História MITW - Você Me Pertence (Em Correção) - 46 Cap - Miss You

Leiam as notas.

Muito importante! 

—xXx—

Perder alguém especial... é como se naquele momento essa pessoa representasse o mundo para nós. A razão da nossa existência... De repente deixamos de sentir o tempo passar, deixamos de reparar no anoitecer ou no amanhecer, e dormir já não faz sentido, é como se viver fosse só num dia. Nem a meteorologia nos representa algo... A chuva, o vento, sol, calor, frio, trovoada, etc. nada significa. Apenas é um fundo vazio que em nada preenche a nossa alma magoada. Parece que os nossos olhos, abertos ou fechados, apenas vêm momentos dessa pessoa e nada mais à sua frente.

Queremos tentar não chorar mas parece que há um impulso dentro de nós que tenta sair por encher o nosso vazio de sofrimento. Após o choro sentimos um certo vazio frio na barriga e ao mesmo tempo um incomodo na garganta e na cabeça, como uma dor. Apercebemo-nos de que daqui por diante nada seremos sem aquela pessoa e longos tempos infinitos se aproximam para acompanhar este nosso sofrimento solitário.

A dor de perder alguém é aquela que dói na alma, aquela que não passa, só é amenizada, mas que sempre será lembrada. "Perder" alguém querido dói, machuca, deixa feridas. As vezes a dor passa, os machucados saram e as feridas cicatrizam, mas sempre deixarão "marcas,"marcas que farão você lembrar dos diversos momentos...

Meu celular toca em meio a madrugada, olho em volta e vejo que o barulho parou, ainda estou abraçando meu garoto, sua cabeça enterrada em meu peito e minhas mãos enlaçadas em sua cintura curvilínea. O som do celular toca mais uma vez, aos poucos solto seu pequeno corpo que protesta pela falta de contato, procuro pelo aparelho dentro dos bolsos de meu jeans, o brilho do visor incomoda minhas vistas, o nome e minha mãe brilha na tela. Meu coração perde o compasso das batidas, irregulares são, meus dedos com receio deslizam para o lado verde da tela. Levo o aparelho até o ouvido, e com a fé de que nada de ruim viria...

— Alô? Mamãe é..

Tento transparecer o mais calmo possível, mas a verdade é que, desde que são do hospital não consegui prega as pálpebras. Cochilei por poucos minutos, passei um certo tempo velando o sono de Tarik, que com toda sua ingenuidade, ressonava baixinho e calmo como um mar em calmaria. Mas a voz que vinha do outro lado da linha parecia nervosa e com uma ponta de receio.

— Mike.. meu filho, s-seu avô.. ele.. ele não resistiu querido. Sinto muito bebê.

— Oque, mas.. ele estava bem mamãe.. como, não, por favor, não mãe..

O no na garanta se desfez, as lágrimas rolavam soltas por minha face. Minha voz desesperada e inconformada soará um pouco mais alta, trazendo o desespero, pequenos espasmos percorriam meu corpo fazendo-me soltar o aparelho e leva minhas mãos até meu rosto negando com a cabeça. Meus dedos emaranhados em meus cabelos puxando com certa força sem pudor, um grito choroso e desesperando escapa e minha garganta, essa que parecia queimar em desespero. Tarik acorda desnorteado procurando saber o motivo de toda gritaria vinda de mim.

— Mike? Amor, oque foi, por favor fala comigo. Mike, eu to ficando assustado..

Minha mente ficou nebulosa, tudo parecia confuso e fora de lugar, meus dedos retorciam e meus olhos pareciam buscar sua face como sinonimo de eu me acalmar. Minha respiração ficando pesada e dificultada, uma angustia pesada pesa sobre meu peito, minha mão aperta a camisa com força sobre o peito, sinto mãos envolver meu rosto e eu seguro com força os pulsos das mesmas. 

— Mike, respira comigo, por favor Mike. Deixa eu te ajudar amor, por favor..

Ele cola nossas testas segurando a todo momento meu rosto firmemente sem vacilar, seu toque parecia queimar minha pele, sua respiração quente batendo em minhas bochechas me faz segui-lo. Aos poucos consigo ir normalizando a respiração, mas as lágrimas quentes logo voltam a tona, minhas mãos agora procuram por seu corpo esguio que tanto me acolhe e me acalma. Ele me acalma.. Enterro meu rosto em sua barriga, chorando forte, ele senta sobre minhas pernas e abraça minha nuca acariciando meus cabelos sem deixar o aperto afrouxar.

Choro como uma criança, ali deixo que minhas barreiras de concreto e ferro solido caíam, não me importo mais com nada, eu só quero entender por que, por que o que mais amamos a vida nós tira. Porque? 

— Ele se foi Pac, e agora? Não consigo viver sem ele, sem saber que pelo menos ele estava ali.. bem..

Aperto seu corpo contra o meu e o olho brevemente com os olhos embaçados e vejo que ele também não contem suas lágrimas e um pouco de surpresa pela recém noticia. Ele enxuga suas lágrimas com as costas das mãos, eu vi que naquele momento que ele queria ser forte, forte por mim, eu sabia que estava quebrado, que oque eu mais precisaria era dele, do meu lado. 

— Eu lembro de que quando perdi meus avôs, estava nessa mesma situação, mas eu era muito novo pra compreender essa coisa das pessoas partirem.. Mas me lembro de algo que minha mãe me disse. Algumas pessoas partem de nossa vida, mas não completamente. Deixam um pouco de seu cheiro, do seu gosto, da sua voz, do seu carinho, da sua presença. Isso independente de nossa vontade, ficam essas sensações gravadas na memória do coração e por tempos e tempos elas ressurgem...isso é o que chamamos de "saudade". 

Meu corpo era como um poço de lágrimas encontrolveis  que fluía de meus olhos como uma nascente de águas claras e límpidas. Meu corpo solavancava com os soluços saindo de  minha garganta e lembranças vieram a tona a todo momento, por que doí tanto? Isso é algo que ninguém devia sentir na vida é... machuca! 

— Não tenha medo de sentir saudades Mike, isso prova o quão a vida dele foi boa, lembre dos momentos bons e ruins que tiveram juntos. Por mais que ele tenha ido, ele deixou um legado em sua vida, ele te ensinou tudo que você precisava, tudo que a vida te ensinaria a tombos. Mas era ele que tava lá pra te levantar, e graças a isso tudo, a consequência que tive, foi te ter em meu caminho. Tenho plena certeza, de que ele, não te queira ver chorando, ele está bem..

Suas palavras são de total conforto, o movimento circular em minha nuca é como um sonífero, em toda minha vida, esse sem dúvida era e é o momento em que estive mais vulnerável e mais mais de ser afetado. Aos poucos ele troca de posições, ficando por baixo, me ajeitando em meio a suas pernas, apenas da diferença de tamanho e peso ele faz isso facilmente. Minha cabeça em seu peitoral é coberta por carícias, seus batimentos faz um compasso agradável, ao som de seu coração minha respiração passa de pesada para calma e lenta, meus olhos parecem escurecer gradativamente nos conformes que minhas pálpebras se fecham.

E a última coisa que me vem a cabeça é que amarei Tarik como amei meu avô, tão intensamente, e da forma mais pura e verdadeira, e que todos os dias o farei se sentir a pessoa mais especial do mundo..