- Para onde vamos? – pergunto assim que saímos do hotel.
- Eu peguei um folheto de turismo, acho que podemos entrar em um acordo. – ele diz pegando o folheto no bolso.
Ele me entrega e eu dou uma olhada.
- Tem preferencias? – pergunto.
Ele passa a mão no cabelo rapidamente.
- A Ópera e a Catedral de Viena. – ele fala.
Olho as fotos dos dois pontos no folheto e percebo a boa escolha dele.
- Bom gosto, em? – digo e ele ri.
- E você, quais deseja conhecer? – ele pergunta.
O lugar mais calmo, depois de um passeio por lugares movimentados.
- Volksgarden. – falo.
- Tranquilidade? Também gosto muito de jardins... – ele comenta.
- Ar puro. – digo gesticulando.
Ele ri.
- Quer começar por onde? – ele pergunta.
- Na Ópera. – digo.
- Então vamos pegar um taxi. – ele diz.
Ficamos na calçada esperando algum taxi passar.
- Não sente vontade de voltar a Munique? – pergunto.
Ele ri de lado.
- Muita. – ele fala.
- O que te impede de voltar? Pep já foi embora. – digo.
Todos sabiam que a saída de Bastian foi por causa de Pep. Ele não achava que Bastian se encaixava no time dos sonhos dele.
Ele meneia com a cabeça.
- Vamos ver... – ele diz colocando a mão para chamar o taxi.
Entramos e dissemos ao mesmo tempo.
- Bom dia. Segue para a Ópera de Viena.
Nos olhamos na mesma hora e rimos. O motorista também ri.
- Sintonia de casal. – ele comenta.
- De amigos. – completo.
Ele balança a cabeça positivamente.
- Isso foi muito louco. – Bastian fala rindo.
- Com toda certeza. – digo e me recosto no banco.
Aproveitamos o trajeto para observar as ruas da linda cidade e por vezes contávamos com explicações e historias do motorista.
Quando chegamos a frente da Ópera, pegamos o cartão do motorista. Dessa vez a corrida ficou por conta de Bastian, mais o avisei que a próxima será minha.
Compramos nossos bilhetes e entramos com um grupo de pessoas. O guia que estava conosco era bem sério, então não podíamos fazer quase nada.
- Que cara chato. – Bastian sussurra.
- Estragou todo o nosso passeio e a mágica do lugar. – também falo baixo.
Bastian segura o riso.
Caminhamos por lugares limitados e sob o olhar atento dele para não mexermos em nada.
Só prestamos atenção quando ele falou do bombardeio que ela sofreu e a reconstrução, porque de resto... ele conseguiu deixar tudo sem graça e muito entediante.
- Acho que não tenho mais bom gosto. – Bastian diz assim que saímos.
- Fiquei tentada em me jogar no chão para dormi, mais lembrei das regras dele. – digo e Bastian cai na risada.
- Você, descontraída desse jeito, nem parece uma presidente. – Bastian comenta enquanto começamos a caminhar.
- É porque todo mundo acha que um presidente é desumano. – digo.
- Você é assim no ambiente de trabalho? – ele questiona.
- Bom, depende... eu tento manter um bom relacionamento com os meus funcionários, então conversamos, por vezes fazemos piadas, mais sempre mantendo na cabeça que a qualquer momento eu terei que dar ordens e elas terão que ser cumpridas. – digo.
- Hum... o presidente do United não é muito adepto dessas coisas. Ele fica na sala dele e só vimos a cara dele nas festas do clube. – Bastian fala.
- No inicio eu agi assim, mas percebi que eu precisava ver as coisas de perto.
- Foi por que desconfiaram muito de você, não foi? – ele questiona.
- Foi. Eu fiquei focada em fazer tudo perfeito, para dobrar a língua do pessoal, mais como faria isso se não ia olhar a produção da cerveja, o armazenamento, os funcionários... ficar só olhando contas é chato demais e só te alerta quando as coisas estão indo bem mal! – digo e ele ri.
- Meus pais e Tobias, falaram que a cidade está muito contente com a sua administração... – ele fala.
Sorrio.
Muita gente trabalhava na fabrica e saber disso me deixava muito feliz.
- Eu fico muito feliz em saber disso... meu pai sempre administrou tudo aquilo e eu sei o quanto ele perdeu da vida dele, então eu estou tentando não fazer o mesmo. Eu quero me sentir orgulhosa do meu trabalho e realizada, mais também não quero perder coisas e lá na frente ficar me lamentando por isso. – digo.
Ele balança a cabeça positivamente.
- Você é tão madura e tão segura... eu queria ser assim o tempo todo. – ele comenta.
Dou risada.
