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História Monocromático - Capítulo Um


Escrita por: invisibleusagi

Notas do Autor


A arte da capa pertence a snow (snow124-art no tumblr e @forest_snow124 no twitter), e está sendo usada com permissão.

Uma história em que eu tenho trabalhado há meses, e mesmo que ainda não ache 100% satisfatória, podemos melhorar isso ao longo do tempo. Pra quem já é acostumado com Naruto e suas fanfics, talvez esse personagem que eu “criei” possa ser um pouco apagado, e quem achar isso tem absoluta razão. Esse Naruto foi inspirado em mim mesmo como “escritora”, mas garanto que ele vai ganhar a cor que merece.
Espero de verdade que gostem <3

Capítulo 1 - Capítulo Um


Naruto tamborilou os dedos nas teclas do laptop sem realmente digitar alguma coisa. Havia uma xícara de café gelado em sua mão esquerda, e ele se obrigava a beber, mesmo que gosto lhe parecesse horrível. Passava pouco das 04h00minh da manhã, o melhor momento para divagar entre as dezenas, talvez centenas de rumos possíveis para sua história. Suspirou antes de empurrar mais um gole para sua boca. As palavras em sua tela soavam tão depressivas quanto ele mesmo naquele momento. Os olhos azuis rodeados por olheiras pareciam prestes a se fechar, e bebeu mais um pouco, tentando acabar logo com aquela sensação meio desesperadora. Uma semana e seu editor iria querer ver mais alguns capítulos prontos, e se arrependeu como nunca da troca de gráficas que fizera.

Inesperadamente, aquele escritor decadente, que apenas escrevera alguns livros para uma editora média da Inglaterra recebera um convite para trabalhar com a Publishers Uchiha, uma das maiores do país. Aquela que costumava fazer a fama da literatura inglesa pelo mundo. Seu ex-editor lhe dissera que aquilo era no mínimo interessante, e que eles deviam estar muito interessados em si para o repentino convite, então Naruto acabou por aceitar, embora não tivesse nenhum trabalho realmente bom pré-pronto.

Aceitou aquilo como uma última tentativa. Não que se sentisse mal por seus trabalhos anteriores não serem Best seller, era mais como uma prova pessoal de que poderia, de fato, fazer algo que vendesse. Escrevia desde muito cedo para lembrar-se ao certo quando começara. Na adolescência, tinha punhados de cadernos repletos das mais diferentes histórias. Embora a maioria delas fosse melancólica e sem um final feliz, Naruto sentia que elas eram agradáveis a leitura. Infelizmente, a maioria delas se perdera no incêndio que matara o seu avô, único parente que lhe restava até então. A partir desse ponto, as letras pareciam não fazer sentido, e tudo acabava cinza. Estava mais sozinho do que nunca e sentia-se vazio.

Fora o pequeno encontro que tivera com a assistente do diretor da empresa, Naruto ainda não vira ninguém cara-a-cara. Tinha pequenas conversas por e-mail com seu editor, que aparentemente estava ocupado finalizando um trabalho de algum escritor mais relevante. Isso estava o deixando frustrado até então, afinal, por que lhe deram um editor que nem mesmo poderia ver pessoalmente? E que ainda tinha escritores realmente conhecidos para cuidar. Era uma verdadeira negligência, mesmo que Gaara - seu antigo editor - houvesse dito que coisas assim aconteciam em grandes empresas.

Sasuke Uchiha era o nome que assinava os e-mails, e claro que Naruto não perdeu tempo em procurar por ele na internet. Mas isso não o acalmou, tendo em vista que Sasuke tinha o sobrenome da empresa, além de só ter feito títulos com quantidades de vendas que absurdas. Ele precisava ter algo pronto em uma semana, quando finalmente se veriam pela primeira vez. O único pedido do Uchiha fora “tenha algo decente para me mostrar”, e então eles iriam decidir qual seria o próximo trabalho de Naruto.

Isso havia sido quase um mês e meio atrás, mas o Uzumaki gastara mais da metade desse tempo apenas para escolher sobre que escreveria para Sasuke. Ele não especificara nada, dando muita liberdade e chances de errar ao mesmo tempo. Naruto acabou optando por escrever algo simples, em no máximo cinco capítulos, mas era muito perfeccionista para que a palavra “simples” cumprisse com seu significado, e agora estava completamente atrasado.

