História Missunderstood - Capítulo 33: Mas antes de mais nada, Pietro.

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 Quando cheguei em casa minha vó ainda não estava e como eu estava sem fome por ter bebido praticamente toda garrafa de chocolate quente sozinho (o chocolate quente de Steve é fodidamente delicioso), fui direto para o banheiro, onde tomei um banho e em seguida fui para meu quarto, onde me joguei em minha cama. Mais tarde, liguei para Steve e tivemos mais uma conversa sobre 'nós'.

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Steve's POV

Segunda-feira, onze e dois da manhã. 

Era hora do intervalo e eu estava sentado em uma das mesas do refeitório enquanto comia um saboroso sanduíche de quatro queijos e bacon, Peter e Bruce também estava junto de mim e comiam seus lanches. Peter estava muito concentrado em sua comida enquanto Bruce parecia meio aéreo. Ultimamente Bruce estava assim, às vezes o pegava sorrindo sozinho e para o nada, o que era bastante estranho se tratando de Bruce, pois ele é o mais sério de nós e quase nunca tem esses momentos no mundo da lua, só que isso tem acontecido muito nesses dias. Aliás, ele anda assim desde o dia em que eu e Peter vimos ele e Tony chegando juntos e sorridentes na escola, desde aquele dia temos desconfiado que eles estejam se pegando. Era bem óbvio. Com o passar do tempo aqui, percebi que quando Tony e Bruce estão muito carinhosos um com o outro é porque aconteceu algo e, de fato, acontecia. Porém, quando acontecia Bruce me contava tudo e dessa vez ele não me contou nada e andava estranho. 

- Por que está me encarando tanto? – Bruce perguntou e só então eu percebi que realmente estava o encarando. Ri sem graça. 
- Não é nada, estou apenas pensando. – Respondi meio envergonhado. Odiava quando era pego em flagrante, eu sou horrível para disfarçar. 
- Onde está Tony? – Peter perguntou com a boca cheia, o que fez eu e Bruce rir. Peter nunca mudaria. 
- Ele disse que iria demorar um pouco, pois  está terminando um projeto de biologia. – Bruce respondeu. Peter apenas assentiu enquanto enfiava mais algumas batatas fritas em sua boca.

Mesmo com o refeitório cheio eu podia ver Bucky e seus amigos sentados numa mesa do outro lado do local, eles estavam conversando e rindo. Natasha falou algo no ouvido de Bucky que o fez virar e me encarar, ele sorriu para mim e eu sorri de volta, mas não passou disso. No domingo eu realmente fiquei preocupado com ele, quando ele me telefonou e pediu para nos vermos, sabia que tinha algo errado e tive a confirmação quando o vi chegando. Quando encarei seus olhos marejados, senti como se tivessem arrancado uma parte de mim e meu único desejo era abraçá-lo forte e protege-lo de todos e tudo que faziam mal a ele. A única coisa que eu realmente sei até agora sobre o passado de Bucky é que ele perdeu sua mãe e não consigo imaginar o que de mais horrível pôde ter acontecido a ele para que o fizesse se tornar na pessoa que ele é hoje. Tudo o que me disseram sobre o seu acidente, sobre o seu braço e sobre o que ele fez não me interessa, nada disso saiu da boca de Bucky, são apenas fofocas. Quero que ele venha me contar, porque confia em mim. Confio nele e acredito nele, às vezes só quero mandar todos calarem suas bocas e pararem de falar sobre Bucky – até mesmo com meus amigos, que muitas vezes falam coisas sobre ele. Não posso negar que às vezes tenho medo de saber sobre o passado de Bucky, mas não por ficar com raiva dele e, sim, por não saber como ajudá-lo a superar suas mágoas. O que eu sei por enquanto é: ninguém conhece Bucky como eu conheço, ninguém sabe o ser humano lindo que ele é e isso é lamentável, pois as pessoas preferiram julga-lo e afasta-lo ao invés de estender suas mãos e ajuda-lo. 
Tivemos uma conversa sobre como funcionaria nossa relação e Bucky disse que ainda não estava pronto pra sair comigo em público por aí, não que ele estivesse com vergonha de mim – palavras dele –, mas ele achava melhor ir com calma e eu também, ainda mais que os alunos desta escola são terrivelmente fofoqueiros. Não quero ninguém falando sobre nós, principalmente sobre Bucky. Sei que ele tem pavor só de pensar nos outros falando coisas sobre a vida dele, por mais que ele diga que não se importa com os boatos, com as fofocas, sei que ele se importa e que a única coisa que ele quer é que as pessoas parem de inventar história, parem de falar sobre o que não sabem. Isso o deixa extremamente triste e faz com que ele se feche com todos.