- Eu não sou assim o tempo todo, me deixe solta em um aniversario de criança e você verá quem é a mulher madura. – digo e rimos.
Quando um silencio confortável dominou a nossa caminhada, eu percebi que estava com o braço enlaçado no de Bastian. Não sei como e quando fizemos isso, mais não me dei ao trabalho de sair daquela posição.
Quando chegamos a Catedral de São Estevão, paramos em frente a ela e ficamos admirando a obra de arte diante dos nossos olhos. O telhado colorido tinha um charme particular, os detalhes que cada centímetro dela tinha nos deixava boquiabertos.
- Vamos entrar? – Bastian pergunta.
- Claro, claro. – digo.
Entramos e nos demos conta de que a riqueza arquitetônica não era só um privilegio da fachada da Catedral. Olhamos as obras que estavam nas paredes, castiçais, lustres. Tudo ali parecia ter sido milimetricamente escolhido e feito.
- Esse passeio está compensando aquele na Ópera. – digo.
Bastian ri.
- Com toda certeza. – ele concorda.
Quando terminamos nossa visitação, foi a vez de partimos para o Volksgarden. Bastian ligou para o taxista e dez minutos depois ele estava nos levando para o nosso destino. Deixamos ele de sobreaviso, na hora da volta chamaríamos ele novamente.
Começamos a andar pelo jardim publico e a cada passo nos encantávamos com as lindas roseiras. Não resisti e tirei algumas fotos para postar nas minhas redes sociais.
Nos sentamos em um banco e ficamos admirando a tranquilidade daquele lugar e as pessoas que passavam por nós. Haviam crianças brincando e aquilo prendeu totalmente a minha atenção, eu sempre amei crianças.
- Lembrando da sua infância? – Bastian pergunta.
Volto minha atenção para ele.
- Gosto desses pequenos seres... – digo e sorrio.
- Ultimamente eu tenho convivido mais, por causa de Tobi... cada pequeno gesto deles, tem um poder enorme sob nós. - Ele fala.
- Verdade... eu adoro crianças... – digo.
Quase cheguei a ter uma...
- Minha mãe diz que o relógio biológico começa a apitar. – ele diz brincando.
Dou risada.
- O meu está gritando a algum tempo... eu estou me preparando para adotar uma... – digo.
Não sei por que falei, mais me senti segura para contar esse tipo de coisa.
- Sério? – ele pergunta surpreso.
- É. Eu estava pensando em fazer isso no ano passado, mais minha vida estava uma loucura... – comento.
- Você se sente confortável para fazer isso agora? Quero dizer, você está solteira, não é? – ele pergunta.
- Sim, Bastian, eu estou solteira e me sinto confortável para fazer isso. Essa ideia vem sendo muito bem pensada e amadurecida por mim a bastante tempo. Eu sei que a figura paterna pode fazer falta em alguns momentos e neles eu irei contar com o meu pai. – digo.
Ele balança a cabeça positivamente.
- Você é muito corajosa. – ele elogia.
- Obrigada. De qualquer forma, querendo ou não, as maiores responsabilidades sempre recaem nos ombros femininos, digo isso por ter vivido isso com minha mãe. Meu pai trabalhava muito, viajava e tudo sempre foi com ela, desde ensinamentos a broncas, então eu farei o mesmo, só que sem um marido ao meu lado. – digo.
- Você está certa, de alguma forma todas as responsabilidades com os filhos ficam com as mulheres... sempre que precisava de alguma coisa eu recorria a minha mãe. – ele diz e ri.
Nossa conversa foi interrompida por uma pancada de chuva. A água caiu sob nossas cabeças com certa força. As pessoas começaram a correr para os lugares mais próximos que os protegessem.
Nós corremos para debaixo de uma arvore, que foi a coisa mais próxima e que menos nos deixava molhados.
- Chuva de verão, sempre em momentos inoportunos. – digo e rimos.
Sempre era atingida por uma a cada verão, parecia uma coisa.
Bastian começa a tirar o seu cardigã e eu o olho com certo estranhamento.
- Eu acho melhor você vestir... hum... seu vestido é branco. – ele fala me entregando a peça.
Oh droga!
- Obrigada.
Pego e visto. Abotoou dois botões.
- Ficou bem em você. – ele elogia.
Dou risada.
- Você é muito gentil, capitão. – digo e me encosto nele.
Ele passa a mão nos cabelos, agora, molhados.
Só percebi que o encarava, quando ele fez o mesmo comigo. Por algum motivo mantivemos o olhar preso um no outro. Bastian deu uma leve aproximada e eu me senti convidada a beijar aqueles finos lábios rosados. Não resisti aos meus instintos e o beijei.
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