1. Spirit Fanfics >
  2. Misfit >
  3. O Quão Terrivelmente Lindo É

História Misfit - O Quão Terrivelmente Lindo É


Escrita por: Doublefenix

Notas do Autor


Oiee! ~brota~

Estou trazendo mais um cap, com um super atrasado pq gente, tipo, eu tenho um trabalho enorme do curso pra fazer, passei a madrugada fazendo isso, eu to tipo, mdls, DERROTADA, serio.

Isso pq ainda tenho que ficar de "repouso", ai olha, quero tirar férias da vida euheuheuheuheuhe

De qualquer forma, fiquem com mais Misfit!

Vejo vocês nas notas finais > . <

PS- oucam na parte da musica: Tears In Heaven- Eric Clapton

Musica da capa- Fix You- Coldplay

Capítulo 7 - O Quão Terrivelmente Lindo É


Fanfic / Fanfiction Misfit - O Quão Terrivelmente Lindo É

 

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 7- O Quão Terrivelmente Lindo É

 

 

 

"Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas"

-O Pequeno Príncipe

 

 

 

 

No começo de abril, não sei dizer com precisão quando, Chanyeol fora pela primeira vez em minha casa.

 

 Eu não avisei meu pai nem minha avó, pois não queria que eles o conhecessem.

 

 Na época, eu desconhecia o motivo, hoje, chego a conclusão que talvez eu tivesse medo de que eles vissem Chanyeol e o achassem diferente.

 

 Um diferente legal.

 

 Um diferente que apenas eu tinha o direito de achar.

 

 "Chanyeol....o que você vai fazer da vida?"

 

 Lembro-me que estávamos ambos a caminhar lentamente até minha residência, os pés afundavam no branco pesado abaixo de nossos pés.

 

 As ruas estavam vazias, tão acinzentadas e opacas, como sempre estiveram, e a neve caía baixa por nossos cabelos.

 

 Talvez hoje goste muito de lembrar-me destes momentos banais onde podíamos andar lado a lado na rua, e era tudo tão calmo...

 

Era tudo tão parado.

 

 Ele se remexeu no capotão negro, talvez com frio, talvez com medo de responder.

 

 "Como assim?" Sua voz soava rouca, porém levemente animada em meio a uma nova possível gripe.

 

 Meus pés cortavam o chão levemente molhado enquanto eu variava meus olhos questionadores entre o ruivo e a rua coberta de árvores secas.

 

 "Da vida ué, você vai se casar quando? Vai fazer faculdade do que?" Ri sem piadas.

 

  A resposta não me chegou na hora.

 

 Acho que tive de esperar muito, aliás, muito mais que minha impaciência adolescente me permitia.

 

 Antigamente, tudo demorava, pois minha alma possuía uma fome de réplicas que não conseguia se findar facilmente com meias refeições.

 

 "Acho que nada... e você?" Suspirou, esvaziando a fumaça de seus pulmões.

 

Continuamos a caminhar, por mais que meu cenho franzido se fizesse na testa.

 

 "Como nada?"

 

Fitei-lhe, mas seu perfil permanecia voltado para frente, como se pensasse em algo.

 

Mas não importava, pois acho que eu pensava muito também.

 

 "Nada que me interesse, nada que te interesse, nada que combine comigo, nada que você ache que combina comigo."

 

 Encarei sua face pálida em meio ao dia gélido.

 

 E fiquei quieto.

 

 Porque por mais confusa e incompleta que fosse sua frase.

 

 Eu entendi.

 

 "Eu acho que vou fazer medicina." murmurei baixo.

 

 Ele ficou calado por alguns minutos e depois se manifestou.

 

 "Deve ser interessante ter a vida em suas mãos."

 

 Suas palavras entraram por meus ouvidos e rondaram ali, tentando entrar em minha mente também.

 

Mas ficaram presas, abelhinhas zunindo, mas que não penetraram nenhum tipo de colmeia.

 

 "Quê?"

 

 Silêncio.

 

"A vida dos pacientes em suas mãos, não acha?"

 

 Pensei por alguns instantes, até porque, nem eu mesmo sabia de onde havia tirado a vontade de falar que ia fazer medicina.

 

 E eu lá gostava de medicina?

 

Não sei, nem sabia o que era medicina.

