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História Mon Petit Soleil (Larry Stylinson) - Capítulo 5


Escrita por: hesjagger

Notas do Autor


Olá, como estão? acho que esqueci de avisar aqui, há um tempinho eu mudei de ideia em relação a fic, não serão mais 12 capítulos, pensei em ir até uns 20, tive ideias novas e estou ansiosa para executa-las.

boa leitura

Capítulo 7 - Capítulo 5


Fanfic / Fanfiction Mon Petit Soleil (Larry Stylinson) - Capítulo 5

"You can run but you can't hide [...], Julien, you're a slow motion suicide."  Julien - Placebo

 

 

Louis

 

   Acordo com fracos raios de sol no meu rosto que invadem o quarto, através da fina e delicada cortina da janela, acordo de primeira desorientado até reconhecer aonde estou, e quando isso ocorre sinto um peso de um corpo leve sob o meu peito, olho para baixo e encontro Harry dormindo serenamente, seus pequenos cachos em contato com a pele sensível do meu pescoço, ele é encantador em seu sono profundo com seus belos lábios repuxados em um leve biquinho, com suas bochechas ainda um pouco infantis coradas, e me perco em cada detalhe do seu rosto, ele é lindo.

   Sempre me vangloriei pelo histórico de caras bonitos que  já fui pra cama, mas a algo sobre Harry diferente de tudo que já tinha visto antes, não somente sua inocência, que é algo que me atraiu de imediato a ele junto com sua beleza, como também me deixou mais cauteloso para nos tornar mais íntimos, sua insistência em me querer e passar mais tempo comigo, mesmo eu tentando afugenta-lo, foi mais do que surpreendente, ele é uma pessoa tão pessoa, por mais estranho que isso seja, ele é tão espontâneo, seus movimentos são lentos e relaxados assim como sua fala, ao contrário da maioria das pessoas que conheço e se aproximam de mim querendo alguma coisa, com seus movimentos manipulados e contados, todos intencionados, Harry não, ele é encantador, desengonçado, charmoso sem saber disso, desde que o vi pela primeira vez me senti atraído por ele.

   E agora passado uns bons minutos só observando ele dormir, me pergunto se é só atração o que sinto por ele, por mais que não tenha feito ainda 24 horas que nos conhecemos sinto como se o conhecesse a vida e inteira e que posso dizer qualquer coisa a ele, ele é tão bonito, o tipo de pessoa que não precisa te recitar as palavras mais elaboradas e bonitas do mundo para te tirar um sorriso do rosto, ele por ele só traz uma sensação de paz para mim, não sei para outras pessoas e isso é tão estranho, nunca me aconteceu antes, e acontece justo com esse menino ainda, pois ele é menino de tudo com seu sorriso travesso e bochechas rosadas.

  A verdade é que eu não consigo deixar as pessoas se aproximarem realmente de mim, de quem eu realmente sou, e não sei porque, não é como se já tivesse tido uma grande decepção na vida que me fez recuar perante as pessoas, eu não sei porque sou assim, mas lembro de episódios de quando eu era criança e as outras crianças só queriam ser minhas amigas pelos meus brinquedos, garotos que queriam ser meus namorados mas que também queriam que eu os bancasse.

    A única pessoa que gostei além da minha família foi Zayn, mas não foi de um jeito romântico nem nada disso, mas sim como um verdadeiro amigo, o único que tive durante minha vida e que eu sabia que realmente se importava comigo e não com o cartão de crédito sem limites que eu tenho, afinal ele é muito mais rico que eu, porém sua constante busca de encontrar o amor perfeito e sua implicância um tanto hipócrita com o que coloco ou não em meu organismo nos afastou, e assim eu perdi uma pessoa com quem podia contar.

   A verdade é nunca entendi sua busca para mim, impossível por um amor perfeito, daqueles descritos em livros, até porque sua busca só conseguiu até agora um rastro de corações partidos, vários relacionamentos que não deram em nada e uma solidão que ele tenta ao máximo esconder, não acho que ele tenha gostado de verdade de qualquer pessoa que tenha namorado, gostou sim e sofreu até demais pelo que me parece por pessoas imaginárias, e não de fato pelas pessoas que namorou, porque nunca esteve disposto a conhece-las, só queria que elas fossem da forma que ele imaginava e quando via que não era, fugia como um covarde.

