História Miss Solution - Senhorita Solução

    — Seja bem vindo a Stanford, senhor Styles. — Valentina colocou seu melhor sorriso simpático no rosto e caminhou em direção ao rapaz parado no corredor, estendendo a mão em direção a ele que rapidamente a pegou, apertando-a. — Como já sabe, sou Valentina e serei sua guia este semestre. Poderia me dizer qual seu problema?

 — São muitos. — Ele passou uma das mãos pelos cabelos castanhos. — Mas o principal é que estou completamente perdido. 

— Veio até a pessoa certa. — Ela correu de volta ao quarto abrindo a bolsa preta que havia jogado sobre a cama. Tirou de dentro uma agenda. — Vejamos…

Abriu o pequeno livro de capa de couro preto analisando uma lista que estava escrita de próprio punho em uma das páginas. 

— Finalmente você comprou uma agenda nova! — Jason jogou as mãos para cima, fazendo os outros rir. — Aquela marrom era muito velha. 

 — Eu gostava muito dela. — Ela encolheu o nariz sem tirar a atenção do que fazia. — Está aqui! Harry, você vai para… — Ela levantou os olhos o encarando franzindo o cenho. — Fraternidade Capa? — Ele balançou a cabeça positivamente com um sorriso pretensioso escapando pelo canto dos lábios. — Mas é uma fraternidade feminina! Como?

— Do mesmo jeito que você entrou aqui, Val — Victor respondeu antes que o outro o fizesse. — Tendo contatos. 

 — Ele está certo. — Harry balançou a cabeça. — Eu e minha irmã mais velha, Gemma, viemos de Yale e ela era dessa fraternidade lá. Ela mexeu os pauzinhos. Você vive numa fraternidade masculina?

— Sim — ela disse sem dar muita importância. — Mas eu não me aproveito disso como esse sorrisinho aí diz que fará.

— Longe de mim ter esse tipo de pensamento. 

 — Sei… — Ela estreitou os olhos rindo, logo depois sendo acompanhada pelo rapaz de olhos verdes intensos. — Vou ensiná-lo a chegar até lá. Já aviso que aquelas garotas não são nada fáceis de lidar. 

— Estou acostumado com esse tipo de garota. — Ele deu de ombros. 

O casal saiu daquele quarto deixando os três rapazes confusos. Valentina agira estranho com aquele rapaz. Não haviam gostado nada daquilo. Ele a olhava demais e de maneira nada ingênua. Ela sorria mais do que o necessário também, o que não era comum. Claro que Valentina era uma das pessoas mais felizes que conheciam, mas a pouco ela estava toda estressada com o monte de ocupações que tomariam conta de sua cabeça esse ano, e minutos depois estava toda sorrisos com um desconhecido. Tudo parecia tão errado.     

 — Vamos ficar de olho nesse cara — Victor comentou para os outros dois que apenas assentiram. — Algo nele me cheira estranho. 

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 Os dois desceram do segundo andar para o térreo da casa vendo que esta já enchia. A garota foi cumprimentada por todos os rapazes que passaram por ela. Com beijos na bochecha, toque na mão ou apenas sorrisos e “ois” tímidos. Aquilo era deveras comum para ela. Em todo lugar que ia sempre a notavam. Ela era quase tão popular quanto as garotas ricas e bonitas da fraternidade Capa ou Delta, entretanto, obviamente, por motivos completamente distintos. 

Além de ser do comitê de boas-vindas era também do Diretório Acadêmico, o que tornava responsável por resolver muitos problemas relacionados aos alunos, mas eles abusavam. Muitas vezes era procurada por adversidades pessoais que estavam bem longe de ser seu dever, porém cuidava de tudo, sempre que possível. E fazia com gosto. 

— Você é bem amada por aqui, senhorita Parker.

 — Pode me chamar de Valentina. — Ela voltou-se para ele depois de acenar para Sebastian, outro garoto que residia na casa. — E as pessoas gostam de mim porque eu sempre às ajudo. Sempre que posso, pelo menos. Dou aulas particulares, conselhos, faço intermédio entre alunos e professores, técnicos administrativos e até mesmo com a reitoria. Ou seja, presto serviços gerais. E agora vou levá-lo até seu novo lar. 

            — Bom saber disso… — deixou a frase no ar enquanto desciam os poucos degraus que os levavam para o estacionamento em frente a casa. — Meu carro está logo ali, se não se importar…

— Claro. — ela disse seguindo-o em direção a um carro grande e preto que não soube definir de qual se tratava, mas era muito luxuoso, notou. 

O rapaz tirou a chave do bolso da calça preta desativando o alarme rapidamente. Valentina estava prestes a abrir a porta do carona, mas ele foi mais rápido, correu em direção a ela, abrindo a porta antes que a moça fizesse. Ela agradeceu entrando, vendo-o fechar a porta e depois correr e tomar o lugar a seu lado. 

