História Monster - Inesperado

Isso era muito estranho; por que o Uchiha mais irritante e convencido da face da terra iria querer me ver ou coisa parecida? Sendo que nunca nos demos bem e ele deveria estar contente por eu ter me ferrado assim. Ao mesmo tempo em que eu desconfiava dessa atitude, também estava curiosa a respeito e decidi quebrar esse silêncio mortal que pairava desde os minutos atrás em que ele havia entrado.
 

- Dá pra você falar de uma vez o que quer aqui? Seu silêncio tá ficando chato.
 

Ele não respondeu nada, apenas me olhou com aquela cara emburrada e sempre, coisa que não me afetou em nada - já havia me acostumado mesmo. Ajeitei meu travesseiro e fiquei sentada com o cobertor cobrindo-me até a cintura, o que não foi tão fácil, pois meu corpo ainda doía; principalmente na parte onde fui atingida pela Kunai. Preferi ficar assim pra encarar o moreno melhor e mostrar que não estava pra joguinhos ridículos como esse.
 

O que me surpreendeu foi ele ter se desencostado da parede e caminhar até mim, dessa vez não mais com a cara emburrada, porém com ainda passando seriedade. Mantive minha guarda alta logo que ele sentou na minha cama, bem ao lado do começo das minhas pernas, e ficou encarando-me ainda com aquele mesmo semblante. Tenho que admitir, ele é difícil de decifrar algumas vezes; até agora não tenho nenhuma ideia do que ele quer aqui; se fosse pra me esculachar, já teria feito isso assim que entrou. Ele fez menção de tocar meu ferimento enfaixado e pus minha mão antes que conseguisse; ele que pense que pode fazer o que bem entende que vai ver uma coisa!
 

- Eu só quero ver...! - Seu tom parecia meio ofendido pelo meu ato, ah ninguém merece! Ele acha ruim eu me precaver? É um Baka dos piores... Bufei frustrada e decidi levantar um pouco a blusa branca que a esposa do fazendeiro daqui certamente colocou em mim, apenas até acima do umbigo, dando apenas para ver a bandagem. E, bom, aproveitei para dar uma breve olhada também e vi que estava com bastante sangue seco no local da ferida, coisa que o Uchiha havia reparado também e fez uma cara curiosa; parecia intrigado com algo. – Me mostra suas mãos.
 

- Tá e depois vai querer que eu mostre os pés também? – Ironizei. Ele tá abusadinho demais pro meu gosto.
 

- Será que dá pra você fazer o que eu pedi sem ser tão chata?
 

- Se você parar de me perturbar, posso considerar.
 

- Aff! Mostra de uma vez, não é como se eu fosse arrancar suas mãos ou coisa parecida. - Ele estava persistente demais, e como eu queria que ele saísse logo daqui, bufei e estendi minhas mãos. Não gostei dele pegar minhas mãos e ficar analisando-as, virá-las ora e outra... Me sentia esquisita e desviei o olhar, podendo sentir meu rosto esquentar um pouco de vergonha e desconforto da situação. Por fim, e obrigado Kami, ele as soltou e as recolhi rapidamente, cruzando os braços e o encarando séria e ansiosa para a sua saída, e o Uchiha apenas me encarava com um semblante curioso e intrigado, o que estranhei bastante.
 

- Por que tá me olhando assim? – Perguntei; Era bizarro ver o Uchiha com uma cara que não fosse emburrada ou desinteressada, quero saber o motivo dessa mudança.
 

- Tô pensando em como você conseguiu não ter nenhuma cicatriz nas mãos depois de segurar duas Kunais com tanta força naquele treino. - Então era isso!? Olhei para as palmas das minhas mãos só pra ter certeza, posso estar sendo enganada, afinal. Porém, não estava. Não havia sinal algum de que segurei lâminas afiadas em minhas palmas, estavam completamente normais! - Acho que isso tem a ver com aquele chakra preto, não? - Então ele realmente percebeu o meu chakra estranho de ontem, ele realmente é mais observador do que eu pensava, tenho que admitir.
 

- Pelo visto não é tão desinteressado de tudo como eu imaginava... - Comentei, com uma ponta de ironia que deixei escapar. Não dá pra conversar normalmente com ele sem um ou outro provocar, direta ou indiretamente; virou quase um hábito.
 

- Não muda de assunto. - O moreno continuou, mantendo o foco no que queria saber. - Se conseguiu curar suas mãos completamente, podia muito bem fazer o mesmo com essa ferida e talvez muito mais. Porque não fez isso depois de ser atingida por aquele cara?
 