  E por mais isolado das pessoas que eu seja, isso é algo ao qual eu não concordo, machucar os sentimentos de alguém só porque ela não atinge o mesmo nível da fantasia que você colocou ela, sem ao menos se preocupar em conhecer a pessoa de verdade e a dispensar como se nada tivesse acontecido, mas é o sujo falando do mal lavado, porém eu de qualquer forma não me envolvo com alguém para chegar até a esse ponto, não posso falar muita coisa mas não me parece certo. Acho que para estar em um relacionamento com alguém, se precisa ter grandes sentimentos por essa pessoa e pelo menos conhecer o mínimo sobre ela, mas de qualquer forma nunca namorei mesmo.

  Fico me perguntando se toda a situação fosse outra, se eu fosse outro se eu teria ou não um relacionamento com Harry, fico imaginando como seria se fossemos um casal, imaginando como seria se eu o visse novamente, droga, eu não deveria ter me envolvido tanto sabendo o que ando fazendo da minha vida, mas não tive como evitar, ele me chamava, e eu tinha que ir até ele, preciso encontrar alguma forma de sei lá fazer com que eu o vejo novamente, de preferência quando eu estiver menos fudido, eu não quero o manchar, ele não merece isso, ele não merece ser envolvido na minha merda.

    Quando eu disse a ele que ele merecia o mundo e todas aquelas coisas, eu estava falando a verdade, nunca fui tão sincero com um praticamente desconhecido, mas o que eu posso fazer ele desperta o que é bom em mim, que eu nem mesmo sabia que tinha?. Ele queria uma noite, eu só podia dar a ele uma noite, mas agora vejo que isso me fez o quer ainda mais, não foi o suficiente, eu quero saber qual é a cor favorita dele, que lado da cama prefere dormir, quais são seus planos para o futuro, eu quero saber se ele é vivaz com todas as pessoas da sua vida, ou se só trouxe vida para algo a muito tempo inanimado que eu chamo de vida, eu quero saber se ele encanta todas as pessoas ao seu redor tão rápido como ele me encantou, eu quero saber como ele consegue fazer até dos seus mínimos gestos coisas tão graciosas.

   Que ele mexeu comigo isso não é algo que eu possa negar, não sou de agir como fui com ele com qualquer um que entra na minha vida, ainda mais tão rápido, mas com ele não tem como ser de outra forma, agora entendo quando e porque chamam algumas pessoas de especiais, Harry é especial, tanto que parece irreal, toda essa situação parece surreal.

   Como um chacoalhão do universo em mim, sinto Harry começa a despertar em cima de mim, seus cachinhos se mexem em contato com meu pescoço, me deixando arrepiado, ótimo começando o dia com ele muito bem, faço um carinho suave com meus dedos e sinto como são macios e ele praticamente ronrona, adorável.

 

- Bom dia Lou, é uma ótima forma de se começar o dia, você é tão cheiroso Louis, tão macio. - ele diz sua voz mais rouca pelo sono, se já esta assim com ele aos 17, imagina quando mais velho, ao começar a última sentença passa seu nariz pelo meu peito, fazendo círculos ali até deixar um beijo e levantar seus brilhantes olhos verdes para mim, com seu sorriso tanto infantil, tanto sensual com covinhas.

 

Esse agora é uma perdição, a minha perdição.

 

- Bom dia Harry. - digo, quebrando a pouca distância entre nos, deixando beijos preguiçosos pelo seu rosto.

 

Logo estamos unindo nossos corpos novamente, e que união posso dizer, não é mais uma das minhas fodas, é diferente e eu não sei dizer exatamente o porque, talvez porque seja Harry, ele é diferente de todos os caras com quem transei, com ele é tão suave, tão arrebatador, tem algo a mais que eu não sei identificar, é tão novo, tão único que chega a ser assustador, é algo desconhecido para mim, mas é tão incrivelmente delicioso, sua pele, a forma como ele reage aos meus toques, a forma que ele reage a mim, como se entregasse tudo que ele tem, é algo que me perturbar e excita mais do que posso explicar. E sem pressa sou arrebatado por um prazer tão intenso, que me sinto fora do mundo por alguns instantes.

