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História Mitw- How I Met Your Father... - Ashes Of A Phoenix Pt. 1 - Fireworks From A Distant Past...


Escrita por: C_Grimaldi31

Notas do Autor


Fala aí galerinha!
Mais um cap e dessa vez sem esperar 73493 dias pra postar!
Hoje o cap está com mais de CINCO MIL FODENDO PALAVRAS. Eu deveria estar estudando para minha prova amanhã, mas foda-se! Hoje tem cap, All hail!
O cap de hoje é um cap no meu estilo favorito, um cap de flashbacks. Hoje introduziremos um personagem que será importante para a fic no futuro. Então aproveitem.
(Eu separei esse cap em duas partes, está tarde e eu ainda tenho que dormir, acabo a parte 2 depois)

Capítulo 46 - Ashes Of A Phoenix Pt. 1 - Fireworks From A Distant Past...


Fanfic / Fanfiction Mitw- How I Met Your Father... - Ashes Of A Phoenix Pt. 1 - Fireworks From A Distant Past...

– Crianças, na fase da adolescência as festas ficam bem comuns. Juntar vários adolescentes com os hormônios a flor da pele, bebidas e música alta só pode ser um sinônimo de dar merda... – Pac diz e todos na sala riem – Mas mesmo assim, mesmo sabendo o que provavelmente me aguardava, Mike ainda conseguiu me convencer a ir... Só que isso acabou gatilhando em uma história do passado de seu tio Cellbit...

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– Vocês vão adorar, gente! A festa é hoje a noite e eu não consigo me controlar de emoção! – Mike diz na mesa do café enquanto comíamos o lanche da tarde.

Thomas, Mike, eu, Jv, Cell e Batista voltamos a discutir sobre a festa. O primeiro a ceder havia sido o Cellbit. Thomas conseguiu convencê-lo a ir. Isso me deixa bem apreensivo, pois todo mundo já viu que o Cell é bem fraco com bebidas... Só Deus sabe o que pode acontecer nessa festa... Já vi que eu vou ter que ser o irmão responsável...

– Já entendemos, Mike. É só a quadragésima vez que você fala isso... – Batista diz tirando as palavras da minha boca.

– Ele fala com propriedade. A festa dos calouros é o evento do ano. Todos os veteranos querem que chegue logo... – Jv diz apoiando Mike.

– Mas por que os veteranos querem que chegue logo? Não deveria ser pros calouros a festa? – Eu pergunto e Jv e Mike se entreolham.

– Bem, sim, mas mesmo assim os veteranos se divertem... – Mike diz e chega mais perto de mim – Não vai me deixar de lado nessa, vai paczinho? – Mike diz manhoso do meu lado. Droga! Maldito charme goianiense...

Eu reviro os olhos e suspiro.

– Tá... Eu vou... – Eu digo e Mike e Jv fazem um Hi-Five.

– Prometo que será divertido, Pac. – Ele diz com um sorriso – E vai ser uma festa inesquecível... – Ele diz e Thomas assente rindo junto a eles.

– Bem, eu prometo não exagerar. Sei que vai ter bebidas nessa festa e não quero passar do limite... – Cellbit diz se levantando – Thomas e eu vamos sair pra comprarmos algo novo pra festa. Se eu quero me enturmar com o resto dos veteranos ou com os outros novatos é bom que eu esteja apresentável... – Ele diz nos fazendo dar uma risada leve – Vemos vocês na festa. – Ele diz e sai junto ao Thomas enquanto ficamos observando.

– Gente, sou só eu ou esses dois são muito juntos pro meu gosto...? – Eu pergunto com o cenho levemente franzido olhando a todos.

– Como assim? Acha que está rolando algo entre eles? – Mike pergunta se escorando de costas pra mesa.

– Ah, sei lá... Desde que eles se conheceram não se desgrudaram... E o Cell gosta, ou diz que gosta, do Felps, e eu tenho medo de que ele possa acabar se sentindo confuso por causa disso... O Cell pode até não demonstrar, mas é muito sensível com relação aos sentimentos dele... E um pouquinho rancoroso...

– Pff... “um pouquinho”? Foi necessário a mãe do Felps morrer pra ele fazer as pazes com ele... – Mike aponta com um sorriso sarcástico.

– É, mas não é por acaso, não... O Cell já passou por muita coisa pra ser o que é... Não foi por acaso que ele se tornou rancoroso... A vida já bateu muito na cara dele... – Eu digo e todos param pra prestar atenção, até o Batista, que até agora estava no celular.

