1. Spirit Fanfics >
  2. Mito - (Romance Lésbico) >
  3. Capítulo 07

História Mito - (Romance Lésbico) - Capítulo 07


Escrita por: Lyra_Ansatsu

Notas do Autor


Feliz Natal e Ano Novo atrasado.
Me desculpem pela demora,
E aproveitem!

Capítulo 7 - Capítulo 07


Fanfic / Fanfiction Mito - (Romance Lésbico) - Capítulo 07

Encontrava-se em um campo florido. Para todo lado que ela olhava só via flores, de todas as cores. E se mexiam como ondas conforme o vento ia de encontro a elas. Começou a andar. Então um pouco mais longe, Arquia viu uma mulher. Cabelos castanhos encaracolados, olhos de mesma cor. A olhava com um sorriso cheio de ternura e amor. Arquia sabia quem era, deu um passo em sua direção, mas um precipício se abriu entre elas, a morena recuou, as flores começaram a murchar, olhou de novo para frente, a mulher ainda tinha o sorriso nos lábios, no entanto ela se virou e começou a sumir no horizonte.

– Mãe... – Arquia conseguiu murmurar antes de tudo sumir.

Seus olhos se abriram de vagar, acostumando com a claridade, olhou em volta. Estava em uma tenda. Bem ao lado da sua cama, tinha vestes pretas com detalhes em vermelho. Se levantou em um pulo. Ela sabia o que aquilo significava. Foi quando percebeu que estava nua. Olhou por toda a tenda procurando qualquer outra roupa. Não achou. Apenas uma faixa. Então era isso. Estavam a obrigando a vestir o uniforme dos discípulos. Pegou a roupa e começou a coloca-la. Camiseta sem mangas por dentro da calça, botas pretas, uma alforja com adagas para colocar no peito, uma espada média que fica nas costas embainhada, placas de metal nos braços e uma capa com capuz. Depois de estar vestida. Enfaixou o braço direito para esconder as tatuagens.

Ali perto da cama tinha um espelho de corpo inteiro. Se colocou na frente dele. Ela estava vestida com a cor do sangue. Mas o que a entristecia era o tamanho de seus cabelos. Estavam dando encima de seu ombro. Mesmo depois de tudo que passou nunca cortou suas madeixas. Aqueles cabelos que um dia já foram penteados por mãos gentis, que já sentiu o toque carioso de sua mãe. Ela teve que se desfazer dele, mesmo sabendo que fora inevitável, ainda se sentia frustrada. Respirou fundo.

Se dirigiu para a porta da tenda saindo dela. Do lado de fora, a luz do dia ofuscou seus olhos, mas logo sua visão se adaptou. A sua frente havia várias outras barracas como a sua, e tinha muitos com as mesmas vestes dela transitando por ali. Escutou um ranger de garganta. Ela já o tinha sentindo ali em pé na entrada da barraca, de guarda, embora tenha decidido ignorá-lo. Tinha as mesmas vestes que ela, um rosto conhecido, Amir. Ele tinha vinte anos, dois anos a mais que ela, cabelos ruivos e orbes negras e vazias como uma tela em branco. A olhou de canto de olho estreitando-os.

– Vamos! – saiu andando na frente. Arquia só pode acompanha-lo.

Pararam na frente de uma barraca, o símbolo da igreja decorava a entrada. Uma cruz que emanava luz em dourado. Amir parou e anunciou os dois. Uma voz rouca ecoou de dentro dando permissão para entrar. Amir saiu da frente e se virou para morena, a olhando e apertando os olhos, esperando ela entrar. Se aproximou levantando o pano que servia como porta, abrindo passagem. Já dentro bem na sua frente estava ele, sentado atrás de uma mesa, com sua cabeça com alguns fios brancos entre os castanhos bem aparados, olhando alguns papéis. Usava sua usual bata, branca com detalhes vermelhos. Como a morena lembrava.

– É bom saber que já acordou – levantou a cabeça e lhe lançou um olhar de malícia soltando os arquivos – e já colocou seu uniforme!

– Não tive opção – Arquia não demonstrou nenhum sentimento. Apenas um olhar frio. Hesitar ou demonstrar que não tem certeza de suas palavras é um sinal de fraqueza. Ele riu.