 

Depois de ambos atingirmos nosso máximo, me retiro devagar dele e ele solta um resmungo baixinho pela falta de contato entre nos, e eu me sinto meio desorientado durante os poucos minutos de silêncio que vem a seguir, que ele quebra finalmente encarando de frente o grande elefante branco que esta nesse quarto, o inevitável.

 

- Sabe não é só pelo sexo, mas eu não estou pronto para sair daqui e ter certeza que nunca mais vou te ver Louis, acabamos de nos conhecer eu sei, mas eu não quero sair por aquela porta e fingir que não foi nada demais, porque para mim não foi, não foi só perder a virgindade com um cara lindo em Londres.- ele diz me abraçando ainda nu, com o nariz no meu pescoço, sentindo meu cheiro.

 

- Não foi só isso Harry, pra mim também não foi, mas mas eu estou perdido agora, eu não sei o que fazer, é só o que eu tenho agora, eu não sei de nada, eu realmente não sei. - digo realmente perdido com toda a situação, eu não esperava nada disso.

 

Eu só fui pra droga de um show, e acabei conhecendo uma pessoa que em um curto espaço de tempo, me fez sentir, agir, de uma forma que nenhuma outra antes.

  Ficamos um bom tempo naquele emaranhado de lençois nos beijando suave e delicadamente, acariciando o corpo um do outro prestando atenção em cada pequeno detalhe, quero gravar na minha memória o máximo que conseguir sobre ele, porque eu sei que se eu tentar ter algo a mais com ele vou ser um puta filho da puta, porque sinceramente que relacionamento se pode ter com alguém que cheira todos os dias? Não importa a quantidade de pinos, mas sim toda a bagunça que estou fazendo da minha vida, e ninguém merece ser arrastado para algo assim, Harry merece tão mais do que eu posso dar.

  Conversamos trivialidades, e não deixamos de nos tocar, por menor e mais sutil que seja, tentando curtir esse momento juntos, a possibilidade de não nos encontrarmos nunca mais é bem grande, ainda mais pela forma que eu vivo, eu sei que tenho um problema, mas não sei o que fazer com isso, também não me vejo tendo a mesma vida que eu tinha antes.

  Harry acaba dormindo novamente, acho que peguei pesado demais com ele, era a primeira vez dele, porém ele não reclamou em nenhum momento, sinceramente eu não sei o que ele viu em mim para insistir tanto para passar mais tempo comigo, e mais no sei o que ele viu em mim, para me querer como seu primeiro, ele é tão ingênuo, tão sensível, não tem nada a ver comigo. Decido tomar um banho rápido, e lembro da minha ideia de tentar conseguir um pino para curtir o show, ainda bem que não o fiz, se eu já estou me sentindo desconfortável agora por ser um bosta, imagina se tivesse feito isso.

 

 Saindo do banho, com a toalha enrolada na cintura e os meus cabelos úmidos, assim que entro no quarto e dou de cara com Harry sentado na cama só de cueca, e ele me fita intensamente e seu sorriso começa se abrir para mim pouco a pouco, até estar enorme, com suas bochechas coradas, é uma cena belíssima e um privilégio para se ter.

  Ando até ele sorrindo também e quando estou perto o suficiente ele se joga em cima de mim, me beijando intensamente e colando os nossos corpos até que eu consiga ouvir sua respiração afoita, e o pulsar desenfreado do seu coração, e nesse momento não há mais nada a nossa volta, só tem nos dois, não existe a inevitável separação e a possibilidade de nunca mais nos vermos, ficando assim por uns bons minutos, comigo ainda só de toalha.

 

  Mas tudo desmorona quando ele sussurra no meu ouvido:

 

-  Eu não quero me despedir de você Louis, eu não quero fazer isso e duvido que você queira também, vamos fazer assim, eu vou ir tomar banho, enquanto isso você sai do quarto e vai embora. - ele tentou se mostrar sério, mas tem hesitação na  sua voz.