– Mas como assim? – Jv pergunta inclinando-se na mesa. – O Cell parece sempre tão feliz... O que aconteceu de tão ruim pra ele? – Ele pergunta e eu suspiro.

–O fato é: Cada um de nos é a soma dos momentos que já tivemos. E de todas as pessoas que já conhecemos... E são esses os momentos que se tornam a nossa história... E essa é uma história de muito tempo...

#Flashback On#

Houve uma época em que o Rafa não era assim...

Foi há muito tempo, mas as marcas disso persistem até hoje na nossa memória...

O ano era 2014, Cellbit havia acabado de fazer 16 anos, eu, na época, tinha apenas 14. Com a puberdade, Cellbit começou a notar outras pessoas... No nosso grupo havia um ruivo de 17 anos chamado Guilherme. Eu ainda não havia percebido, mas ele e o Cell eram muito próximos, do tipo que dormiam na mesma cama sem ninguém reclamar.

Era óbvio que o Cell ainda não havia se descoberto. Ele havia terminado um relacionamento com uma garota havia três meses, então ninguém achava estranho o fato de eles, quando um ia à casa do outro, dormirem juntos...

Mas em março daquele ano as coisas mudaram...

Guilherme, ou Phoenix que era como o chamávamos devido aos seus cabelos cor de fogo, era um temido mulherengo. O mais velho do grupo, o mais atlético, o mais sedutor e o mais experiente de nós...

Um dia nós estávamos na praia num feriado. Nosso pai havia levado a mim, ao Cell e, é claro, ao Guilherme...

Meus pais nunca gostaram do Phoenix, sempre o acharam uma grande má companhia para nós, mas por Deus éramos adolescentes! Ter más companhias faz parte do processso...

– Eu pegaria... – Phoenix diz enquanto pegavamos sol perto do bar na praia. Phoenix tinha uma identidade falsa, então conseguia comprar bebidas pra nós.

Éramos adolescentes! Fazer merdas faz parte do processo...

  – Pegaria mesmo? Ela tem estria, olha lá – Cell diz ao lado de Phoenix que ri dele.

– Qual foi Cell? Onde isso importa? O que importa de verdade numa mulher é o tamanho dos volumes que ela carrega... – Phoenix diz fazendo gestos obcenos com as mãos (N/A: Só pra constar essa não é a opnião do autor. O comentário machista descrito é apenas ficcional feito intencionalmente para demonstrar o quanto o personagem é uma má companhia, por favor, não escrotizem os comentários, obrigado). Cell ri do comentário de Phoenix me fazendo revirar os olhos.

– E eu aqui pensando que você iria fazer um comentário realmente legal, Phoenix... Pra variar em me enganei... – Eu digo enquanto eu volto a ficar com os olhos fechados.

– Ah, você só fala isso porque não experimentou a fruta... – Ele diz e eu volto a revirar os olhos.

– Phoenix, você está cansado de saber que eu sou gay... É ÓBVIO que eu não experimentei a “fruta”... A fruta que eu quero é outra... – Eu digo ácido.

A verdade é que eu já estava ficando cansado do Phoenix também... Conforme o tempo ia passando eu ia amadurecendo enquanto o Rafa parecia o mais novo... Eu comecei a enxergar os defeitos que os meus pais apontaram durante anos. Os comentários racistas, homofóbicos, machistas... Isso já havia me cansado... E desde que eu havia me assumido havia ficado pior. Ele não perdia nenhuma oportunidade de esfregar na minha cara o quanto ele era o “macho-alpha”...

– É, é, eu sei... Mas sinceramente eu não sei por quê! – Começou... – Digo, olha só pra ela! – Ele diz apontando pra garota que entrava no mar – Olha só esse bundão lindo... Eu adoraria marcar ela todinha... – Ele diz com um sorriso safado no rosto. – Como vocês viados não conseguem gostar disso? – Ele pergunta e eu fecho os olhos suspirando.

–Em primeiro lugar: eu sou gay, viado pra mim é um termo pejorativo. Em segundo lugar eu não escolhi não gostar de mulher, eu simplesmente sou assim... – Eu me viro pro bar – Além do mais tem um garoto alí que está me dando mole... – Eu digo e Cellbit vira pra mesma direção que eu e vê o garoto moreno que me encarou – E que garoto lindo... – Eu digo sorrindo pra ele enquanto boto os óculos escuros de volta.

