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História Mito - (Romance Lésbico) - Capítulo 03


Escrita por: Lyra_Ansatsu

Capítulo 3 - Capítulo 03


Fanfic / Fanfiction Mito - (Romance Lésbico) - Capítulo 03

Forgia era a cidade onde Arquia residia a três semanas, estava mais agitada que o normal, a notícia de feras atacando as aldeias já tinha chegado junto com as pessoas que de alguma forma sobreviveram ao ataque sanguinário das bestas, transitavam nas ruas principais, alguns só de passagem outros procurando um refúgio, pois as aldeias agora tinham se tornado perigosas, e como nas cidades tinham um certo número de soldados, as pessoas se sentiam um pouco mais seguras, mesmo sabendo que poderiam ser atacadas a qualquer momento.

– Onde estamos indo agora? – elas estavam em uma rua com várias lojas, com todo tipo de mercadorias, algumas ficavam em vitrines como amostras ou penduradas nos tetos de fora das lojas, tinha locais que cheirava a incenso, outros a mofo e alguns a rosas, ali tinha todo tipo de coisa imaginável.

– Já compramos os suprimentos... - Arquia tinha conseguindo pegar sua recompensa - ...e agora está na hora de comprar armas, e o único lugar que se pode encontra-las em Forgia é aqui no Mercado dos Abutres. 

Entraram em uma loja bem pequena, encolhida entre duas outras maiores, a loja parecia ter sido feita recentemente, na frente tinha uma placa de Pau-Ferro com nomes feito de ferro, moldado em letras que diziam Curte Puro. Dentro era mais apertado do que parecia por fora, tinha várias prateleiras com armas de todo tipo, frascos com líquidos coloridos, não precisava caminhar muito para achar o balcão com o atendente.

– Onde está Camilo? – Arquia falou autoritária, o rapaz que se encontrava no balcão se assustou.

– V-V-Vou chama-lo! – saiu tropeçando em seus próprios pés, para uma pequena porta que tinha atrás dele, dentro de alguns segundos já era possível ouvir vozes e levantando a cortina da porta saiu um homem moreno, cabelos aparados de cor pretos, olhos negros e corpo todo malhado, se percebia pela roupa, calças folgadas e uma camiseta que marcava todo o seu tórax.

– Arquia! O que a traz a minha humilde loja? – ele tinha um sorriso que ia de orelha a orelha, acolhedor.

– Vi pegar algumas adagas e espadas – a morena gostava do trabalho do homem, por isso sempre optava por comprar armas ali – E queria alguns flechas.

– Sim, é claro! – o moreno esboçou um sorriu.

Camilo não cobrou tão caro quanto ela imaginava pela mercadoria, já que estava levando o dobro dessa vez. Compraram algumas armas que seriam uteis, tanto para ela como para Nefera que inesperadamente mostrou um conhecimento sobre armas quase superior ao de Arquia. Como Nefera ainda vestia o vestindo de cor caramelo que uma das camponesas da aldeia deu a ela, Arquia decidiu comprar um conjunto de roupa ao gosta da loira, entraram em uma loja com vários modelos. A loira foi em direção ao provador com algumas peças em mãos, depois de um tempo ela saiu, Arquia estava de costas e se virou ao ser chamada.

– O que achou? – Arquia engoliu a seco, a loira usava um vestido de chiffon plissado, era azul com um cinto branco na cintura.

– É... bonito – Nefera sorriu com aquele sorriso genuíno.

– Também achei – seus olhos brilhavam

– Vai comprar esse?

– Não... ele não serve para combate, acabaria rasgado e isso seria um desperdício – seus olhos murcharam com a própria constatação – mas já achei uma roupa ideal para isso! – rapidamente se recompôs.

– Entendo, então vamos?

– Certo, mas primeiro deixa eu me trocar – "o vestido combina com seus olhos" pensou Arquia enquanto a loira se virava em direção ao provador.