— Tem mais alguma dúvida que eu possa sanar? — ela perguntou enquanto colocava o cinto de segurança, mesmo que fossem andar poucos minutos. 

— O que você cursa? — perguntou com os olhos voltados para as ruas da cidade universitária. 

— Dúvidas sobre Stanford, não sobre mim, senhor Styles.

— Harry — ele corrigiu.

— Ok, Harry. — Ela revirou os olhos disfarçadamente dando as instruções para que ele chegasse a casa onde moraria. O rapaz assentiu e começou a fazer o caminho que a moça tinha dito. — Segundo meus registros — pronunciou-se, enquanto vasculhava sua agenda, depois de segundos calada. —Você cursa Medicina e está no oitavo semestre. — Ela engoliu a surpresa ao notar que seriam colegas. — Interessante. 

— É um curso bacana. 

— Eu sei. — Sorriu brevemente. — Quer as instruções padrões para novatos e calouros? 

O garoto apenas assentiu. Estava pouco se lixando para toda aquela tagarelice, mas a voz melodiosa da morena o agradava muito e queria ouvi-la mais, não importasse o que dissesse. 

— Bom, todos os cursos da Stanford tem um horário confuso. Isso significa que temos aulas em horários diferentes que podem variar entre os três turnos. A biblioteca fica aberta o dia e noite toda, mas só serão permitidas retirada de livros entre as nove da manhã e nove da noite, já que não há funcionários de madrugada. As refeições são servidas no refeitório, a oeste daqui onde temos um bandejão, mas a comida não é das melhores, aviso. Mas isso não interessa a você já que irá morar numa fraternidade, onde há cozinhas. 

Harry sorriu de canto parando o carro quando viu a grande casa de paredes de pedras — como todas ali —, onde havia uma enorme faixa rosa: “Bem-vindas, Capas”, dizia. Ele distraiu-se por um segundo do que a garota dizia, olhando para as belas mulheres que exibiam seus corpos em roupas curtas na entrada da casa. Elas conversavam e riam em pequenas rodinhas. Eram todas muito atraentes, notou animando-se. Morar ali talvez pudesse ser divertido. 

— É isso — a garota concluiu sorrindo fechando sua agenda.

— Foi… — Ele piscou algumas vezes voltando a atenção para ela. — Foi muito esclarecedor. 

— Que bom. — A garota abriu a porta do carro saltando para fora. 

Harry a seguiu vendo-a caminhar em direção a uma dupla que conversava na calçada. Uma das moças era ruiva e mais baixa que amiga. Tinha os cabelos compridos e ondulados e os olhos em um tom claro de caramelo. A outra era cerca de quinze centímetros mais alta e tão bela quanto. Os cabelos eram loiros e caiam com perfeição pelos ombros. Os olhos tinham um tom de azul chamativo e os lábios eram espessos. O tipo favorito da maioria dos rapazes.

Tratava-se de Cecília Lewis e Charlotte Evans, respectivamente. Ambas as meninas que pertenciam à fraternidade de garotas mais popular do campus, eram grandes amigas de Valentina. As melhores e únicas que tinha.

— Valentina! — elas gritaram em coro quando colocaram os olhos sobre a morena. As três deram um abraço triplo sendo observadas pelos olhos atentos do rapaz. 

— Senti saudades de vocês — falou quando se separaram. 

— Quando chegou? — a mais baixa do trio indagou.

— Não faz mais que meia hora — comentou. — Estou guiando o rapaz ali. —Apontou para ele com o indicador. — Ele é novo e vai morar aqui com vocês.

— Fiquei sabendo que teríamos um garoto esse ano — a loira disse enquanto os olhos corriam por todo corpo do rapaz sem pudor algum. — Qual nome dele?

— Harry Styles — ele pronunciou-se antes que a morena abrisse a boca. — As moças bonitas são…

— Essas são minhas amigas, Cece e Lottie. Elas são da Capa como sua irmã e você agora. — Valentina cobriu a boca abafando um riso. Era engraçado dizer que um garoto fazia parte daquela fraternidade. 

— Não sei do que está rindo. — Ele a encarou. — Você mora na fraternidade dos atletas.

— É porque ela pega o Scott e é o capitão do time — Charlotte disse dando de ombros. 

— Eu pegava! — corrigiu. — Somos apenas amigos agora. 

— Não seja falsa, Valentina. — A loira cruzou os braços debaixo dos seios. —Um daqueles gatos você tem que pegar, porque não é possível! — A morena negou em um movimento leve da cabeça. — Will, Josh ou Jason?

— São todos meus amigos. E o Willian é praticamente meu irmão. Crescemos juntos. Fomos vizinhos a vida toda!