– Ah tanto faz... Eu não acho que seja normal, tipo assim, a biologia mostra que todos os seres vivos nascem, crescem, se reproduzem e morrem... Onde os gays podem se reproduzir? Isso não iria contra a natureza? – Ele diz me fazendo o encarar. Phoenix e eu vivíamos tendo esse tipo de discussão, ele, mesmo sendo um idiota às vezes, não era iletrado, pelo contrário! Gostava de estudar e sonhava em ser químico.

– Se você prestasse atenção de verdade veria que na natureza a homossexualidade é recorrente entre as espécies... O sexo há muito tempo deixou de ser apenas para fins sexuais, Phoenix... Não estamos no século um antes de cristo... – Eu digo e coloco o meu livro na mochila que trouxemos. – Olha, por mais que eu adore ficar aqui discutindo o conceito biológico da homossexualidade, aquele garoto acabou de me chamar com o olhar pra conversar e eu que não vou perder essa oportunidade... Arrivederci... – Eu digo e vou na direção do bar falar com o garoto.

#Flashback Off#

– Ok, ok... Olha o oversharing por favor... – Mike diz me interrompendo fazendo todos rirem.

– Tá, desculpa. Enfim, essa parte eu soube através do Cellbit, não tinha como eu estar lá na hora. – Eu digo voltando à história.

#Flashback Off#

Após Pac ir até o tal garoto eu e Phoenix ficamos sozinhos na beira da praia. Os óculos escuros no rosto dele o faziam ficar bem mais bonito... Se é que isso era possível...

Phoenix era meu amigo havia muito tempo... Éramos muito íntimos ao ponto de ele já ter ficado de cueca na minha frente e vice-versa.

Ele ficou meio encucado com o que o Pac havia dito. Dava pra perceber por causa das rugas que apareciam na testa dele quando ele ficava pensando em alguma coisa. Era até fofo, ele parecia estar emburrado com alguma coisa...

– Tá pensando no quê? – Eu pergunto e ele suspira pelo nariz.

– No que o Pac disse. O que você acha em relação aos homossexuais? – Ele me pergunta se recostando na cadeira.

– Ah sei lá... Quando o Pac se assumiu eu fui o primeiro a saber. Foi um choque no começo, mas eu fiquei feliz de ele ter confiado em mim pra contar primeiro... Eu o ajudei a se assumir pros meus pais. Felizmente eles eram ok com isso... Eu acho que a orientação sexual não faz alguém ser melhor ou pior. O que importa de verdade é o caráter da pessoa... – Eu digo e ele me encara.

– Entendi... Mas e você? Acha que pode ser homossexual? – Ele me pergunta e por algum motivo o meu coração bateu mais rápido que o normal... Por que eu estava me sentindo assim?

– E-Eu... – Ele me interrompe.

– Ah sim, esqueci que você estava namorando há pouco tempo, não é? – Ele diz e eu sorrio.

– É... Isso mesmo... – Eu digo com um sorriso amarelo.

– Temos que resolver sua situação de solteiro, Cell. Hoje a noite vai rolar uma festança e...

– Não, não, não... Eu resolvi que ia dar um descanço de garotas por um tempo... Aproveitar um pouco a mim mesmo e me focar em colocar as minhas coisas em dia... Sabia que existe um negócio chamado Netflix? Eu descobri há pouco tempo e achei sensacional... Tenho muitas séries pra por em dia e...

– Cara eu acho que a gente não está falando a mesma língua... – Ele me interrompe –Você vai ter muito tempo pra descansar quando estiver morto, você vem à festa comigo e ponto... – Ele diz e eu suspiro. Eu sabia que eu teria que ir mesmo assim...

– Ok, que horas eu devo me arrumar? – Ele abre um sorriso e me observa.

– Passo na sua casa as oito. Vá com uma roupa bonita... – Ele diz e se levanta – Vou chegar naquela mina, quer ser meu wingman? – Ele diz colocando a mão na cintura.

– Não, quero ver como você faz... – Eu digo me deitando na cadeira e o vejo sorrir.

– Olhe e aprenda pequeno gafanhoto... – Ele diz sai de perto.

Ele chega na menina que nadava tranquilamente e provavelmente manda um cantada de mal gosto nela, eu pude perceber isso graças a cara de indignação que ela fez e em seguida um tapa que fez os óculos escuros dele caírem na água me fazendo gargalhar com a cena.

Ele chega novamente perto de mim com uma cara de cu impagável.