>>><<< 

Nefera aproveitou que Arquia estava tomando banho para fazer um inventário do que tinham comprado. Se sentou na cama e começou, havia muitas armas, a outra demonstrou muito conhecimento sobre elas para sua idade. Nefera queria saber como a morena poderia ter tanta habilidade, que ficaram claros nas últimas batalhas, era evidente que ela já tinha uma boa experiência, força física e seu poder mágico que a surpreenderam e a deixou intrigada, por ter conseguido liberta-la, ela já tinha ouvido falar nesse tipo de magia, capaz de expulsar as trevas, mas não lembrava onde. Toda magia era capaz de combater as sombras, a mais nova podia ter só a matado, mas não, ela destruiu apenas as trevas que a prendia a libertando, e isso não era pouco coisa. Foi nesses devaneios que ela achou algo, tirou de dentro da sacola e ficou olhando.

– Pronto terminei, já pode tomar... – a loira não ouviu o resto.

– Como? Porque? – Nefera não a olhou no primeiro momento, ainda tinha os olhos no vestido azul, que antes tinha experimentado na loja.

– Achei que poderia ser útil, para você... em algum momento... – o vestindo era lindo e Nefera o adorou logo de cara. Lhe lembrava um pouco da sua antiga vida.

– Obrigada! – quando Nefera olhou Arquia viu algo brilhar em seus olhos, mesmo que por um segundo aquilo a fez ficar sem ar e confusa, mas assim que percebeu que a morena estava apenas de short e uma toalha por cima dos seios, quase nua, virou o rosto, suas bochechas rosaram.

– Não foi nada - Arquia não percebeu, foi logo pegando a roupa que estava em cima da cadeira e começou a se vestir.

– Vai sair? – a loira virou o rosto de leve e viu que ela já estava vestida, usava vestes escuras.

– Vou rever um conhecido, talvez ele tenha algo de útil para mim... para nós – estava sentada colocando as botas.

– Vou com você... – Nefera já ia levantando da cama.

– Não é necessário – a morena já estava de pé e pronta pra sair – vou demorar, então não espere – abriu a porta – e... boa noite - sumiu atrás dela

>>><<< 

O cheiro de mijo com cerveja ali era muito forte, a morena estava sentada no balcão da taberna, foi obrigada a pedir uma bebida, mas parecia que tinham mijado no caneco e dado para ela, no entanto não importava pois não estava ali para beber, e sim para falar com ele, um rapaz de cabelos castanhos bem aparados e olhos pretos cheios de malicia, que estava sentado em uma mesa, com outras três pessoas jogando cartas, e pelas moedas de ouro em cima da mesa era claro que estavam apostando, já estavam a um bom tempo nisso, no entanto pelo rosto de infelicidade dos jogadores, deveria está acabando, o rapaz baixou suas cartas.

– Venci! – começou a pegar as moedas e a colocar em um saco – quando quiserem perder de novo é só avisar – se levantou indo em direção a porta, mas antes olhou em direção a Arquia e sorriu. Cinco homens o seguiu.

Se levantou colocou três moedas de prata no balcão, o suficiente para pagar a bebida e saiu em direção a eles, passando pela porta da frente, assim que saiu do lado de fora, escutou as suas vozes e viu seus respectivos donos.

– Ele tem muita sorte! – falava o homem do meio olhando para seus quatro comparsas - e eu vi como era essa sua sorte, se não quiser que outros saibam é melhor passar o ouro – disse apontando uma adaga para rapaz, que por sua vez sorriu com divertimento.

– É mesmo?! Deixa eu ver... – colocou a mão no queixo e olhou um pouco para cima, como se estivesse refletindo, então sorriu para os homens de forma debochada - Não!

– Verme! Vai lamentar por isso, peguem o ouro dele! – pularam todos juntos em sua direção, no entanto ele sumiu, deixando os homens desnorteados, e quando eles se viraram o procurando, o viram na sua frente com uma adaga na mão pingando sangue, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa, caíram no chão com cortes feitos do ombro até o quadril, fazendo um pequeno lago vermelho.

