1. Spirit Fanfics >
  2. Momento Angular >
  3. Nós somos os reis do mundo

História Momento Angular - Nós somos os reis do mundo


Escrita por: ValotDeadly e Ether_Squad

Notas do Autor


Eu acabei de chegar do trabalho e tô postando o segundo capítulo.

Pra quem não percebeu Minseok tem 13 anos e Jongdae 14, é uma história de primeiro amor.

Obrigada pelos favoritos, nos vemos nas notas finais!

~~ Boa leitura! ~~

Capítulo 2 - Nós somos os reis do mundo


Faltava quatro meses para o campeonato amador, eu e Minseok formaríamos um par, me lembro como se fosse ontem do dia que ele chegou com patins novos, correndo no meio da rua em um verão típico de Ottawa.

Ele trazia duas caixas correndo pela nossa rua, eu estava brincando com Jack - meu cão labrador -, enquanto Min abria o portão, ainda com as caixas escondendo o seu rosto.

-- Dae... - Pude ouvir seu chamado mesmo que as caixas abafassem o som de sua voz. - Daaaaae… - Gargalhei ao ouvir sua reclamação saindo cortada. - Me ajuda com isso!

Caminhei até ele com Jack já pulando ao seu redor, peguei uma das caixas e perguntei o que era aquilo.

Minseok se jogou no degrau da escada que dava para a porta da frente de minha casa e deu de ombros sorrindo.

-- Veja por você mesmo! - Exclamou sorrindo, enquanto eu me sentava ao lado dele e abria a caixa.

-- São patins profissionais, - Tirei um deles da caixa e observei atentamente, eram lindos. - devem ter custado uma nota.

-- A minha mesada do ano todo, eu guardei só pra isso. - Minseok dizia tudo de forma simples, como se aquele fato não fosse importante.

-- Quanto foi isso? Eu vou te pagar.

Naquele momento eu já havia guardado o patins na caixa, mesmo que quisesse muito ficar com ele, eu não podia, era a mesada dele.

Minseok me abraçou daquele jeito estranho, me pegando pelos ombro esquerdo e me prendendo em seus braços, enquanto me dizia que estava tudo bem.

-- Sabe o que é importante? - Minseok ainda me perguntava em meio aquele abraço desengonçado.

Eu acreditei que ele fosse falar algo bonito ou romântico, mas apenas disse isso:

-- Os patins profissionais tem a lâmina mais fina, você sabe né?! Quanto menor a área de contato maior a pressão, vai cortar o gelo com mais facilidade e ai, tchau atrito, mais velocidade linear e velocidade angular, não é um sonho?

Minseok era um idiota, eu jurei que me falaria algo que fizesse as borboletas do meu estômago dançarem, mas estava me explicado o porquê dos patins serem melhores do que os que nós tínhamos, e cara, isso não se faz.

A minha vingança foi merecida, me soltei daquele abraço tão gostoso, olhei para os seus olhos e para sua boca beijavel, e fiz-lhes cosquinhas até que me implorasse para parar.

Ele estava lindo naquela manhã, com as bochechas da face avermelhadas pelo esforço, e um sorriso arteiro nos lábios.

Eu quis o beijar pela milionésima vez, mas ele se soltou da minha tortura e começou a sua vingança se jogando contra mim e assoprando minhas orelhas enquanto me pedia para dizer quem era o rei do mundo.

Era ele, sempre foi ele.

Mas foi ainda mais quando prendeu minhas mãos nas suas e sussurrou em meus ouvidos que nós éramos os reis do mundo, que nós faríamos o mundo se curvar a nós.

Assim ele me beijou, ainda me lembro das sensações.

Foi meu primeiro beijo, com um Minseok sentado na minha cintura ainda pela brincadeira infantil, os seus cabelos escuros caindo nos olhos e as mãos presas as minhas.

Minseok se abaixou e selou seus lábios nos meus.

Eu apenas me deixei levar, enquanto sorria no meio daquele selinho desengonçado de dois adolescentes descobrindo seu primeiro amor.

-- Você tem gosto de menta.

Foi tudo que me disse, e eu não podia estar mais feliz.

Depois disso, fomos treinar na pista artificial da cidade, era o nosso horário, mas nossas mãos não desgrudaram até que foi necessário, pois na nossa modalidade éramos como espelhos, nossos movimentos precisavam ser iguais, não poderíamos manter nossas mãos unidas.

No princípio eu odiei aqueles patins, eles eram mais difíceis para manter o equilíbrio e nossa série estava atrasada, mas percebi que Minseok estava tão frustrado como eu, e a cada passo errado ou a cada tombo que levavamos, eu lhe beijava, dizia para mim mesmo e para ele que era um castigo, mas creio que ambos sabíamos da verdade.

O beijava por que queria beijar.