 

- Harry por favor, não precisa ser assim, isso é uma merda não vamos deixar pior ainda do que já é. - peguei firme em sua cintura e o fiz olhar nos meus olhos, pra ele desistir dessa ideia de merda.

 

- Você realmente não entende Louis, me despedir vai ser ainda pior pra mim, você não faz ideia do quanto eu desejei conhecer alguém que me fizesse sentir alguma coisa, que me despertasse realmente interesse, e quando isso acontece é só por uma noite, eu sei que combinamos assim ta legal, mas eu não consigo, eu vou fazer uma cena, e vai ser pior pra mim e pra você, se isso acontecer. - ele disse mordendo os lábios, claramente nervoso.

 

  Eu entendo Harry, porra como eu entendo, pensei ainda o fitando sem falar nada.

 

- Louis diga alguma coisa, por favor

 

- Está bem, vai ser bem pior, você tem razão, mas mon petit soleil, você não tem como prever o futuro, não da pra saber se vamos nos ver pela última vez hoje, e sinceramente, eu espero e acredito que não

 

Dito isso o beijo intensamente, com certa força e aperto firme sua cintura e ele me corresponde com igual intensidade e arranha minha nuca com suas unhas curtas, até o ar se fazer necessário, e ele me abraça forte, e eu o embalo em meus braços cantando baixinho

 

"Let there be love, let there be love, I hope the weather is calm as you sail up your heavenly stream, suspended clear in the sky, are the words that we sing in our dreams, let there be love, let there be love..."

("Deixe existir amor, deixe existir amor, eu espero que o tempo seja calmo enquanto você navega por seu desfile celestial, claramente suspensas no céu estão as palavras que nós cantamos em nossos sonhos, deixe existir amor, deixe existir amor..."  Oasis - Let there be Love)

 

E enquanto eu repetia let there be love, ele começou a repetir cantando comigo, não deixando o abraço, e ficamos ali por um bom tempo, muito tempo, eu não consigo solta-lo, eu não quero solta-lo, mas o mundo real nos espera. Ele é o primeiro a se soltar do abraço, saindo dos meus braços pouco a pouco, até ter uma distância de três palmos nos separando.

 

-  Já que não tem nada de adeus, eu te vejo de novo? - Harry fala com um sorrisinho triste.

 

- Esse não é o final, somos jovens ainda, temos muito tempo para nos esbarrar de novo, eu vou ver seu rosto novamente. - digo sorrindo, por mais triste que eu esteja é o que eu acredito, não temos certeza de nada, tudo pode acontecer.

 

Ele abre um sorriso um pouco maior com suas lindas covinhas e eu não resisto e vou até ele o beijando pela última vez, é suave e carregado de emoção, eu nem sei como explicar o que eu tento passar naquele beijo, talvez que um dia quem sabe nossos caminhos se cruzem de novo, por maior que o mundo pareça, ele não é tão grande assim. Assim que nosso beijo acaba, deixo um beijo em sua testa e fito seus grandes olhos verdes, azul no verde, verde no azul, por uns instantes até que ele quebra a conexão fechando os olhos  suspirando e segue para o banheiro em silêncio.

 

Cara, eu não sabia que seria tão difícil assim, se me falassem ontem isso, eu iria rir, já passei por isso tantas vezes, transas casuais e depois cada um vai cuidar da sua vida, mas era Harry, não era parecido em nada com nenhuma outra experiência que possa ter tido, foi único, um fodido com um menino lindo.

 

 

*****

 

 Depois que Harry foi para o banho e antes de eu pegar minha deixa e ir embora, não resisti e fui até sua carteira que estava no bolso de sua calça jeans, eu precisava saber de alguma informação dele que facilitasse eu o encontrar novamente, não sou de desistir fácil, ainda mais com uma coisa tão incrível que me aconteceu, que foi o conhecer. Vi seus documentos, Harry Edward Styles dizia ali, belo nome para um belo garoto, sua idade, natural de Holmes Chapel, eu já ouvi falar dessa idade, não é lá que a melhor amiga da minha mãe vive? Agora não importa, preciso gravar essa informação, pode ser muito útil, depois de escrever seus dados no bloco de notas do meu celular, coisa que eu nunca fiz, como um idiota, saio do quarto rapidamente.

