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História Misfit - Amour


Escrita por: Doublefenix

Notas do Autor


Oiieeee meu bebes <3

mil desculpas pela dmr, estive com uns probleminhas ehuehuehuhe adivinhem quem pegou dengue? ueheuheuheuhueh mdls, parece que as coisas realmente nao estao dando certo para mim esses dias, mas vai dar tudo certo né <3

BOM, voces vao notar duas grandes diferencas nesse cap:

1- Quando fui reler a fanfic, notei que a idade dos filhos do Sr.Kim, estaria supostamente errada, entao editei isso para quando a mulher ainda esta gravida, ok? os antigos leiores vao entender melhor, se vc for um novo leitor, pode ignorar este aviso.

2- A segunda mudanca é nas smss, segundo o SS, é proibido add qualquer tipo de "emotion" nos capitulos, entao, para evitar q a fanfic fosse excluida pela segunda vez, editei a parte das mensagens, que pedir MIL desculpas por isso, eu amava essa parte, achava uma fofura sem fim, mas eu nao posso fazer nada :( me desculpem e espero que possam compreender <3

De qualquer forma, boa leitura.


A sim, as musicas usadas:

1 capitulo- The Sound Of Silence
2 capitulo - The Scientist
neste- Where is the love?

Capítulo 3 - Amour


Fanfic / Fanfiction Misfit - Amour

 

 

 

 

 

 

Capítulo 3- Amour

 

 

"Independente do que você decidir fazer, tenha a certeza de que isso te faz feliz."

- Paulo Coelho.

 

 

Acho que fora no dia quinze de setembro, não lembro-me do ano, que algo realmente memorável acontecera, algo que talvez, vale a pena ser contado.

 

Como eu já disse antes, gosto de narrar apenas o necessário, mesmo que de forma muito patética e simplória.

 

Trivialidades guardo comigo.

 

Eu e Chanyeol estávamos sentados, como sempre próximos à picape vermelha, em silêncio, pois ele gostava de ficar quieto e eu respeitava isso, não gostava, mas respeitava.

 

Hoje posso reparar na quantidade de dias que passei ao seu lado, fossem no terraço ou entre matos altos e mal cortados, acho que frequentávamos muito esses lugares, os lugares que nunca poderíamos ter frequentado.

 

Quando ouvimos um ruído alto, lembro que a primeira coisa que o ruivo fez fora agarrar meu pulso com força e olhar para os lados de forma frenética, assustando-me.

 

Era nosso professor de química.

 

Sr. Kim.

 

Ele não nos vira.

 

Ainda bem, pois não sei o que teria acontecido se ele tivesse nos pego ali, juntos, em uma área isolada do colégio. Provavelmente iríamos para a diretoria novamente e dale chicotadas na pele! Já podia ouvir os estalos ao longe.

 

Mas antes que eu pudesse me manifestar, Chanyeol me mandou ficar quieto, apenas movimentando os lábios, me ergueu pelo pulso e com gestos ordenou que subisse na picape.

 

Lembro que lhe olhei incrédulo, jamais subiria naquilo, mas ele insistiu e disse que ia me bater se eu não o fizesse.

 

Desde aquela época, nunca poderia negar um pedido de Chanyeol, eu só não tinha consciência disso.

 

Subimos na traseira da picape, deitando ali, que era relativamente grande, e o ruivo me puxou para perto de si.

 

Ah, eu me lembro.

 

De seus braços grandes e fortes me segurando, a forma que envolveram-me tão pertinho que eu praticamente enfiei meu rosto em seu peito, com os olhos bem arregalados.

 

Céus! Eu estava grudado nele, literalmente gru-da-do nele.

 

E naquele seu cheiro, e em tudo que ele era, sentindo o corpo que, ao toque, não parecia mais tãããão magrelo assim.

 

"Chany-"

 

"Shh, fica quieto, estamos saindo da cidade."

 

"Desculpa" cochichei "Mas por que-"

 

"Shh." Tapara meus lábios com os dedos, porém, com cuidado.

 

Não falei mais.

 

E ele pediu para eu ficar calado durante todo o percurso, eu não entendi muito, mas me deixei levar, era como se o ruivo pudesse me passar uma segurança.

 

Óbvio que isso era apenas ilusório.

 

Quando chegou a certo ponto ouvimos a caminhonete parar, Chanyeol ergueu seu pescoço e sorriu, o que me acalmou.

 

"Vem, rápido." E antes que eu pudesse reparar ele já havia pulado para fora do automóvel e corria por um local completamente desconhecido.

 

Fiz o mesmo.

 

Não lembro de muita coisa, mas lembro que senti muito medo.

 

Medo de ser pego e levar mais chicotadas.

 

Quero dizer, quem pensávamos que éramos para sair assim? Da escola? Da cidade? Sem permissão de nossos pais, de qualquer um.

 

Literalmente quebrando regras.

 

Simultaneamente, sentia que minhas próprias regras eram quebradas, quero dizer, fazia meses que eu estava conversando ou pelo menos, ficando ao lado daquele garoto que, sem explicação alguma, aparecera em minha vida.

 

E eu não sabia dizer se éramos amigos ou não.

