História Missunderstood - Capítulo 48: Todos os dias até que ele me mande embora.

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Que tipo de pessoa cruel faz com que outra pense essas coisas? Que pensa que deva morrer de overdose, que é um fracassado e que não mereça ser feliz? Não sei qual é o problema desse garoto, mas ele não ira mais afetar James, não deixaria que isso aconteça nunca mais. Estarei do lado de Buck e farei com que ele enxergue o ser humano incrível que é.

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Loki’s POV

Segunda-feira, dez e vinte e três da manhã.

Segunda-feira e o dia estava tão ruim que parecia uma continuação do final de semana, como um Sábado: Parte II. O fato de ser segunda-feira e ter prova de Geometria não ajuda muito, acordar e olhar para janela e ver que o tempo estava nublado ajudava menos ainda, sentir o vento frio ao sair de casa só piorou o dia que mal havia começado; era como se tudo estivesse contribuindo com o sábado de horror, as pessoas pareciam desanimadas (e de fato estavam), meus amigos e colegas mal estavam se falando e Bucky resolveu me deixar preocupado por não aparecer. Se fosse em qualquer outro dia, não estaria preocupado por ele não parecer, mas depois de sábado eu realmente devo me preocupar; encontrei com Steve e perguntei sobre seu namorado, ele respondeu que Bucky não estava se sentindo bem e não viria hoje, o jeito que Steve me respondeu me deixou desconfiado, foi curto e grosso, como se não quisesse me dar muitos detalhes da situação de Bucky ou como se estivesse fugindo de mim. Provavelmente ele estava preocupado com tudo o que havia acontecido e só queria ficar quieto, então deixei que ele fosse sem mais perguntas.

Entreguei minha prova à professora e saí da sala, caminhando em direção à biblioteca onde ficaria lendo até a hora do intervalo, encontraria Natasha (e talvez os outros) e ficaríamos conversando sobre qualquer coisa, ou então ficaríamos em um silêncio tenso. Entrei na biblioteca e ao invés de pegar um livro resolvi pegar um gibi, escolhi dois gibis de super heróis e me sentei nos puffs confortáveis que ficavam num canto mais aconchegante da biblioteca. Comecei a ler o primeiro gibi, mas logo minha mente voou para o dia anterior e eu lembrei do martelo de pelúcia que tanto queria e acabei ganhando de Thor; ontem quando cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi jogar aquele martelo no lixo, mas após cinco segundos fui correndo tira-lo da lixeira e limpa-lo devidamente. Poxa, o martelo era tão fofinho e eu o queria tanto, não importa quem me deu e, sim, que eu ganhei. Falando em Thor, depois da nossa pequena discussão ele nem ousou mais olhar na minha cara, consegui manter a maior distância possível dele e acho que Natasha acabou notando que eu estava visivelmente desconfortável com algo, ou melhor, alguém. Natasha é muito esperta, espero que ela não tenha notado o motivo do meu desconforto. 

Estava tão distraído nos meus próprios pensamentos que não notei quando alguém sentou-se no puff ao meu lado, olhei para lado e encontrei cabelos cumpridos louros e olhos azuis me encarando seriamente, era Thor. Falou no diabo, pareceu o rabo. Que inferno! Toda vez que eu falo ou penso nesse maldito ele parece perto de mim, será que ele não tem nada melhor para fazer do que ficar me importunando?
Resolvi ignora-lo e voltar meu olhar para o gibi que não deveria ter parado de ler para ficar pensando besteiras. Porém, para o meu azar, o louro continuou ao meu lado e eu podia sentir seus olhos em mim, como se estivesse colado a minha pessoa. Bufei impaciente, mas não encarei-o. Busquei toda a paciência (que eu não tenho) para me concentrar na minha leitura.

- O que você está lendo? – Escutei sua voz grossa e rouca perguntar. Apertei o gibi em minhas mãos.
- Um gibi. – Respondi curto e visivelmente incomodado.
- Sobre o que é? - Perguntou novamente. E eu bufei novamente.
- Sobre um garoto que não quer ser incomodado. – Respondi rude.
- Isso é uma indireta? – Perguntou.
- Isso é uma direta! – Respondi e encarei-o. Ele fez um gesto com a cabeça e voltou a ficar em silêncio, mas ainda me encarando. Voltei a (tentar) ler.
- Você não me agradeceu pelo martelo. – Comentou parecendo decepcionado depois de segundos (sim, segundos) em silêncio. Dei uma risada anasalada.
- Obrigado. – Falei sarcástico. – Agora pode calar a boca e me deixar em paz? Aliás, por que você está aqui? – Perguntei impaciente.
- Terminei a prova de Geometria e resolvi vir pra cá. – Respondeu calmo.
- Aqui, logo onde eu estou? Está me seguindo por acaso? – Perguntei ainda impaciente.
- Você se acha, não é? – Perguntou com um sorriso divertido no rosto.
- Se eu me achasse, como você diz, já tinha virado jogador de time de futebol, assim como você. Ops! – Respondi atrevido. O sorriso dele aumentou em seu rosto. – Além do que, você quem veio no mesmo lugar que eu, sentando ao meu lado, me olhando e puxando assunto comigo. – Acrescentei.
´- Touchdown pra você! – Falou ainda com aquele maldito sorriso no rosto.
- Não faço a menor ideia do que seja isso. – Retruquei.
- É quan... – Interrompi-o.
- E quero continuar não sabendo. – Falei, gesticulando com uma das mãos para que ele parasse. Ele apenas concordou.
- Seu amigo está bem? – Perguntou.
- Acho que sim, pretendo vê-lo depois da aula. – Respondi mais calmo agora, alternando meu olhar do gibi para Thor.
- Sábado foi um dia bem cheio. – Comentou.
- Você não faz ideia. – Concordei sem encara-lo.
- Na verdade, eu faço. Até porque você exigiu que eu ficasse longe de ti e agora estamos aqui. – Retrucou esperto.
- Estamos aqui, pois você é teimoso e não tem senso. – Retruquei de volta. – Não sei o que você quer comigo, Thor, mas nós nunca seremos amigos. – Falei me levantando. Quando fiz menção de me afastar ele segurou minha mão.
- E mais do que isso, podemos ser? – Perguntou acariciando minha mão com a sua. Franzi o cenho e abri a boca pasmo com o que acabara de ouvir, eu deveria estar num tipo de sonho, Thor não poderia ter dito o que acabara de dizer na vida real.
- Não! – Respondi quase em um grito misto de desespero e surpresa, puxei minha mão de volta e corri para longe dele.