– Veio me ver? – se virou pra ela jogando a adaga no chão, seu tom era cordial ao falar com a morena – sinto muito não ter lhe dado atenção no primeiro momento – seu sorriso era de malicia.

– Quero informações e sei que as tens Pedran – falou autoritária.

– Eu tenho todo tipo de informação, mas antes – escutaram vozes vindo da taberna. Parecia que os corpos ali no chão tinham companheiros - Vamos sair daqui! – virou de costas e correu para um beco escuro, Arquia o seguiu prontamente.

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Ainda estava escuro, Arquia tinha chegado na rua da hospedaria, todos ainda dormiam àquela hora, então parou na frente do prédio, seu quarto era no terceiro andar, pulou para a parede do pequeno edifício de três andares, usava os espaços entre os tijolos para subir, já na janela do segundo, subiu mais um pouco e pulou para o do terceiro, se segurou nas brechas entre os tijolos, e empurrou a janela, quando a abriu, no mesmo instante sentiu algo indo em sua direção, quando se deu conta estava segurando uma adaga enquanto impedia uma espada de atingir seu pescoço, a loira tinha um olhar assassino, ela piscou duas vezes percebendo quem estava na sua frente.

– Desculpa! - baixou a espada – não pensei que viria pela janela – recou abrindo espaço para a outra entrar – quando ouvir a janela ranger a essa hora pensei que pudesse ser um invasor.

– Tudo bem – tirou a capa e a jogou em cima da poltrona – fez o certo – passou pela loira e se jogou em cima da cama ainda de roupa, fechou os olhos e sentiu o cansaço chegar, logo em seguida sentiu a cama ceder ao seu lado antes de apagar.

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Depois de ter corrido entre becos e vielas, tentando fugir da pequena multidão que os seguia, Pedran sumiu assim que despistou seus perseguidores, subiu no telhado como se fosse um gato, alegando está atrasado para um compromisso e encontraria com ela depois. 

Mas ela veria isso mais tarde, agora ia arranjar algo para comer, estava na feira da cidade, procurando um café da manhã, Nefera já tinha parado em uma barraca e comido algo, agora era vez de Arquia, então do nada um pedaço de bolo apareceu na sua frente sendo acompanhando de uma mão que assim que ela olhou para o lado reconheceu quem era o dono.

– O seu preferido é de morango certo? – doces eram seu ponto fraco e ele sabia disso.

– Pedran! – ela o fuzilou com os olhos

– Um pedido de desculpa! – mesmo se desculpando não tirava o sorriso dos lábios.

Estavam sentados os três em uma mesa redonda de uma pequena loja de doces perto da janela do lado de dentro, Nefera de um canto, Pedran de outro e Arquia no meio.

– Então que informação deseja de mim? – Pedran era um informante, sabia de tudo que acontecia, e vendia para quem pagasse mais. Sempre recorria a ele quando precisava saber de algo.

– O que sabe sobre as feras que estão atacando o reino? – seus olhos se estreitaram.

– Para que você quer esse tipo de informação? O que vai fazer? – ele sabia de algo mais estava hesitante em lhe contar.

– O que sabe? – sua voz era autoritária e suplicante - Me diga!

– Está bem! Não sei muito, só o que escutei por ai – se calou olhando-a por um momento.

 – Que seria? – ele suspirou.

– Parece que essas bestas estão indo para leste, soldados viram legiões deles se juntado e indo em direção as montanhas, e por eles serem muitos o rei juntou forças com a igreja, já tem histórias de soldados lutando lado a lado com padres contra essas coisas para defender as cidades.

– A igreja... – Arquia falou quase que um murmuro. Seu olhar nublou por um momento. Então piscou se recompondo - Estão indo rumo as montanhas - falou olhando em direção a Nefera.