Levou cerca de três meses para que estivéssemos completamente acostumados com os patins e depois disso acabaram-se as desculpas para os beijos, mas Minseok frequentemente se sentia tonto ou até mesmo caía no meio de uma caminhada pela pista, o que sempre havia sido simples se tornava uma tortura pois o corpo dele doía a cada impulso.

Eu na minha ingenuidade acreditei que ele queria me beijar e continuava caindo por esse motivo, mas ao ver os hematomas em seus braços e em suas pernas percebi que não era esse o motivo, o que não me impedia de o beijar ou me preocupar com ele.

-- Dae, você deveria procurar um médico.

-- O meu namorado e minha mãe são preocupados demais.

Foi a primeira vez que ele me chamou assim e eu o beijei novamente, passando para ele a bala de menta que caracterizou os nossos beijos.

-- Eu vou semana que vem, já está marcado. - Minseok me disse brincando com a bala em sua boca, me beijando em seguida.

Nossas tardes se resumiam a isso, um treinamento cansativo para o nosso sonho se realizar e beijos molhados com sabor de menta.

--X--

Minseok foi ao médico e esse o pediu uma bateria de exames, meu namorado encrenqueiro não queria perder tempo fazendo tudo aquilo com o campeonato a menos de três de semanas para acontecer, foram precisos muitos beijos e balas de menta para o convencer a fazer tudo o que foi pedido.

Ele fez tudo, e ainda treinou as oito horas diárias, mesmo que estivesse visivelmente cansando, eu sabia que aquele era seu sonho, e tentava o acalmar, dizendo que tudo correria bem.

A nossa série era boa, competitiva o suficiente e modéstia a parte, sabíamos que não estava no nível amador, mesmo que não tivéssemos dinheiro para pagar um treinador.

Minseok era um gênio, eu tenho que admitir que a série só era boa o suficiente para tentarmos ganhar por que ele havia colocado a física nela.

Em um piscar de olhos o Rideal congelou e o campeonato começou.

Todo o canal foi todo iluminado, barracas foram montadas para o grande festival da cidade.

Vinham patinadores de todos os cantos do país e até mesmo do exterior para o grande campeonato do canal Rideal.

O moreno me disse que a nossa vantagem era que conhecíamos cada canto daquele canal e que estávamos prontos, eu apenas sorria, precisava concordar.

Era o nosso momento de brilhar e quem sabe conseguir algum patrocinador e competir pelo país.

Os profissionais abriam o campeonato, eram cerca de três modalidades para cada competição - amador e profissional - das mais diversas categorias até chegar a nossa, porém isso não nos impedia de assistir e torcer para cada patinador que se apresentava ali, mostrando o que o treinamento duro fazia.

As mulheres foram as primeiras a se apresentar, primeiro em solo, depois em pares espelhados e por último em duplas. Foram apresentações magníficas, levavam a graça e a força para a pista de gelo, enquanto nós nos mantínhamos a observar.

Minseok e eu torciamos para Luna, uma patinadora que havia crescido na nossa cidade, era a filha do Rideal tanto como nós, e em nenhum momento ela nos desapontou, sua série usava toda a extensão da pista - e isso contava mais pontos - além de saltos, spins e giros perfeitos, ela estava brilhante, o que nos fazia gritar na arquibancada.

Luna sorria para nós, ela era três anos mais velha, mas chegou a dividir seus horários de treino na pista fechada da cidade comigo e com o Min.

Quando ela terminou a apresentação foi nos cumprimentar e desejar boa sorte, nós a agradecemos enquanto continuavam os a ver as apresentações.

Os pares espelhados femininas tiveram uma série forte e com muitos movimentos que eu e Minseok usaríamos, sorrimos ai perceber que estávamos no caminho correto para ganhar.

-- Dae, posso me deitar no seu ombro?

Eu puxei a cabeça do meu namorado manhoso enquanto ainda via as últimas apresentações femininas.

-- O que houve com você? - Segurei as mãos dele e ele as apertou.

-- Só estou cansado.

-- Vamos para casa, eu te levo.

-- Eu quero ver, me deixa ver, pode ser a minha última vez…

Alguns fogos de artificio cortaram a ultima frase que saia da boca dele, mas eu consegui ouvir um pouco, mesmo que no dia tenha mentido para mim mesmo.

O peguei no colo e caminhei para a casa dele, onde os pais estavam preocupados esperando, Minseok dormia tranquilo em meu colo.

O entreguei para o pai que estava com uma cara triste e pedi desculpas pela demora, mas a tia - eu sempre chamava a mãe dele dessa forma -, me disse que estava tudo bem.

Dentro de mim eu sentia que algo estava muito errado, mas eu não queria acreditar, ser pessimista era um fardo que iria ter de carregar.

No dia seguinte, Minseok me ligou dizendo que não assistiria o campeonato masculino e que também não veria a premiação de Luna.