- Simples: eu não sei como usar esse chakra. No treino, eu nem percebi que estava usando.
 

- Você me parecia estar à mil com suas emoções naquele dia, mas se fosse essa a solução, você já saberia usar esse poder e estaria curada. - Tava demorando ele usar esse tom arrogante...
 

- E por que você tá interessado nisso? Minha vida não te diz respeito, e muito menos o que eu consigo e não consigo fazer!
 

- Porque você é estranha. - Como é?! Tive uma imensa vontade de bater nele, mas ele prosseguiu antes e aquilo me prendeu a atenção. – No treino, você mudou de uma hora pra outra; parecia mais empolgada na luta e alguém que queria fazer o circo pegar fogo. – Rápidos flashs do treinamento, mais especificamente de quando me pus entre ele e Naruto e agarrei as Kunais de cada um. De fato, eu não estava no meu normal naquele momento, desejava enfrentá-los com uma vontade enorme. – E quando fica assim, fica mais forte. Eu quero entender como você faz essas coisas, assim talvez eu consiga fazer algo parecido e consiga me vingar.
 

Aff! Outra vez esse papo. Ele realmente não desistiu dessa vingança, porém compreendo - em parte - seus motivos. Até hoje não consigo acreditar que Itachi foi capaz da matar todo o Clã Uchiha, ele era uma pessoa ótima e eu gostava muito dele, ele também gostava de mim e do Sasuke. Ainda quero saber a razão pela qual ele fez aquilo, mas acho que não irei saber tão cedo; ele foi embora logo depois do massacre, mas antes foi até a minha casa pegar suas coisas e foi nesse momento em que descobri o que ele havia feito. Estava com as mãos ensanguentadas e um olhar vazio, porém tenho dúvidas se era um vazio psicopata ou um vazio... triste. Penso sobre isso outra hora, tenho que me concentrar aqui, contudo a porta se abrindo roubou nossas atenções.
 

Uma mulher não muito alta, mas não tão baixa, passou pela entrada e seus olhos saltaram em surpresa quando viu o Uchiha sentado perto de mim. Ela usava uma blusa de manga longa azul-marinho com uma branca por baixo - dava pra ver pela gola branca que aparecia um tanto acima da outra -, uma saia até um pouco abaixo dos joelhos preta e sandálias parecidas com as de Shinobis. Ela tinha cabelos negros lisos que iam até o meio das costas, olhos cor de mel, a pele era quase como a minha, só era um pouco mais bronzeada - não muito. E seu rosto se parecia com o da mãe de Inari, o neto do homem que escoltamos até o País das Ondas.
 

- Sasuke? - Como falei, ela estava surpresa pelo moreno estar comigo, porém, assim que me viu, sua expressão mudou para uma mais neutra. - Oh! Sakura, não? Meu nome é Tsuuka Harumi, eu cuidei do seu ferimento, e pelo jeito está bem melhor. - Harumi sorriu simpática. Ela me parecia ser confiável, mas não é bom confiar nas pessoas logo de cara.
 

- Estou mesmo, obrigada. – Dei um sorriso um pouco tímido, tanto em agradecimento quanto para não parecer mal educada.
 

- E Sasuke, você não devia estar aqui; Ela precisa repousar bastante. Vamos lá pra baixo, o jantar está quase pronto. - O Uchiha não ligou muito e se levantou de qualquer forma, encarando-me como se dissesse “isso ainda não terminou”. Eu hein... Logo que atravessou a porta, voltei a me focar na Tsuuka, que estava quase saindo. – Quando a comida estiver pronta, trarei algo para você comer.
 

Agradeci com a cabeça e ela saiu do quarto, aproveitei para me ajeitar e ficar deitada novamente, e assim mergulhei em pensamentos novamente. Mesmo o Sasuke querendo apenas saber sobre minhas habilidades - que também mal sei -, era inegável que ele estava certo sobre o que falou. Eu tenho algo grande em mim, e essa coisa sempre me torna mais forte em alguns momentos, o problema é quando me deixo levar. Se bem que eu sempre me deixo levar, mesmo não querendo, então...
 