– Arquia, não sei o que pensa em fazer, mas me escute – Pedran levou suas mãos de encontro as dela, fazendo-a o encarar - venha comigo para a cidade de Reigas – Pedran segurava as mãos de Arquia e olhava fundo em seus olhos, ela conseguia ver algo que a muito a fazia pensar o que poderia ser - lá é a cidade mais protegida de todo o reino, é onde o rei mora. Na Capital tenho certeza que estaremos seguros.

– Não posso – agora sabia o que era, quando ele a olhava com olhos desejosos.

– Deixe-me protegê-la. – suas mão eram grandes e fortes, sim ele poderia proteger uma donzela em perigo, mas Arquia não era uma.

– Suas mãos são iguais as minhas – pegou as mãos calejadas dele e as virou, viu todos os ferimentos delas, passou os dedos por uma delas, então colocou suas próprias mão em cima da deles com as palmas para cima – está vendo são iguais.

– Sim. E daí? O que isso tem haver? – sua irritação era clara, mas ela ignorou. 

– São mãos de pessoas que não precisaram de ninguém para chegar onde estão, e mesmo que em algum momento tenham precisando, ninguém apareceu – ela o olhou em seus olhos e falou – eu não preciso de proteção Pedran e você sabe disso – se levantou pra ir embora, mas então sentiu ser puxada pela mão, foi pega de surpresa e quando se deu conta estava nos braços de Pedran, umas das mãos em suas costas a outra em seu rosto a levando de encontro ao seus lábios quentes e ásperos, tomaram os seus com tanta paixão, a única coisa que ela pode fazer foi colocar suas mãos no peito dele, até que ele afastou de seus lábios.

– Você tem razão, não precisa de proteção, é que... eu quero protegê-la – sua mão ainda estava em seu rosto – não consigo impedir esse sentimento de querê-la, então eu lhe peço uma última vez, venha comigo – se encaram por um bom tempo, até que devagar Arquia se livrou do aperto, com uma certa delicadeza que ela não sabia que tinha.

– Sinto muito... não posso – o olhou uma última vez antes de sair da loja, não se importou se Nefera estava a seguindo, entrou em uma rua e sumiu.

>>><<< 

Em pé em cima de um telhado via o sol ser engolido pelo mar e ao mesmo tempo colorir suas águas de laranja, como uma tinta derramada em uma tela, depois de correr pelos becos e subir nos tetos das casas, decidiu parar ali para observar o fim do dia, na torre do sino da igreja. Que ironia. Começou a pensar no que tinha acontecendo antes. Arquia nunca soube que Pedran tinha esse tipo de sentimento em relação a ela, mas aquele olhar ela já tinha visto, tinha momentos que ele a olhava como se quisesse possui-la, quando ele a confrontou, se sentiu indefesa sobre seu olhar, um misto de sentimentos a invadiu, estava triste por não poder corresponder, mas ao mesmo tempo feliz por alguém se importar com ela, pois já tinha esquecido como era ser querido e amado por outa pessoa. Mas infelizmente para Pedran ela não pretendia depender de ninguém, não depois de ter aprendendo da pior forma a viver por si só, de ter aprendido da pior forma a não esperar que venham em seu resgate.

Dessa vez quando pulou a janela, nenhuma espada veio em sua direção, já dentro do quarto olhou um pouco e percebeu que estava vazio, a loira ainda não tinha chegado, mas assim que deu um passo escutou a porta ranger, a adaga já em mãos, no entanto madeixas douradas apareceu revelando Nefera, então a loira olhou para o lado e viu quem estava ali.

– Arquia! – entrou fechando aporta atrás de si – fiquei preocupada quando sumiu, depois do que... – seus olhos se estreitaram – como está se sentindo?

– Em relação a que? – tirou a capa e a jogou em um canto do quarto.

– Você gosta dele? – se sentou na cama com as mãos na beirada, enquanto olhava para chão, já tinha pensado bastante sobre isso.

– Não gosto da mesma forma que ele gosta de mim – aquela constatação em voz alta a entristecia. E aliviava o peso no seu peito.