 

Mas gostaria de acreditar que sim.

 

Enquanto corria, ali entre árvores e arbustos desconhecidos, seguindo o garoto de madeixas vermelhas, parei por alguns instantes e vi uma cena a qual eu nunca esqueceria, uma cena que até os dias de hoje esta fixa, perfeitamente guardada em qualquer centímetro de parte de minha mente, de minha memória.

 

Em frente a uma casa colorida, tão diferente de todas as que já havia visto em minha vida, estava meu professor, aquele de química, o senhor levemente distraído.

 

Havia uma mulher também, sua barriga estava grande, muito, muito grande e eu nunca havia visto aquilo.

 

Ela aproximou-se, em passos lentos, e ele, primeiramente, abaixou-se, beijando o barrigão protuberante que céus! Eu havia achado a coisa mais estranha do mundo.

 

E então aquilo.

 

A primeira vez que eu veria aquilo.

 

Eles aproximaram-se rapidamente, e para mim, foram segundos tão longos.

 

Olharam-se nos olhos.

 

E encostaram os lábios.

 

"Baekhyun!" Ouvi meu nome ser chamado, virando o rosto em direção a um Chanyeol extremamente irritado, e sai correndo em direção a voz, sem reluta.

 

Encontrei-o encostado em uma árvore, ele me puxou para perto de si me fazendo prender o ar, escondendo-me entre seus braços.

 

"Idiota, podíamos ter sido pegos!" Gritou, entre sussurros.

 

Olhei para os lados, ignorando meu amigo.

 

Eu queria, eu precisava ver aquilo de novo, meus olhos estavam inquietos dentro das palpébras, eu queria, eu precisava ver.

 

Encontrei o casal, mas eles não possuíam os lábios encostados mais.

 

Lembro-me que eles olhavam para os lados e cochichavam baixo, preocupados.

 

"O que foi, amor?" ela dissera.

 

Amor....

 

Repeti diversas vezes a palavra em minha mente, inundando, pintando as paredes, de uma nova tonalidade...cor secundária formada por curiosidade e admiração.

 

Eu queria tanto saber o porque da mulher ter chamado o Sr. Kim de amor, o porque daquelas palavras terem se desprendido de seus lábios.

 

"Nada... Pensei ter ouvido algo..."

 

"Será? Meu deus, ninguém te seguiu?!" Seus olhos pareciam amedrontados.

 

Eu não sabia o porquê.

 

Mas no futuro eu saberia.

 

"Calma querida, deve ter sido um esquilo, vem, vamos almoçar."

 

Ela parecia mais calma, entre suspiros, e com um singelo sorriso, embrenhou sua mão à do homem, seguindo em direção a casa.

 

Até hoje eu não sei o porquê.

 

Mas toda vez que lembro-me dessa cena, desse singelo ato que acontecera há tantos anos atrás, perdido e ao mesmo tempo tão fixo em minha mente.

 

Sinto uma vontade terrível de chorar.

 

Porque eu via naquele casal algo tão verdadeiro.

 

Eu via felicidade.

 

"Baek." A voz grave de meu amigo arrancara-me de meus devaneios.

 

"Chanyeol, o que foi aquilo?" Me virei para ele, observando o rosto alto.

 

"Aquilo o quê?"

 

"Que o professor e aquela mulher fizeram."

 

Ele me olhou confuso.

 

"Eles... Eles se olharam, e depois..." Levei meus dedos até minha boca. " Juntaram os lábios."

 

Seus olhos prateados se arregalaram um pouco, parecia refletir internamente e tão rápido que eu nem tivera tempo de pensar.

 

"Não foi nada."

 

"Como não?" Olhei sério para ele "Por que ela chamou o Sr. Kim de amor? Por que aquela barriga enorme?"

 

"Por nada, Baek, agora vem, vamos sair daqui." Seus dedos se juntaram em meu braço e ele tentou me puxar.

 

Mas eu estaquei no lugar.

 

"Chanyeol!"  protestei. "Por que você não quer me contar? Está óbvio que você sabe!"

 

"Não é nada que você precisa saber." Deixei ele me levar, enfezado.

 

Saímos daquele lugar, e eu permiti que meus orbes captassem cada parte do cenário diferente e isolado, tão desconhecido. Lembro-me de diversos pedaços de casas, apenas alguns destroços, assim como objetos, coisas perdidas, sujas, velhas e encardidas.

 

Existia um verdadeiro mundo atrás da fronteira, a cerca que dividia nosso país de algo que ninguém sabia do que tratava-se.

 

E ninguém nunca quisera questionar, era assim e pronto.

 

Mas agora que todo esse novo mundo mostrava-se, revelava-se para mim, eu não sei, eu estava confuso, unindo mínimas perguntas e questionamentos dentro de mim, e ainda existia aquilo...o toque dos lábios.

 

Eu permanecia com a cena em minha mente, lembrando-me da forma que tocavam-se, tão...diferente? E com o porquê do ruivo não querer me contar, por quê? Qual era o problema?

 

"Chanyeol" resmunguei baixinho, enquanto ele continuava me puxando por uma estrada de terra desconhecida, com alguns panos, roupas, coisas desconhecidas.

