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História Misunderstood - As diferenças entre nós


Escrita por: indelikaido e KgFanfics

Notas do Autor


queria dizer que quem vos escreve estava — e ainda está — bêbada enquanto escrevia o capítulo.

Capítulo 2 - As diferenças entre nós


Só recebeu mensagens de Baekhyun uma semana depois do acidente. Não estava contando os dias, mas imaginou que o outro pelo menos fosse provocá-lo por causa de seu preconceito recém exposto. O outro havia lhe chamado para um café como punição, e Yixing não parava de resmungar pelo caminho inteiro que a ida até o hospital já tinha sido uma punição horrível.

— Achei que você não fosse vir. — Baekhyun brincou assim que viu o outro.

Aquele idiota pretensioso. Além de estar vestido de um jeito absolutamente horrível, com aquelas calças tão rasgadas que pareciam ser de um mendigo e a regata que mostrava um pouco demais por baixo da camisa xadrez, ainda falava como se fosse dono do lugar!

— E eu lá tinha opção? Desse jeito que você é, aposto que sabe exatamente onde eu moro e ia me torturar até a morte com essas correntes penduradas na sua calça. — Yixing retrucou, se sentando de qualquer jeito no sofá azul florido. A estampa delicada quase o camuflava, já que sua camisa era praticamente igual. Baekhyun achou engraçado, mas era melhor não comentar.

Sentou de frente para o moreno, apoiando o queixo em uma de suas mãos. Yixing notou que tinha o olhar bem diferente, por trás dos olhos delineados havia um castanho acolhedor que nem uma xícara de chocolate quente em uma tarde chuvosa.

E qualquer coisa era boa em uma tarde chuvosa.

— Então… por que você me chamou aqui? — Perguntou olhando em volta, nervoso.

— Eu queria que você me julgasse depois de me conhecer. Eu pensei em pintar o cabelo para ver se melhorava, mas eu gosto demais do meu vermelhinho. — Confessou, com um quê de deboche em sua voz.

— Ah, já te conheci. Continuo te achando idiota. — Yixing retrucou, simples e frio, colocando sua melhor máscara de indiferença. Não queria conhecer pessoas novas, estava ali para estudar e trabalhar. Já bastava sua família empurrando-lhe inúmeras pretendentes.

— E-eu… — A voz de Baekhyun oscilou, se sentindo um pouco para baixo por alguns milésimos de segundo. — Você é um babaca, também. Atropela os outros e tem a coragem de fingir que não aconteceu nada só por causa de suas diferenças.

Ambos se olharam com raiva contida, como se pudessem explodir a qualquer momento. Por dentro, Baekhyun estava fervendo de vontade de dar uns tapas naquele rapaz e lhe dizer poucas e boas, e Yixing não estava nem um pouco diferente. Pelo contrário, sua paz interior estava totalmente abalada e substituída pela fúria.

Resolveu provocá-lo mais um pouco. Se curvou sobre a mesa e segurou o colar apertado em torno do pescoço do punk, o olhando com ares de quem é superior. O pingente em formato de cruz tremulou, e um pouco da camisa xadrez vermelha preta caiu sobre os ombros não tão magros de Baekhyun, que retribuía seu olhar com pura surpresa estampada na face.

— É mesmo? Você continua esquecendo que o errado aqui é você, me chama para um lugar público e ainda quer comprar briga, espero que saiba com quem está se metendo, arruaceiro. — Falou com um tom de voz mais duro do que esperava, mas o outro mal se intimidou.

— Errar uma vez é compreensível, mas continuar errando é escolha. Eu jamais quis comprar briga com você. Você por algum acaso já pesquisou mais sobre o movimento? Ou é obtuso ao ponto de achar que as minhas roupas e cores fortes definem alguém agressivo? — Se desvencilhou do aperto sufocante dele, e empurrou Yixing de volta para seu lugar. — Pois bem, não definem. Ingênuo fui eu ao pensar que poderia ter uma conversa civilizada com alguém como você.