  Saindo do hotel, ao sentir o vento gelado londrino por todo o meu corpo finalmente me dou conta do óbvio, Harry Styles mexeu comigo e uma noite foi muito pouco, e agora? O que eu faço? Sigo andando pelas ruas, sem nenhum destino de chegada ao certo, chocado e irritado comigo mesmo, a pessoa é uma zona, no caso eu, encontra por acaso um menino que parece um anjo tanto pela aparência, como pelo jeito de ser, justo no momento em que tudo esta indo pelo ralo, legal.

A pessoa certa, a pessoa maravilhosa, no momento erradíssimo, no momento mais escroto, se eu fosse dessas pessoas que se deixam chorar, eu estaria chorando agora no meio da rua, andando como um doido, mas o que faço é bagunçar meus cabelos, e ah droga, eu já sei para onde ir e que tudo se foda.

Como um borrão vou até o meu "fornecedor', comprando como sempre em dinheiro, escondendo os pinos nas minhas meias e na minha carteira, nunca se sabe, eu preciso não pensar, eu preciso aquela sensação, saindo de lá olhando para todos os lados e pego o primeiro táxi que passa direto para casa, eu não vejo a hora de chegar, não consigo parar quieto.

  Quando finalmente chego, coloco somente minha cabeça na porta de entrada e vendo que não tem ninguém vou direto pro meu quarto, entro e encosto a porta, afinal estou sozinho em casa, para ter todo esse silêncio mas não importa agora, verifico a belezinha que escondi, dessa vez comprei mais que o normal, esta cada vez mais difícil ter a sensação de não ser, de não estar, que na primeira aconteceu tão rápido, uma merda, mas vamos lá.

   Tiro o pó de cinco pinos e os enfileiro na mesa de cabiceira ao lado da minha cama, enrolo uma nota de euro e bem, primeiro pino nada, espero uns minutos, segundo pino ainda nada, dessa vez conto no relógio 10 minutos se passaram e só me sinto um pouco agitando, terceiro pino, legal legal, vinte minutos olhando pro teto e esperando aquela sensação, puta merda devem ter misturado essa merda com farinha de trigo, já era pra eu estar legal e não pensando em nada, mas meus pensamentos ainda martelam na minha mente, eu não quero chorar, eu não quero sentir, eu preciso daquela sensação mais que porra, dou um tiro nas últimas carreiras, uma seguida da outra,  sinto meu nariz sangrando, droga droga, porra esquece.

  Meu corpo não obedece ao meu comando, eu não tenho comando para dar pro meu corpo, só tem o nada, só sinto o nada, fico no chão mesmo não importa, eu não consigo descrever o que eu estou sentindo, nada, fico deitado no chão do quarto pelo que parece horas, me mexendo de um lado para o outro, eu não sei quanto tempo passou, se passou ou não, eu não sei de nada, eu não quero nada, uma sensação boa corre por mim.

   Até que meu coração já acelerado, começa a bater ainda mais forte, eu sinto meu corpo soar, para respirar fica difícil, sinto meu peito doer muito, porra o que esta acontecendo e eu não consigo fazer nada, eu só consigo me remexer e suar e suar, puta que pariu o que esta acontecendo, eu fico bem sempre, eu não sei o que esta acontecendo com meu corpo e não posso fazer nada sobre isso.

    Parece que tudo a minha volta esta se fechando, até que eu ouço alguém me chamando bem ao longe, mas ao mesmo tempo tão perto, eu não consigo parar, eu queria parar de sentir tudo, eu queria parar de sentir dor.

  O barulho da porta sendo aberta, passos rápidos até mim, gritos, tudo se torna mais sufocante, mais gritos, silêncio, paz.