 

Eu só queria sanar minhas dúvidas, entendam e coloquem-se no meu lugar, era um choque de realidade, aquele lugar, aquele tudo, aquele mundo por trás da fronteira, aqueles objetos.

 

Eu só queria uma explicação.

 

"Cale a boca." Respondeu bruto.

 

Lembro que senti vontade de chorar, como se as lágrimas queimassem apenas a pontinha dos olhos, mas fiquei quieto, como sempre ficava.

 

Tinha esse costume, calava-me mesmo, ficava quietinho, bem silencioso pois acreditava que qualquer coisinha que falasse já estaria atrapalhando. Minhas dúvidas, meus questionamentos, guardava, guardo até hoje, comigo, muitas coisas que deixaram de ser ditas.

 

Você poderia olhar para mim e pensar "olha lá aquele bosta", cogitar que eu era alguém bem sério ou apenas mais um "nada" em meio de milhões, mas era mais que isso, algumas inseguranças, alguns mundos, talvez vidas inteiras, eu guardava comigo.

 

Sempre.

 

Lembro também que soltei meu braço da mão de Chanyeol, o puxando com força, escapando de seu toque, que céus! Desde aquela época eu reparava em "seu toque" como se fosse sei lá, a coisa mais normal do mundo e eu a fizesse com todo mundo.

 

Ele me encarou por alguns segundos, mantendo ambos de nós parados em meio aquela estrada, pintada por tons alaranjados do pôr-do-sol que já chegava.

 

Busquei algum tipo de apoio em seus orbes prateados, algo que me confirmasse que ele sanaria minhas dúvidas, caindo nos encantos de alguma carinha emburrada, mas não era o caso.

 

Suspirou e logo voltou a andar pelo caminho barrento, deixando-me ali.

 

E eu?

 

Eu fiquei quieto e o segui, como o bom curioso que era.

 

 

 

X

 

 

Lembro que quando, finalmente, algo entrara em nosso campo de visão, minhas pernas doíam como nenhum treino de educação física era capaz de fazer doer, muito provavelmente pelo sedentarismo, como já disse, eu dormia o dia todo, fosse em casa ou na escola, era normal ficar cansado...

 

Era um lugar grande e parecia abandonado, havia tendas coloridas e um grande arco cheio de carrinhos, algo que eu nunca havia visto antes, tantos tipos diferentes de lugares, pareciam brinquedos, enferrujados e velhos, marcados por sujeiras profundas e negras.

 

Um alto mato verde amarelado e seco da região crescia em volta, tomando conta dos objetos, como se devorasse-os, apagando os traços do que já existira ali algum dia.

 

Fomos aos poucos nos infiltrando, entre as coisas abandonadas, entre tudo aquilo, não lembro de muita coisa para ser sincero, fazem-se tantos anos... e acho que estava tão zangado com Chanyeol que nem prestei atenção no lugar desconhecido.

 

Ele quebrou o silêncio dizendo que chamava-se "Parque de Diversões" e eu ri internamente do nome porque era idiota.

 

Ele me disse que eu podia chamar de "Circo" se quisesse, pois dava no mesmo.

 

Até hoje eu chamo de circo.

 

Deixei com que meus olhos se prendessem em cada barraca que passávamos em frente, cada pedacinho preenchido por cores, mesmo que desbotadas, haviam objetos quebrados aos quais eu não sabia dizer o nome na época.

 

Hoje eu sei.

 

Muitas coisas estavam enferrujadas e fungadas, havia um cheio ruim também, alguns porta retratos quebrados, tantos objetos e uma sensação estranha me consumia, obrigando-me a sentir tontura, uma dor, um pouco de vertigem.

 

Olhei para os lados, notando que não sabia onde Chanyeol havia se metido até tudo tornar-se iluminado.

 

Abri os lábios em surpresa, algumas lâmpadas falharam, mas a maioria havia se acendido e brilhavam reluzentes na noite que chegava, preenchendo todo o local por seu brilho.

 

Pareciam vagalumes, estrelas sob nossas cabeças.

 

Era lindo.

 

Não consigo me lembrar de como Chanyeol ligou as instalações do lugar, mas lembro de suas mãos sujas de graxa quando ele apareceu.

 

"Está melhor assim." Sorriu, aproximando-se de mim.

 

Embora eu não quisesse falar com ele.

 

"É, normal..." Dei de ombros, me afastando.

 

Aquele lugar era perfeito, mas eu não diria isso para Chanyeol, não quando estava puto com ele.

 

Continuamos andando por entre as tendas abandonadas em silêncio.

 

Um silêncio torturante.

 

"Chama-se beijo."

 

Parei de caminhar e virei-me para trás no momento que suas palavras chegaram até meus ouvidos

 

Chanyeol havia sentado-se em um banco, branco e feito em madeiras, encardido e repleto de trepadeiras, ao seu lado, havia um balão já murcho, caído no chão.

 

"O quê?"

 

"O que você viu."

 

Fiquei em silêncio e não me aproximei dele, embora tivesse vontade, muita vontade, aliás.

 

"O que é?" Questionei e sentia que nosso diálogo estava congelado em algum lugar no tempo, em meio aquela paisagem tão destoante de tudo que já vira antes.