Yixing o fitava, atônito e cheio de adrenalina correndo por suas veias. Não gostava nem um pouco de falar, então não possuía mais nenhum argumento contra o menor, que arfava em seu lugar, de pé e o encarando de uma forma tão intensa que o chinês tinha toda a certeza de que mesmo sem o delineador, Baekhyun ainda poderia queimá-lo vivo com aquele olhar.

Podia ter levado um soco do ruivo, mas nada mais aconteceu. Baekhyun pegou um casaco que estava ao seu lado no sofá e andou a passos largos em direção ao balcão, pegando um copo de café com uma mulher que estava atendendo ali e saindo logo em seguida. O copo que restava foi logo entregue a Yixing, e estava pago.

Não sabia o que tinham colocado nele, porém tinha certeza absoluta de que não deveria ter aquele gosto amargo de culpa que invadiu muito mais do que o seu paladar.


À meia-noite, no escuro de seu quarto, refletiu sobre como estava levando sua vida. Odiava e abominava aquela manifestação absurda de rebeldia e liberdade que os punks pareciam ter porque não gostava de pensar em pessoas que conseguiam ser totalmente autossuficientes, mas parte de si também entendia que Baekhyun não tinha se irritado por pouco; talvez fosse a chuva torrencial que caía lá fora que o fez pensar desta forma tão aleatória e leviana.

Pegou o celular e fitou as últimas mensagens que Baekhyun havia lhe mandado, dizendo que não queria mais falar com ele e criticando novamente o quanto é preconceituoso. Leu, releu e leu novamente, até que o relógio marcasse três da madrugada. Estava tentado a pedir desculpas para ele, não era orgulhoso a ponto de continuar brigando, mas tinha que levar em conta que Baekhyun não deveria lhe significar nada além de um erro; alguém que veio a conhecer por engano, um encontro que não deveria ter acontecido e não mudou nada em sua vida.

Entretanto, seu coração não lhe dizia o mesmo que seu cérebro, ou estaria dormindo naquele exato momento.


A mensagem só saiu da cabeça dele e chegou ao celular de Baekhyun depois de quatro longos dias, dias em que Yixing dividia seu tempo entre estudar, participar das atividades do grupo e pensar em como havia sido estúpido. E, talvez, a parte mais confusa para ele foi encontrar o outro na sede de seu movimento.

Baekhyun estava encostado na parede, seus dedos longos batendo em suas coxas em um ritmo irregular. Para o alívio de Yixing, ele estava vestido normalmente, quase agradável aos olhos.

— Yixing! Que bom que você chegou. Eu preciso de você para tomar meu lugar na reunião de líderes. — Sehun disse com um sorriso, se levantando com pressa. — Compromisso de última hora.

Olhou para o mais novo, desconfortável. Queria muito saber o que o garoto de cabelos vermelhos estava fazendo ali, mas por hora tinha que se concentrar no colega de trabalho. Assentiu, sem saber o que fazer.

— Esse é o Baekhyun. Ele faz parte de um dos grupos punks da cidade que tem acordo com a nossa organização e queria participar da reunião de hoje. — Sehun sorriu, empurrando Baek para frente para que pudesse cumprimentar Yixing. Ambos trocaram um aperto de mãos suado e apertado, sem tirar os olhos um do outro.

— Prazer em conhecê-lo. — Disse com a voz um pouco trêmula, finalmente soltando a mão dele e observando suas roupas.

Quem fica tão bem com uma calça jeans rasgada e uma regata preta? Suspirou, sem perceber que estava sendo um pouco óbvio demais. Sehun saiu de perto deles depois de falar algo que não foi ouvido por ninguém.

— É, hm, não sabia que você era ativista. — Baekhyun pigarreou.

— Nem eu sabia. — Yixing responde. — Quer dizer, que você é, não que eu sou. Que eu sou eu sei.

O outro lhe encarou, confuso demais para falar alguma coisa.

— Eu li a sua mensagem.

Yixing se remexeu, inquieto. A mensagem não era grande coisa, só um simples “me desculpe”, mas estava com muito medo de não ser desculpado. Não que se importasse com o que Baekhyun acha de si, longe disso.

