- Eu aprendi a fazer algumas coisas sem toda a tecnologia da minha casa... quer se arriscar? – pergunto.
A casa que eu estava vivendo era bem simples, não tinha cafeteira, micro-ondas e tantos aparelhos que facilitam nossa vida na cozinha, então eu estava aprendendo a me virar.
- Não, obrigado. – Bastian recusa.
Seus olhos não tinham aquele brilho característico e eu senti uma vontade enorme de abraçar ele e tentar faze-lo entender o meu lado ou apenas ser capaz de me perdoar.
- Nós precisamos conversar... – ele diz.
- Antes de tudo... eu quero te pedi perdão. – digo.
Ele não esboça qualquer reação e eu continuo.
- Agora eu sei que deveria ter contado tudo a você mais eu... eu não quis estragar o seu relacionamento com Mats. Vocês me pareciam amigos, se davam bem e jogar toda aquela história no meio da sua amizade, me pareceu injusto. – digo.
Ele balança a cabeça negativamente.
- Se a história terminasse ai, seria fácil de te entender, mas ela não acaba só nisso. – ele diz.
Dou alguns passos para me aproximar dele, mais não me aproximo muito.
- O que eu fiz foi para atingir Klaus e somente ele. Eu não pensei em ninguém, eu fiquei cega de raiva... você viu. Eu só queria acabar com ele e com toda aquela imagem de homem de conduta ilibada. - Falo.
Ele apenas fica me olhando.
- Eu estou aqui a pouco tempo, mais esse tempo já me fez refletir bastante. Eu admito o meu erro em ter escondido que Mats era o tal cara, eu admito que atingi muito mais gente do que eu queria, o que mais você quer de mim? – pergunto.
- Como eu posso saber que isso tudo é verdade? qual a garantia que eu tenho? – ele pergunta.
Suspiro.
- Se eu realmente fiz tudo para me reaproximar do Mats, por que eu ainda não estou com ele? Por que eu pediria para você ficar, quando ele estava aqui? Bastian, eu sei que errei feio com muita gente, mais eu estou tentando concertar cada coisa que fiz, eu preciso que alguém me dê um pouco de credito... eu preciso de um voto de confiança.
Ele olha para o lado e solta o ar pela boca.
- Eu não sei o que pensar... eu estou confuso. – ele diz.
Um pouco mais encorajada pela sua confissão, eu me aproximo dele. Ficamos a centímetros um do outro mais eu não encosto nele, fico com medo de ouvir aquilo mais uma vez.
- Me dá um voto de confiança. – peço.
Ele me olha e continua calado.
- Ainda sou eu, Basti... eu tive os meus deslizes, cometi os meus erros, mas ainda sou eu. Sou a mesma mulher que você encontrou em Viena, sou a mesma que foi no CT do Bayern te pedir em namoro, sou a mesma dos últimos meses... eu acho que você foi o único que me conheceu de verdade. – digo e sinto meus olhos lacrimejarem.
Eu estava colocando todo o meu sentimento para fora e aquilo não estava sendo fácil.
Ele facha os olhos por alguns segundos e depois me encara.
- Eu estarei lá fora te esperando... – ele diz.
Suspiro aliviada e o aperto num abraço. Ele demora um pouco para corresponder, mais o faz.
- Ainda temos muito o que conversar, temos muito o que resolver. – ele conclui.
Me afasto um pouco dele, para o encara-lo.
- Eu sei e eu estarei disposta a fazer tudo isso. – digo.
Ele coloca o meu cabelo atrás da minha orelha e acaricia o meu rosto.
- Eu preciso ir... depois eu volto. – ele diz.
Balanço levemente a cabeça em sinal positivo e vejo ele se aproximar um pouco. Ao contrario do que eu esperei, ele apenas beijou a minha bochecha.
- Até breve. – ele diz.
- Até.
O acompanho até a porta e vejo ele sumir do meu campo de visão. Fico sentada no sofá pensando na nossa conversa.
- Ainda dividida? – escuto a voz de Louise.
Olho na direção em que a voz dela veio.
- Eu não estou dividida. – digo firme.
Ela balança a cabeça negativamente.
- Enquanto você continuar se recusando a admitir que ainda sente alguma coisa pelo Mats, as coisas vão continuar sendo uma farsa. – ela diz e vem em minha direção.
Ela se senta ao meu lado.
- O que eu tive com Bastian não foi uma farsa. – rebato.
- Tenho certeza que não foi uma completa farsa, mas admita, você já se pegou comparando os dois ou lembrando do Mats... não precisa esconder de mim. – ela fala.
Fico observando ela, enquanto puxo da minha mente esses tais momentos e acabo me lembrando de alguns.
- Bastian faz tudo por mim e Mats não... – falo.
- Isso é bom? – ela pergunta.
- Claro que é.
- Você só parece se lembrar do momento ruim, mais nunca fala dos momentos bons... me fale de algum momento bom com Mats. – ela pede.
- Você está sendo parcial. – digo.
- Você só fala do Bastian, dos momentos mágicos com ele, acho que é hora de darmos um espaço para o zagueiro. – ela diz.
Reviro os olhos.
- Com Mats também foi algo de meses... acabamos nos envolvendo porque eu tinha acesso livre nas dependências do Bayern e gostava de acompanhar os treinamentos. Ele me deu uma bolada sem querer e para se desculpar me chamou para um café. – começo.
Ela saca o maldito bloquinho e começa a anotar não sei o que.
- Continue. – ela pede.
- A nossa conversa fluiu e ele me disse que estava tendo um pouco de dificuldade com o colégio, então eu me ofereci para ajuda-lo nos meus tempos livres. Apesar de está atrasado no colégio, ele era muito inteligente, eu só precisava dar uma explicação e ele já entendia tudo. – falo e me lembro do tempo em que ajudava ele.
- Foi por causa disso que começaram a namorar? – ela pergunta.
- Foi. Ficávamos muito tempo juntos, criamos um laço de amizade e um belo dia aconteceu um beijo.
- Hum...
- As coisas iam bem, quase não brigávamos mais quando eu descobri que estava gravida...
- Dessa parte eu já sei. – ela fala e termina de anotar.
- Por que insiste em falar do Mats? – pergunto.
- Porque ele é o ponto principal. – ela diz.
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