Nossas conversas estão cada vez melhores e ele está cada vez mais falante, até já prometeu me apresentar para sua irmã, o que me fez ficar com coração na mão, já que sei o quanto ele ama sua irmã mais nova.

Desviei o olhar do seu e encarei Peter que sorria para alguém, olhei para trás novamente e procurei com os olhos o motivo do enorme sorriso no rosto de Peter e não demorou muito para que eu encontrasse. Wade. Ele estava na fila da lanchonete e sorria bobamente para Peter enquanto acenava com uma das mãos. Encarei Peter novamente e ele nem se importou.

- Adivinha o que temos pra esse final de semana? – Tony chegou de surpresa enquanto batia com força as mãos na mesa, fazendo com que nos três déssemos pequenos pulos de susto. 
- Pelo amor de Deus, Tony! – Peter pediu com a mão no coração. Ri. 
- O que temos pra esse final de semana? – Bruce perguntou visivelmente curioso. 
- Uma festa! – Respondeu e piscou pra Bruce, que sorriu. – Sabe aquele meu trabalho de biologia? – Perguntou e nos concordamos. – Então, na verdade, não era meu... – Bruce o interrompeu. 
- Tony está sendo pago pra fazer os trabalhos dos outros novamente? – Bruce perguntou indignado. 
- Não. – Respondeu. – Estava ajudando Clint no trabalho de biologia e não me pergunte o porquê de eu ajudar aquele asno, acho que senti pena. Mas enfim.  Soube que esse final de semana tem jogo do time ou seja... – Explicou. 
- Festa do time depois do jogo. – Completei. 
- Exatamente! – Tony concordou e me sacudiu por meus ombros. Ele realmente está animado. – Só que a festa será na fazendo da família de Clint ou seja, cerveja ilimitada, piscina e lago e sem hora pra acabar. – Acrescentou muito animado. 
- Eu já sabia disso. – Peter falou. Nós três o encaramos. 
- Como? – Bruce perguntou. 
- Wade me contou... – Falou e encolheu seus ombros. 
- Wade? – Perguntei desconfiado. 
- Enfim, nós iremos conversar sobre isso mais tarde. – Tony falou e apontou para Peter, que  reprimiu os ombros. – Agora voltando à festa. Todos de acordo? – Perguntou.
- Sim, mas terá festa mesmo se eles perderem? – Perguntei.
- É óbvio! – Tony respondeu. – Clint disse que já está tudo pago, então, se eles perderem vão afogar a derrota nas cervejas e se ganharem terão um bom motivo pra comemorar. – Explicou. 
- Faz tempo que não tem jogos do time da escola. – Comentei. 
- Eles estavam treinando para o campeonato que será nos próximos meses. – Peter explicou. 
- Você está sabendo bem sobre o time para quem mal sabe arremessar uma bola, não é, Peter?! –  Tony falou desconfiado. Antes que Peter abrisse a boca para falar, Tony foi mais rápido e disse: – Sem explicações agora. – Levantou sua mão. Bruce e eu rimos.

Cinco e quarenta da tarde.

Escutei o treinador soar o apito e emergi na água, me encostando a borda da piscina assim como os outros alunos. Finalmente havia começado meus treinos de natação e os meus colegas de iniciação eram muito gentis. Hoje o treino era apenas de uma hora e meia, porque era apenas o começo. Antes disso tivemos uma recepção do treinador e da equipe oficial de natação. Eu ainda estou decidindo se farei os treinos apenas por hobbie ou para competir. Já faz um tempo que não participo de competições.

Enquanto pensava meus colegas deixaram a piscina e eu resolvi ficar mais um tempo, já que o horário para fechar a piscina era apenas as sete horas preferi aproveitar, apesar de que agora em diante passarei bastante tempo aqui. 
Nadei mais algumas vezes, treinando as braçadas e a respiração, pois tinha perdido o pique nesse quesito. Também mergulhei algumas vezes e cronometrei meu tempo e fiquei surpresa que eu não estava conseguindo aguentar nem mesmo trinta minutos debaixo d'água. Os livros me deixaram sedentário.