 

Naquele momento me achei meio louco, hoje sinto que se parasse para pensar em todos meus pensamentos, todos os dias e todos os mementos de minha vida, teria certeza disso.

 

 Talvez por ser algo difícil.

 

 Talvez por ser algo que todos quisessem fazer.

 

 Medicina.

 

"É né.....salvar eles da morte, deve ser bem legal." Falei sem refletir muito.

 

 Ele riu de leve.

 

 "Você não está salvando eles da morte, só está prolongando suas vidas mais um pouco."

 

 Lembro que voltei a refletir enquanto o ar congelante descia-me a garganta.

 

 Chanyeol falava cada coisa interessante.

 

 "Seria bom se as pessoas não morressem."

 

 Fora o máximo que pude falar, porque, veja como eu, era um assunto desagradável.

 

 Em uma rua desagradável.

 

 Com um clima desagradável.

 

Mas ele não era desagradável, não, realmente não era.

 

 "Uma hora ou outra tudo morre, tudo acaba, você pode odiar essa fato, mas ai você estaria odiando a própria vida."

 

 Traguei o ar com força.

 

 Nosso corpo nunca está preparado para certos assuntos.

 

Acho que é terrível aceitar a verdade.

 

Qualquer tipo.

 

Mas ao mesmo tempo...tão gratificante.

 

É o tipo de coisa que odiamos fazer, mas continuamos fazendo e fazendo e fazendo.

 

Como contar esta velha história para vocês, me desagrada, eu a odeio, e quero que vocês odeiem também, mas é tão impossível.

 

Eu tenho essa necessidade, e sinto que só talvez, vocês tenham também.

 

De contar umas verdades.

 

Mas acho que funciona dessa forma, as melhores histórias são aquelas que contam o que já sabemos.

 

 "Eu não odeio, é só que....me assusta."

 

 Ele tragou saliva antes de continuar seu discurso que, quase sempre, era abstruso.

 

 "Se te assusta deve ser algo bom de fazer."

 

"Eu acho que não entendo."

 

 Viramos a esquina.

 

 "O quê?"

 

 E minha casa ainda estava longe.

 

 Mas não havia problema.

 

 Existiam palavras suficientes para cada centímetro de chão frio.

 

 "O sentido da vida." Murmurei.

 

 "Acho que algumas coisas simplesmente são feitas para não terem sentido."

 

 "Por quê?"

 

 Seus olhos pratas encontraram-se com os meus que definitivamente não eram prateados mas talvez fossem bonitos como.

 

Ou não, é, definitivamente, não eram.

 

"Um dia Baek, os humanos vão descobrir tudo, tudo mesmo, o porquê de todas as coisas."

 

Suspirou.

 

"E o que é a morte, se não uma eterna curiosidade sem respostas?"

 

Silêncio.

 

Pensei muito, sim, e ai eu pensei muito porque fui obrigado a vasculhar os confins e fundos de gavetas de minha alma, atrás de um moletom velho que pudesse findar o assunto.

 

Mas acho hoje, que demorei demais, ou que tal moletom nem existisse.

 

Não naquele momento.

 

 Lembro-me que me calei porque havíamos chegado à rua de casa.

 

 Mas o assunto permanecia a tagarelar dentro de mim.

 

 "De onde você tirou tudo isso?"

 

Meus olhos estavam presos aos dele.

 

 "Acho que já nasci assim."

 

"Assim como?"

 

"Inconformado."

 

Eu ri baixinho.

 

 Ele riu também.

 

 Acho que eu e Chanyeol já havíamos nascido daquela maneira, ou talvez, com eu tempo eu pude me moldar a ele.

 

Ele e sua forma de já ter nascido inconformado.

 

 "Eu gosto." Murmurei.

 

Seu riso se findou, mas as poucas palavras ainda soavam divertidas.

 

 "Do quê?"

 

 "De você."

 

Silêncio.

 

Seu rosto misturou-se em surpresa, e seriedade.

 

Naquele momento eu pensei que havia falado algo muito errado.

 

Embora fosse apenas verdade.

 

Seu braço veio em minha direção e eu tinha certeza que ele ia me bater.

 

Mas Chanyeol apenas repousou-o acima de meus ombros e me puxou para perto de si, unindo os corpos, de forma que fora impossível não sentir aquele frio desconhecido e um enfarto que se manifestava baixinho no peito.