– Parece que mesmo depois de tanto tempo você não esqueceu os modos – sorriu – E é claro que teve opção. Mas você sabe que nunca vai poder escapar disso, do vermelho dessa roupa, ou do sangue de suas vítimas – as últimas palavras foram ditas cheias de veneno.

– Que foram mortos por suas ordens – a morena falou estreitando os olhos.

– Sim. No entanto a culpa não cai sobre mim, um apostolo que tenta proteger a palavra de Deus, mas sim deles que tramam contra nós – olhou fundo nos olhos da morena e pareceu pensar em algo.

– Arquia – sua voz mudou de sutil para algo cortante, seus olhos eram como gelo, sem vida. Arquia engoliu a seco  – Porque estamos discutindo sobre isso? Está tentando me dizer algo? – seus olhos se semicerraram – Está tentando se voltar contra mim? - suas palavras foram ditas em tom de desafio.

– Não! – No momento essa era única resposta aceitável.

Arquia não tinha planos de bater de frente com Augustos. Não sem necessidade. Ele era seu mestre e isso não iria mudar. O tempo que ela passou sozinha a fez entender isso. O que ela tinha se tornado era imutável. Independentemente de onde ela estivesse sempre seria uma ferramenta que tiraria vidas. Mas iria escolher em quais mãos ficaria.

– Entendo. Que bom, você é uma pessoa única, por isso seria péssimo perde-la – seu sorriso voltou aos seus lábios dissimulados – E já que estamos de acordo decide perdoa-la por ter se aproveitado de meu exilio para se aventurar.

– Obrigado por sua consideração – se inclinou em respeito. Sim. Ela tinha que voltar a agir como o animal que ele puxava a coleira.

– Esqueça isso. Estou mais interessado em saber o que estava fazendo onde foi encontrada - ele estreitou os olhos - Arquia?

– Descobri que o rei tinha se aliado a igreja, para poder enfrentar o inimigo e isso não poderia ser feito sem os Nove Peões, por isso vim até aqui, para poder encontra o senhor e servi-lo é claro – o homem nada disse por um tempo, sua expressão não deixava transparecer se tinha acreditado ou não.

– Que bom. Mas importante. Como está se sentindo? – Sabia que ele se referia aos seus ferimentos. Ela era uma ferramenta e ele queria saber se estava funcionando, se a sua lamina estava tão afiada como sempre.

– Estou bem! – Se não fosse útil ele a descartaria e isso no momento não era uma opção.

– Mas como será que anda suas habilidades de luta? – Juntou suas mãos sobre a mesa e colocou o queixo em cima delas. Seus olhos brilhavam em diversão. Por que todas as suas perguntas só tinham uma reposta certa, estava testando a morena, vendo se ela ainda sabia jogar esse jogo. Ele dá o comando e ela obedece.

– As mesmas. Sempre me mantive em forma. Não importa a missão que me der não falharei – disse firme.

 – Serio?! – ele mostrou uma surpresa fingida – Então porque a encontrei ferida e quase morta? – Suas palavras foram frias. Arquia ponderou se deveria contar a ele.

– Enfrentei um General – falou de forma calma, como se estivesse dando bom dia. No momento lhe contaria o máximo de verdades possível. Para que suas mentiras tivessem o mesmo sabor.

– Como foi a luta? – o único sinal de emoção foi sua sobrancelha levantada em talvez dúvida.

– Ele era superior em tudo, agilidade e força. Não poderia ser chamado de luta. Desde o começo ele apenas brincou comigo – Arquia dizia a verdade, não foi uma luta, era uma execução. E a morena tinha sido condenada à morte - E ele usou um tipo de magia diferente. Sombras. Nunca tinha visto antes.

– Entendo. Nem mesmo você foi páreo para ele – olhou para Arquia refletindo sofre a informação – Por enquanto vamos deixar isso de lado. Quero que faça algo para mim. Como você sabe a igreja está ajudando o reino de Cinéreo que se uniu com os outros cinco grandes reinos. Mas isso é irrelevante agora – mexeu a mão como se desdenhasse desse fato - O que importa é que os Noves Peões estão juntos. Algo raro. Então hoje vamos apresentar um espetáculo que ocorre toda vez que isso acontece – Arquia já sabia o que era. Já tinha visto um, mas nunca participou. Parece que ele queria vê-la em ação.

