História Mon Laurie - Un désir et un baiser

Sentir-se atraída por alguém é muito mais do que apenas a aparência, trata-se do toque, do olhar, da forma como a pessoa passa a te tratar. Eu me identifico como uma pessoa livre quando estou próxima a Justin e isso talvez colabore para que esse vínculo cresça ainda mais. Coisas como dançar sem pensar em um limite de espaço e apenas me jogar em seus braços e cantar algo apenas por diversão, traz de certa forma a sensação de que ele me deixa feliz, mesmo sem precisar de muito para isso. 

Seu olhar se mantém sobre mim mesmo que já tenha deixado o violão de lado e o silêncio tenha se instalado entre nós. Parece pensativo, é a única coisa que se passa em minha cabeça diante da sua expressão facial, por um momento vejo um pequeno sorriso se formar no canto de seus lábios e depois balança a cabeça desviando a atenção para as montanhas.

— No que estava pensando? — questiono de certa forma estando mesmo curiosa.

— Em você e nas sensações que me causa. — O sol começa a ganhar força fazendo com que Justin tenha que apertar os olhos para encarar minha face novamente. — Temos algum tempo livre hoje?

— No fim da tarde.

— Está muito cedo para um segundo encontro? 

— Não sei se vou conseguir esperar mais que isso. — Ele sorri e se aproxima de mim de uma forma em que nossos rostos ficam próximos.

— Eu estou um pouco assustado em pensar na possibilidade de não ser aceito na agência e ter que voltar para o Colorado.

— Não acha que está fazendo um bom trabalho?

— Não sou eu quem julga isso — um sorriso tímido nasce no canto de seus lábios. — Possivelmente seja por isso que estou tardando um beijo entre nós dois. Sei que é uma romântica sonhadora e não quero partir deixando-a magoada. 

— Existem outras agências em Miami — sua mão se move com cautela até os nós de seus dedos tocarem minha bochecha, sinto meu corpo se tornar mais quente instantaneamente. — E também não acredito na possibilidade de não te oferecerem um emprego permanente, você tem talento. — Minha voz sai em um tom baixo, quem sabe por seu simples toque. 

— Eu ficaria na cidade por você. — Seus dedos passam a tocar os fios de meu cabelo e ele sorri ao provavelmente notar que estou enrubescendo. — Acho que causo a você as mesmas sensações que você causa em mim, Srta. Cooper. — Justin deposita um beijo em minha bochecha corada e se afasta após ouvir sons de conversa se aproximarem de onde estamos.

Shawnee é extremamente egocêntrica e irrita facilmente as pessoas a sua volta. Suas exigências para o café da manhã são tão estúpidas que algumas vezes Troy — um de nossos fotógrafos — pergunta a ela se espera que um de nós saia da ilha para satisfazer suas necessidades. Traz um alívio saber que de certa forma não sou apenas eu que percebo o quanto tenta de todas as formas me fazer parecer minúscula diante de todo seu triunfo, no entanto, suas histórias de viagens e trabalhos parecem não ter importância quando olho ao redor e vejo Justin me encarando. Ele sabe disfarçar suas risadas e sorrisos muito bem, confesso, entretanto prefiro quando não se preocupa com isso e deixa claro que seu riso é diretamente para mim.

O centro das atenções muda assim que Patrick chega com as vestimentas da campanha. 

São lindos biquínis e maiôs, separados conforme os nomes das modelos. Somos alertadas de que será um longo trabalho e poderá durar até dois dias, todavia, teremos nosso descanso a partir do fim da tarde, já que o que eles querem é a luz do sol da manhã, com sorte poderemos ganhar ainda um dia totalmente livre para aproveitar a ilha. Um dos representantes completa que fomos escolhidas a dedo e com certeza acreditam em nosso potencial, pede desculpas por mal termos tido um descanso e promete que será recompensado nosso trabalho depois. 

Eles montaram uma espécie de cronograma onde separa a ordem das modelos que serão fotografadas, os locais, horários de descanso e quais fotógrafos serão responsáveis por cada ato. Não pude conter uma risada ao ouvir Patrick falar que Justin trabalhará com Shawnee, ele bufa sem nem ao menos se importar se ela está vendo ou não, de qualquer forma concorda.