 

"Seu idiota."

 

Eu lembro que ri baixinho das palavras sussurradas apenas para mim.

 

Naquele momento eu senti que Chanyeol era como aquela rua comprida.

 

Que eu não sabia ao certo onde terminava, mas insistia em caminhar por ela.

 

 

 

X

 

 

Nem meu pai nem minha avó estavam em casa.

 

Obviamente que fora proposital da minha parte, mas eu disse à Chanyeol que não fazia ideia de onde eles haviam se metido.

 

Subimos para meu quarto, que era tão branco quanto toda a casa, após tiráramos os tênis, e ele fora em direção de minha cama enquanto eu trancava a fechadura.

 

Recordo-me de seus olhos prateados atentos, observando o nosso redor, que não possuía graça alguma, na verdade, era terrivelmente apático.

 

"Bom, e é aqui que eu me escondo." Me sentei ao seu lado na cama, afundando os edredons macios e clarinhos.

 

Naquele momento as palavras morreram em minha garganta porque eu não sabia o que falar ou fazer.

 

E isso me deixava impotente, pois parecia que Chanyeol sempre sabia o que falar ou fazer.

 

Encarei o chão, as paredes, e estava tudo tão silencioso que chegava a ser desagradável, poxa, eu queria me divertir com ele! Mas parecia que não existia nenhum tipo de diversão onde vivíamos.

 

Nenhum tipo de vida.

 

"Quer....fazer alguma coisa?" Olhei para ele, envergonhado.

 

Ele retribuiu o olhar de uma forma levemente misteriosa.

 

Chanyeol tirou seu celular do bolso, mexeu em alguns botões, e logo uma música desconhecida começou a tocar.

 

O som me inundou os ouvidos e eu não possuía tanta experiência com musicas, apenas algumas que todos conheciam e eram sempre iguais.

 

Por isso estranhei.

 

"O que é isso?" Apontei para a fonte.

 

"Eric Clapton."

 

"Ata." Eu lembro que lhe respondi, embora não soubesse de quem se tratava.

 

Acho que ele também sabia que eu não sabia.

 

 

"Would you know my name (Você saberia meu nome)

If I saw you in heaven? (Se eu te visse no céu?)"

 

 

A melodia era melancólica e me causava certo desconforto, quero dizer, tão lenta e diferente das normais.

 

"Chanyeol...essa música é triste." Murmurei calmo, levemente já frustrado.

 

"Eu sei."

 

Fiquei quieto.

 

 

"Would it be the same ( Seria o mesmo)

If I saw you in heaven? (Se eu te visse no céu?)"

 

 

A letra amarga me fazia pensar na nossa conversa de horas atrás.

 

Acho que naquele momento eu também fiquei triste como a própria musica.

 

Será que era assim? As músicas eram capazes de alterar nossas notas internas?

 

Eu nunca havia sentido nada...

 

Lembro-me que encostei-me na parede branca de meu quarto, ao lado de Chanyeol, apoiando minha cabeça em seu ombro, sentindo o capotão pesado que usava.

 

Porque devia ser ali que eu queria ficar.

 

 

"I must be strong (Eu preciso ser forte)

And carry on (E continuar)"

 

 

 

Achei que a letra falava sobre alguém que morrera, sem motivos, apenas achei.

 

Morte era algo presente naquela tarde e bem, morte é algo presente em todos nós.

 

Em qualquer tarde.

 

A abruptamente o pensamento em minha mãe veio em minha mente.

 

Acho hoje, na verdade, acredito que aquele dia fora necessário.

 

Pois eu precisava por pra fora certas coisas que eu guardava para mim.

 

Não só eu.

 

Chanyeol também precisava.

 

 

"Cause I know (Porque eu sei)

I don't belong (Que eu não pertenço)

Here in heaven (Ao céu)"

 

 

"Chanyeol...como são seus pais?"

 

Talvez por estar pensando tanto em minha mãe aquela pergunta que há tempos eu formulava, pode, enfim, sair de meus lábios.

 

Ele suspirou de leve, mordendo os lábios, enquanto eu lhe fitava apenas pelo cantinho dos olhos, notando nossas pernas que se relavam.