– Eu anotei tudo mestre... – Eu digo e ele me olha puto.

– Hmpf... Vai se fuder... – Ele diz e deita na cadeira fechando os olhos – Aquela filha da puta me fez perder os óculos... – Ele diz colocando o braço em frente ao rosto pra tapar o sol.

– Também não duvido nada que você a cantou e a ofendeu... – Eu digo com um sorriso ladíneo.

– Ah, essa aí não entendeu a cantada... Era boa! Eu juro! – Ele diz e eu rio da cara dele.

– Então me conta o que foi... – Eu digo e ele me encara com o cenho franzido.

– Eu não... Usar minha cantada em caras? Tá doido? – Ele diz e eu coro.

–N-Não foi isso que eu quis dizer... – Eu fiquei meio sem graça, mas graças a Deus meu pai nos chamou pra irmos embora...

#Quebra do Tempo#

Eu estava arrumado havia 16 minutos. Era a quarta vez que eu me checava no espelho.

Camisa de flanela vermelha, uma camisa branca por baixo, calça jeans colada no corpo, meu allstar preto... Ok, eu acho que estou apresentável...

Ouço duas batidas na porta, sinal de que era o meu pai, eu o vejo entrar com um olhar preocupado no rosto.

– Pai eu podia estar nú... – Eu digo sorrindo enquanto volto a minha atenção para arrumar o cabelo.

– Fala como se eu nunca tivesse visto o que tem aí embaixo... – Ele diz rindo – Vou ter que te lembrar que cuido de você desde que você andava por aí de cueca de patinho? – Ele diz e eu suspiro.

– Pelo amor de Deus, pai... O que veio fazer aqui afinal? – Eu pergunto e vejo o seu sorriso desmanchar.

– Olha meu filho... Você sabe o que eu penso a respeito dessas festas, não sabe? – Ele pergunta e eu assinto com a cabeça – Eu sei que você é um adolescente e tem mesmo que aproveitar essa fase, mas eu não gosto de ver você indo pra esses lugares com o Guilherme... Ele não é uma boa companhia... –Ele diz e eu reviro os olhos, não era a primeira vez que tínhamos essa conversa.

– Pai, o Phoenix é meu amigo e do Pac também. Ele é meu melhor amigo... O que você acharia se tentassem, por exemplo, separar o senhor do Robson? Vocês são melhores amigos também... – Eu digo e ele aperta a região do cenho.

– Eu sei, mas... Olha, eu sempre fui um pai bem liberal pra vocês. Sei que vocês quebrarão a cara sozinhos, mas não posso deixar de me preocupar... – Ele diz e se senta na cama. –Entende a minha situação? – Ele pergunta e eu o abraço.

– Eu sei, pai... Eu agradeço a sua preocupação, mas não se preocupe comigo... Eu sei me cuidar. – Eu digo e me levanto da cama após ouvir a buzina da moto do Phoenix.

– Eu também achei que sabia, meu filho. Seu irmão nasceu por eu achar que sabia de tudo... – Ele diz e eu o encaro. – Por mais que eu não me arrependa disso fique com esse pensamento na cabeça: Passarinho que acompanha morcego acorda de cabeça pra baixo... – Ele diz e eu suspiro.

–Ok pai, estou indo, ok? Beijo e tchau... – Eu digo saio pela porta.

Quando desço as escadas eu bato de frente com o Pac me encarando. Ele tinha um olhar bem reprovador, como se soubesse que eu iria fazer merda.

– O que foi, Pac? – Eu pergunto o olhando com o cenho franzido. Ele me olha com compaixão e suspira.

– Toma cuidado Rafa...Vê se não faz nenhuma besteira... – Ele diz e me abraça. Eu achei estranho, Pac não é de me abraçar o tempo todo. É o típico irmão que me sacaneia, mas eu sei que me ama, porém me abraçar? Isso não é de seu feitio.

– Ok... Algum motivo especial pra você estar me abraçando? – Eu pergunto ainda tendo-o no meu abraço.

– Eu to com um mau pressentimento... Sinto que isso não vai acabar bem... Seria pedir muito que você não fosse? – Ele pede com um olhar sôfrego. A buzina da moto toca outra vez.

– Phoenix já chegou, Pac... Não posso dispensá-lo agora... – Eu digo e ele suspira me soltando.

– Vê se não faz nenhuma burrada, tá...? – Ele diz e eu assinto.

  – Fala como se não me conhecesse... – Eu digo com um sorriso sacana, mas ele não corresponde.