– Se você não acordasse Amir seria o único a me representar – a olhou sem nenhuma emoção – Me mostre se você ainda pode ser chamada de discípulo de Augustos. Arquia.

– Não tenha dúvidas disso – a morena teria que mostrar que nada mudou nesses dois anos. Mesmo ela sentindo que talvez algo possa ter mudado dentro dela, embora não soubesse o que.

O dia passou rápido. Mas durante todo tempo a morena apenas pensou em uma única pessoa. Mas não ousou perguntar sobre ela. Não sabia o que tinha ocorrido a loira, se estava em outro lugar, ou pior, em posse de Augustos. Durante toda a conversa esperou que o seu Mestre falasse sobre Nefera. No entanto isso não ocorreu. O que a deixava ainda mais aflita. Mas só veria isso mais tarde, quando tivesse certeza que não havia olhos nela. Por enquanto tinha que permanecer calada com relação a isso. Tinha certeza que a loira estava bem, embora não conseguia acalmar esse sentimento dentro dela. Saudades. Queria ver a loira, constatar com seus próprios olhos que ela estava inteira. Ao pensar em seu sorriso, em seus lábios, sentiu algo se aquecer dentro dela. Colocou a mão no peito sobre a tatuagem de Feroignia, seu coração estava batendo acelerado. Então de novo aquele rosto angelical veio em sua mente.

– Arquia! – escutou seu nome ser gritado por uma voz irritada e estridente. Se virou e viu Amir franzindo o cenho em raiva na entrada da barraca – Não está me escutando ou está me ignorando?!

– Tem diferença? – seu olhar era frio e sua expressão sem emoção. Tudo o que ela estava sentindo antes. Não era possível ver nenhum vestígio daquilo. Se levantou da cadeira.

– Estamos indo! – ele estava com raiva porque Arquia seria a primeira a se apresentar nesse espetáculo por Augustos. A morena seguiu o ruivo.

 Amir sempre se deixou levar por sua rivalidade contra Arquia o levando a enfrentá-la, sempre atrás de um ponto franco e isso não agradava muito a ela. Era enfadonho mostrar o quanto ele era inferior. Embora isso não o impedisse de continuar tentando. Mas agora o que a incomoda é que o medo e ódio silencioso do ruivo por ela tinham se tornando desdenho e certo senso de superioridade e isso era perigoso. Fazendo-o pensar que poderia ferir Arquia e quem quer que tivesse proximidade dela. E de novo o rosto da loira veio em sua mente. Arquia mataria o ruivo antes de chegar até Nefera, mesmo ela sabendo que a outra era bem mais forte que ele.

Se aproximaram de um coliseu feito de madeira, e de certa forma era grandioso, mesmo pelos matérias que tinham sido usados. A igreja sempre gostava de mostrar o quanto é superior. Amir rodeou a construção, a levando-a a uma entrada que ficava nos fundos, do lado de fora já era possível se escutar o som de laminas se chocando. Entraram no local e ficaram em um pequeno corredor que se ligava a arena. A poeira subia a cada golpe, a cada passo, era um contra um. Arquia foi subindo seu olhar, sentados em cadeiras de madeira que mais pareciam tronos, estavam Os Noves Peões, apenas observando o que estava acontecendo. Ao redor deles tinham vários discípulos de todas as idades, mas quanto mais velho se era, mais seus olhos perdiam a vida. Então um baque foi escutado. A morena levou seus olhos até a fonte, um dos combatentes estava sangrando e inerte no chão.

– Sua vez! – Amir lançou as palavras como se fossem uma ameaça. Desapareceu, surgindo ao lado de Augustos, a morena o seguiu com os olhos.

– Vencedor! Virini! Discípulo de Franker – apareceu um padre qualquer com um abatina marrom e anunciou o vencedor. Depois outros dois surgiram e tiraram o corpo da arena improvisada.

– E agora um dos combates mais esperado. Discípulo de Edmundo. Grandios!!! – Um brutamontes pulou na arena aterrissando agachado, a poeira se levantou. Segurava um martelo que estava apoiado no seu ombro. Se levantou. Seu olhar era o de uma fera irracional. Suas roupas eram coladas nele, não usava a capa. Alguns espectadores começaram a gritar em sua torcida. Que Arquia constatou não serem só da igreja, ali havia alguns soldados de vários reinos.