 

"Eles são bonitos, eles são engraçados, eles são carinhosos, eles são atentos, e são bem inteligentes também..."

 

Ele precisou respirar profundamente.

 

 

"Would you hold my hand (Você seguraria minha mão)

If I saw you in heaven?(Se eu te visse no céu?)"

 

 

Mas eu não fitava seus olhos.

 

Apenas o chão a nossa frente.

 

"Eles são especiais, e erram às vezes, às vezes eles não me dão tudo o que eu peço, nem tudo o que eu preciso...mas eu acho que eles são uma das coisas mais especiais para mim."

 

Eu sorri de leve para ele, pois seus pais pareciam pessoas muito legais.

 

Pensei naquele momento que Chanyeol devia ter puxado a eles então.

 

Seus olhos prateados, de quem seriam?

 

De sua mãe? De seu pai?

 

 

"Would you help me stand (Você me ajudaria a levantar)

If I saw you in heaven? (Se eu te visse no céu?)"

 

 

"Espero encontrar eles um dia..."  Sorri.

 

Ele riu baixinho.

 

Mas sua voz era tão pesada.

 

"Eu também."

 

Lembro que naquele momento deixei com que meus olhos se despregassem da parede branca.

 

Enquanto aquelas palavras eram ditas.

 

Tremidas.

 

Hesitantes.

 

Falhadas.

 

Olhei para Chanyeol.

 

E ele chorava.

 

"Chany? O que foi?!"

 

Ergui o rosto rapidamente, virando-me para ele, que riu, limpando o rosto.

 

"Não é nada." Sorria sem jeito.

 

"Como não é nada?" Franzi o cenho.

 

 

"I'll find my way (Eu vou encontrar meu caminho)

Through night and day (Entre a noite e o dia)"

 

 

"Não é nada de importante...você não precisa saber..."

 

Naquele momento meu peito doeu lentamente e pensei que eu realmente podia não precisar.

 

Mas eu queria saber.

 

Eu queria saber, ele era meu melhor amigo! Céus! Eu queria vê-lo feliz.

 

Apenas isso já não bastava?

 

Recordo-me que me senti nú e perdido.

 

Não sabia o que fazer enquanto Chanyeol chorava ao meu lado.

 

Palavras eu tinha.

 

Só não tinha a coragem.

 

Então ficamos em silêncio, e eu apenas podia ouvir o seu pranto, me queimando por dentro, me quebrando de formas extraordinárias.

 

"Cause I know (Pois eu sei que)

I just can't stay (Eu não posso ficar)

here in Heaven (Aqui no céu)"

 

 

Era impressionante, quero dizer, era doentio, era algo extremamente louco…sua lágrimas. Elas pesavam sob mim de tal forma que ficava difícil de respirar. Eu apenas desejava seca-las, dizer que estava tudo bem.

 

Mas eu tinha tanto medo, eu não queria ser negado, entendem? E ele sempre fazia isso.

 

Tinha medo que Chanyeol se cansasse de mim e não me quisesse mais como amigo.

 

Acho que até hoje sou incapaz de explicar com clareza o que acontecia dentro do meu ser quando ele chorava.

 

Pois seja lá qual fosse o oposto de “bem”, era assim que eu me sentia.

 

"Chanyeol..."

 

 Ele não me respondeu.

 

Mas eu permaneci falando.

 

"Eu sei que você não quer falar sobre isso, mas se quiser, um dia, me contar, eu estou aqui ok?"

 

Ele me fitou e por céus! Como aqueles olhos prateados ficavam lindos quando marejados!

 

E era um privilegio, talvez até um devaneio, poder ter diante de mim o choro sempre recôndito por sua parte.

 

Fraquejante.

 

Mas era um fraquejo tão lindo...

 

"Eu não sei o que você faz a noite, ou onde se machuca, nem como arranja essas coisas censuradas..."

 

Eu precisava respirar profundamente enquanto falava, pois já sentia meus próprios orbes queimarem.

 

Mas eu precisava falar aquilo para ele antes que a onda da insegurança afogasse minhas palavras como era de costume.

 

"Eu não sei do que você gosta, ou do que você não gosta, não sei ao menos que dia você nasceu..."

