História Momentos - From this moment

Quando Finn Wolfhard percebe que precisa fazer algo sério em relação ao que sente

- Ok, por que você não a leva pra um canto e dá uns beijos de verdade nela? – Jack opinou.

- Não! – Finn balançou a cabeça veementemente e jogou uma almofada na cara dele. – Deixa de ser tosco, cara.

- Você precisa ser sincero com ela. – aconselhou Wyatt, calmamente.

- Mas eu nunca menti para ela...- Finn baixou os ombros.

- E também não disse claramente que gosta dela. Cara, amanhã é a sua chance em tempos de vê-la!

Finn afundou-se na cama e suspirou pesadamente. Estava arrumando sua bagagem para ir no dia seguinte aos EUA, mais precisamente, a Nova York, em que participaria de dois programas juntos com seus amigos de Stranger Things. Mas não era aquilo o que mais o preocupava: participar do programa de Jimmy Fallon com certeza seria incrível, ver os garotos, dar um abraço na sua “irmã postiça”, Natalia Dyer... o que parecia fazer seu estômago dar reviravoltas de excitação era o fato de que a veria de novo, ao vivo ( porque eles se falavam todos os dias, mas não era a mesma coisa).

A causa do seu nervosismo era Millie Bobby Brown. Sua companheira de elenco, amiga, seu primeiro par romântico num trabalho... a menina que tinha lhe feito ver que a beleza, além dos seus atributos físicos ( sim, ele percebia o quanto ela estava com um corpo lindo) também estava na forma como ela sorria e o fazia sorrir; no ar concentrado que ela tomava quando precisava atuar numa cena mais difícil; ou quando ela era forte e corajosa: mesmo sendo vaidosa, ela raspou a cabeça e ele estava ali, para lhe dar força.

Ele só tinha 13 anos, e ela 12. Parecia cedo demais para dizer que estava apaixonado, e ele sabia que o mundo todo estava dizendo sobre eles “serem apenas crianças”... mas Finn sabia que gostava dela. Não como uma amiga, assim como Mike tinha dito para Eleven antes de ela partir.

[...]

Ele finalmente estava voando para lá. Millie passara a manhã toda pensando que finalmente veria Finn após um bom tempo sem poder lhe dar um abraço. Mesmo que os dois tivessem mantido a promessa de se falarem todos os dias, aquilo era muito melhor. Ela gostava de olhar nos olhos dele, de ver o nariz dele pintado por delicadas sardas, de rir a mesma risada que ele. Ela sentia muita falta do seu parceiro de filmes, de gravações, da única pessoa que parecia sempre saber o que estava passando dentro dela.

Suspirando, ela deu uma olhada naquela que já era  milésima vez que conferia o celular.

- Nada dele? – Gaten lhe lançou um daqueles seus característicos sorrisos. – Vou encher aqui um pouco para ver se ele tá perto.

“Perto?” – ela digitou entre uma sessão de foto e outra.

“Sim... quase” – ele enviou imediatamente.

“Pena você não ter aproveitado a manhã com a gente”. – Millie digitou.

“Eu sei, mas tô vendo aqui as atualizações de vocês... até seu snap com o Noah”, Finn respondeu.

“Não foi só com ele :p” ela tentou se justificar.

“Não importa, eu só... eu só queria também já estar aí” Finn enviou sua mensagem.

“Eu também queria que você estivesse aqui”. Millie sentiu o coração bater mais rápido.

“Logo eu vou estar aí para medir o seu cabelo kkkk”

A garota sorriu daquela piada interna deles, uma de várias, aliás. Esta foi do dia em que ela soube que teria que raspar a cabeça para viver Eleven, e Finn estava ao seu lado. Ele, furtivamente, segurou sua mão e disse:

- Nós vamos medir seu cabelo todo mês até ele estar bem crescido.

Parecia bobo, mas a mão dele na sua, o sorriso confiante dele e aquela sensação quente e gostosa que irradiava do seu peito fizeram-na se sentir melhor. Ele sempre sabia quando ela precisava de apoio, de proteção e de confiança.

[...]

- Você ficou doido, cara? – Caleb riu dando um tapinha camarada na cabeça de Finn após a entrevista da tarde.

- É, abraçou a Millie na frente de todo mundo... ficou todo vermelho! Você tá bem? – Gaten emendou.

- Gente... – Finn pigarreou. – Vocês acham que ela ficou com muita vergonha?  

- Ahn... cara, foi estranho. Ninguém esperava. – Caleb argumentou.

- Acho que ela ficou muito tímida, mas, você sabe, né? A Millie nunca ficaria chateada com você. Ela te ama...- Gaten comentou, comendo um salgadinho que havia em um bufê para eles.

Finn engasgou e foi ficando vermelho tal qual no programa da Aol quando lhe pediram para explicar sobre o amor de Mike e Eleven quando Millie surgiu atrás dele:

- Oi? – ela disse suavemente.

- Hey!

- O que houve?

- Han... nada, piadas do Gaten, você sabe. – ele tentou se controlar. – Olha, sobre eu ter de abraçado, falado “e sempre vai ser” e tudo o mais... eu tava meio nervoso.

- Tudo bem. Eu acho que também tagarelei acima da média hoje, acho que estava nervosa.