 

 

********

 

   Eu me sinto estranho, mais estranho que o normal, parece que estou deitado em um monte de feno, tem algo no meu braço, alguma coisa esta pressionando o meu braço, escuto sussurros e choros baixinhos a minha volta, é tudo muito confuso, eu me sinto zonzo e não faço ideia de onde estou, estou tão cansado, abro meus olhos de uma vez e a luz forte do cômodo parece me cegar por um momento, dói, abro meus olhos devagar tentando me adaptar a luz forte, e me vejo em um ambiente totalmente branco, em uma cama de hospital, com alguma coisa que eu não sei sendo colocada na minha veia, estou com roupas de hospital, olho ao meu redor e vejo minha mãe sentada ao lado do meu pai, com os olhos inchados, meu pai com o rosto mortalmente sério e preocupado, puta merda eles me viram daquele jeito, vergonha me atinge como uma bala a queima roupa, e culpa pelo estado dos meus pais, pelo meu próprio estado e pela primeira vez em muito tempo, mais do que eu possa lembrar, eu estou chorando, chorando de soluçar como uma criança desamparada.

  Quando começo a chorar meus pais se dão conta de que eu acordei, e minha mãe corre até mim e me abraça forte e eu me agarro a ela, e meu pai se junta a nos, e eu ouço eles chorando também baixinho, como quando eu tinha aberto os olhos ainda e lembrar disso é o que me faz afastar deles e engolir o choro, eu sou o motivo desse choro, dessa preocupação, e eu não queria isso, se eu falar eles não vão acreditar, mas a verdade é essa, eles não precisam saber das minhas merdas, mas agora toda a merda foi jogada no ventilador, por minha culpa, eu que a joguei.

  Uma dolorosa e necessária conversa começa, iniciada pelo meu pai, sempre calmo e paciente, porém mais firme do que nunca.

 

- Louis você não esta totalmente recuperado ainda da overdose que teve, e eu acho desnecessário te passar sermões como se tivesse 10 anos, quando tinha eu e nem ninguém te passava sermões, eramos preocupados com você, agora mais ainda, eu sabia antes disso, o que você andava fazendo por aí, eu sou um homem ocupado mas não sou burro, eu só quero que me diga meu filho, o que você quer da sua vida? Eu eu, não te conheço mais, será que um dia você permitiu alguém te conhecer. – meu pai diz e eu estremeço ao ouvir a palavra “overdose”, ela torna tudo que eu tenho vivido mais concreto, por mais firme que meu pai esteja falando comigo, sua expressão me diz que ele esta tentando me entender, mas ta ai o problema, nem eu me entendo.

 

- Eu não sei pai, eu eu realmente não sei, eu me sinto tão fraco, tão sozinho, tão vazio o tempo todo é como se algo dentro de mim estivesse quebrado e eu não o que é. – eu tento responder a pergunta dele da melhor forma que posso.

 

- Você vive rodeado de pessoas. – minha mãe diz tentando entender.

 

- Nenhuma realmente que se importe, ou me queira realmente, elas querem o que eu represento, status, dinheiro e até sexo, elas não querem a mim, não querem me conhecer como eu realmente sou, ter dinheiro, ter certa fama por qualquer coisa não importa, não diminui o vazio que eu sinto. – digo entediado mas sincero, pela primeira vez digo aos meus pais como realmente me sinto, sem meu papel de despreocupado que esta tudo bem.

 

  Os dois começam a dizer intercaladamente sobre quanto eu preciso me cuidar, rever minha vida e principalmente cuidar do meu vício, que quase acabou com a minha vida, pelo o que eles me dizem tive duas convulsões até chegar ao hospital, e segundo o médico se demorasse mais quinze minutos para alguém me encontrar, eu teria uma parada cardíaca e dificilmente sobreviveria, ainda mais com tanta cocaína no meu sangue, se não fosse problema no coração, outra coisa interna prejudicada teria me matado, o médico disse que foi por muito pouco, quem me encontrou foi Lottie, quando meu pai disse isso cautelosamente, eu quebrei de vez, minha irmãzinha que me encontrou naquele estado, ela me viu naquele estado e graças a ela eu estava vivo, minha vida é uma merda, até aí ok, mas eu quero morrer? Sinceramente não, eu quero viver, eu não quero causar mais dor a ninguém, eu quero ter uma vida de verdade.