– Eu conheço... Eis o porquê... – Ele diz e eu saio pela porta com a pulga atrás da orelha.

Eu encontro o Phoenix encostado na moto enquanto mexe no celular. Ele estava L-I-N-D-O. Usava uma jaqueta de couro, calça jeans preto. Uma camisa branca por baixo... O cheiro de sua colônia me alcançava de longe. Era o perfeito exemplo de alguém muito bonito... Eu sinto o meu rosto corar ao vê-lo sorrir quando me vê.

– Finalmente. Já estava quase te ligando e indo te buscar... – Ele diz e eu chego perto dele. – Você está ótimo... – Ele diz e eu desvio o olhar.

– O-Obrigado... Você está...

– Lindo? Perfeito? Um arraso? É, eu sei... – Ele diz e eu rio.

– Onde é a festa? – Eu pergunto enquanto ele se apruma pra subir na moto.

– É no antigo armazém da cidade. – Ele diz enquanto me passa o capacete.

– Aquele lugar abandonado?! – Eu pergunto alarmado.

– Esse mesmo... O pessoal conseguiu cortar a cerca e levaram um aparelho de som e luzes pra fazer uma festança lá... A acústica do lugar é excelente... – Ele diz e começa a ligar a moto.

– Mas não é crime entrar lá? – Eu pergunto e ele ri.

– Só é crime se te pegarem... – Ele diz e começa a andar com a moto.

 

Ao chegar na festa eu pude perceber que o Phoenix tinha razão. Mesmo do lado de fora a acústica conseguia fazer o som ser bem percebido aqui fora.

Na porta do armazém havia um cara de pelo menos uns dois metros segurando uma pracheta. Ao chegarmos perto dele ele nos para e nos analisa.

– Nomes? – Ele pergunta e eu encaro Phoenix.

– Eu estou com o João... – Ele diz e o Segurança o encara.

– João Ribeiro? – Ele pergunta e Phoenix sorri.

– Ele mesmo... Ele já chegou? – Phoenix pergunta pro segurança que confere a lista.

–Sim, mas... Ele não havia me dito que estava esperando mais alguém... – Ele diz e Phoenix negativa com a cabeça.

– Ele é esquecido mesmo... Vou pedir pra ele vir confirmar... – Phoenix diz e o segurança assente deixando-nos entrar na festa.

–Phoenix quem é João Ribeiro? – Eu pergunto não sabendo quem era o amigo dele.

– Não faço ideia... – Ele diz e eu o encaro com o cenho franzido.

– Mas...

– Olha Cell. A gente tinha que entrar na festa... Era bem mais fácil eu jogar um nome bem genérico. E é um fato: Todo mundo conhece um João... (N/A: PHATO! Aposto que você conhece também). Então eu joguei verde pra colher maduro... – Ele diz com um sorrio bem lavado no rosto.

– Você é um puto mesmo... – Eu digo e ele dá de ombros.

– O mundo é dos espertos... – Ele diz e me puxa – Chega de falar sobre isso, tem muitas bebidas e meninas prontas pra nós... – Ele diz e vamos na direção do bar.

– Olha Phoenix, eu não quero beber muito não, não posso exagerar hoje... – Eu digo e ele revira os olhos pedindo duas doses de vodka.

– Cale-se, beba e se divirta... – Ele diz e vira o shot de uma vez só.

Eu encaro o copo e penso nas consequências... E obviamente tomo o copo...

Uma parte na noite ainda me é esquecida. O que eu me lembro são de flashes de lucidez temporários que me ocorreram. Sei que em algum momento eu estava dançando junto com o Phoenix e duas garotas chegaram perto de nós pedindo pra dançar conosco. Uma das garotas era até que bonita. Pela clara, cabelo vermelho, olhos claros. Bem curvilínea... Mas por algum motivo enquanto dançávamos eu só conseguia pensar e olhar pro Phoenix comendo aquela outra garota com os olhos... A ruiva na minha frente fazia de tudo pra me chamar a atenção, mas quando o Phoenix e a loira de farmácia começaram a se agarrar eu quase vomitei.

– Vou no bar pegar algo... – Eu digo com a voz arrastada. A cara da garota era de total confusão. Acho que eu não estava com cabeça pra isso...

Por que aquela imagem me incomodou tanto? Era bem óbvio que viemos pra cá pra ficar com alguém, mas mesmo assim ver o Phoenix com outra pessoa daquela maneira me fez sentir... Ciúmes? Mas por quê? Ele é só meu amigo, oras... Será por causa da bebida? Eu não sou muito forte pra esse tipo de coisa...