— Não guardo rancor de ninguém, então não precisa se preocupar. — Disse, por fim, mesmo após receber um silêncio como resposta. — Só queria que entendesse o meu lado. Não é fácil estar na minha pele, Yixing.

Ergueu os olhos que antes estavam direcionados para o chão ao seus pés, fitando o olhar forte e agora gentil que Baekhyun lhe dava.

— Fui idiota, não fui? — Perguntou baixinho, desviando o olhar. — Prometo ser mais gentil.

O rapaz de cabelos vermelhos deu uma risada melodiosa, trocando o peso de um pé para o outro.

— Como disse antes, sem rancor.


A reunião foi relativamente leve, e em poucos minutos Yixing já estava bem menos preocupado, quase esquecendo da presença de Baekhyun na sala.

Seguiram para um lugar mais afastado da cidade depois do término do compromisso, mas um evitava encarar o outro. Não deixavam de roubar uma olhadinha aqui e ali, porém decidiram que seria melhor ficarem afastados no metrô. Era informação demais para a cabeça de Yixing.

Não sabia onde estavam indo, e também tinha medo de perguntar e estragar o momento, já que Baekhyun parecia absorto na música alta que vinha de seus fones de ouvido.

— Chegamos. Não sai de perto de mim. — Baekhyun colocou sua mão espalmadas nas costas cobertas pela camisa branca de Yixing, que se arrepiou como se pudesse sentir os anéis dele diretamente em sua pele. Apenas se limitou a obedecer ele como um cego sendo guiado.

Arfou ao ver tantas pessoas do lado de fora da estação; já tinha ido em muitas manifestações, mas aquilo era mais como uma explosão de cores ao som de uma guitarra extremamente rústica.

— O-o que é isso? — Perguntou, olhando em volta e tentando absorver todas as informações que seus olhos podiam ver. As pessoas ao seu redor eram completamente diferentes de si, seguravam faixas e vestiam roupas que jamais teria no guarda roupa. Ah, e os cabelos. Os cabelos eram a parte mais impressionante para Yixing, porque a maioria das pessoas ali estavam vestidas de preto e os cabelos eram praticamente um grito em meio à multidão.

— Uma manifestação punk, Yixing. O prefeito desse bairro está tentando derrubar as casas de uma vila de idosos para construir um mini shopping. Como eles não podem ficar na rua protestando, nós tomamos a frente deles. Viu? Não é bagunçado que nem você acha que é. — Sussurrou, levando Yixing com ele até o meio para que o outro pudesse ver melhor o que estava acontecendo.

— … eles são comportados, até. — Replicou, após uma momentânea falta de palavras. Podia ver algumas crianças com seus pais, brincando entre as pernas dos adultos. — Pensei que fosse um monte de rebelde quebrando tudo.

Mesmo aliviado, Yixing ainda estava encolhido contra Baekhyun, tentando evitar maiores contatos com os outros. Não gostava completamente do ruivo, mas pelo menos era alguém que conhecia.

— Não, eu ando com uma galera bem pacífica. Nós só queremos defender as mesmas coisas que vocês defendem. — Disse, rindo nervosamente ao sentir Yixing tão próximo de si. Até que não era tão difícil lidar com ele. Parecia um gato assustado.

E se olharam por alguns segundos, a eletricidade — culpa da tempestade que se aproximava, quem sabe? — se instalando no ar, mas nada aconteceu. Baekhyun olhou para baixo, com um pouco de medo de encarar os olhos expressivos e limpos de Yixing por tempo demais. Talvez fosse só sua imaginação, e ele não estivesse realmente o encarando. Talvez. Mas não era, e sentiu uma pontada de decepção ao perceber que Baekhyun tinha desviado o olhar de si.

Se afastou, saindo do estado entorpecente em que se encontrava. Deveria odiar ele, não querer que olhasse em seus olhos.

— Não acredito que deixei você me arrastar para cá. — Falou um pouco ríspido, sentindo algumas gotas de chuva molharem suas costas. — Você sabe que eu não gosto nem um pouco dessa gente.

