História Mitw- How I Met Your Father... - One Last Goodbye...

– Crianças, a morte de um parente próximo é uma das piores sensações que vivenciamos ao longo da vida. Nesse momento é que percebemos o quão curta é a nossa estadia na Terra e como é importante aproveitar cada momento em que estamos com as pessoas que amamos... Seu tio Felps tinha acabado de perder a mãe, esse foi um dos momentos mais frágeis da vida dele e eu tinha que estar lá por ele, pra consolá-lo...

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Tudo aconteceu tão rápido...

Eu, Felps, Mike, Pac e Thomas viemos ao enterro da mãe dele... Eu nem sequer tive a chance de conhecê-la melhor, mas só pelos minutos que passamos juntos eu já pude perceber a boa pessoa que ela era...

Felps mal se mantém de pé... O tempo todo ele estava chorando, e quando não estava ele parava pra respirar já que se ele não precisasse, ele nem parava pra isso...

O dia estava nublado. As nuvens indicavam que logo uma chuva cairia, por sorte eu trouxe o meu guarda-chuva... Pac e Mike estavam mais distantes de nós, Thomas estava no fundo da capela onde o funeral seria realizado...

O enterro era de caixão aberto, eu a olhava de perto, era incrível, ela parecia apenas estar dormindo, como se a qualquer momento pudesse levantar e sair andando...

Um murmuro baixo ecoava pela capela. Não havia muita gente, a grande maioria dos parentes do Felps estava mortos havia muito tempo. Ele nunca teve uma família muito grande... A maioria dos convidados eram amigos da Dona Monique e nós, os amigos do Felps...

Então um homem, que eu julguei como sendo o padre que realizaria a cerimônia, aparece na capela e sobe ao púlpito.

– Boa tarde, que a graça do Senhor esteja convosco... Amém? – Ele diz e nós respondemos com um “Amém” em uníssono – Eu queria tomar o tempo de vocês pra podermos começar a cerimônia... – Ele abre uma bíblia que carregava consigo – Eu gostaria de começar com uma passagem da Bíblia... “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, viverá...”. Irmãos o nosso tempo na terra é curto... Estamos aqui, pois o tempo de vida da senhora Monique Zaghetti acabou... Mas agora podemos crer que ela descansará nos braços do Senhor, e não há melhor lugar para tal...

A cerimônia continuou. Felps mal se aguentava em pé. Acho que nunca o abracei tanto quanto agora. Ele é o dono do sorriso mais belo do mundo e vê-lo passar por tanta dor e não poder fazer nada... Me parte o coração...

– Irmãos, caso algum de vocês queira falar algumas breves palavras sobre a falecida, podem subir ao púlpito... – O padre diz e um silêncio se instaura no local... – Bem, nesse caso...

– Eu vou... – A voz de Felps se sobrepõe à voz do padre, ele se direciona ao púlpito e fica em frente ao palanque perto do microfone...

Ele parece buscar forças pra falar. Como se cada respiração doesse e a vontade de chorar aumentasse...

– A minha mãe... –Ele pausa por um instante. – A minha mãe foi a melhor pessoa do mundo... Não há absolutamente nada que ela tenha deixado faltar na minha vida... Ela era a minha âncora, minha guardiã, minha lutadora, minha guerreira... Meu maior exemplo de amor... Eu vou sentir muito a sua falta, mãe... – Ele diz e segura uma lágrima – Mas... – Ele recupera a postura – Eu a conheço como ninguém, sei que se ela pudesse me falar alguma coisa ela me diria pra parar com o chororô... – Ele diz e uma risada baixa coletiva se instaura na igreja – Ela nunca foi de muito drama e tristeza... Eu creio que, onde quer que ela esteja, ela estará olhando por mim... Eu amo você mãe... E isso é algo que nem a morte pode apagar... – Ele diz e desce do púlpito vindo na minha direção e me abraçando, eu, obviamente, o abraço de volta...

– Muito bem... Mais alguém deseja subir e falar algumas palavras? – O padre diz e eu coloco a mão no bolso.

Ao colocar a mão no bolso eu sinto o papel que ela havia me entregado antes de eu sair do quarto. As coisas aconteceram tão rápidas que eu nem sequer tive tempo de dar ao Felps...

– Eu! – Eu digo um pouco mais alto fazendo as pessoas se assustarem, inclusive o Felps – Digo... Eu tenho uma coisa pra dizer... – Eu digo e subo no púlpito.

Ao subir eu pego o papel no meu bolso e olho pro Felps... Ele parecia uma criança perdida... Espero que isso possa melhorar as coisas...

– Felipe... No dia em que a sua mãe morreu aconteceu uma coisa que você não sabe... – Eu digo e ele parece ainda mais intrigado – Eu havia seguido você até o hospital... Eu acabei por conversar, brevemente, com a sua mãe... – Eu digo e ele arregala os olhos, todos pareciam surpresos com a notícia... – E... E antes de eu sair ela me entregou isso... – Eu digo e levanto o papel – Felipe, ela me pediu pra te entregar isso, mas como toda a correria acabei não conseguindo fazê-lo... Mas creio que essas são as últimas palavras de sua mãe pra você... – Eu digo e as lágrimas voltam aos olhos dele – Espero que não se importe que eu leia... – Eu digo e abro o papel.

Os olhares de todos na igreja estavam virados na minha direção, nenhum barulho era escutado dentro ou fora da igreja... Eu pigarreio e começo...

“Meu filho... Se você está lendo essa carta significa que eu já devo ter morrido...

Estou escrevendo essas palavras com as últimas forças que tenho antes do remédio fazer efeito e me apagar... Me desculpe, então, se a escrita falhar...