– O que sente exatamente por ele? – Nefera se sentou ao seu lado na cama.

– É um amigo, e acredite isso é o máximo que posso considerar uma pessoa – a loira sorriu, levou a mão até a lateral do rosto da morena e dali tirou uma mecha de cabelo colocando atrás da orelha, seus dedos roçaram de leve na bochecha dela fazendo os pelos de Arquia se arrepiarem, a loira por sua vez pareceu não notar.

– Entendo – quando Arquia virou o rosto, viu que a outra ainda tinha um sorriso nos lábios cheios de ternura – acho que ficamos tempo demais aqui, deveríamos partir o mais rápido possível – ela estava claramente preocupada.

– Então vamos partir amanhã, já tenho o que precisávamos – tirou de um pequeno saco um papel enrolado e estendeu para loira – o mapa de Cinéreo – a loira pegou e abriu em cima da cama.

– Onde estamos? – a loira perguntou enquanto olhava o papel em cima da cama

– Aqui - apontando o local no mapa – as montanhas são aqui, e esse é o percurso que teremos que fazer para chegar nelas – com o dedo mostrou todo o trajeto – ele é o mais rápido.

– Vamos por aqui – falou a loira apontando outro caminho

– Porque? Por aqui vai demorar mais – a morena demonstrou confusão.

– A algo que preciso, que só posso pegar se formos por esse caminho – a loira franzia o cenho para o mapa.

– O que pode ser tão importante a ponto de pegamos um caminho mais longo? - falou se levantando da cama e a olhando com indagação

– Aquilo que conseguiu manter o Senhor das trevas preso por tanto tempo.

>>><<< 

Tinha acabado de sentar em uma cadeira encostada na mesa com vários papeis em cima dela, dentro de sua tenda, seus cabelos eram pretos e seus olhos tinham a mesma cor, que miravam o lado de fora da lona onde tinha uma fogueira e ao seu redor outras barracas, sua armadura era de cor prata com símbolos vermelhos no peito, tinha acabado de formar o acampamento, ele e sua tropa caminharam durante todo o dia, estavam voltando para a Capital, tinham sidos convocados, mas não entendia o porquê, pois foram mandados para cuidar das feras que atacavam o reino e proteger a população que eram vítimas deles, no entanto mesmo sendo um Capitão era um simples soldado, então deveria cumprir ordens. Estava prestes a tirar a armadura quando escutou:

– SENHOR ESTAMOS SENDO ATACADOS! – gritou um de seus soldados quase sem folego, ao entrar em sua barraca, o Capitão saiu de sua tenda que era a maior de todas, e viu feras atacando seus homens, oito ao todo.

– NÃO ATAQUEM SOZINHOS, FORMEM GRUPOS, VAMOS! – sacou sua espada e pulou em cima do primeiro, o golpe foi direto na cabeça, a criatura caiu no chão morto.

– QUEM TIVER MAGIA FIQUE NA RETAGUARDA DANDO COBERTURA! – eram poucos os homens que possuíam magia, por isso não podiam depender deles, mas já eram uma grande ajuda. 

Depois de todos as feras mortas, olhou em volta e viu que de todos os cinquenta homens que tinha indo com ele, apenas metade sobreviveram, para matar oito daquela coisas perdeu mais da metade de sua tropa, o Capitão tinha um olhar sombrio e triste pelos homens que perdeu, os que ali sobraram tinha os mesmos pensamentos de seu superior, muitos cansados sentaram no chão desconsolados colocando suas armas sobre o colo olhando o sangue negro que tinha ficado na lamina, outros contemplavam os corpos de seus companheiros imaginando como contar a suas famílias, o Capitão percebeu o desanimo de seus homens.