Aff! Não quero pensar nisso no momento. É tudo bem confuso e eu tive um dia cheio, e ainda por cima tem mais uma preocupação, das grandes; Shimura Danzou. É claro que ele nunca irá desistir de mim, o ataque de Mizuki não deve ser nada comparado ao que ele e seus ninjas podem - e irão - fazer. E isso me lembra que Naruto, Kakashi e qualquer um não pode saber disso, senão vão correr perigo. Não quero trazer uma ameaça a ninguém, nem mesmo à praga do Sasuke.
 

Me virei para o lado esquerdo, acho que dormir irá me fazer bem agora, afinal preciso esquecer essas coisas por enquanto e me recuperar logo. Tudo o que não quero para meu time é ser uma inútil, não quero mesmo! Enfim, fechei meus olhos e aos poucos o sono invadiu-me.

- Sonho On -

Estava em um corredor escuro e longo, com algumas tochas nas paredes iluminando mal o caminho, e do lado de fora dava para ouvir a forte tempestade se intensificando. Aquele lugar me dava calafrios e uma tensão como nunca, estava com medo de onde iria parar e do que fosse encontrar. O som de meus passos ecoava pelo longo corredor que não parecia terminar, algo que já estava me preocupando. Odeio pensar que estou num lugar onde não tem como escapar, me faz lembrar daquela prisão... Bom, melhor não pensar sobre isso no momento, tenho que continuar andando.
 

Do nada, escutei um barulho de correntes e uns gemidos de raiva e dor; parecia que alguém estava se esforçando ao máximo para se libertar de algo, então fui caminhando na direção desse som com a guarda alta. Vai saber se não é algum bicho insano querendo fugir, né? Só que quando cheguei à fonte dos barulhos, vi que meu pensamento sobre o que estava fazendo-os se concretizou – em parte, pois aquilo era uma coisa, não um bicho.
 

Só o vi de costas se esticando para quebrar as correntes, mas foi o bastante para me assustar; especialmente no momento em que o vi, pois um relâmpago e trovão castigaram a terra mais uma vez nessa hora e iluminaram aquela criatura graças à janela enorme na frente dela. Era enorme e estava meio que nu, me constrangendo um pouco no início; tinha pele escura com listras avermelhadas e pernas grossas e fortes também com algumas listras, creio que essa coisa era listrada em todo o corpo, como um tigre; estava preso pelo que me pareciam ser correntes de chakra conectadas ao chão e elas a puxavam cada vez que a coisa se esticava para tentar escapar. Aquilo devia doer... Possuía dois braços humanos quase normais se não fosse pela pele escura, um cabelo bem bagunçado e curto como o meu e num tom rosa escuro muito sombrio, tendo também um tom arroxeado.
 

- ME DEIXA SAIIIR!!! - Berrou enquanto se esticava mais uma vez para fugir depois de ter parado por um minuto. Levei um susto com isso aí! E a voz dessa coisa era realmente forte e parecia ter algum efeito, não sei direito. Continuei a observando para ver o que acontecia, atenta a qualquer movimento para não me assustar de novo - Eu só quero sair...
 

- Oi? - Tentei arriscar um contato, ele, ou ela, parecia estar sofrendo com algo. Péssima ideia. Assim que a coisa se virou pra mim com rapidez, me assustei ainda mais. - Woah!!
 

Era igual a mim! Podia ter a pele escura e algumas listras no rosto, mas o rosto era exatamente o meu! E os olhos eram iguais aos que o Danzou descreveu meses atrás, o tal do Akumigan.
 

- Você... VOCÊ! - Tentou me agarrar, o que me fez recuar na hora. Cara, essa coisa era bizarra e dava medo, me olhava com ódio ardendo nos olhos. - Você fez isso comigo! Me deixa sair!!
 

- Eu não tô entendendo nada, nem sei quem é você! - Por mais que aquilo se parecesse comigo, eu não fazia ideia de quem era e nem do porquê de estar ali. O que mais me intrigou foi o que ele ou ela disse: “Você fez isso comigo!”. Fiz o que? Eu to boiando e essa coisa ta me assustando com essa voz e tom sinistros...
 

- Ah não é? Então vou te explicar... - Tô sentindo que vai vir algo que não vou gostar de saber. A coisa se sentou como se fosse um bicho e ficou me encarando seriamente, porém eu ainda conseguia sentir a raiva queimando dentro dela. - Sou o seu interior, o verdadeiro. Sou quem você realmente é por dentro, mas sou reprimida e trancada por sua parte humana. De onde acha que tira toda aquela força absurda nos momentos de raiva e desespero? É tudo de mim! VOCÊ ME USA QUANDO MAIS PRECISA, MAS ME MANTÉM PRISIONEIRA! - Meu Kami essa coisa gosta de me assustar! Do nada depois de berrar ela praticamente saltou em mim pra me agarrar. Se as correntes não tivessem puxado esse bicho na hora... Depois disso, a coisa se acalmou um pouco e sentou de novo, ainda me olhando com raiva. - Resumindo, sou sua outra parte; a mais forte e que quer sair desse cárcere.
 