 

 

"Time can bring you down (O tempo pode te deixar pra baixo)"

 

 

"Sei que às vezes eu posso ser retardado, e que você é muito mais inteligente que eu.”

 

Ele abriu os lábios.

 

 “Não precisa falar que não, eu sei que é...e sério Chanyeol, eu posso não saber mesmo de nada."

 

 

"Time can bend your knees (O tempo pode te fazer ajoelhar)"

 

 

"Mas eu sei que eu me importo com você porque doeu aqui." Apontei para meu peito "Doeu aqui agora."

 

"Ba-baek-"

 

Ele tentou levar as mãos ao rosto, escondendo-se, mas eu lhe impedi.

 

"Shh, me escuta." Segurei em sua face, metendo meus por quês e confianças mudas entre as digitais que ali tocavam sua pele quentinha e molhada.

 

E desejei ser maestro da orquestra de pequenas estrelas que escorriam por qualquer parte da constelação tão apolínea que eram seus olhos.

 

Sorri, deixando que meus próprios mares de dores escorressem.

 

Aproximei meu rosto do seu, e nem sabia de onde havia tirado tanta coragem, unindo apenas as testas, sentindo suas madeixas vermelhas emaranharem-se com minhas achocolatadas.

 

"Pode chorar." Sussurrei entre as bocas.

 

Ele respirou fundo antes de desabar ali mesmo.

 

Logo ele.

 

Logo Chanyeol.

 

 

"Time can break your heart (O tempo pode quebrar seu coração)"

 

 

Não me abraçou, apenas apoiou seu rosto entre as linhas tênues e pouco seguras de meu pescoço, escondendo-se ali, enquanto minhas pernas dobradas e braços caídos ainda permaneciam pouco ativos.

 

"E-eu sinto falta deles." Sua voz grave saia abafada e sofrida, contra minha tez que nem de longe assemelhava-se a um porto seguro.

 

"No natal eu sinto falta deles, no meu aniversário...a todo instante para ser sincero."

 

 

"Have you begging please (Te fazer implorar por favor)"

 

 

Lembro-me que pensei nos dias que sentia falta de minha mãe, da jovem morena de cabelos até os ombros.

 

Sorriso doce, embora nada parecido com o meu.

 

Ah, ela era tão diferente dos outros.

 

Ela cuidava tão bem de mim.

 

"E-eu sinto mais a falta deles, não quando penso em quanto tempo já se faz que não os vejo, mas sim, quando estou fazendo qualquer coisa e penso que eles po-poderiam estar bem ali ao meu lado."

 

Lembro que fechei os olhos, deixando que meus ouvidos recebessem suas dores, enquanto minhas próprias saudades vazavam pelos olhos, escorrendo rende a bochecha colada a sua.

 

E naquele momento agarrei apenas nas beiradas de seu blusão negro, também apoiando meu rosto em seu ombro.

 

E sabe, não havia abraço ou palavras sussurradas entre peles, eram apenas cabeças apoiadas sob ombros e vozes chorando levemente mudas, enlaçando sofrimentos.

 

E talvez, só talvez, fosse mais que isso.

 

Talvez fossem corações que se sustentavam com o apoio alheio, em veias e artérias que poderiam, e eram, polarizadas, mas que assemelhavam-se e eu não sei!

 

"Você sabe do que eu estou falando, não sabe?"

 

 

"Beyond the door (Atrás da porta)

there's peace I'm sure (Existe paz, eu tenho certeza)"

 

 

Apenas fiz que sim, contra o tecido já molhado pela neve.

 

"Eu fico bravo com eles às vezes....porque é tão errado...tão errado colocar no mundo alguém que não pediu para nascer e depois simplesmente morrer."

 

Meu peito doía cada vez mais.

 

Minha mãe não havia escolhido morrer.

 

Mas havia escolhido me dar vida.

 

Pensei que talvez fosse esse o porquê de nossos pais morrerem antes de nós.

 

Eles já haviam nos dado sua vida no momento em que nos colocaram no mundo.

 

"Chanyeol, para." Murmurei baixinho.

 

Porque não queria ouvir mais aquilo.

 

Não era aquilo que eu havia planejado para sua vinda em casa.

 

 

"And I know (E eu sei que)"

 

 

"Dói não dói?"

 

Doía, realmente doía.

 

"Chega Chanyeol."