Coloquei os gibis em seus devidos lugares e me despedi da bibliotecária rapidamente, me atropelando nas palavras, no segundo em que pisei fora da biblioteca o sinal que dava inicio ao intervalo soou e comecei a caminhar em passos atrapalhados pelos corredores em busca de Natasha, aos poucos os corredores foram se enchendo se alunos e parecia que meus pés ficavam cada vez mais atrapalhados ao andar. Esbarrei em alguém e quase cai, mas essa pessoa me segurou e eu agradeci mentalmente por isso.

- Você está bem? – Ouvi o dono da voz conhecida por mim e encarei seu rosto, encontrei Steve me encarando de volta.
- Ah, sim... Você viu a Natasha? – Perguntei meio atrapalhado.
- Não... Na verdade, estava te procurando. – Respondeu. Encarei-o desconfiado.
- Eu? O que você quer comigo? – Perguntei.
- Vem! – Falou e me puxou para longe dos corredores cheios de alunos.

Steve praticamente me arrastou para o gramado da escola, mas numa parte onde não tinha tanto alunos, deduzi que ele queria um lugar mais calmo e reservado para conversar, e isso só me preocupou mais. Milhares de hipóteses envolvendo James começaram a passar por minha cabeça e cada uma era pior do que a outra.
Quando já estávamos num lugar bom e longe o suficiente Steve largou meu pulsou, olhou para os lados pra ver se não havia ninguém próximo de nós que provavelmente pudesse nos ouvir e voltou a me encarar, sua expressão agora era tomada de preocupação e isso fez com que meu estomago se revirasse.

- Por favor, me diga que Bucky está bem. – Falei agoniado.
- Fisicamente sim, mentalmente nem tanto. – Falou sério.
- Merda! O que ele tem? – Perguntei preocupado.
- No sábado, aquele tal de Harry falou coisas horríveis a ele e ontem fomos nos encontrar, pois acabamos discutindo no dia anterior, e confessou tudo o que Harry tinha dito a ele e, Jesus, Bucky estava muito mal. Esse garoto sabe como abalar James de uma forma inexplicável.
- Abalar? Ele consegue destruir Bucky sem nem encostar ele, você não faz ideia. – Falei agora com raiva. – O que Harry falou a ele? – Perguntei em seguida.
- Falou que ele e Bucky morreriam juntos de overdose, que Bucky era um fracassado e nunca passaria disso, que Bucky nunca se livraria dele, pois eles são iguais e vão acabar ficando juntos. – Respondeu triste, mas ainda sério. Senti a minha raiva triplicar.
- Deus! Esse é o tipo de coisas que aquele filho da puta do Harry falaria, aquele garoto não tem amor próprio e sua maior diversão é acabar com a alegria dos outros. – Falei.
- É, é por isso que estou aqui. Quero saber se você sabe onde Harry mora, quero falar com ele. – Comentou ainda mais sério. Quis rir ao ouvir tal besteira, mas a situação era tão séria e tensa que nenhuma risada saiu.
- Você não está falando sério, está? – Perguntei incrédulo. – Você acha mesmo que se você, o garoto que está namorando James, for falar com Harry ele magicamente vai mudar e deixar James em paz? É claro que não! – Falei óbvio.
- Eu sei disso, Loki. – Falou.
- Então não seja estupido! Temos que cuidar de James, ele merece nossa atenção e não Harry. Se você resolver afrontar Harry, James nunca mais terá sossego! – Quase gritei com ele.
- Loki, se você não me ajudar com isso, farei isso sozinho. Estou cansado de ver Buck sofrendo por causa desse garoto, vivendo com medo de encontrar esse garoto em qualquer esquina e isso tem que acabar, porque se continuar assim Buck nunca vai viver de verdade, ele nunca vai se livrar desse mal que ainda existe dentro dele. Você é o melhor amigo dele e sabe que estou certo, sou namorado dele e, acredite ou não, goste ou não, eu o amo e não vou deixar aquele garoto acabar com Buck. James merece o melhor e só vai conseguir isso quando Harry não estiver mais em seus pensamentos, será que você não percebe isso?! – Falou com a voz três tons mais alta que o normal, fazendo com que ficasse mais séria.
- Certo. – Suspirei e me dei por vencido. – Você está completamente certo e fico feliz por Bucky finalmente estar com alguém que não seja um babaca. Sabe Steve,  você parece realmente gostar dele, mas será que está preparado pra ouvir toda a verdade sobre ele? Você ainda vai continuar com ele? Ainda vai dizer com toda essa convicção que ama ele? – Perguntei sério.
- Todos os dias até que ele me mande embora. – Respondeu ainda mais convicto.
- Então vamos lá dar um basta naquele filho da puta! – Falei sério e sorri de lado.