Baekhyun o encarou, enfiando as mãos em seus bolsos porque estava nervoso e não queria mostrar muito. Também estava preocupado, Yixing não tinha nem um casaco e a chuva estava começando a apertar um pouco.

— Mas eu sou legal. — Pontuou, cauteloso. As pessoas começavam a ir embora e a cicatriz em seu joelho, resultado do acidente com Yixing, pareceu se espalhar pelo corpo inteiro. — Eu sou legal. — Repetiu, passando a olhar para seus pés.

— Parece que você não tem muita pose, né? — Disse, aumentando o tom de voz. — O rebeldezinho não tem resposta pra tudo.

Abriu a boca para tentar responder, mas algo em sua cabeça lhe dizia que não deveria. Que ambos eram teimosos e que acabariam se estapeando ali mesmo.

Um minuto se passou e ainda estava tentando descobrir o que dizer. A chuva começou a cair de maneira mais rápida, e Yixing se retesou, tenso. Não queria estar ali, embaixo de uma chuva, com o perigo de ouvir os trovões que tanto odiava.

— E-eu quero ir embora. — Pediu baixinho, tremendo de frio e outros sentimentos que não queria anunciar.

— Eu quero que você me peça desculpas. — Baekhyun murmurou, começando a andar para longe do metrô.

— A gente precisa pegar metrô. — Falou, o seguindo apressado pois não queria ficar para trás. Segurou Baekhyun pelo antebraço, fazendo o ruivo parar no meio da calçada. — Baek, vamos embora, por favor.

— O metrô não está funcionando. — Disse, seco. O som de um trovão ecoou pelas ruas agora vazias, fazendo Yixing começar a chorar. — O que foi? É só um trovão.

— Vamos embora, por favor. — Pediu outra vez, quase que implorando. Baekhyun segurou Yixing pelos braços, fazendo ele se manter firme. Estava com os olhos vidrados, provavelmente por causa do frio. — Me desculpa, eu sou um babaca. Não precisa mais falar comigo, eu entendo.

Baekhyun o levou para dentro de um pub que estava relativamente cheio, o abraçando com força para tentar esquentar o moreno, sem sucesso. Yixing mal falava, soltando um murmúrio vez ou outra, bebericando de seu copo cheio de uísque. Sacudiu-lhe os ombros, fazendo com que lhe encarasse.

— Yixing, já saímos da chuva. — Disse, acariciando a bochecha do outro.

— Sabe, seu cabelo é engraçado. — Comentou, levando sua mão aos fios vermelhos com um sorriso. Estava muito corado, embora seus lábios continuassem com uma cor clara.

— Eu não acredito que você ficou bêbado só com um copo de uísque. — Reclamou, fazendo um bico. Yixing se inclinou sobre a mesa, como havia feito no café, e pegou a gargantilha de Baekhyun possessivamente, o obrigando a chegar mais perto de si. — Yixing, o que você está fazendo?

— Cala a boca, Baekhyun, você é mais tolerável de boca fechada. — Respondeu, colando sua testa à de Baek, cujo coração estava quase saltando de seu peito. Os lábios perfeitamente desenhados de Yixing se uniram aos de Baekhyun, em um selinho tão demorado que poderia ser considerado pornográfico.

Os lábios se separaram, e a mão de Yixing deixou de se prender ao colar do outro. Não precisava mais segurar Baekhyun ali. O mais velho sentou-se ao lado dele, o puxando pela nuca para se encararem mais de perto.

— Você tem medo de chuva? Seja sincero ou eu não te beijo mais.— Baekhyun diz, sorrindo maliciosamente.

— Você é malvado. Eu gosto bastante do seu colar, é diferente. — Tentou beijar Baekhyun outra vez, mas este se afastou. — Sim, sim. Tenho medo.

— Por que?

— Quero o meu beijo antes.

Um sorriso largo se formou nos lábios de Baek antes de dar outro selinho no moreno, sentindo todo seu corpo reagir ao toque gentil dele em seu ombro.