Terminou seu café, absolutamente desistindo naquele momento. Teria de ir para a escola onde dava aulas de literatura duas vezes por semana em me menos de 4 horas, então decidiu dormir por esse tempo. Levantou-se da cadeira sentindo-se rígido e dolorido. Deu apenas alguns passos e já estava se deitando na cama.

 

(...)

Atrasado.

Naruto parou de correr apenas quando estava na porta da escola, passando a andar rapidamente, enquanto sorria para alguns funcionários por onde passava.  Os alunos já estavam dentro da sala de aula, embora nem todos estivessem em seus lugares enquanto esperavam o professor atrasado.

— Por favor, sentem-se – pediu ele, deixando sua bolsa sobre a mesa e ajeitando as roupas amaçadas pela corrida. Suspirou, encarando os adolescentes fazendo piadinhas sobre ele precisar dormir mais ou de uma esposa, e sorriu para eles batendo as palmas uma única vez – Vocês não deviam estar fazendo piadinhas com o querido professor que vos fala quando estão prestes a fazer uma redação.

Alguns alunos choramingaram, enquanto outros pediam desculpas ou tentavam bajulações baratas.

— Creio que tenham terminado de ler o livro, certo? – indagou, um silêncio caiu sobre a sala – Vamos lá pessoal, foi uma semana! Isso é mais do que suficiente para ler um livro com uma quantidade de páginas que vocês escolheram! E não é problema meu se você escolheu O Senhor dos Anéis, Kylie.

O garoto bufou ao ter sua piada estragada, mas seus colegas riam.

 A sala de aula era um lugar que inspirava Naruto. Parecia que todos os sonhos, planos e a energia daqueles adolescentes se espalhavam pelo ar, fazendo com que ele realmente tivesse vontade de ensina-los e guia-los. Mesmo antes de começar a dar aulas, ele já sabia que literatura estava longe de ser uma das matérias preferidas dos alunos. Por isso, ele tentou arrumar diversas formas de diverti-los e educar ao mesmo tempo. Seu trabalho como professor era algo de que ele realmente se orgulhava, e não escondia isso.

Continuou a instruí-los por mais alguns minutos, antes de se sentar e abrir seu notebook sobre a mesa. O lugar estava quieto, apenas o suave som das canetas nos papéis podia ser ouvido. Isso acalmava Naruto de alguma forma. Olhou para seu texto e apagou mais algumas linhas, para então reescrevê-las rapidamente com pequenas modificações. Conseguiu continuar pelo resto da aula - vez ou outra dando uma olhada nos alunos. Teria ainda mais duas aulas naquele dia, no segundo e terceiro horário, em outras palavras, mais oportunidades para que ele se concentrasse em sua história.

Talvez fosse um pouco errado ele utilizar as aulas dessa forma, ainda mais por só trabalhar duas vezes na semana. Porém, a sala de aula era um local que realmente lhe dava ânimo para escrever. Naruto poderia dizer com absoluta certeza que suas melhores ideias e histórias tinham sido criadas ali.

Na verdade, ele havia pegado todos de surpresa quando, ao final do ensino médio disse que gostaria de ser professor. Costumava ser um tanto eufórico durante a infância e adolescência. É, talvez “eufórico” fosse um bom adjetivo, pois ele realmente não parava quieto, além de ser esquentado ao ponto de caçar briga com qualquer um. A primeira a rir fora Sakura, dizendo que ele seria preso por agredir os alunos, e os outros concordaram com ela. No entanto, ele realmente levou aquilo a sério, apesar de todos só acreditarem depois dele ter dado sua primeira aula. Naruto realmente tornara-se professor. Seu sonho era dar aulas em faculdades, um dia.

Algumas vezes, ele ainda sentia a mesma energia de antes, fosse brigando com um cara muito maior num bar ou simplesmente quando era contrariado. Mas você não precisaria ser um bom observador para notar que ele realmente tinha mudado nos últimos anos. Seus amigos ainda pareciam esperar que ele soltasse alguma piada idiota ou errasse uma sentença simples como antes, mas isso não acontecia. Não sabia ainda se isso era algo bom ou ruim. Talvez ele tivesse apenas amadurecido. Ou talvez estivesse apenas triste.