Eu chego no bar e recebo um olhar de compreensão do garçom. Ele vem até mim com uma dose de vodka.

– Não está no clima pra festas, não é? –Ele diz enquanto limpa um copo com um pano.

– Tá tão na cara assim? – Eu digo rindo e ele assente.

– Depois de tanto tempo no ramo de festas é bem fácil notar quando alguém não está querendo ficar aqui... É quase como se fosse um ponto azul no meio de um mar de vermelho... Não é tão difícil de notar... – Ele diz enquanto eu tomo o shot. – E o ruivo? É apaixonado por ele? – Ele pergunta e eu engasgo com a minha saliva.

– O-O QUÊ?! N-Não! – Eu digo corado e o garçom me encarava com alarde.

–Ah, desculpa... É que você ficava olhando pra ele enquanto dançava com aquela garota loira. E a cara que você fez quando ele começou a se pegar com ela foi bem específica... Eu achei que você gostasse dele, mas ele não fosse gay ou coisa do tipo... Achei que eu teria uma chance. – Ele diz piscando pra mim me fazendo rir.

– Ah... Eu não sei por que eu fiquei assim... Nunca ocorreu antes... Eu me senti mal vendo aquela cena... Acho que é por causa da bebida... Ela me deixou todo confuso... – Eu digo colocando a mão na cabeça.

– Olha, a bebida nunca fez isso comigo... – O garçom diz dando uma piscadinha pra mim. Ele estava mesmo dando em cima de mim assim? Na cara dura?

Decidi entrar no joguinho dele. Sabe-se lá no que isso ia dar...

– É mesmo? E o que a bebida te faz fazer? – Eu pergunto me recostando no balcão olhando no fundo dos olhos dele. Ele se afasta um pouco de mim, provavelmente estranhando a minha súbita mudança, mas logo vem na minha direção e me olha com um sorriso malicioso ladíneo.

– Bem, de vez em quando eu perco a linha... Fico com um, dois ou até três pessoas no mesmo dia... – Ele diz perto o suficiente pra eu sentir o seu hálito de menta – Pensei que eu não teria chance com você... Achei que fosse hétero... – Ele diz sorrindo enquanto coloca duas doses e toma uma.

– Eu sou hétero... – Eu digo e tomo a dose – Só estou curioso pra saber no que isso vai dar... – Eu digo e ele olha pro relógio.

– Olha, daqui a cinco minutos é a troca do meu turno. Se quiser eu posso te mostrar no que isso vai dar... – Ele diz e eu sorrio me levantando do balcão.

– Estou na pista de dança... – Eu digo e ele sorri enquanto me afasto.

Ok. Por mais que eu parecesse seguro, o meu coração estava a mil por hora. Eu nunca havia me sentido assim antes... Aquele barmen era bem atraente pra mim, mas sempre a imagem do Phoenix beijando aquela loira voltava à minha cabeça. Onde será que ele estava?

Eu espanto esses pensamentos da minha cabeça e começo a dançar no meio daquelas pessoas. A música “Don’t stop the party” do Black Eyed Peas tocava no meio das pessoas me fazendo gritar junto das pessoas.

Então, no meio da música, eu sinto um par de mãos segurarem a minha cintura. O toque me assusta, mas eu sorrio ao ver que era apenas o Barmen que me olhava de maneira sedutora, como se me comesse com os olhos.

– Pensei que fosse embora... – Ele diz no pé do meu ouvido. Por estar mais perto eu pude notar um pequeno sotaque na fala dele. Ele não parecia ser daqui.

– Você é de fora do estado? – Eu pergunto e ele sorri.

– Minas Gerais. Vim pra cá há quatro meses... – Ele diz e eu começo a dançar pertinho dele.

– Como eu não percebi antes? – Eu pergunto com os braços ao redor do pescoço dele.

– Estou treinando o meu sotaque. Viver aqui está me fazendo aos poucos perdê-lo. – Ele diz enquanto troca a música e começa a tocar The Nigths do Avicii enquanto voltávamos a dançar loucamente com ele cada vez mais próximo de mim.

As coisas a seguir aconteceram num flash de lembranças na minha cabeça. Uma hora eu me lembro de estar me atracando com o garçom mineiro de maneiras que eu nunca imaginei. Por Deus eu estava me agarrando com um cara!