 

Tão destoante de nós.

 

Ele suspirou.

 

"É o tipo de coisa que duas pessoas fazem quando se amam."

 

Se amam...se amam...

 

Se amam.

 

"Por que você não queria me falar o que era?"

 

"Porque você não precisa saber o que é isso." Murmurou simples.

 

"Por que não?"

 

"Porque não, agora chega ou a gente vai embora." Respondeu sem paciência.

 

E eu senti que tinha esse efeito sob ele, deixa-lo desconcentrado, um pouco pensativo, irritado, incomodado comigo.

 

Fui andando em passos lentos até o ruivo, e sentei-me ao seu lado, no banco perdido em meio ao nada.

 

Chanyeol permanecia com os cotovelos sobre as próprias coxas, curvado, apoiando o rosto sob as mãos e eu deixei apenas uma perna em cima do banco enferrujado, abraçando-a.

 

"Por que você sempre age assim?" resmunguei, quase que ronronando "Nunca quer me contar nada."

 

Suas íris prateadas voltaram-se a mim, mas não eram apáticas, muito menos ferozes, assassinas ou qualquer um das opções frias que Chanyeol conseguia ter.

 

Eram carregadas de...medo?

 

"Eu só quero te proteger."

 

Meu peito inundou-se em um conforto não característico, um calor bom.

 

Respirei o ar gélido notando que o sol se punha no horizonte da terra perdida, tão distante e tão próximo, assim como um certo alguém...

 

"De quê?"

 

Ele também respirou fundo.

 

E suas palavras saíram pesadas pelos sentimentos que carregavam.

 

"De mim."

 

Lembro que olhei para o ruivo, enquanto apoiava meu próprio rosto sob o joelho.

 

Ele também me olhou, com aqueles orbes prateados iluminados pela luz alaranjada do pôr-do sol, tão bonitos...

 

"E você consegue fazer isso?"

 

Ele riu.

 

Mas eu apenas vi tristeza em seu olhar.

 

"Acho que não."

 

 

 

X

 

 

 

Ele, digo, ele, levou-me em vários brinquedos, e embora a maioria não funcionasse, fora até que divertido.

 

Acho que porque todos nós idealizamos tipos diferentes de diversão, tem aqueles que divertem-se com muito, aqueles que divertem-se com pouco e aqueles que nem divertem-se com nada.

 

No meu caso, na época, na beira de meus quinze anos, e dos quatorze que possuía o mais alto, eu não sabia muito bem o que era diversão, não possuía essa noção de grandeza ou profundidade de um sentimento bom dentro de mim, então alguns brinquedos velhos, acompanhados de sorrisos acanhados e protestos medrosos seriam o que eu denominaria de tarde perfeita.

 

Boa parte do tempo resumia-se em eu perguntar a Chanyeol o que era cada coisa ali, ele apenas respondia de forma simples e dizia que não ia falar mais, pois eu perguntava muito, falava muito e aquilo lhe irritava de verdade.

 

Eu nunca entendi o porquê dele não falar mais, talvez algo, uma força interior o impedisse, nunca descobri, de fato, do que tratava-se.

 

Dentre todos os brinquedos, fomos a um ao qual ele chamara de "Pescaria".

 

Havia peixes de plástico e eu lhe questionei o porquê de não serem peixes de verdade.

 

Ele disse que peixes de verdade morreriam ali.

 

Eu não entendi.

 

Afinal, os peixes de plásticos estavam teoricamente mortos também.

 

"Eu quero brincar nesse." peguei uma das varas.

 

"Não tem água, Baek." ele me contrariou.

 

"Não tem problema, a gente imagina."

 

 

 

X

 

 

"Chanyeol, quando você vai se casar?"

 

Estávamos ambos sentados lado a lado, sob a caixinha enferrujada e que balançava sem parar, causando um ruído desconfortável do ranger, enquanto eu permitia que o vento frio esvaziasse meus pulmões.

 

Eu não sabia de onde viera o assunto, muito menos a vontade de perguntar aquilo, enquanto apertava, entre meus dedos gelados e doloridos um ursinho sujo e rasgado, que em alguma outra vida já havia sido amarelo.

 

Chanyeol havia me dado a pelúcia na barraca de tiro ao alvo, ele disse que era brincadeira e que eu não devia ficar com algo estragado como aquilo.

 

Mas eu não me importei.

 

Só o fato de ele ter me dado o ursinho já o tornava a coisa mais especial do mundo, Chanyeol nunca havia me dado nada e olha...eu não acreditava que daria algo algum dia.

 

 "Eu não vou me casar, Baekhyun." Respondeu após um tempo.

 

O céu já encontrava-se escuro, e eu, de soslaio, observava seu rosto de perfil, a forma que a pele clara era pintada por todo aquele breu, iluminado por pouquíssimas luzes que ele mesmo fizera questão de ligar.

 

E os olhos não estavam fixos em mim, perdidos em algum lugar, distantes da minha presença, e é engraçado dizer, droga, eu queria a atenção dos mesmos!

 

"Mas... A Sandara não é sua noiva?"