- Você? Você, nervosa? Quantas entrevistas já deu depois que a série estreou? Você é incrível, uma estrela...- Finn disse.

- Você me deixa nervosa. – ela o interrompeu de repente, dando um passo a frente.

O garoto encarou-a surpreendido, mas ela manteve o olhar:

- Mais tarde a gente se vê no Jimmy. – ela disse segundos depois, desconcertada, saindo dali com as bochechas coradas e deixando um garoto canadense para trás pensando em como aquela hispano-inglesa estava deixando seu coração em frangalhos.

[...]

Ele a viu naquele lindo vestido branco e perdeu o ar por uns momentos. Ela estava saindo do camarim e sorriu para Finn:

- Adorei você de terno. – ela comentou, sorrindo.

- Adorei seu vestido também. – ele disse. – parece que vamos para o Snow Ball, não é?

Ela baixou os olhos, tímida.

- Millie..

- Hum?

- Você quer jantar comigo mais tarde? Só eu e você? – ele não sabe de onde veio a coragem para falar aquilo, mas ele falou de uma vez, antes que o ímpeto fosse embora. Ele faria o que o ajuizado Wyatt tinha lhe sugerido: diga a verdade. Seja sincero.

- Bem, eu... eu vou perguntar para minha mãe se ela deixa eu ir...- ela sorriu. – Eu quero ir.

Finn sorriu com um pouco mais de segurança:

- Vai ser no hotel em que estamos mesmo. Eu preciso voltar para o Canadá amanhã; a gente só come algo e conversa... faz tempo que não conversamos a sós, de verdade.

- Ok. Eu... também sinto muito falta... de nós. – ela sussurrou o final, antes de eles serem chamados para o palco.

Claro que o beijo renderia uma boa conversa e reações distintas deles. Millie sempre ficava meio incomodada e Finn também não ficava confortável, mas, ao mesmo tempo, sentia-se orgulhoso por saber que ela nunca esqueceria dele. Até porque, ele sabia que tinha sido o primeiro, e também o segundo beijo dela...

-Jura que vai me ligar? – ela indagou quando estavam os dois de mochilas nas costas, prontos para irem embora dos estúdios após as gravações da primeira temporada terem acabado.

- Sim. E também temos o Snapchat, o whatsapp...- ele enumerou.

- Mas você vai fazer It. Será que vai ter tempo?

- Millie... – ele sorriu do jeito amuado dela. – a gente aprendeu com os nossos personagens que as promessas nós não quebramos, não é?

Eles sorriram um para o outro, naquela estranha sincronia que tinham, e se abraçaram.

Ela permaneceu com os braços ao redor do pescoço dele e lentamente seus rostos se aproximaram; foi um beijo rápido, mas ambos sentiram uma descarga elétrica perpassá-los.

[...]

- O que vocês gostariam de degustar? – o mâitre perguntou a Finn e Millie quando ambos sentaram-se a uma mesa para jantar após o programa de Jimmy Fallon.

- Ah, não sei... – ela disse abrindo o cardápio. – Ah, olha: um prato espanhol. Sempre que vou lá eu adoro comer: paella.

- O que é?

- Arroz com frutos do mar, basicamente.

- Eu iria pedir um hambúrguer, mas... eu lembrei que você enjoa, então é melhor eu nem tentar.

Eles conversara, brincaram, riram e até tiraram algumas fotos ( que ambos não tinham intenção de publicar para não aumentar o assédio em cima deles, segundo seus pais e empresários recomendaram).

Tudo entre eles era tão simples, como se fossem ligados por uma corda invisível; eles sorriam pelo simples sorriso do outro, seus olhos brilhavam e as palavras às vezes nem eram necessárias.

Finn achou que, após levá-la para jantar, poderia tentar segurar a mão dela até pararem em frente ao quarto em que ela estava hospedada. Millie adorou os dedos dele encaixados nos seus e sentiu uma espécie de pena por aquele dia tão emocionante estar chegando ao fim.

- Ahn... amanhã você já vai, né? – ela murmurou, seus dedos ainda ligados ao dele.

- Sim... vou pela manhã ainda. Tenho uma cena muito difícil pra fazer. – Finn disse, sério.

Ele suspirou, mordendo um pouco o lábio:

- Millie, eu não sei... eu não sei o que você realmente sente, mas... quero dizer ... eu passei o tempo todo hoje tentando te mostrar o quanto você é importante para mim. Tipo, muito. – ele respirou fundo.- Você quer namorar comigo?

Ela arregalou os olhos, surpresa, atônita, apertando ainda os dedos de Finn.

- Não precisa me responder agora, eu só... han... eu quero que você pense sobre isso. Que nenhuma outra garota é tão especial para mim... na verdade, nunca foi... eu só... enfim. Eu quero ser seu namorado.

- Finn... eu... – então, antes de entrar no quarto, ela segurou o rosto dele e disse:

- Eu acho que amo você. – e pousou tímida, mas com toda a verdade do seu coração, um doce beijo nos lábios do garoto.

[...]

Ele estava exausto. Naquela quinta as cenas que tinha gravado foram extensas, cansativas e ele ainda estava cansado fisicamente e emocionalmente de tantos eventos em tão pouco tempo. Suspirando, ele pegou o celular e foi passando várias coisas até ver que havia chegado uma mensagem dela:

“SIM”.