– E discípulo de Augustos – Arquia começou a andar, entrando na arena – Arquia!!! – seu rosto estava parcialmente coberto pelo capuz da capa.

– Esse franzino vai me enfrentar? – ele começou rir – Não! Veio morrer pelas minhas mãos! – gritou ficando feliz pela própria conclusão.

Arquia se aproximou dele, olhou mais uma vez para seu oponente. Ele era forte isso ela não tinha dúvidas. O mediador se afastou.

– Comecem! 

Com uma agilidade surpreendente para seu tamanho ele a atacou com seu martelo, seu golpe foi na altura do troco de Arquia, ele queria parti-la no meio. A um fio de distância a morena sumiu. E o golpe fez uma rajada de vento cortando o ar. Ela estava agora pairando sobre a cabeça dele, olhou para cima surpreso. Ela não mais usava o capuz. Arquia aterrissou em cima de seus ombros agachada, a capa esvoaçou. Segurou seus cabelos levantando a cabeça dele, forçando a olhar em seus olhos, sua lamina foi de encontro a sua garganta e em um movimento rápido o degolou. Sangue jorrou. Seu corpo se inclinou para frente. Arquia pulou de cima dele antes de atingir o chão, e ficou ao lado olhando o sangue encharcar a areia de vermelho. A morena olhou em volta e viu surpresa em alguns rostos. Mas o único que importava era o de Augustos, quando encontrou viu aprovação em seus olhos, se inclinou em respeito. Tinha que faze-lo acreditar que ela era fiel a ele. Então deu um pulo subindo onde ele estava, mas nesse momento viu dois rostos inesperado na plateia. Arquia trincou o maxilar ao reconhece-los, um deles aqueceu seu peito, o outro a enfureceu, no entanto continuou seu caminho. Aterrissou ajoelhada na frente de Augustos.

– Foi de seu agrado? – Arquia manteve a cabeça baixa esperando a resposta.

– Como sempre! – ele sorriu – Levante-se e tome o seu lugar ao meu lado.

Arquia olhou para Amir que estava do lado direito atrás da cadeira do seu mestre, a morena deu um passo e viu o ruivo recuar. Ela sorriu com crueldade. Tinha feito ele lembrar quem era ela. “Sim. Tema a ponto de não querer fazer nada contra mim”, pensou a morena. Se dirigiu para o lado esquerdo de Augustos e ficou ali de cabeça erguida. Com a expressão sem vida de um discípulo. Augustos riu ao perceber o que ela tinha feito. Para alguns o lado direito pertencia a Deus, mas o esquerdo era do diabo. E era isso que ela queria que Amir entendesse e lembrasse, e para todos ali. Que ela era tão voraz e cruel quanto um demônio.

– Que o espetáculo continue! – Seu mestre declarou. E os gritos tomaram a arena, pedindo por mais sangue.

Arquia não olhou em nenhum momento para aqueles dois. Não podia, tinha muitos olhos nela. E mostrar qualquer reação que não fosse esperado naquele momento seria perigoso. Os combates continuaram. Arquia não lutou mais, apenas Amir e como esperado derrotou seu oponente, mas teve muito trabalho antes de fazê-lo.

Estavam agora do lado de fora do coliseu, cada um de um lado de Augustos caminhando alguns passos atrás dele, Arquia olhou pra Amir. O ruivo tinha uns ferimentos, mas não demonstrou nenhum cansaço e nem pareceu sentir dor. Era isso o que era esperado deles. Nunca se render a dor. E ferimentos como aqueles não era nada comparado com o que já tinham passado.

– Augustos! – uma voz grave seguida de um homem moreno, de olhos negros que emanavam de raiva, bloqueou seu caminho.

Ele respirou fundo fechou os olhos com força. Então os abriu e olhou se dirigindo a morena.

– Arquia - sua voz era rouca, mas não tinha raiva, seus olhos murcharam. Parecia que o nome tinha um gosto ruim na sua boca – Filha... – Arquia não escutou o resto. Sua adaga já estava na garganta dele. Aquelas palavras acordaram uma fera ferida dentro dela.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...