História M.o.n.s.t.e.r. - Capítulo 20

P.O.V Peter 

Pra mim isso foi a gota d´água. Primeiro Frank aparece e estraga todo o resquício de esperança que eu tinha do Rafael poder ouvir o que eu tinha pra falar, agora ele não vai querer nem olhar para a minha cara. Tudo por causa desse filho da puta.  

E agora, ele tinha acabado de me levar para a cama. Tudo que eu pude fazer é ficar em silêncio enquanto aquele ogro ficava em cima de mim falando palavras sujas. Não que tenha sido um estupro, porque eu permiti que ele fizesse, porque eu pensei em Rafael.  

Se tem uma coisa que ainda me faz querer ficar de pé e continuar com todo esse showzinho é ele. O amor da minha vida, a pessoa que eu quero do meu lado na saúde, na doença, na riqueza e na pobreza, no fim do mundo ou no início de um novo. 

-Porque... Porque está fazendo isso? - Perguntei enquanto eu olhava para a parede do quarto de um motel qualquer. Estava de costas para Frank enquanto ele traçava uma linha imaginária do meu pescoço até a minha cintura, pela coluna vertebral. 

-Ora, não é simples? - Se levantou para acender um cigarro enquanto andava pelo quarto até a janela. - Você era tão destemido, concluía tudo que lhe era mandado, com perfeição e dentro do prazo. Você era forte e até hoje é como se fosse um mito dentre as gangues, mesmo sendo tão jovem. Ter você submisso a mim me dá uma certa vantagem sobre os outros. - Sorriu pra mim e eu apenas o encarava sem reação nenhuma. - Mas você ainda me deve, então apenas juntei o útil com o agradável.  

-Você realmente é esperto. - Disse me sentando na cama e começando a me vestir. Meu corpo dói e esta cheio de marcas de mordidas, chupões e marcas de tapas fortes, mas eu não me atrevi a demonstrar qualquer tipo de reação. - Admiro sua forma de pensar. - fui até uma mesinha que tinha ali e me servi com um pouco de whisky. Eu já tenho 18 anos então não ligo muito para isso tudo. - Mas uma coisa está rondando minha cabeça por um tempo.- me virei para o outro e pude olhar diretamente em seus olhos. - O que te faz pensar que não vou atrás de você? - sorri antes de das um pequeno gole na bebida.  

Fui me aproximando do mais alto a passadas lentas o fazendo se recolher aos poucos.  

-Eu podia arrancar sua vida agora mesmo e mostrar a todas aquelas pessoas que o tal "mito" não morreu. Que eu ainda posso ser uma pessoa " poderosa" como vocês todos me intitulam. - O vi tremer um pouco enquanto eu tocava em seus fios de cabelo. - Mas eu não preciso disso. Quero que as pessoas acreditem que sou fraco, que me subestimem, assim como você está fazendo agora. - Sorri e engoli o resto da bebida por inteiro. Voltei para perto de seu ouvido e disse: - Quero que acreditem que são melhores que eu, para quando pisarem na bola, eu os lembrar que não passam de pedaços de merda no meu piso de ouro. - Joguei o copo no chão, fazendo se destroçar em vários caquinhos. Não liguei muito para isso, mesmo estando descalço.  

Fui andando até a porta e disse antes de sair.  

-Não ouse machucar o Rafael, nem se quer tocar nele. Não brinque com fogo Frank, eu ainda estou paciente. Vou conseguir o seu dinheiro.  

Fechei a porta e saí. 

Tudo foi questão de tempo. Depois que saí do motel uma coisa surgiu em minha mente, uma vaga lembrança das palavras de Frank para mim. 

"Vender esse corpinho não é tão difícil não. Conheço gente que daria muito mais." 

Levando em conta tudo o que eu já fiz até agora, isso não seria nada. Eu estava na cama com Frank isso é quase a mesma coisa, porém eu não ganhei nada, só algumas marcas. Estava decidido. Vou ver se eu consigo alguma coisa pelos meus contatos. Não ficaria com qualquer coisa, afinal, não sou qualquer coisa, não nesse mundo em que estou me metendo. Seria tudo sigiloso, com alguém que eu possa confiar esse segredo e só tenho uma pessoa em mente.  