— Por que você não me beija direito? — Perguntou, fazendo um bico e se pendurando no pescoço dele.

— Yixing, você tá bêbado, não vou te beijar.

— Mas eu quero que você me beije. — Esperou um beijo, mas nada veio. — Tenho medo de chuva porque uma vez eu me perdi dos meus pais em uma viagem e estava chovendo muito forte.

Os dedos de Baekhyun se firmaram na barra da camiseta quase que transparente do outro; estava tentando, a todo custo, evitar que as outras pessoas vissem que ele estava tão “exposto”, mas para Yixing aquilo foi mais uma coisa que fez sua mente enlouquecer. Me beija, Baekhyun. Só me beija.

Os lábios dele se chocaram contra os de Yixing, iniciando um beijo muito diferente dos outros que Yixing já havia dado. Podia sentir o calor da cavidade de Baek, e ao mesmo tempo o geladinho do piercing em sua língua. Chupou-a antes de desfazer o contato, fazendo o outro arfar.

— Desde quando você tem isso? — Indagou, aproveitando a deixa para apertar o corpo de curvas quase nulas de Baekhyun.

— Desde ontem. — Sussurrou, beijando o maxilar bem marcado de Yixing. Não achava justo fazer aquilo enquanto o outro estava bêbado, mas estava tão irritado e ansioso por seus beijos e toques que esqueceu daquele detalhe por um momento.

— Nossa, eu te odeio tanto… quer dizer, queria. — Falava de forma embolada, mas por um milagre era compreensível aos ouvidos de Baekhyun. — Você é lindo demais, não dá pra te odiar, sabia? — Yixing tornou a segurar firme no colar do outro, mas decidiu que passar a segurar nos cabelos ligeiramente mais longos que o seu seria melhor. Baekhyun gemeu baixinho, sendo forçado a expor seu pescoço para que os lábios do moreno pudessem desbravar aquela parte do seu corpo.

Desbravaram, descobriram, patentearam toda a pele e timbres de voz de Baekhyun, sem que nenhum dos dois se importassem com o mundo ao seu redor. Contudo, ainda lhes restava um pouco de bom senso.

— Ei, Xing… é melhor a gente parar. — Falou com certa dificuldade, apertando seus ombros de leve.

— Você quer parar? — Perguntou, deixando de beijar sua pele antes imaculada para então o fitar.

Não, Baekhyun não queria parar, Yixing também não queria parar, e quando chegaram aos finalmentes decidiram que era melhor ir para um lugar mais reservado, mesmo que fosse o banheiro do pub. Se pensava que Yixing ficava mais manso quando bêbado, se enganou, e os azulejos azuis foram apenas umas das testemunhas de como aquilo era um equívoco.

As mãos se entrelaçaram ao invés de continuarem tímidas, e por mais que ambos trocassem alguns olhares hostis durante aqueles minutos, havia uma certa ternura escondida não só nos olhos de Yixing, mas também nos pequenos beijos que Baekhyun dava em sua clavícula, na tentativa de distraí-lo.

Yixing não ligou para as diferenças entre eles. Os dedos tatearam, trôpegos, as tatuagens que marcavam a pele de Baek. Uma frase em mandarim, para sua surpresa, adornava a pele sobre suas costelas, e terminava em uma gaiola aberta. Achou esta mais linda que as outras, por mais que sua concentração fossem pequenos flashes entre os momentos de prazer intenso. Baekhyun não podia entender muito bem o que ele falava, mas sentia que era algo entre xingá-lo muito ou palavras desconexas em algum dialeto chinês da cidade de onde o outro vinha. Achou ele mais lindo que os outros.


Os dois pagaram a conta e foram embora, caminhando lentamente em direção ao metrô com as mãos entrelaçadas. O rubor na face de Yixing já havia se dissipado, e agora não sabia mais o que dizer para Baekhyun. Apertou sua mão de uma forma mais suave, o puxando para perto.