Ao fim, somos apresentados a equipe de maquiagem e cabelo, logo nos direcionamos para os quartos na intenção de nos prepararmos.

Pouca maquiagem e penteados leves são as tendências, fomos arrumadas de formas diferentes assim como as roupas, porém, o padrão segue sendo o mesmo. 

Encaminhamo-nos para a praia quando finalmente todas estão prontas, o que durou quase cerca de duas horas. Shawnee será a primeira, então de longe resolvo observá-la esperando pela minha vez.

Justin é profissional, não deixa com que o fato de ela não estar entre suas favoritas transparecer enquanto faz seu trabalho, a guia como se fosse com qualquer outra modelo e parece satisfeito com os flashs que obtém. 

Se o contrato permanente dependesse das modelos elas com certeza diriam que ele está fazendo um bom trabalho, como eu também acho, apesar do nervosismo que expressa em algumas situações, aprendeu rápido tudo o que o ensinaram e isso já o faz digno de estar lá.

Lembro de conhecer Ed, um de seus melhores amigos, ele ainda fazia parte da agência quando fui contratada, diria que tem muito de Justin, vi-o poucas vezes já que sempre estava viajando, mas era muito gentil. Segundo o que as garotas diziam entre si, Edward havia conseguido um emprego próximo a cidade onde vive, no entanto havia prometido que não seria exclusivo de lá, sempre que precisassem dele viria até Miami com todo o prazer. Isso aconteceu diversas vezes, inclusive alguns meses atrás, porém não o vimos mais. E aconteceu que, quando o desfile em Marselha fora anunciado, Patrick se lembrou de Ed e comentou que entraria em contato, entretanto ele negou, isso me faz pensar que se ele tivesse vindo, jamais teria conhecido Justin. Tal pensamento se deve a conversa em que tivemos em nosso primeiro encontro, onde contou-me que fora indicado por ele e sempre será grato por isso. 

Ele é tão maduro, compreensível, inteligente, carinhoso e atencioso. Sou apaixonada pela forma como sempre está incrivelmente belo, posso reconhecer seu cheiro a quilômetros de distância e sua risada também. Não costumo me sentir totalmente a vontade com alguém, todavia, Justin parece conseguir arrancar tudo de mim. Não imaginei que um dia me sentiria encantada por ele na primeira vez em que o vira.

Entendo seu medo e aprecio seu pensamento de não querer entrar em um relacionamento sabendo que a qualquer momento pode ser obrigado a ir embora, é reconfortante saber que pode gostar de mim tanto quanto gosto dele e mais do que isso, que podemos ir mais além. 

O trabalho é longo e devo admitir que Shawnee se saiu muito bem, quanto mais o tempo passa, mais o sol vai ganhando força o que pode trazer fotos melhores para a campanha. Sou a terceira a ser chamada e exibindo o biquíni rosado, coloco-me em frente a todos. Alguns retoques são dados e assim, começamos com os flashs.

É um trabalho divertido, mesmo que a intenção seja ser sexy. Sou fã desses ensaios fotográficos voltados a roupas de banho, são criativos e sempre nos levam a lugares lindos. Acredito que tenha me saído bem nas fotos, tenho certeza por ter me sentido bem durante todo o tempo e mais que isso, recebi elogios, o que me garante tal coisa.

Ao fim da tarde, todas estávamos cansadas, ainda assim me anima saber que tenho um encontro com Justin, gosto de estar ao seu lado e sei que será uma das melhores memórias que terei a respeito da viagem. De qualquer forma, sinto-me um pouco nervosa, talvez por ser o segundo encontro ou porque a cada um desses nos tornamos mais próximos, um sentimento nasce em mim e com ele as expectativas. 

Enquanto dou uma olhada em meus trajes a procura do mais adequado para a ocasião, ouço batidas na porta e sem hesitar Justin adentra no quarto.

— Você fez um ótimo trabalho! 

— Você também.