 

Ele suspirou, o círculo grande e giratório fazia aqueles barulhos ruins, como se fosse cair a qualquer minuto.

 

Não sabíamos o nome.

 

Fora a primeira coisa que Chanyeol não soube me dizer o que era.

 

"E daí? Eu não amo ela, fora que esses casamentos são só de fachada, maior baboseira."

 

Eu podia olhar todo o circo de cima, pela janela, enquanto absorvia suas palavras, notando como era alta a distância até o chão, eu estava com medo, mas Chanyeol estava ali.

 

Então acho que estava tudo bem.

 

"Por que você não a ama?" Questionei.

 

"Você ama a sua noiva?" 

 

As luzes abaixo de nós se refletiam em seus olhos claros como nuvens no momento em que pousaram sob minha pessoa, pregando-se a meus orbes castanhos que de lindos não tinham nada.

 

Franzi o cenho despreparado para sua pergunta, pensei em Taeyeon, ela era bonita e gentil, mas eu a amava?

 

"Acho que sim." Sussurrei.

 

Ele riu baixo mas não havia soado como um riso, era mais um resmungo, veja bem, eu não me lembro, só sei que ele me fitou sério e com mais uma de suas perguntas me desarmou.

 

"Por quê?"

 

"Ah..." Tive de pensar muito. "Eu não sei, ela é gentil e bonita."

 

"Tá, mas por que você a ama?"

 

"Chanyeol, como assim ama? Amando, ué."

 

Respondi de forma simples algo muito mais que complexo.

 

Ele ergueu uma das sobrancelhas, meio chocado, tentou pronunciar algumas palavras mas nada saiu de sua boca.

 

"Você não sabe o que é amar alguém, Baekhyun."

 

Suas palavras foram como um tiro certeiro em meu peito.

 

Ele se ergueu do banco assim que a caixinha parou de se mover, descolando seu corpo do meu e era como se a cena do terraço se repetisse em minha mente.

 

Fora involuntária a forma em que segurei seu braço, o prendendo ali.

 

Eu não podia deixá-lo ir embora, não de novo.

 

Mas ele se soltou, caminhando rápido para a saída do lugar, e eu não pensei duas vezes antes de colocar-me de pé, sentindo meus quilos de moletons pesarem demais, enquanto puxava comigo aquele meu ursinho sujo e fedorento.

 

Ele tem o mesmo cheiro até hoje...conseguem acreditar?

 

"Chanyeol!" Gritei.

 

Mas nem me ouviu.

 

"Chanyeol!!" Clamei novamente.

 

 "Hm?" Ele girou o corpo sob os calcanhares, parando em meio aquele mato negro, apenas sua figura e mais nada.

 

Parecia bravo, os lábios estavam fechados, as sobrancelhas comprimidas, e eu, estranhamente, o achava muito bonito daquela forma.

 

"Eu não sei o que é, mas você pode me ensinar, não pode?" Sorri de leve para ele, aproximando-me lentamente, agarrando seu braço parado.

 

"Ensinar o quê?"

 

"O que é amar alguém" completei.

 

Lembra-se que contei que naquela época era tudo muito mágico? Ah, deus, eu nunca soube o significado de minhas palavras quando pedi aquilo a Chanyeol, eu era tão inocente, tão ingênuo.

 

É engraçado dizer que às vezes o ouvinte entende muito mais a frase do que o próprio falante.

 

Lembro que seus olhos cinzas percorreram tudo que eu era, por fim, ele mordeu os lábios de leve e puxou seu braço de volta, querendo se afastar.

 

"Não."

 

Chanyeol estava muito burro aquele dia, eu pensava.

 

Já era a terceira coisa que ele não sabia me explicar!

 

"Que que é Chanyeol?!"

 

Gritei com ele, gritei mesmo. Não havia problema, estávamos sozinhos.

 

"Primeiro a borboleta, depois o círculo gigante e agora isso?!"

 

"Quê?!" Ele me fitou confuso.

 

"Você não está sabendo me ensinar mais nada!" protestei, o deixando ainda mais confuso. "Por quê você não pode me ensinar a amar alguém?"

 

Silêncio.

 

Um suspiro longo e profundo saiu de seus lábios, hoje eu compreendo suas palavras, na época, entraram por um ouvido e saíram pelo outro.

 

"Porque isso não é uma boa lição, Baek."

 

Pensei por alguns instantes no que ele dissera e fui a sua direção em passos lentos, vendo a fumaça de ar densa que se formava de minha respiração.

 

"É tão difícil assim?"

 

Ele pensou também, até mais que eu.

 

"É... É bem difícil."

 

"Mais difícil que química?"

 

Ele riu.

 

"Bem mais difícil que química."

 

"Eu queria saber... Nem que fosse o mínimo." Segurei em seu casaco com sutileza.

 

Minha mãe sempre dizia que quando queria algo ela fazia pedidos fofos para meus avós.

 

Eu nunca fora fofo, mas naquele momento eu tentei.

 

"Chany, me ensina a amar, por favor."

 

Ele abriu os lábios de leve, deixando que as esferas pratas se fixassem em mim, cada parte do meu rosto próximo ao seu, imerso naquele cachecol felpudo, e o nariz que coçava vermelho pelo frio.