— Pegue o Joshua então, porque o Miller é muito rodado! — Cecília empinou o nariz, contorcendo o rosto em uma expressão de nojo. 

 Valentina bem sabia que ela e Jason nunca se deram bem. Na realidade, muito pelo contrário, brigavam como cão e gato! Praticamente odiavam-se. Não ficavam dois minutos sem trocar farpas e ofensas. Mas tinham que conviver. Eram muitos os amigos em comum. 

— Eu não vou pegar ninguém! — exclamou, mas sem exaltar-se. Era raro Valentina perder a calma. Quando acontecia, geralmente chorava, não gritava.

— Oh, é uma pena — Harry comentou fazendo sua voz soar mais rouca do que antes, aos ouvidos de Valentina, que levou um leve susto ao notar a proximidade dos dois. — Eu queria entrar nessa fila. 

— Pegue o novato, então! — Lottie disse rindo sendo acompanhada por Cecília. 

— Styles! — repreendeu-o, dando um tapa leve em seu peito, vendo-o gargalhar com sua atitude. — Você nem me conhece e já está com essa intimidade comigo?

— Isso não é intimidade, senhorita Parker. — Em um movimento rápido o rapaz passou o braço direito pela cintura da moça, puxando-a até seus corpos se colarem. 

Valentina estava imóvel, assustada demais para ter qualquer tipo de reação. Seus olhos corriam desesperadamente entre os olhos do rapaz, que transbordavam em luxúria, e os lábios que estavam demasiadamente próximos aos seus. 

— Vou te mostrar um pouco de intimidade — Harry sussurrou. 

A respiração dela estava pesada e misturava-se com a dele que se mantinha tranquila. As mãos da garota seguravam com força o bíceps definidos do rapaz. Estavam pousadas ali desde o momento em que ele a puxara pegando-a de surpresa. Ela não conseguia mover-se. Mesmo a cabeça gritando para que fizesse algo, o coração estava acelerado demais para conseguir executar a ordem. O via aproximar-se em câmera lenta, mas, por obra do destino, quando os lábios estavam a milímetros de distância uma voz feminina interrompeu-os:

— Hazz? — O rapaz bufou fazendo o ar quente com cheiro de menta bater no rosto da garota, que sorriu aliviada, mas sem soltar-se dos braços fortes do rapaz. — É você mesmo?

— Sim, doçura. — Ele soltou a garota que sentiu as pernas fraquejarem. Estava muito grogue para notar com quem o rapaz conversava. — Não imaginava te encontrar tão cedo. Esse lugar é imenso. 

— É. — A garota de cabelos negros aproximou-se recebendo um beijo carinhoso na lateral do rosto. — Você vai mesmo ficar nesse lugar? — Ela apontou para a casa, o vendo assentir em seguida. — Essas patricinhas vão enlouquecer com isso. 

— É provável. — Riram juntos. — O que está fazendo aqui? 

— Vim acompanhá-la. — Apontou para a garota ao seu lado que era poucos centímetros mais baixa e tinha os cabelos bem loiros. — Harry essa é Lauren, minha irmã mais nova. Lauren esse é Harry, um grande amigo de Yale. 

— Lauren? — Valentina murmurou finalmente caindo em si. Deu um passo para o lado conseguindo finalmente ver com quem o rapaz conversava e descobrindo o porquê daquela voz ser tão familiar. — Melissa? Você conhece esse… — Ela o olhou e logo as maçãs do rosto ganharam um tom rubro. Era a raiva misturada com a vergonha. Olhou para o lado vendo as amigas gargalharem de toda aquela situação. 

— O que você fez com ela, Styles? — Melissa usou seu melhor tom severo. — Sabia que ela é minha irmã mais velha?

— Não — ele murmurou indiferente. — Ela é bem gatinha e engraçada. Fala muito, mas pelo menos fala coisas inteligentes.

— Pare de falar de mim como se não estivesse aqui! 

— Não se preocupe, baby — ele disse virando para ela que o encarava chocada devido a maneira que havia a chamado. — Melissa atrapalhou nosso momento, mas pela noite nos encontramos. Disseram-me que tem uma festa para os calouros e todos da faculdade vão. Prometo te dar toda atenção do mundo lá.

— Baby? — foi o que ela conseguiu pronunciar. 

— Não gostou desse apelido, senhorita solução? 

— Senhorita solução?

— É. — Ele deu de ombros. —Você não disse que está sempre por aí ajudando todo mundo?

— Disse. 

— Então! Você é a solução para todos os problemas, sacou? — Piscou para ela, que revirou os olhos em resposta. Que apelido idiota, mas realmente combinava bem com a garota. — Nesse momento, meu problema é estar sentindo uma atração um tanto quanto forte pela senhorita. Você não vai se negar a me ajudar, vai?