Eu estranhei, claro, mas o que eu podia fazer?

Fui até a casa dele, mas a tia disse que ele estava dormindo. No fundo eu acreditava que Minseok estava me evitando, não conseguia ver que era algo além disso, mas não me culpem, eu era um adolescente de quatorze anos, o que sabia da vida?

Fui assistir ao campeonato masculino com o coração partido e não consegui me concentrar em nenhum momento, mas o que eu podia fazer?

Depois que tudo acabou e ficaram apenas os pares mistos - masculino e feminino - para o outro dia com os amadores, eu chorei.

Chorei olhando para meu reflexo na superfície do lago enquanto pensava em todos os momentos que passamos juntos ali, Minseok não iria me abandonar na véspera de um campeonato, eu acreditei nele quando o mandei uma mensagem perguntando se tudo estava bem para o dia seguinte e ele me respondeu que não perderia essa chance por nada no mundo.

Eu deveria tê-lo parado quando percebi que algo não estava bem, mas aquela era a nossa forma de externar o nosso amor pelo esporte e por nós mesmos.

Chegou o grande dia e você estava lindo com seus cabelos escuros arrumados em um topete, os meus que eram de um castanho meio sem vida e cor estavam tão arrumados quanto os seus, os nossos colans eram coloridos e vibrantes, e naquele momento quando um Minseok tímido me roubava um beijo escondido de nossos pais eu tive a certeza que éramos pedaços um do outro, seríamos completos juntos.

Sussurrei isso em meio aquele beijo molhado enquanto ele teve a audácia de me passar a bala de mente e sussurrando um “me beije antes que alguém apareça!”.

E eu o beijei até que não existisse mais bala de menta ou até que o único sabor resistente em nossas bocas fosse o nosso, o beijei com todo o carinho e amor que meu pequeno coração podia guardar enquanto agradecia o fato da porta estar trancada.

Estávamos nervosos esperando a nossa vez, seríamos a última dupla daquela noite, estava nevando e o moreno sorriu, dizendo que os céus estavam nos abençoando pois sempre treinavamos com chuva, neve, ou o que fosse, aquela era a nossa pista, a nossa casa.

Alguns amadores solos caíam e nós ficamos preocupados, nevava forte, eu peguei o meu casaco e dei para o Min que sorriu, os amadores tentavam, mas a neve atrapalhava e eu tive medo de tudo ser cancelado até que a neve deu uma trégua.

Não demorou e chegou a nossa vez, não haviam muitas pares espelhados e os poucos não possuíam uma série tão completa como a nossa.

Fizemos a primeira caminhada para ver a situação do nosso Rideal e eu pude ver o sorriso que eu tanto amava morrer aos poucos, não entendi o porquê e apenas me deixei levar, vendo nossas almas embaçadas na superfície sempre brilhante do canal.

Minseok sorriu para mim quando fomos começar, posicionados a uma distância para que pudéssemos realizar os movimentos sem nos cortar com as laminas do patins.

Ele segurou a minha mão e me disse que amava.

Minseok me amava e com esse sentimento comecei a serie de spins, piruetas e saltos, espelhando cada passo dele.

Éramos completos na pista e o público percebia isso ao ver o nosso ritmo e igualdade, a série era complexa para a nossa categoria, mas a cada passo bem feito sorriamos; espelhavamos a nossa alegria um no outro e juntos na superfície do Rideal.

Corríamos rápido e conservamos o nosso momento angular quando fechavamos os braços ou abriamos as pernas para parar um axer.

Eu sentia uma alegria incalculável a cada movimento bem executado, mostramos a todos o nosso amor, a nossa força e os seus estudos para tornar tudo mais veloz e preciso.

Pela primeira vez eu amei a física que você tanto falava mas a odiei logo em seguida quando no meio de um giro simples para finalizar a série, Minseok desmaiou e não parou com rapidez, seu corpo ainda girava na pista, o momento angular o fazia girar com o corpo todo enquanto aos poucos sua velocidade era reduzida.

Eu patinei com pressa ao seu encontro, mas não podia chegar muito perto pois seu corpo ainda girava e seria perigoso pelas lâminas dos patins.

A pista foi invadida por paramédicos que te levaram para o hospital enquanto eu chorava vendo a neve cair lentamente nas marcas do patins no gelo.

Nós ainda seriamos os reis do mundo, mesmo que aquelas marcas bruscas no gelo me fizessem chorar, eu provaria que o mundo iria se curvar a nós, apenas me espere, Minseok!


Notas Finais


Momento física on:
A pressão é inversamente proporcional a área, ou seja, quanto menor a lâmina do patins mais pressão ela vai fazer sobre o gelo.

Eu juro que tudo tem um propósito. Sério.
Se der eu posto o II ainda hoje.

Obrigada por lerem~~


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...