No vagão, ainda não tinham dito nada; Baekhyun ainda estava se perguntando o que aconteceria agora, e Yixing estava se libertando do álcool aos poucos. Brincou com uma argola na cartilagem da orelha dele, usando aquilo como uma desculpa para brincar com os fios cacheados, agora úmidos por causa da chuva e do suor. Estava tudo vazio, mas preferiram classificar como um silêncio pacífico.

— Agora você vai ter que escutar punk rock comigo. — Disse com um sorriso divertido, finalmente encontrando a coragem para falar.

— Não, não me torture assim. Qualquer coisa, menos isso.

Baekhyun beijou a testa do outro, envolvendo o pescoço marcado com seus braços, aproveitando o calor gostoso que emanava dele.

— Vamos lá, você ficou na chuva hoje e ficou comigo, aposto que tá louco para ter umas tatuagens.

— Baek! São coisas diferentes. Eu ainda odeio punk rock e chuva, e você. — Disse, com um tom ameno. Não odiava Baekhyun; estava falando da boca pra fora, e o outro pareceu entender aquilo.

Baekhyun deixou Yixing em casa depois que o chinês deu um espirro que fez a culpa brotar no ruivo: tinha feito ele pegar chuva, então o mínimo que poderia fazer seria acompanhá-lo.

Conheceu Junmyeon, o garoto emburrado vizinho de Yixing, que também tinha um cabelo diferentão. Se perguntou se o outro não se incomodava com o cabelo platinado, mas não chegou a verbalizar sua dúvida. Não teve tempo, já que o baixinho começou a encher Baekhyun de perguntas relacionadas ao que estavam fazendo ou deixaram de fazer.

Por fim, Baekhyun colocou a mão em seu ombro, sem soltar a de Yixing.

— Ei, Junmyeon… por que você não volta a dormir? Ele está aqui, são e salvo.

— Não acredito que ele realmente esteja são, ele odeia gente do seu tipo. — Disse, um pouco orgulhoso ao demonstrar conhecer Yixing.

— Ele me odeia mesmo, você está certo. — Riu, apertando um pouco o ombro dele. — Nos deixe sozinhos, sim?

Junmyeon mordeu o lábio inferior, não queria ceder ao pedido, mas acabou desistindo. Voltou à casa em passos largos, batendo a porta da frente ao passar. Baekhyun se virou novamente para encarar Yixing, e se permitiu sorrir.

— Eu tenho que ir, amanhã tenho aula. — Explicou, acariciando a bochecha do moreno. Sua cara de sono era quase infantil.

— Também tenho… mas vê se aparece aqui depois. — Falou, hesitante. Ainda não tinha comentado nada sobre o que havia acontecido. — Desculpa por ficar bêbado. E obrigado por, hm, cuidar de mim.

— Tudo bem, fiz isso de graça. Posso cuidar de você sempre que quiser. — Brincou, lançando um olhar mais que sugestivo ao outro.

Deu um peteleco no piercing do outro, o fazendo colocar a mão na frente da orelha e praguejar baixinho.

— Yixing! Por que fez isso? — Fingiu choramingar, o olhando.

Yixing sorriu, tinha encontrado uma coisa simples e boa para enfeitar um pouco a sua vida cinzenta. Mas seus meios sempre foram estranhos, e com Baekhyun não seria diferente.

— Porque te odeio, Baek.

— Também te odeio, Xing.

Deu um último beijo nos lábios do moreno como um sinal de despedida, voltando a pé para sua casa enquanto divagava sobre Yixing. Não sobre ele, especificamente, mas coisas que o envolviam.

Em como o ódio é amor.

Paz é caos.

Em como a anarquia de Baekhyun combinava um tanto com a desordem de Yixing.


Notas Finais


Por favor, se deixei algo um pouco confuso me avisem nos comentários! Foi muito na correria, é um plot que gostaria de ter desenvolvido melhor (principalmente a parte da relação "passiva-agressiva" deles), mas é o que temos para hoje -q
Obrigada pela capa, ~xiahbolic. Vão ler as fics dela e dêem muito amor para essa enfermeira maravilhosa.
Obrigada por lerem, chuchus <3

~indelikaido


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