Peguei o celular no bolso de trás e digitei um número bastante conhecido por mim. Não demorou muito para que fosse atendido e eu pudesse ouvir a voz melodiosa de uma mulher. 

-Peter? 

-Reyna! Como tem passado? - Perguntei á loira enquanto andava pelas ruas tentando matar tempo até conseguir algo com a loira. 

-Estou ótima! O que te fez ligar para mim? - Perguntou e pude ouvir alguns sons de música alta. Já estava de noite então o bar no qual ela era dona estava prestes a ser aberto. 

-Preciso de um favor seu. - Disse coçando a cabeça nervosamente.  

-Tudo para o meu gatinho. - Sorriu e então eu pedi o favor. 

Não demorou muito para que ela me ligasse de volta e me confirmasse um cliente, que pelas palavras dela, é confiável e dócil. É obvio que eu não me submeteria a ninguém então estava perfeito em fazer isso. Esse cliente me pagaria muita mais do que eu tenho que pagar ao Frank, o dinheiro que sobrar eu realmente pretendo gastar em comprar algo para o Rafael. Mas isso são planos para depois. 

As luzes coloridas se moviam de acordo com a música que tocava alto no local. Mal havia aberto a boate e já estava lotada. Cheio de pessoas dançando e se encostando uma nas outras. O cheiro de bebida era forte assim como o de vários perfumes exagerados. Me dirigi para o andar de cima, para um dos quartos que ali tinham.  

Quarto numero "32". De acordo com Reyna ele estaria a minha espera, então não demorei muito com pensamentos e fui logo abrindo a porta. 

Vi um homem de estatura mediana, apenas um pouco menor que eu, corpo escultural mas bem delicado. Seus cabelos eram loiros e quando ele se virou para mim pude ver seus olhos azuis. Ele me lembrava... Rafael... Será que o meu menino ficaria assim quando crescesse? Porque esse home realmente é mais velho que eu. Deve ter uns 26 anos, por ai. Ele é lindo... 

Respirei fundo e mantive o foco. Retirei minha jaqueta e coloquei em cima de uma cadeira que tinha por ali. 

-As regras são simples. Sem nomes, sem idade, sem detalhes. Me use para se sentir bem e depois nos despedimos. - Falei tentando parecer o mais sexy que eu consegui. Cheguei perto do bonitão, segurei em seu queixo, me aproximei de seus lábios mas não os toquei. - Entendido? 

Finalmente eu tinha o dinheiro em mãos e tenho que admitir que foi uma das melhores transas que eu já tive em minha vida, ele é muito gostoso. Mas eu não penso em outra coisa a não ser entregar esse dinheiro e poder voltar para o Rafael. Farei de tudo para ter o meu loiro, agora moreno, em meus braços novamente. É tudo que eu quero agora. 

Coloquei o dinheiro em um envelope e liguei para Frank que demorou, mas atendeu a ligação. Nos marcamos de nos encontrar no mesmo lugar, concordei de ele levar seus guardas novamente, mesmo não precisando deles lá.  

Andei a passos rápidos até o local marcado. Eu não consigo esconder a felicidade e o alívio que eu estou sentindo ao segurar esse envelope. De longe pude ver Frank e os homens que ele sempre leva. Cheguei perto dele e cumprimentei a todos. 

-Boa noite. - disse. 

-Está com o dinheiro? - Perguntou Frank com desgosto na voz.  

-Claro que sim. - Peguei o envelope e joguei em seu rosto. - Espero que fiquei feliz com esse dinheiro. Aproveitou bastante enquanto durou? - Perguntei me referindo ao meu corpo. 

Frank, depois do que eu disse no quarto do motel, sabe que qualquer brincadeirinha da parte dele todo o meu lado pacífico vai embora e ele estará perdido. Pensou três vezes antes de responder e enfim falou: 

-Não sei do que você está falando. - Desconversou enquanto pegava o envelope da mão de um dos caras que o pegou do chão. - Se estiver faltando dinheiro, eu iriei atrás de você. - Disse enquanto eu me virava para ir embora.  

-Sou um homem de palavra e respeito. - Disse enquanto me distanciava. - Mas caso queira vir atrás de mim... - Parei no meio do caminho e olhei por cima do ombro. - Estarei esperando. 

Porque quando eu quero, eu realmente consigo ser ... 

Um M.O.N.S.T.R.O