 

E ele ficou tão envolvido naquele olhar...eu também, percebendo a forma que piscava lentamente, tanto tempo mas tanto tempo...

 

E então ele tragou saliva.

 

Seus olhos fecharam-se e mãos trêmulas afastaram-me de si.

 

Ele estava com medo.

 

Atualmente eu sei o porquê.

 

"Desculpa, e-eu não sou bom nessa matéria."

 

E então o ruivo virou-se, indo embora.

 

Em um último suspiro, e me perguntando mentalmente se eu era fofo ou não, segui Chanyeol pela saída do circo.

 

Naquele dia, ele não me ensinou o que significava amar alguém.

 

Mas não tinha problema, ele ensinaria mais tarde.

 

 

 

X

 

 

Na última semana de setembro Chanyeol passou todos os dias comigo.

 

Eu não precisava procurar-lhe, ele aparecia.

 

Durante a aula, vez ou outra, ele me encarava, com aqueles olhos prateados, tão lindos.

 

Eu o encarava de volta.

 

E então ele ria.

 

E eu lhe olhava indignado.

 

E ele mostrava a língua para mim, rindo daquele jeito largadão, as pernas jogadas sob a carteira e os fios vermelhos que já cresciam novamente.

 

E depois eu lhe mostrava de volta, tímido por estar fazendo aquilo no meio da aula.

 

Então ficávamos sérios pois o professor podia ver e aí estaríamos encrencados.

 

Taeyeon parecia mais distante em alguns dias, eu reparava que ela insistia em falar sobre um novo seriado de TV ao qual não me importava muito.

 

Eram todos iguais, afinal.

 

No dia em que voltei do parque, digo, circo, perguntei para minha mãe o que era amar alguém e se ela amava o papai.

 

Assim como Chanyeol, ela não me disse o que significava.

 

Só disse que amava meu pai.

 

Então eu perguntei para minha avó, ela também não sabia.

 

Meu pai também não.

 

E a vizinha, amiga de minha avó, muito menos.

 

O marido da vizinha, o tio do bar, até minha empregada, nenhum soube responder.

 

Mas todos me disseram que amavam uns aos outros.

 

Porém, nenhum me falou, de fato, o que era.

 

Lembro que percebi naquele momento que as pessoas eram complicadas.

 

Era muita gente amando sem saber o que era amor.

 

 

 

X

 

 

 

"Eu quero voltar pro circo Chanyeol"

 

Eu mexia em meus dedos finos naquela manhã de domingo.

 

Eles estavam um pouco mais finos que o normal pois eu não havia me alimentado direito.

 

Por algum motivo a escola só estava servindo mingau e eu não comia mingau, era nojento, sério, vocês não tem noção, fora que Chanyeol também não comia, e eu, involuntariamente gostava de fazer o que ele fazia. Hoje, penso sobre tudo isso e tantas coisas que aconteceram naquela época e noto que...eu era como um quadro em branco, e ele uma tinta, aliás, varias tintas e que, aos dias que se passavam naqueles meses juntos, manchava-me cada vez mais.

 

Com sua cor, seu cheiro e seus olhos prateados.

 

"Mas eu não." Resmungou.

 

"Vamos para outro lugar então." Suspirei, vendo que ele parecia me ignorar. "Chanyeol!"

 

"Oi." Virou-se para mim irritado, abraçando os joelhos.

 

Naquele domingo ele parecia estressado, seus machucados do rosto estavam piores do que na maioria das vezes, e os roxos pintavam cada partezinha ao redor de seus orbes tão lindos.

 

Levei meus dedos até ali mas não apertei sua pele, apenas deslizei o polegar de leve contra seus lábios rachados, também machucados, querendo, de uma forma muito idiota, curá-lo.

 

"Onde você fez isso?" Sussurrei baixinho uma dúvida que já possuía há tempos.

 

"Não te interessa." Seus olhos fecharam-se com os carinhos, sérios.

 

E ai eu acho que suspirei, voltando ao meu lugar, tirando a mão de seu rosto.

 

Naquela tarde eu não falei mais com Chanyeol e ele também não me contou mais nada de novo.

 

Ficamos apenas em silêncio.

 

Havia dias assim, ele se sentava do meu lado e não falava nada, se eu falasse alguma coisa ele respondia com "hm" até eu me cansar de perguntar, e então ficávamos ambos em silêncio.

 

Eu respeitava sua falta de palavras, porém, no começo isso me irritava.

 

Pois, às vezes, ele aparecia e falava muito, sem parar, sobre teorias secretas do governo, ou segurando com algum objeto censurado, contando-me mais sobre o mundo.

 

E, às vezes, quando eu tinha vontade de falar ele simplesmente não me ouvia, ficava ali parado, de olhos fechados, e me ignorava.

 

Eu detestava isso em Chanyeol.

 

Hoje penso que ele podia nunca me ouvir nesses momentos, mas ele sempre estaria ali para mim.

 

Do lado direito da picape vermelha.

 

 

 

X

 

 

 

Chanyeol entregou-me um aparelho censurado no comecinho de outubro.

 

Disse que era um celular.