 

Que tapa na cara do caralho eu precisei, para cair na real que eu estava me levando ao fundo do poço, sem passagem de volta, eu estou me destruindo e destruindo a vida da minha família que sempre foi tudo pra mim, que sempre me deu tudo, que continua aqui mesmo depois de tudo, sem me julgar, tentando me ajudar, mas de nada adianta eles tentarem me ajudar, se eu não quiser me ajudar, então quando minha mãe disse que eu ia pra uma clínica de reabilitação e ficaria por lá durante um ano, eu nem cogitei a ideia de me contrapor, eu só espero que essa merda me ajude, e pelo que minha mãe disse é um lugar referência em dependência química na Europa e que ela mesma chegou até a visitar o lugar, e conversar com os médicos responsáveis junto com o meu pai, eu fiquei chocado, eles pensaram em tudo, isso acontecendo ou não eu iria para lá de qualquer forma, eu vou em 2 dias e até lá vou ficar no hospital para observação, e parece que ainda estou em estado de vigilância pelo hospital, caso queira repetir a merda, obrigado mas eu passo.

 

***************

 

 

Até ir para a clínica no interior da Inglaterra me recusei a ver qualquer pessoa, que não seja meu pai e minha mãe, por vergonha, por mais que eles falassem que as meninas sempre perguntassem de mim, eu queria vê-las mas a minha vergonha é maior do que qualquer coisa que eu possa estar sentindo no momento, junto com a culpa, e parece que cada dia que passa esses sentimentos estão grudando a minha pele.

 

 Chega o dia de ir até a clínica, todas as roupas que tenho já foram mandadas pra lá, direto de Oxford, as coisas que o dinheiro pode facilitar, com meu iPod em mãos a caminho de um lugar onde eu vou pra resolver minhas próprias merdas por mim mesmo, não da para viver assim, dependendo de uma coisa que me mata aos poucos, sem ter uma vida de verdade, sem eu me deixar viver, a viagem é tranquila, o velho motorista do meu pai dirigindo nem tão rápido, nem tão devagar e meus pais dentro de seu próprio mundo.

  Pensando nisso e observando a passagem cada vez mais distante e diferente de Londres, começando a se formar completamente verde, me lembra Harry, seus lindos e grandes olhos verdes, suas covinhas que lhe davam um ar infantil nas bochechas, seus lábios macios avermelhados em formato de coração, sua sedosa e leitosa pele, seus cachos castanhos que cheiram a morangos, e pensar nele me faz sorrir, não da pra evitar.

   Em algum momento acabo dormindo no carro, e quando acordo já estamos nas proximidades da clínica de reabilitação, é um lugar enorme e bonito, da pra perceber sua imponência já a certa distância, bem cuidado, e bem vai ser minha casa por um ano e não parece nada mal, e bem eu não tenho nada a perder, só uma antiga vida que nem sei se deve se chamar de vida.

   Fomos recebidos por uma enferma já senhora bem simpática, que nos levou para conhecer toda a propriedade, e em um dado momento o médico responsável dali se juntou a nos, contando a história do lugar e a forma o tratamento funciona ali, e diferente do que eu esperava não era um lugar cheio de regras rigorosas, nem com horários enlouquecedores, cada coisa tinha seu horário, tinhamos várias atividades, além do tratamento psicológico e psiquiatrico, e pelo que eu entendi eu só teria tratamento psiquiatrico nos meus primeiros meses ali, para tirar toda a substância química do meu organismo, me desintoxicar, e se durante o tratamento psicológico fosse constatado algum transtorno psicológico, ai sim faria usa contínuo dos remédios controlados, um médico sério, que enfatizou várias vezes que eles não proporcionam cura para algo que não tem cura, mas sim um tratamento adequado para cada paciente, promovendo maior qualidade de vida.

   Chegou a hora que meus foram embora e me deixaram lá, chorei muito os abraçando, mas eu sei que preciso disso, não da mais, vai ser difícil mas eu quero tentar.