— Shawnee não é tão ruim quando está calada — sua risada me contagia. — Vim até aqui perguntar se está muito cansada, nesse caso podemos marcar o encontro para o dia de nossa folga.

— Não acho que será necessário. Estou muito mais ansiosa do que cansada. — Ele sorri.

— Nesse caso acredita que pode estar pronta dentro de uma hora?

— Com certeza. 

Ele pede para que nos encontremos no mesmo lugar em que estávamos de manhã e sai exibindo um sorriso vitorioso.

Não sei se é exatamente o carisma, a forma como se veste ou o carinho que tem por mim, mas algo nele me deixa encantada. Poderia passar esta noite apenas observando as estrelas e o mar ao seu lado, já seria o suficiente só por ter a sua companhia. Justin é o tipo de cara que sabe conquistar uma mulher com pequenas coisas, ou faz isso sem ter a mínima intenção.

Essa vez está sendo diferente da primeira, pelo menos para mim, aquilo foi apenas uma chance para descobrirmos se o que sentimos naquela noite fora apenas necessidade de ter alguém para ouvir nossos desabafos ou preencher o vazio que sentimos. Pude descobrir que não fora o álcool ou carência, nós tínhamos que estar lá, no mesmo lugar e na mesma hora.

Em quarenta e três minutos já estava pronta, com o mínimo de maquiagem no rosto e um vestido branco leve que uma vez usara numa festa que ocorreu em uma das praias de Miami. Assim, respiro fundo e saio ao encontro de Justin.

A sala de estar está cheia, os fotógrafos estão trabalhando, as modelos conversando e o resto da equipe está concentrada na cozinha. Encontro Justin ao lado de Troy, eles observam algo no computador.

— Você está divina, Laurie! — Patrick diz tão alto que todos desviam suas atenções para mim, inclusive Justin. Ele me encara por alguns segundos com a boca entreaberta e em seguida, exibe um grande sorriso.

— Está maravilhosa mesmo. Qual é a ocasião? — Troy questiona.

— Nós temos um encontro — Justin o responde causando um alvoroço. Aproxima-se de mim e segura em minha mão. Ele está vestido com uma camisa social preta e calça na mesma cor, seu cheiro é uma mistura de perfume com loção pós-barba. Seus olhos brilham como se estivesse vendo a coisa mais linda a sua frente. — Será que algum dia irei me acostumar com a sua beleza? — Seus dedos tocam meu rosto acariciando-me e por um instante resolvo me entregar a isso e fechar os olhos. Sua respiração passa a bater em meu rosto e assim abro os olhos, encarando sua íris, ele está com aquele olhar que me faz pensar que realmente gosta de mim, assim como gosto dele.

Seu vislumbrar é desviado ao meu corpo, parece olhar cada detalhe, segurando em minha mão começa a afagá-la e sorri antes de dar um passo para trás.

— Você é realmente bela, espero que jamais duvide disso. 

— Se eu continuar ouvindo isso de você, possa ser que não duvide. — Sorrio e ele volta a mesa onde estava com Troy, assim pega sua câmera e para a minha frente novamente.

— Posso? — Sei o que quer fazer, então não nego. Deixo-o tirar alguns flashs e o animo com algumas poses.

Não é trabalho, eu sei que se ele quer tirar essas fotos é para guardar como uma boa memória, isso me deixa contente, pois a minha intenção ao indicá-lo para substituir o outro fotógrafo era justamente nos dar boas lembranças, parece que tem funcionado até agora.

Após isso, Troy se oferece para tirar algumas fotografias minhas com Justin e ainda solta um breve comentário:

— Vocês formam um belo casal. 

Tanto eu quanto Justin coramos.

Logo saímos encarando o vento um pouco gélido por fora.

— Antes de tudo, saiba que não faço o tipo romântico demais, mas juro que me esforcei — ele declara. 

Caminhamos o suficiente para estar perto dos barcos, assim adentramos em um dos "hotéis" da ilha, está surpreendentemente silencioso e escuro, apenas velas que fazem uma trilha é o que ilumina. Meu coração passa a bater mais forte e minha mão transpira mais a cada passo que dou. Enfim nos deparamos com o restaurante, diversas mesas vazias e apenas uma está cercada de pétalas brancas de rosa. Olho para Justin que está sorridente.