Eu sinto muito não poder ficar mais ao seu lado... Deus sabe o quanto eu queria poder estar aí pra te consolar e te abraçar pra te dizer que vai ficar tudo bem...

Você vai ficar bem... Você é um garoto forte, inteligente, bonito, amoroso, bondoso, caridoso (Puxou a sua mãe) e acima de tudo é o melhor filho que uma mãe poderia pedir...

Eu sinto tanto não poder ver você crescer ainda mais... Ver você se formando, seguindo a sua carreira, tendo a sua família pra que eu possa estragar os meus netos os mimando...

Sei que haverá vários momentos em que você precisará de uma mãe... Vários momentos que você se sentirá sozinho, frustrado, perdido... E eu não vou poder estar aí pra te mostrar o caminho... Por isso me desculpe...

Haverão momentos difíceis daqui pra frente, meu filho... E me dói o coração saber que eu não vou estar com você pra te ajudar... Mas nunca, jamais pense que estará sozinho... Se algum dia você se sentir assim lembre-se do amor que eu tenho por você...

Dê valor aos seus amigos, eles são o bem mais precioso que temos no mundo. E se você tiver amigos verdadeiros eles estão aí, ao seu lado...

Você foi a melhor coisa que já me aconteceu... Eu ainda me lembro da primeira vez em que te peguei no colo... Dos primeiros passos... Das primeiras palavras... Você sabia que as suas primeiras palavras foram “Aqua, bebe e grava”? Desde então você tem se tornado um garoto excepcional... Nem de longe eu poderia imaginar o jovem abençoado que você é...

Eu sinto muito não estar mais contigo, mas eu sei que estou em um lugar melhor... Eu tenho fé que o Senhor vai consolar o teu coração...

Sei que eu sou a sua âncora, meu filho, portanto sinto muito não poder mais te sustentar quando você precisar... Mas eu quero que você encontre uma nova âncora... Alguém que você poderá amar de todo o coração, exatamente como você me ama...

Permita-se apaixonar por alguém... Eu sei que você tem medo que a vida tire as pessoas de você, mas não se pode viver com medo... Desde o seu último namoro eu tenho estado com muito medo do seu jovem e frágil coração jamais se recuperar do que aconteceu com ele... Só espero que da mesma maneira que uma paixão destruiu seu coração, uma nova o cure...

Espero que você tenha vários filhos, quero que passe pela experiência de ser um pai, pois só assim você saberá o tamanho do amor que eu sinto por você...

Há muito mais coisas que eu gostaria de acrescentar, mas já estou sentindo a minha vista ficar mais cansada... Nunca haverão palavras o suficiente pra descrever o quanto eu amo você e o quanto eu quero te ver bem...

E se você acha que agora que eu me fui você está liberado pra fazer as coisas que eu te proibia pode esquecer! Eu estou de olho em você daqui de cima... E lembre-se...

As mães sempre sabem...

Como todo o amor que cabe no coração de uma mãe, para o meu pequeno Stardust...

Que essas palavras lhe deem forças pra passar por isso...”.

Após ler a carta o silêncio se faz presente na igreja...

Logo eu vejo Felps correndo na minha direção me assustando, mas ele me dá um abraço tão forte que me faz esbarrar no púlpito causando uma microfonia no microfone...

Felps me aperta contra o seu corpo como nunca antes, ele tremia e eu sentia o coração dele batendo junto ao meu...

– Obrigado... Muito, muito obrigado... – Ele continuava me agradecendo enquanto eu sentia as lágrimas dele descendo pelo rosto dele e caindo no ombro do meu terno...

Após o enterro estávamos apenas eu, Felps, Mike e Pac em frente aonde ela foi enterrada... Felps falava baixinho com ela, se despedindo...

– Tchau mãe... – Ele diz e coloca as flores rosas no chão perto da lápide com o nome dela e as datas...

– Flores rosas... – Pac diz e Felps assente.

– As favoritas dela... – A brisa fria vinda do leste batia contra as nossas roupas fazendo um arrepio percorrer a minha espinha – Gente... Eu me sinto perdido... Eu não sei o que fazer agora... – Ele diz olhando pro chão... Mike dá um passo à frente e coloca a mão no ombro dele...

– Acho que agora o que você precisa é de um sorvete... – Ele diz e sorri fazendo eu e o Felps sorrirmos...

– É. “Tudo fica melhor com sorvete”, não é esse o seu lema? – Thomas diz e nós rimos.

– Obrigado pessoal... Vocês são os melhores amigos que alguém poderia ter... – Ele diz e nós nos abraçamos em conjunto...

– Agora vamos! Eu quero um sorvete de morango do tamanho da minha cara! – Mike diz e os outros começam a caminhar na frente ficando eu e o Felps atrás...

– Cell... – Felps me chama.

– Sim? – Eu digo e ele aperta a minha mão.

– Eu... Quero te pedir uma coisa... – Ele diz e meu coração bate mais rápido.

–O-O quê...? – Eu digo e ele suspira.

– Eu quero te pedir perdão... – Ele diz me olhando nos olhos – Quero que me perdoe por tudo que eu te fiz... Por todo o sofrimento que eu te causei... Eu tive bastante tempo pra divagar e perceber que o meu tempo nessa terra é curto... E eu não quero que mais nada fique pendente... Não quero perder mais ninguém importante pra mim... – Ele diz e encara o chão – Será que você pode me perdoar...? – Ele diz e me encara em seguida. Tempo pareceu parar por alguns segundos...

Eu não me contive e o abracei.

– É claro que perdoo bobo... – Eu digo e ele suspira com a cabeça na curvatura do meu pescoço. – Agora, vamos tomar aquele sorvete, sim? – Eu digo e ele assente com um sorriso.

O sorriso mais bonito do mundo...