(...)

Aquela manhã havia surpreendido as expectativas de Naruto. Ainda estava com sono, mas seu humor estava nas alturas. Seus alunos pareciam ter ido muito bem em suas redações, o progresso que fizera com sua história em apenas três aulas, e ainda tinha evitado o falatório que o diretor sempre fazia quando ele se atrasava. Para os dias que o pobre escritor estava tendo, isso estava muito bom.

Foi quando ele estava novamente passando pelo largo portão da escola que dura realidade da vida lhe atingiu como um soco. Ele estava apenas pegando seu celular para responder algumas mensagens, quando o maldito e-mail chegou.

Dê: Sasuke Uchiha
Para: Naruto Uzumaki
Assunto: Encontro

Estou disponível por algumas horas hoje, então me encontre para tomarmos um café enquanto eu analiso o seu material.

Naruto parou, sentindo a ansiedade lhe invadir. Em alguns segundos ele estava com as mãos suando e a respiração acelerada, encarando a tela do celular, ao que se perguntava se havia errado na contagem dos dias. Mas não, ele devia encontrar-se com Sasuke em uma semana. E que tipo de encontro casual era aquele? O e-mail era curto, intencionalmente sem saída.  

Tentou pensar em alguma desculpa para recusar, mas isso poderia coloca-lo em alguma situação ainda pior. Então, por fim, respondeu:

Dê: Naruto Uzumaki
Para: Sasuke Uchiha
Assunto: Resposta

Sinto muito, mas o trabalho ainda não está finalizado. Gostaria que pudéssemos nos encontrar somente na data marcada.

Ele pensou mesmo que aquela resposta pudesse ser o suficiente, mas...

Dê: Sasuke Uchiha
Para: Naruto Uzumaki
Assunto:

Gostaria que não recusasse dessa forma após eu ter arrumado um tempo para você. Posso vê-lo mesmo sem estar pronto, não importa, já que sou seu editor. Se ainda assim você não quiser, peço que arrume em uma desculpa melhor.

Naruto engoliu em seco, sem saber como alguém poderia coloca-lo contra a parede de tal forma. Encontrando-se sem alternativa, respondeu um simples “tudo bem” e voltou no primeiro e-mail para olhar o endereço do local escolhido pelo outro.

— Obrigado pela sua consideração – murmurou para si mesmo ao dar-se conta que era um café não muito longe dali.

(...)

Eram 10 horas da manhã de uma sexta-feira. O lugar estava praticamente vazio, com exceção de um casal de idosos, os funcionários e Naruto. Era um clichê. Aroma de café, piso e mesas de madeira, cadeiras rusticamente trançadas e um sino na porta. Existiam algumas plantas aqui e ali, além de um piano empoeirado e uma leve música saindo por algum autofalante que ele não conseguia ver onde estava.

Já tinha ido lá algumas várias vezes desde que começara a dar aulas, mas geralmente apenas pegava um café antes de ir para a aula, ou estava muito ocupado encarando tela de seu notebook para sequer olhar em volta. “A vida pode ser corrida até mesmo para um escritor”, ele pensou ao lembrar-se de como sempre estava observando e admirando tudo a sua volta quando era mais novo. Seu avô dizia que era mania de escritor, e foi assim que ele começou a anotar e descrever cada detalhe de lugares, pessoas ou objetos que lhe chamasse a atenção. Aquilo costumava tira-lo do tédio em algumas aulas, ou quando tinha de esperar numa fila. Sorriu consigo mesmo, trazendo a xícara de café até os lábios.

— Naruto Uzumaki – uma voz de seda questionou ao seu lado, fazendo o loiro erguer os olhos.

Sasuke se parecia com o homem das fotos. A franja negra caia sobre sua testa, era longa nas laterais. Os olhos também eram escuros, e ele devia ser apenas alguns centímetros mais alto do que Naruto. Usava um terno grafite e uma gravata azul marinho. Seu rosto tinha uma expressão calma.