— Não achei que ia dar certo. 

— Você fez isso? — Levanta os ombros e segura em minha mão guiando-me até o circulo.

— Sabe, meu pai sempre me disse que devemos tratar as mulheres como se fossem princesas, recordo-me que normalmente o primeiro grande encontro em contos de fadas é em bailes, sempre em grandes castelos e aquelas roupas bonitinhas. Achei que fazer isso para você seria extravagante demais — ele puxa a cadeira para que eu me sente e assim que o faço, dá a volta indo até seu lugar —, porém, de fato nada te impede de dançar comigo depois.

— Teve tempo de pensar nisso tudo durante seis horas?

— Estou pensando nisso tudo desde que lhe convidei para sair comigo novamente em Miami. Como disse, sou muito bom com pesquisas. — Sorri transparecendo orgulho de si próprio.

Há um garçom e chefe de cozinha dispostos a nos conceder boa comida. Questiono-me o quanto deve ter custado a ele fazer isso tudo, já que está óbvio que não ofereceram o restaurante apenas porque Justin é simpático. Isso me traz o sentimento de satisfação, ninguém jamais fez tanto por mim. Parece que realmente valeu a pena esperar pelo meu príncipe encantado.

Tomamos champanhe e comemos espaguete com molhos diferentes enquanto conversamos, ele me pergunta qual é o meu livro favorito, se gosto de filmes e de música clássica. Falamos sobre família, amigos, amores passados e planos para o futuro. Sinto-me tão a vontade com ele que mal toco em minha comida e no fim, tenho que ingerir uma segunda taça de champanhe e espaguete gelado. Ainda vale a pena, é algo tão intenso e de certa forma mostra seu interesse por mim, mais além do que tivemos naquela noite. 

Gargalhamos ao lembrarmos da época do colégio, Justin diz que era ameaçado pelos valentões pois atraia as garotas porque cantava e tocava violão, isso fazia com que elas perdessem o interesse neles, admite que fazia de propósito porque sabia que mulheres gostam disso. Nunca apanhou, entretanto já teve brigas por causa de jogos e namoradas. Já eu, sempre fiz parte das garotas populares, no entanto não conseguia agir como elas em algumas situações, como maltratar os nerds, em muitas vezes até me sentia atraída por algum deles. Era o tipo de adolescente que sempre ia as festas, todavia também fazia parte das que preferiam ficar no canto escondida enquanto os amigos estavam ingerindo álcool ou usando drogas. Tive alguns namorados, porém nenhum durou o bastante para que tivesse aqueles planos de casamento após a faculdade. 

O céu já está escuro quando tomamos sorvete como sobremesa e resolvemos sair para apreciar a lua e as estrelas, já que a noite está linda. 

Caminhamos entre o verde e o mar na intenção de irmos até a grande passarela que está entre as águas, os barcos e as pequenas luzes instaladas nela nos dá a iluminação necessária. 

Conversamos sobre nossas ambições, o que o faz questionar sobre qual é o momento certo para correr atrás de um desejo possível e realizá-lo.

— Eu acredito que quando se tem um desejo que sente que está tão perto de ser realizado não existe motivo para esperar por um sinal para fazê-lo, apenas faça e viva esse momento. — respondo.

Justin para e dá meia volta ficando de frente para mim, o mesmo olhar que havia em sua íris quando se aproximara de mim mais cedo retorna, dá um passo a frente e posso sentir sua respiração leve bater em meus lábios. Meu corpo é colado ao seu após sentir sua mão em minhas costas, seus dedos voltam a acariciar meu rosto e sua atenção está totalmente voltada aos meus lábios. Sinto meu coração bater mais forte, é como a adrenalina de saber que a hora finalmente chegou.

— Você tem razão — é o que ouço antes de sentir seus lábios sobre os meus. Sua língua rapidamente invade minha boca e finalmente posso sentir a química se expandir e o sentimento se aflorar em meu peito.