Ao me encostar a borda da piscina, virei para mesma e encontrei um par de coturnos pretos. Subi meus olhos e encontrei o dono dos meus olhos mais fantásticos que já vi. Não pude deixar de sorrir.
- Oi. – Falei, debruçando meus braços na borda. 
- Olá. – Falou e sentou-se no chão, ficando mais próximo de mim. 
- O que está fazendo aqui? Não trabalha hoje? – Perguntei estranhando. 
- Estava na aula de reforço de física e agora estou indo trabalhar, mas decidi passar por aqui. – Respondeu. 
- Certo. E você resolveu vir aqui por que? – Perguntei de novo. 
- Sempre tão curioso. – Comentou divertido. Ri envergonhado. 
- Desculpe. – Falei. 
- Tudo certo. – Falou calmo. – Vim aqui porque soube que era seu treino e pensei que seria legal te ver de sunga. – Respondeu direto. Senti minhas bochechas esquentaram. Ele riu. 
- Bucky! – Repreendi-o e joguei água em sua direção. Ele desviou e riu mais. 
- É brincadeira! – Falou com um sorriso travesso. – Mas não é uma má visão. – Ergueu uma sobrancelha. Balancei a cabeça em negação e ri nervoso. 
- Vai me dizer o que realmente veio fazer aqui ou terei que te molhar por inteiro? – Perguntei. 
- Por favor, me deixe todo molhado. – Respondeu e sorriu malicioso. 
- Como você consegue ser tão safado? – Perguntei. 
- Você se acostuma com o tempo, baby. – Respondeu e deu de ombros. Ele me chamou de baby. Baby. Oh, Deus! – Enfim. Quinta-feira Fury vai viajar para visitar sua mãe que está doente e eu terei um dia de folga, estava pensando se não podemos fazer algo juntos. – Falou.
- Bem, a partir de hoje todas as segundas, quartas e quintas-feiras eu tenho treino, mas podemos fazer algo à noite. – Falei. – Estava pensando que você poderia ir na minha casa, eu até ia te falar antes... – Comentei. 
- Ir a sua casa? – Perguntou surpreso. 
- Sim, qual o problema? Você já foi lá antes. – Respondi. 
- Mas dessa vez é diferente, não será pra estudar e o seu pai? – Perguntou. 
- Estará numa reunião de professores e depois sairá com seus colegas para um happy hour. – Respondi. – Vamos, Bucky, por favor. – Implorei. 
- Assim fica difícil te negar alguma coisa. – Falou e sorri convencido. 
- Vou entender isso como um sim. – Falei. – Às oito horas, então? – Perguntei.
- Às oito horas. – Afirmou e se aproximou, me dando um selinho demorado. 
- Outra coisa... Você vai a festa de Clint sábado? – Perguntei. 
- Não pretendo. – Respondeu. – Por que? – Perguntou. 
- Achei que podíamos ir. Meus amigos irão me obrigar a ir e seria legal se todos fôssemos. – Respondi enquanto movia minhas mãos sob a água. 
- Steve, ainda não assumimos nada pra ninguém, lembra?! Vai ser difícil ficarmos juntos lá. – Comentou. Suspirei. 
- Só achei que seria divertido. Não precisamos ficar colados um no outro e nem nada do tipo. – Falei meio chateado. Ele suspirou. 
- Vamos ver isso depois resolvemos, ok? – Perguntou e eu apenas assenti. – Quer que eu te espere? – Perguntou. 
- Hm, não precisa. Vou demorar no banho e acho que passarei na biblioteca. Quando chegar em casa nos falamos. – Respondi.
- Certo. Preciso ir trabalhar, horário extra hoje. Mais tarde nos falamos não é?! – Perguntou. Assenti em concordância.

Depois que Bucky deixou o ginásio de natação, sai da piscina e fui em direção ao vestiário e tomei um banho rápido, vesti minhas roupas e peguei minha mochila no armário. Saí do ginásio e fui em direção a biblioteca, onde entreguei os livros que havia locado. Deixei a biblioteca e segui em direção ao estacionamento dos alunos, onde estava minha Pick Up. Retirei a chave do bolso e abri o carro, entrando e ligando o mesmo. Arranquei o carro e sai dali, indo em direção a minha casa. 
Durante o caminho até minha casa fui pensando em Pietro, a última conversa que tivemos foi via mensagens e a última mensagem foi minha, onde disse que nós precisávamos conversar assim que ele chegasse, depois disso ele não mandou mais nenhuma mensagem. Provavelmente já deve ter entendido o que o meu "Precisamos conversar" significava. Sabia o quanto Pietro estava envolvido na nossa relação, mas da minha parte, infelizmente,  não era recíproco. Logo que Pietro voltasse de sua viagem, irei encontra-lo e resolver as coisas. Escolhi ficar com Bucky, mas não quero magoar ninguém principalmente Pietro que sempre fora compreensivo e gentil comigo.

Talvez depois que resolvesse as coisas com Pietro, Bucky e eu possamos contar aos nossos amigos sobre nós. Acho que já está mais do que na hora de, pelo menos, nossos amigos saberem sobre a nossa relação, até porque Tony, Bruce e Peter não idiotas e já perceberam que há algo entre eu e Bucky, provavelmente Natasha e Loki também, afinal nenhum dos dois são bobos. É meio ridículo pensar que nós vamos conseguir nos esconder de nossos amigos, pessoas que nos conhecem bem e convivem conosco. Mas antes de mais nada, Pietro.