 

Eu não entendia muito para que ele servia, na verdade, pensando hoje, nunca entendi muito das coisas, mas era curioso pra caramba e só isso já bastava, podia não saber muito sobre um celular, mas tinha conhecimento que ele enviava mensagens e fazia ligações.

 

Esse último recurso ele disse que eu não podia usar, falou que era proibido e também ordenou que eu não mostrasse para ninguém o aparelho, eu concordei meio em contragosto, mas concordei.

 

O ruivo tinha um igual, e me explicou que cada um daqueles celulares possuía um número, o que demorou um pouco para eu entender.

 

Mas no final do dia eu já sabia passar uma mensagem para Chanyeol.

 

No caminho para casa, eu ria por que Chanyeol havia me passado uma mensagem com uma carinha no final.

 

No caminho de casa, minha mãe me mandou botar o cinto.

 

No caminho de casa, minha mãe esqueceu-se de por o dela.

 

No caminho de casa, minha mãe bateu o carro.

 

Meu celular salvou-se, ela não.

 

Naquela noite eu chorei.

 

Chorei muito.

 

E eu não entendia porque eu chorava.

 

Eu já havia chorado antes mas em todas as vezes era por algum machucado, um joelho ralado, sabe? Essas coisas que aprontamos por ai, bater um dedinho na quina, a perna na escada.

 

Aquela fora a primeira vez que eu chorei por algo que não havia me machucado de verdade.

 

Mas doía da mesma forma.

 

Chanyeol mandou-me uma mensagem dizendo que era porque doía por dentro, eu não entendi, também não entendi o que significava "meus pêsames".

 

Mas não perguntei.

 

Eu sentia vazio-me, meu pai e minha avó estavam normais.

 

Eu não entendia como.

 

Como era possível.

 

"É o ciclo da vida querido" minha avó me falou.

 

Eu queria gritar.

 

Eu queria fazer algo.

 

Mas eu não podia fazer nada porque eu não sabia o que fazer.

 

Naquela época eu não sabia o que era perder alguém, nunca nada excepcional havia acontecido em minha vida, eu passara meus dezesseis anos fazendo coisas aleatórias ou dormindo, era tão...era um desperdício.

 

Então eu decidi fazer a única coisa que senti que devia fazer.

 

Dormir.

 

Meu braço doía, e minha perna estava enfaixada devidos os cortes do acidente.

 

E ainda assim, eu não sentia doer ali, doía no peito, uma dor muito doida mesmo, uma falta de ar.

 

Deixava-me irritado, bem mais irritado do que saber que Sandara não gostava de mingau.

 

No dia seguinte faltei na aula.

 

Mas Chanyeol me mandou uma mensagem.

 

[Sei que é difícil para vc, mas... Se servir, eu to aqui]

 

Eu demorei para responder porque havia esquecido como localizar os contatos.

 

[Dói]

 

[Isso é amar alguém Baek, se você perde alguém que você ama, você fica mto triste]

 

[Eu não quero amar, Chanyeol]

 

[Eu também n... Mas às vzs é impossível]

 

[Pq? Pq eu não posso fechar meus olhos para tudo isso? Me diz, me diz pq n]

 

[Você pode fechar seus olhos para o q n quer ver Baek, pode fechar seus ouvidos para o q n quer ouvir e fechar a boca para o que não quer falar, mas você não pode fechar seu coração para o que não quer sentir]

 

Na hora não pensei muito nas palavras de Chanyeol, e depois não me lembro o que aconteceu.

 

Aé, depois eu dormi.

 

Eu gostava de dormir, porque eu sonhava.

 

E meus sonhos eram sempre melhores que a realidade.

 

Em meus sonhos minha mãe estava ao meu lado, todos sabiam o que era amor e Chanyeol não faltava nas aulas.

 

Nos meus sonhos, Chanyeol estava sempre ali para mim.

 

 

 

X

 

 

 

Na semana seguinte ao enterro de minha mãe, Chanyeol passara o dia todo ao meu lado.

 

Sei que pode parecer cruel o que direi agora, mas acho que ficara minimamente feliz com aquilo.

 

O acidente havia feito o ruivo me dar uma atenção a qual eu nunca havia recebido antes, quero dizer, quem diria que o garoto excluído e com fama de assassino da escola estaria me mandando mensagens todos os dias e perguntando se eu estava bem, se estava comendo direito.

 

Parecia até preocupado comigo ou sei lá.

 

Ele me encarava durante a aula e movia os lábios de uma forma que sabia que eu ia entender.

 

Também não era difícil, pois ele sempre perguntava a mesma coisa.

 

"Está tudo bem?"

 

Eu não respondia, pois não tinha lábios bonitos como os dele.

 

Então só maneava com a cabeça, dizendo que sim, estava tudo bem.

 

No intervalo, ele tentava contar alguma piada, zoar os professores ou dizer o quanto achava mingau ruim e que comidas censuradas eram muito melhores, apenas para me animar ou arrancar alguns risos de minha boca, a qual ele dizia que era pequena e fofa e que meu sorriso pareciam duas presinhas de gato.

 

Eu achava ridículo e completamente desnecessário, mas tinha noção que dizia aquilo apenas para que eu desse um pouco de risada, ainda afetado pelo...acidente.