Em seguida eu só me lembro de ver o punho do Phoenix acertar o rosto do garçom em cheio fazendo-o cair no chão com as mãos no rosto.

O olhar que ele tinha sobre mim e ele era de raiva, como se não tivesse aguentado e feito isso.

Eu, por outro lado, estava zonzo por causa da bebida e não fazia ideia do porquê de ele ter feito isso. Bêbado, confuso e irritado. Esse era o meu estado.

– Por que fez isso?! – Eu grito perto de Phoenix que não me responde, ele apenas me puxa pra longe dalí com o braço. Eu fiquei o chamando, mas ele não me respondia.

Logo chegamos numa parte mais afastada da festa onde as pessoas estavam conversando mais civilizadamente. Eu, num movimento súbito, me livro da pegada do Phoenix completamente ensaidecido. Ele estava bufando e com as mãos nos cabelos enquanto andava de um lado pro outro.

– Phoenix por que você fez isso?! – Eu grito com ele agora de maneira mais audível já que estávamos mais afastados, ele bufa e para do meu lado.

– Por que estava beijando logo aquele cara? – Ele pergunta ignorando a minha pergunta e fazendo a própria. Eu o olho incrédulo.

– E isso te importa? Você estava muito bem obrigado com aquela loirinha de farmácia e eu não disse nada... – Eu digo revoltado – Eu não fiquei te importunando quando você estava se engolindo com ela, então você não tem o direito de me interrogar sobre com quem eu estava ou deixei de estar! – Eu digo e ele bufa me segura pelos ombros.

– Você não pode ficar logo com “aquele” cara... – Ele diz e eu o encaro com o cenho franzido.

– E eu posso saber por quê? O que me impede? – Eu pergunto com os braços cruzados. Phoenix bufa de novo e passa as mãos entre os cabelos, ele parecia nervoso.

– E-Eu... Eu não posso Rafa... – Ele diz e eu apenas reviro os olhos e me viro.

– Eu vou ver se ele está bem... – Eu digo e Phoenix me para.

– A gente ficava, tá?! – Ele diz e eu o encaro assustado. Ok, agora eu estava confuso... – Ele estava com você só pra me atingir... – Ele diz e eu fico atônito.

Milhares de pensamentos cruzavam a minha cabeça naquele momento.

Um: o Phoenix, o cara mais macho-alpha que eu conhecia, aparentemente havia ficado com um cara...

Dois: eu também havia ficado com ele enquanto ainda me achava heterossexual.

Três: esse cara era o ex do meu melhor amigo que havia socado a cara dele...

Ok, era oficial, essa era a noite mais confusa da minha vida...

– Mas... Mas você... – Eu ainda procurava palavras pra me expressar – Por que não me contou...? – Eu não estava puto... Só estava... Decepcionado... – Eu sou seu melhor amigo... Por que não me contou sobre isso? – Eu pergunto e ele morde o lábio inferior enquanto seus olhos marejavam.

– Vamos embora... Por favor... – Ele diz e eu assinto com a mandíbula travada.

Nós descemos do local da festa e vamos até a moto do Phoenix quando eu percebo que ele havia bebido todas.

– Não vamos na sua moto... Você está bêbado... – Eu digo e ele me encara.

– Estou bem o suficiente pra nos levar... Sobe logo antes que desçam pra nos pegar... – Ele diz e eu subo na moto dele pegando o capacete.

– Aonde vai nos levar? – Eu pergunto segurando na cintura dele.

– Não sei... Vou pensar num local... – Ele diz e começa a dirigir a moto por aí...

Depois de uns cinquenta minutos nós paramos em frente à casa do Phoenix. Era de madrugada e os pais deles provavelmente estavam dormindo.

– Por que estamos na sua casa? – Eu pergunto o encarando.

– Foi o único local que pensei... – Ele diz e desliga a moto.

– Mas e seus pais? – Eu pergunto e ele coloca o capacete no guidão.

– Meus pais estão viajando e meu irmão está no retiro... A casa é minha pelos próximos três dias... – Ele diz e nós entramos na casa.

 A casa do Phoenix era bem regular. Bonita, bem arrumada, cheirosa. Ele tirou os sapatos e eu repeti o seu ato colocando-os ao lado da porta.

– Pode começar... – Eu digo enquanto o vejo pegar uma garrafa d’água na geladeira. Ele suspira e se vira pra mim.

