O voo para Munique foi tranquilo e assim que pisei lá fui direto para a empresa, onde Becker estava a minha espera. Antes mesmo de saber de todos os detalhes do problema, eu já estava com a cabeça fervendo.
Durante o percurso para a empresa eu liguei para Leticia, que era minha assistente pessoal e que estava na Espanha.
- Olá chefinha. – ela diz ao atender.
- O negocio está pegando fogo por aqui, preciso que volte para Munique o mais rápido possível. – digo.
Ela era uma pessoa que eu confiava de olhos fechados e além da confiança, ela sempre sabia como e quando me ajudar.
- Está atrasada na ordem... seu pai falou comigo antes de te ligar, também estou na empresa. – ela diz.
Tenho que lembrar de agradecer ao meu pai.
- Hum... então até a alguns minutos. – digo.
Desligamos.
Fico olhando pela janela, enquanto Taylor dirige atentamente pela cidade.
Assim que chego na empresa, sigo para a sala de reuniões onde encontro Becker, Leticia e Franz.
- Boa noite. – digo.
- Boa noite. – eles respondem em coro.
- Por onde começamos? – pergunto.
Todos nos sentamos e Becker começa a falar.
- No horário do almoço, todos seguiram para o refeitório e quando voltamos percebemos que o mosto que era fervido estava parado a duas horas... – ele começa.
- Vocês não verificaram antes de seguirem para o almoço? – pergunto e minha cabeça volta a latejar.
- Verificamos senhora, estava tudo ok... tínhamos acabado de ferver uma leva de mosto e já estávamos o misturando com o lúpulo e deixamos o outro começando a ferver enquanto almoçávamos. – Franz fala.
Ele era um dos funcionários mais antigos e hoje ele é supervisor operacional.
- O que aconteceu então? – pergunto.
- Quando vimos o que aconteceu e percebemos que alguém mexeu no painel... na mesma hora acionamos a segurança e olhamos as câmeras, mais as imagens foram cortadas. – Becker fala.
- Então isso não foi um erro, isso foi sabotagem. – digo.
- Mais quem faria isso? – Leticia pergunta.
- Gente que queira me derrubar é que não falta. – digo.
- Verdade... – ela concorda.
- Senhora, perdemos muitos litros de mosto e consequentemente perdemos uma boa quantidade de cerveja... – Becker diz.
Droga. Droga. A cerveja do Oktoberfest.
Massageio minhas têmporas numa tentativa falha de me acalmar.
Qualquer mililitro perdido faz uma grande falta, ainda mais que estamos na contagem regressiva para a grande festa alemã.
- Precisamos de um posicionamento da senhora para fazer alguma coisa. – Becker fala.
Que porra eu vou fazer?
- Quanto litros perdemos? – pergunto.
- Dez mil litros. – Franz fala.
Eu paraliso totalmente.
Como vamos conseguir fazer mais dez mil litros, se estamos em contagem regressiva?
Pensa. Pensa. O que o meu pai faria numa hora dessas? Qual a decisão mais acertada?
Nós estávamos trabalhando em apenas dois turnos do dia, ou seja, se adicionarmos mais um...
- E se passássemos a funcionar no turno noturno também? – pergunto.
- Precisamos ver o custo. – Becker fala.
- Só um minuto. – Leticia diz mexendo no notebook.
Esperamos alguns minutos que pareceram levar uma eternidade.
- Pelo crescimento que a cervejaria apresentou nos últimos meses e contando com os lotes exclusivos do Oktoberfest, podemos contratar mais ou menos a mesma quantidade de pessoas dos outros turnos, para o noturno. – Leticia fala e apresenta o gráfico no projetor.
- Ótimo. Franz espalha a noticia na cidade, precisamos começar a produzir mais cerveja para ontem. – digo.
- Joana, a diretoria precisa saber disso... – Becker me avisa.
- Para Klaus ficar enchendo a cabeça de todo mundo dizendo que essa ideia é maluca e que vamos falir? Nem pensar. Pode acatar a ordem, qualquer coisa mande vir conversar comigo. – instruo eles.
- Ok. – ele concordam.
- Agora vão espalhar a noticia, porque amanhã eu quero que a seleção seja feita. – digo.
- Boa noite e desculpe pelo transtorno. – Franz diz.
- Tudo bem Franz, a culpa não foi sua. – digo.
- Até mais senhora. – Becker fala.
- Até. – digo.
Eles se retiram da sala e eu suspiro relaxando na cadeira.
- Você acha que pode ter sido Klaus o causador de tudo? – Leticia pergunta.
- Não duvido, mais sem provas não podemos ter certeza de nada... – digo.
- Fique atenta com ele... e vê se dá um jeito de colocar ele para correr dessa empresa. – ela fala.
- Atenta eu sempre estou, agora colocar ele para fora daqui vai ser difícil. Aquele infeliz não vendo a porcentagem dele por nada. – digo.
Os dois porcento que mais me fazem penar na vida.
- Isso tudo só para atentar sua vida, porque ele sabe que nunca vai ser presidente da Paulaner. – ela comenta.
- Eu vou dar um jeito de afastar ele daqui, mais enquanto isso não acontece nós iremos reforçar a segurança em todas as salas e só com a minha permissão entradas serão permitidas. – digo.
- Pode deixar que tomarei as devidas providencias.
- Amanhã irei avisar a todos sobre a nova medida e irei deixar todos cientes das consequências.
- Ui, Bastian já conheceu esse lado seu? – ela pergunta descontraindo.
Solto uma gargalhada.
Só ela para me fazer ri depois de uma situação como essa.
- Ele não merece conhecer esse meu lado... – digo.
- Eu vi... menina, você e ele estão no maior clima... – ela diz.
- O capitão é interessante... – digo.
Ela ri.
- E você? O que tanto fez na Espanha? – pergunto.
- Fiz contatos. – ela diz.
- Sei bem os contatos que você fez... – digo e rimos.
- Me divertir bastante, porque também sou filha de Deus, mais conheci gente importante. – ela fala.
- Vamos falar da diversão. – peço.
- Fiquei com um zagueiro da seleção espanhola. – ela diz.
Paro e penso. O que ela queria e que recentemente se separou...
- Piqué? – pergunto.
Ela se abana.
- Un hombre caliente. – ela diz e sacode os ombros.
Dou risada.
- Me divertir e muito com ele, mais ele me deu uns contatos ótimos em Barcelona. – ela diz.
- Como posso ficar sem você? – pergunto e ela ri.
Tínhamos crescido na Europa, mas eu queria mais, eu precisava de mais.
- Está rolando pelos sites de esporte que o Bastian vai voltar ao Bayern. – ela comenta.
- Meu pai me falou isso... vamos torcer para que isso aconteça. – digo.
A popularidade dele era enorme e ele sendo um dos representantes da marca irá aumentar ainda mais nossos lucros.
- Pela empresa ou por você? – ela questiona.
- Pelos dois... vamos unir o útil ao agradável. – digo e rimos.
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