 

E assim foi-se passando meu mês de outubro.

 

Trocávamos mensagens o dia todo, e eu gostava disso, parecia que Chanyeol se soltava mais durante as conversas digitais.

 

[Chanyeol, o quê é bacalhau? Minha avó falou essa palavra mas eu n sei o que significa]

 

[É um tipo de peixe]

 

[Hm, é tipo sardinha?]

 

[Não muito... Mas é por ai]

 

[Bacalhau é um nome tão engraçado kkkkkkk n sei, bacalhau kkkkk vc n acha?]

 

[Vc repara em cada coisa kkkkk ah sei lá, mais ou menos]

 

[Chanyeol... Poe a carinha daquela última vez]

 

[Ai n baek]

 

[Pfvr]

 

[~carinha com linguinha~ ]

 

[Que fofin]

 

[Kkkk agora chega]

 

[Seu chato]

 

[Me responde ]

 

[ Chanyeol... pfvr]

 

[Tá bom, eu vou para de encher vc]

 

[Boa noite chany]

 

[Dorme bem e ate amanha ]

 

[Se for faltar, n se meta em encrencas]

 

[Bons sonhos, do Baek]

 

[Eu te chamei de Chany... Tá tudo bem com isso?]

 

[Vc n vai responder mesmo?]

 

[Tá tudo bem]

 

[Finalmente!! ]

 

[Boa noite Baek]

 

[Boa noite!!! ]

 

[E... Até amanhã]

 

[Isso quer dizer q vc vai né? Se vc n for eu vou bater em vc]

 

[N sei se vou]

 

[Hm, se prepare para apanhar, brincadeira, vc sabe que eu n faria isso]

 

[Isso é obvio, agora me deixe dormir]

 

[Ok, mas me diz boa noite direito]

 

[Já falei boa noite]

 

[Direito]

 

[Boa noite baek, até amanhã, se cuida, dorme bem, bons sonhos, oq mais vc quer?]

 

Lembro-me que me irritei, frustrado.

 

Custava ele dar um “boa noite” mais... Sentimental?

 

Obviamente que naquela época eu era retardado que fazia exigências demasia em cima de um pobre coitado a quem eu chamava de "amigo".

 

[Boa vontade Chanyeol, mas tudo bem, vai dormir logo]

 

Sua resposta chegou depois de uns dez minutos, eu já havia caído no sono, mas a luz do aparelho celular fora capaz de me despertar.

 

E dessa vez não era uma mensagem.

 

Assustei-me com o objeto tremendo e rapidamente me sentei na cama, apertando qualquer botão.

 

Lembro que meu coração batia forte e quase parou quando ouvi a sua voz.

 

"Baek?"

 

"Cha-chanyeol? O que é isso?" Eu precisei cochichar, pois todos já dormiam.

 

"Te liguei pra dizer boa noite."

 

"Meu deus, você não podia fazer isso por mensagem? Quase cai da cama de medo."

 

"Desculpa." Ele riu.

 

E eu vi como ficava bonita a sua voz no silêncio da noite.

 

"Ta tudo bem... Só me avise quando for fazer isso." Voltei a me deitar no colchão, cobrindo-me com os edredons felpudos.

 

"Ok... Bom... Bo-boa noite."

 

"Você gaguejou." Eu ri baixinho.

 

Lembro que me cobri até o nariz e fingi que o ruivo estava ali comigo, debaixo das cobertas.

 

"E-ei, essa é fala é minha."

 

Fechava os olhos enquanto ouvia sua voz naquele silêncio, era tão mágico que eu podia sentir, sabe? Sua presença ao meu lado.

 

"Somos melhores amigos, então o que é seu é meu."

 

Um silêncio se fez presente por alguns instantes.

 

Eu tinha pensado que ele havia desligado.

 

Hoje acho que ele só não havia se conformado com minha frase.

 

Ou talvez com tudo dito nela.

 

"Chanyeol?"

 

"É."

 

"Aconteceu algo?"

 

"Não... Bom, tchau."

 

Lembro que fiquei enrolado em minha resposta, mas resolvi brincar um pouco.

 

A verdade era que eu não queria desligar.

 

"Direito Chany."

 

Mas ele já havia desligado.

 

Naquela noite meu peito doeu de novo.

 

Na semana passada Chanyeol me dissera que aquela dor é amor.

 

Eu achei estranho e fui falar com a minha vó.

 

Ela disse que dor no peito é infarto.

 

Chanyeol não me mandou mais mensagens, embora eu aguardasse por elas.

 

Na calada da noite eu chorei baixinho, agarrado no travesseiro.

 

Eu não entendia o que estava acontecendo comigo, e porque doía tanto.

 

Passei todas as horas daquela madrugada desejando que aquela dor no peito fosse infarto.

 

Porque eu não queria que fosse amor.

 

 

 

X

 

"Nunca deixe uma alma no mundo te dizer que você não pode ser exatamente quem você é"

- Lady Gaga


Notas Finais


eai? gostaram?
desculpa a dmr pessoal <3
e desculpa pelas mudancas, msmo T^T

ate o proximo meus anjos e já estou indo responder os coments ><

~Moon


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