 

"Dói sabe por quê? Porque você se importa."

 

 

"There'll be no more (Não haverão mais)

Tears in Heaven (Lágrimas no céu)"

 

 

Lembro que abri os olhos, molhados, tirando minha face do apoio, lhe fitando.

 

Chanyeol riu entre o pranto, intercalando suas lágrimas com a jovialidade de seu sorriso de quatorze anos, ou melhor, quinze, que eu havia aprendido a gostar demais.

 

"É bom não é? Deitar na cama, ouvir música, e deixar as lágrimas caírem?"

 

Fiz que não, baixando o rosto e encarando nossas pernas embaralhadas e os joelhos que se relavam.

 

"Pois eu amo fazer isso."

 

Lembro que sequei minhas próprias águas, pois me sentia como Isolda.

 

Mas hoje penso que não havia problema nisso.

 

Afinal, existia outra Isolda bem ao meu lado.

 

Não desmerecia o lado Tristão de Chanyeol.

 

Até porque, ele era muito onipresente.

 

Porém às vezes penso que sua Isolda falava mais alto.

 

Mas eu gostava dela.

 

Mostrava-me que o ruivo estava tão desarmado quanto eu naquela guerra que era a vida.

 

Penso hoje, que eu e Chanyeol éramos crianças que apenas cresceram muito rápido.

 

Não porque queríamos.

 

Mas porque fomos obrigados.

 

 

"Would you know my name (Você saberia meu nome)

If I saw you in Heaven? (Se eu te visse no céu?)"

 

 

Lembro que no final daquela tarde minha janela estava aberta, e o pôr do sol pintava meu quarto de laranja.

 

Bonito e quente.

 

Minha mão estava caída ao lado na cama, próxima de nossos corpos.

 

Imóvel.

 

 

 "Would it be the same (Você seria o mesmo)

If I saw you in Heaven? (Se eu te visse no céu?)"

 

 

Sua semelhante veio de encontro a minha, tão lentamente, envolveu-me a palma , aqueceu-me com o calor, e pegou-a para si como se plantasse um broto dentro de meu coração.

 

Pequeno e simplório, até mesmo desmerecido, mas que traria belas flores conforme o tempo fosse passando.

 

Eu tinha certeza disso.

 

Pois acho que fora naquele momento que aconteceu.

 

Um passo a mais.

 

Um novo degrau.

 

 

"I must be strong and carry on (Eu preciso ser forte e continuar)"

 

 

E acho que fora muda, uma conversa sem palavras, uma confissão de atos entre ambos.

 

Porque fazia parte de um conjunto de coisas que eram complicadas demais para serem ditas.

 

Fora breve também.

 

E nosso próprio choro impedia qualquer tipo de som.

 

 

"'Cause I know  (Porque eu sei que)

I don't belong here in Heaven (Eu não pertenço ao céu)"

 

 

Eu estava ali para ele.

 

E ele estava ali para mim.

 

Apenas isso.

 

Mais nada.

 

Enquanto tornávamos a esconder nossos rostos constrangidos entre ombros e seus dedos embrenhavam-se aos meus, apertando-se cada vez mais.

 

E sabe...nessa vida Chanyeol me ensinou muitas coisas.

 

Mas naquela tarde ele ensinou o quão terrivelmente lindo é amar algo que pode ser tocado pela morte.

 

 

 

 

X

 

 

 

"A vida e a morte estão apaixonadas há mais tempo que temos palavras para descrever.

E como elas não podem se encontrar, trocam presentes.

A vida manda incontáveis presente para a morte.

Eles demoram para chegar, mas quando chegam...

A morte os guarda para todo o sempre..."

-Autor Desconhecido

 


Notas Finais


eai? gostaram?

Bom gente, desculpa a dmr, parte dela foi pcausa do baekhyun que eu simplesmente nao achava uma foto dele triste! Gzuz, que garoto sorridente ehueheuhueheuheuheheuhe

De qqr forma, quero agradecer por todos os favoritos! Ta quase chegando a 600 ^___^

Obrigada <33333

Para quem achou que fosse rolar algo nesse cap, já disse, Misfit é uma historia lenta u.u Eles são amigos por enquanto, ok? AMIGOS. euheuheuheuheuhe

Até o proximo gente > <



~Moon


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...