– Olha... Me desculpa, tá? Desculpa não te contar... – Ele diz e passa a mão nos cabelos vermelhos dele enquanto se senta no sofá da casa. Eu vou até ele e me sento do lado dele com os braços envoltos em mim mesmo.

–Eu não tô bravo, juro. Só estou tentando entender... Tentando te entender... – Eu digo e ele toma um gole da água.

– Eu o conheci numa festa qualquer. Estava bêbado, não tinha conseguido ficar com ninguém na festa... Ele me pagou um drink e começamos a conversar... Eu achei que ele era só um cara que também tinha ficado no azar, mas ele começou a sugerir algumas coisas bem estranhas... Eu pensei em fugir, mas eu me senti atraído por ele... A bebida mais a carência mais essa atração só podia resultar no que resultou... Ficamos aquela noite... Quando eu acordei no dia seguinte eu entrei no desespero... Tipo, eu não sou gay... Mas eu... Ah sei lá, me senti diferente com ele... Me senti... Feliz? É... Ele era legal... Mas quando eu acordei, ele já não estava mais do meu lado. Ele tinha sumido como o Diabo foge da cruz... Eu havia decidido esquecer do que fiz naquela noite e coloquei a culpa no álcool, mas não dava pra esconder que aquilo havia me mudado... Eu havia mudado... – Ele diz e encara o vazio. Eu fico em silêncio durante alguns segundos tentando digerir o que havia ouvido.

– Uau... Eu... Eu acho que entendi... Mas por que me escondeu isso tudo? – Eu digo com a voz compreensível, a última coisa que eu queria era parecer acusador.

– Eu fiquei com vergonha, Rafa... Você e o Pac sempre me viram como “O macho-alpha”, “O pegador”... E eu pensei que teriam vergonha de mim... Então eu decidi esconder muitas coisas... Esconder o que eu gosto... – Ele diz e eu franzo o cenho.

– Você é meio idiota, não é? – Eu digo e ele me encara confuso – Guilherme, meu irmão é gay... Eu convivo com isso diariamente... Acha mesmo que eu ficaria com vergonha disso? Deus, eu acabei de ficar com um cara também... Estou muito confuso em relação a minha sexualidade desde que... – Eu me corto percebendo o que eu ia falar.

– Desde que o quê? – Ele pergunta e eu desvio o olhar, corado.

– N-Nada... Esquece... – Eu digo e ele franze o cenho.

– Porra Rafa! Eu aqui abrindo o meu coração e você me escondendo essas coisas... – Ele diz decepcionado...

– E-Eu... Eu me sinto assim desde que te vi hoje... –Eu digo num único fio de voz. Eu fecho os olhos e espero ele falar alguma coisa.

– Então... Você também sentiu? – Ele pergunta e eu abro os olhos vendo-o me encarando bem perto.

– S-Senti...? O quê? – Eu pergunto e a mão dele pousa na minha coxa.

– Você sabe, Rafa... Desde que te vi hoje com essa roupa eu me senti atraído por você... Não sei se é a bebida ou o fato de você estar muito gostoso, mas eu quero te pedir uma coisa... – Ele diz e minha garganta se fecha. Nunca meu coração havia batido tão rápido.

– O-O quê...? – Ele chega no meu ouvido e diz:

– Fica comigo...? – Meu coração falha uma batida naquele momento. Minha respiração era irregular demonstrando todo o meu nervosismo, mas eu fiz o que o meu coração mandou.

Segurei-o pelo colarinho e selei nossos lábios num beijo quente e necessitado...

Eu sentia como se fogos de artifício explodissem sobre a minha cabeça... Naquela noite eu conheci um lado meu que eu nunca havia aflorado antes... Naquela noite eu me deitei ao lado do meu melhor amigo... Naquela noite eu selei o meu destino por seguir os impulsos do meu coração... Naquela noite eu morri... E naquela noite um novo Rafael Lange surgiu... Um Rafael renascido das cinzas... Renascido como uma Fênix...

 

Continua...


Notas Finais


E foi isso... Espero que tenham gostado.
No próximo cap a continuação dessa estória. Veremos aonde tudo deu errado...

Galerinha, eu fiquei um pouco triste com os comentários do último cap, ou melhor, com a falta deles.
Geralmente pegamos uns doze a quinze comentários no cap, mas o último pegou menos que dez... O que houve?
Teve gente que comentava que sumiu. Espero que vocês voltem a comentar. São vocês que leem e comentam que me fazem continuar a escrever essa joça. Espero que isso mude...
Arrivederci.


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