Naruto corou, levantando ligeiramente quando percebeu estar encarando o outro por longos momentos. Não que Sasuke parecesse incomodado, enquanto estendia a mão para o escritor, que a apertou desajeitadamente.

— Muito prazer... – ele não sabia como chamar aquela pessoa. Com Gaara, era apenas... Gaara. Mas ele sabia que Sasuke tinha descendência asiática, além de parecer um homem muito formal. Devia chama-lo com “san”?

— Apenas Sasuke – disse o editor, como se já estivesse acostumado com a situação – O prazer é todo meu, Naruto.

Sasuke já estava se sentando e acenando para a garçonete, Naruto sentou-se também, esperou que ele pedisse por um chá, mordendo os lábios tentando disfarçar todo o seu nervosismo.

— Quer me mostrar agora, ou prefere conversar um pouco até o meu chá chegar? – perguntou Sasuke - Não que eu ache que vá demorar muito para chegar, mas enfim...

— Hum...

— Você não precisa ficar tão nervoso – a voz do Uchiha saia como se ele estivesse sorrindo, mas isso não aconteceu – Não sou tão duro com as minhas críticas.

O outro assentiu, sentindo-se um verdadeiro idiota. Tirou o notebook da bolsa e o abriu sobre a mesa, digitou a senha e então abriu rapidamente o primeiro arquivo.

— Se tiver algo que queria me contar sobre a história, essa é a hora – Sasuke disse, pegando o notebook e o virando para si. Naruto negou, aproveitando para pedir outro café quando o chá de seu editor chegou.

Sasuke estava com uma xícara em uma das mãos, enquanto a outra rolava a página para baixo. Vendo-o daquela forma, ele era quem se parecia com um escritor. Havia uma áurea de superioridade e elegância em volta dele. Estava concentrado, era tudo que sua expressão revelava, deixando o autor ainda mais ansioso.

Sasuke podia sentir os olhos azuis fixos em si, como se ansiedade dele estivesse pairando sobre sua cabeça. Assim como não precisava ler mais do que algumas linhas do texto para saber que...

— Perfeccionista – murmurou.

— Desculpe? – Naruto inclinou-se para frente sobre a mesa, ao mesmo tempo em que os olhos escuros saíram da tela do notebook, encontrando o esbugalhado par azul.

— Perfeccionista – ele disse mais alto, dessa vez - Você é um escritor perfeccionista.

— E isso seria bom ou ruim?

— Depende – disse Sasuke, cruzando os braços – Para mim, é bem grave.

— Então é péssimo – concluiu Naruto, deixando o outro de sobrancelhas franzidas.

— Eu não disse isso – retrucou.

— Mas foi o que eu entendi.

Sasuke soltou um longo suspiro.

— Não precisa terminar isso.

— O... Que? – Naruto disse a perplexidade ficando clara.

— Queria essa apenas para saber o seu estilo de escrita – disse o editor, como se fosse óbvio – Agora quero que faça um rascunho do que você quer fazer no livro original.

— Você está sendo muito vago! Não vai me ajudar a escolher a história?

— Não.

— Por quê?

— Porque não.

— Seu maldito, se você queria apenas saber meu estilo de escrita podia ter me deixado mandar algo que eu já tinha... Ou simplesmente lido meu livro! – Naruto ficou de pé, apontando para Sasuke como se ele fosse um criminoso em julgamento.

— Eu só queria ver todo o seu potencial, Naruto – disse calmamente, bebendo seu chá.

— Você não vai me dizer nada além disso?

— Não seja muito perfeccionista.

— E como eu faço isso?

Sasuke deu de ombros, deixando a xícara e se levantando também. Olhou em seu relógio de pulso, deixando algum dinheiro sobre a mesa e encarou o loiro meio confuso à sua frente.

— Bem, eu preciso ir agora, te vejo em uma semana - Sasuke disse, dando tapinhas nos ombros de Naruto – Espero ter ao menos um capítulo até lá.

E com essas palavras, ele saiu, deixando Naruto Uzumaki tão perdido quanto um cachorro abandonado.


Notas Finais


Até o próximo o/


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