 

************

1 mês e alguns dias depois

 

 

Harry

 

   Depois que vi sozinho naquele quarto de hotel tão simples e bonito, tudo que aconteceu me pareceu um sonho e que eu cai em um lugar desconhecido, chegando na casa da minha irmã a encontrando quase louca pela minha demora, quase chamando a polícia, a tranquilizei e contei tudo que aconteceu desde o momento em que ela me deixou na casa de show, até a hora que eu cheguei no seu apartamento, falando discretamente e rápido os momentos mais quentes claro, não conseguindo não ficar vermelho com ela me provocando e me zoando, mas tudo terminou bem.

  Mas naquele início de noite voltando para Holmes Chapel, eu não conseguia parar de pensar nos lindos olhos azuis de Louis, e pensando neles adormeci.

   Meu mês se passou em um borrão de mais do mesmo, acrescentando a parte do meu relato do que aconteceu naquele mágico final de semana em Londres, com direito a muitas gargalhadas e provocações de Niall, e risadinhas maliciosas de Ed, sem falar de Taylor que pirou totalmente e pediu tudo nos mínimos detalhes, virou o assunto entre meus três melhores amigos até agora, depois de um mês e pouco que aconteceu, mereço, vida parada é assim mesmo, acontece uma coisinha o assunto perdura até aparecer outro.

   Minha mãe diante tantos risinhos dos meus amigos, e meus também olhando para o nada me perguntou o que de tão bom aconteceu nessa viagem, eu contei para ela com muita vergonha e com um receio maior ainda, mas eu não escondia nada dela, e não achava nada demais contar, ela fez mil pergunta sobre eu ter me protegido e eu a garantir várias vezes que sim, e ela confia em mim e ficou um pouco mais tranquila, quando ela me pediu para contar sobre o garoto, o nome dele e disse que se chamava Louis, e comecei a descrever ele detalhadamente ela arregalou os olhos mas foi tão rápido que eu não sei se foi coisa da minha imaginação ou não, deve ter sido, ela foi tão tranquila em relação a tudo, sem sermões nem nada, só se preocupando se eu tomei cuidado me protegendo, se foi consensual e se foi bom, o último desnecessário mas ok, acho que meu rubor respondeu por mim.

   Só que de umas semanas pra cá, eu ando me sentindo um pouco enjoado, e um perfume novo que eu estava louco para ter, o cheiro me fez vomitar, é estranho, alguns cheiros me incomodam muito, eu não sei porque, mas espero que passe logo porque quero usar meu perfume novo.

  Diante disso Niall e Ed trocam olhares cúmplices com a expressão preocupada, mas não me falam nada, tento deixar pra lá, mas no fundo eu sei o que eles estão pensando, mas não, isso não vai acontecer comigo, não é possível, é coisa da cabeça deles, e de tão estranhos que eles ficam me olhando, ás vezes fico pensando sobre, mas acho que não, nada a vê.

 

 


Notas Finais


Oi, que mês hein? Ainda to tentando me recuperar, quando eu acho que esta indo tudo bem boom, mas ok, entrei no twitter para tentar me animar e pá trailer de Dunkirk para me fazer chorar horrores mas enfim, viram o trailer? to ansiosa mas com medo de ver o filme, o choro vai vim e forte.
Essa música que citei, Julien do Placebo ela é música que mais me "ajudou" na criação da personalidade do Louis, se quiserem, por favor ouçam.

Sobre os dois últimos capítulos só umas coisinhas, todo mundo já teve 17 anos né? (sou velha) ou vai ter, é uma fase que as coisas são intensas, confusas, curiosas, alguns podem achar que foi tudo muito rápido e intenso demais, mas gente na adolescência é assim, e quando se sente atração e desde o primeiro momento se sabe que é mútuo, ou até quando não é, é eu quero agora, e a gente acredita que somos eternos, que tudo é pra ser e pra ser eterno, tenham isso em mente plis. E ah a sensação de não ser, de não estar comentada pelo Louis, é mais conhecida como perda da consciência.


quem nunca fez coisas sem pensar nas consequências aos 17 anos ou na adolescência inteira? como foi o meu caso.

Para escrever essa overdose não fatal fiz uma pesquisa, não pesquisa científica mas pesquisei especialistas pra não comer bola, sempre lembrando que é uma ficção, fatos sendo dramatizados.

desculpem qualquer coisa, de verdade.

até


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