– Não chorem por eles! – seus homens o olharam confusos – porque eles lutaram para que ali não estejam os corpos de seus entes queridos - apontou para os corpos no chão - é pra isso que estamos lutando, para proteger nossas famílias – os olhos dos soldados começaram a mudar, tinha um brilho de determinação - então ao invés de derramamos lágrimas por eles, temos que nos preparar para o que está por vir, estar preparados assim como eles para lutar até a morte! – todos gritaram em concordância em uma única voz levantando suas armas para cima, o Capitão acreditava em cada palavra, pois era por isso que estava ali, para proteger aqueles que amava, esboçou um pequeno sorriso ao lembrar de sua esposa e da sua pequena filha de cinco anos.

– Que lindo, fiquei comovido! – o Capitão se virou exaltado, aquela voz causou calafrios em sua espinha, olhou pra cima junto com seus soldados onde viu um homem sentado no ar com as pernas cruzadas, segurava uma cabeça, quando o Capitão olhou melhor percebeu que pertencia a um dos soldados que tinha mandado vigiar os arredores do acampamento, os olhos revirados, a boca aberta como se gritasse em desespero, sua garganta ainda sangrava formando um pequeno lago no chão. O homem vestia uma armadura negra, seus cabelos eram longos e da mesma cor, seus olhos pretos e profundo como a escuridão de um poço, sorriam junto com seus lábios – Mas é isso o que mais gosto nos humanos – jogou a cabeça no chão que rolou até os pés do Capitão - sabem que vão morrer, no entanto ainda lutam – pulou no chão na frente da pequena e quase inexistente tropa de soldados.

– Quem é você?! – exclamou o Capitão, ignorando a cabeça de seu antigo subordinado.  

– Sou Troter, um dos noves Generais a comando do Senhor das Trevas – se inclinou apresentando-se.

– General? Senhor das trevas? – o capital demonstrou confusão.

– Então, quem vai me divertir primeiro? – olhou como um predador olha para sua presa para os homens presentes, e o capitão entendeu que ele era um inimigo.

Todo o seu corpo tremia, ele sentia a escuridão que emanava daquele ser, era como ver a própria morte, mas não podia recuar não agora, pois sabia que não iria muito longe, mas não só por isso, olhou para o emarando de árvores e viu um de seus soldados, balançou sua cabeça de vagar em recusa para que o soldado não viesse em sua direção e sim recuasse para avisar da nova ameaça, tinha que ganhar tempo, desembainhou a espada da bainha que ficava em sua cintura, e a segurou com as duas mãos apontando a lamina para a criatura na sua frente, pois sabia que aquilo não podia ser humano, seus homens o seguiram

– Se me divertir prometo não matar o seu soldadinho fujão – sorriu com crueldade, o capitão franziu o cenho, cobriu sua espada com uma fina camada de magia, que oscilava em uma cor laranja, já que não tinha muita e pulou em cima da criatura a sua frente gritando – não me decepcione humano.

– Tenho que ir, já demorei tempo demais aqui – se levantou da pinha de corpos dos soldados que tinha matado, deu um passo, foi quando algo segurou seu calcanhar, olhou pra trás e viu ali no chão sem as pernas e o braço direto, com a mão esquerda segurando sua perna, o Capitão, seus olhos quase sem vida, sua boca melada com seu próprio sangue, a criatura se abaixou e levantou o homem pelos cabelos, que começou a tossir sangue pela boca formando uma pequena cascata que escorria pelo seu pescoço até seu peito.

– Está quase morto, mas direi algo para que descanse em paz – olhou procurando algum sinal de entendimento do outro - não irei matar seu soldado – o Capital expressou uma feição de alivio, "então ele está escutando", pensou a criatura – já que os crools que estão pelo caminho farão isso por mim, feras iguais a que você enfrentou  – o homem arregalou os olhos, então com um movimento rápido a criatura enfiou a mão no peito do Capitão e quando retirou o corpo já estava sem vida, se virou jogando o cadáver sobre os ombro na pinha a suas costas – estou indo mestre, mas vou demorar um pouco – seus olhos encaravam as montanhas no horizonte, então sumiu deixando a pilha de corpos para trás, indo em direção ao seu mestre.

 



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