspirou. "Eu tenho faltado quase que todos os dias nesses últimos sete anos."

 

"Chanyeol! Como você fez isso?!" Refiz a pergunta.

 

"Baekhyun pare de se importar com coisas triviais!"

 

Seus olhos eram sérios.

 

Eu bufei um pouco e cruzei os braços.

 

Entendam, eu só queria saber como havia feito aquilo! Custava me responder?

 

Ele riu.

 

"Não fique emburrado Byun."

 

"Não estou." Protestei. "E não me chame de Byun, você sabe que eu não gosto quando você faz isso."

 

"Ok Baek, me desculpe."

 

Se havia algo que eu nunca esqueceria era a primeira fez que senti o toque de Park Chanyeol.

 

Simples. Leve. Rápido.

 

Seus dedos grandes embrenharam-se em meus fios castanhos.

 

Era a primeira vez que alguém mexia em meu cabelo daquela forma.

 

E era bom.

 

Não como um bom que chamam de mingau.

 

O toque de Chanyeol era como um bom que chamam de chiclete.

 

 

X

 

 

Para minha surpresa, no dia seguinte reencontrei Chanyeol, ele estava sentado ao lado da picape vermelha, segurando algo entre os dedos.

 

Sorri apenas por ver ele parado ali, seu rosto ergueu-se, notando minha presença e sorriu sutil, quase que contente por notar que eu havia "dado as caras".

 

"O que é isso?" Apontei para seus dedos fechados.

 

"Uma borboleta."

 

Perguntei o que era uma borboleta e Chanyeol não soube me responder, disse que era um tipo de inseto e que não iria me explicar o que era inseto, porque eu era muito tagarela e isso o irritava.

 

Fiquei quieto então, apenas observando o bicho em suas mãos, ainda sem acreditar no que via.

 

Tentei toca-la.

 

Ela era colorida, parecia da cor das sombras de olho que minha mãe usava.

 

Minha mãe sempre falava que suas sombras pareciam flores, logo, compreendi que borboletas eram como flores.

 

"Cuidado ou ela vai–"

 

Chanyeol iria brigar comigo naquele momento, disso eu sabia, mas talvez ao ver meu fascínio se calou.

 

"Olha Chanyeol! Ela voa!" Me ergui rápido, sendo imitado pelo ruivo.

 

"Eu sei, eu sei." Ele não parecia afetado, mas ainda assim, estava feliz, enquanto segurava uma florzinha entre os dedos.

 

"Parece que ela está dançando com o vento." Sorri, seguindo a borboleta pelo estacionamento frio.

 

"Suas comparações são interessantes" Ele ergueu-se, seguindo-me com as mãos no bolso.

 

"Chanyeol, eu já sei o que é uma borboleta, uma borboleta é como uma flor."

 

Hoje em dia, eu sei o que é uma borboleta, sei até mesmo espécies delas, é mais inteligente, porém, menos mágico.

 

 "Exceto pelo fato da borboleta voar" ele me corrigiu, mas eu não me importei muito.

 

"Ok então, agora eu sei de verdade o que é uma borboleta."

 

A verdade era que naquele tempo tudo era mais mágico.

 

"Borboletas são como flores que o vento tira pra dançar."

 

Naquele dia o professor faltou.

 

Nós passamos a tarde caçando borboletas.

 

Mas não achamos nenhuma.

 

 

 

X

 

"A felicidade pode ser encontrada mesmo nas horas mais escuras, é só alguém se lembrar de acender a luz"

- Alvo Dumbledore

 

 


Notas Finais


eai? gostaram?

MUUUUITO obrigada a todos que favoritaram e eu já estou indo responder os comentarios do cap passado <3

Eu amo mto todos voces, de vdd, vcs nao sabem o quanto é magico para mim, como autora receber todo esse amor e carinho que voces dão para uma pessoa que nunca conheceram, mas que podem ter ctz, só me trazem felicidade. É a coisa mais digna, perfeita e preciosa essa ajuda e eu estou sem palavras para agradecer por tudo isso, só sei postar mais fics e mais fics como se isso fosse capaz de recompensar cada um de vocês <3

Vocês são INCRIVEIS!

Um imenso obrigada e até amanhã <3

~Moon


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