Mesmo com medo dela, eu estava surpresa pelo que me disse; eu sabia que tinha outra parte dentro de mim por tudo o que já me disseram, mas eu nunca imaginei que fosse praticamente outra consciência e que eu estivesse machucando ela...
 

- Como isso é possível? Ter outra “eu” em mim mesma? – Questionei, ainda tentando entender isso tudo. É estranho literalmente conversar comigo mesma.
 

- Não é bem isso. Sou sua Inner, a manifestação de toda a sua parte Oni, já que a humana é a que manda. Todos os instintos, desejos, força, habilidades e traços de personalidade específicos do seu lado Oni estão em mim, pois é como eu falei, a parte humana é a que manda. Eu meio que sou a solução para você não ficar em um conflito interno o tempo todo, mas, como pode ver, não é nada vantajoso pra mim. Faz ideia do que é ficar presa sem sequer ter feito algo para merecer isso? Apenas para garantir algo à outra pessoa e sofrer as consequências disso?
 

- Você mais do que tudo sabe exatamente que eu sei como é isso.
 

- Sim, mas não será você quem irá passar o resto da vida assim. - O tom dela mudou para um bem mais sombrio nesse momento, e a atmosfera do lugar ficou muito mais fria e sinistra. - Sabe o que eu vejo? Uma garotinha perdida em si mesma, que tem medo até de confiar. Você é uma fraca e inútil, Sakura. Não consegue nem se defender de um patife como o Mizuki, assim vai acabar deixando todos que conhece e ama morrerem! E eu não duvido disso.
 

- Cala a boca!
 

- A verdade sempre dói. - Agora ela estava me irritando, embora eu lutasse internamente pra me convencer de que as coisas que ela me dizia não eram verdade. A minha experiência na Vila da Chuva é uma coisa que nunca vou conseguir esquecer, e todas as coisas que vi... Bom, não é momento pra isso. - Aceite que você é um lixo que nunca vai poder proteger quem ama, já que nem se protege. Se eu estivesse no comando, poderia-
 

- Poderia acabar com todos com quem eu me importo, isso sim! - Cortei-a. Já tinha passado por isso antes com Mizuki, e ela não ia me convencer disso! Ainda mais depois de já ter visto as coisas que ela fez. - Já vivi experiências o bastante com esse “lado” em momentos de perigo pra saber que suas intenções não são boas. Você não vai me enganar! - Esbravejei, decidida. Ela vai entender que ceder a ela é a coisa que eu não irei fazer! - Se eu te deixasse livre, sabe lá o que você poderia fazer estando no controle!
 

- Hehe! Esperta... Mas nunca poderá se livrar de mim. - Uma onda de frio cobriu o lugar e a tempestade do lado de fora cessou, mas por que será que estou com um péssimo pressentimento sobre isso? - Uma hora ou outra, terá que contar com o meu poder para se salvar; e quando esse dia chegar, eu sugiro que já tenha aprendido a ter um grande autocontrole... - Num movimento extremamente rápido e o qual eu mal pude perceber, ela curvou a cabeça até ficar ao lado da minha, e nesse momento um calafrio subiu pelo meu corpo. Essa coisa sabe o que faz pra provocar sensações ruins... Do nada e me fazendo tremer, ela mordeu meu ombro! Que bom que é sonho, assim não sinto dor, mas não porquê saiu sangue do mesmo jeito. O nojento foi vê-la mordendo a própria boca pra fazer sair sangue arroxeado e ele entrar na minha ferida. Credo... - Porque não perderei uma chance de reivindicar esse corpo e fazer sua parte humana sofrer assim como eu...

- Sonho Off -

- AAARF!* - Acordei arfando a maior quantidade de ar que podia e arqueando as costas por instinto. Meu Kami, que sonho bizarro! Parecia mesmo tão real que eu estava arrepiada até. Será que era real mesmo ou eu estou enlouquecendo? Ai... Não sei o que pensar...
 

“Foi real sim, Sakura, não ache que se livrou de mim.”
 

“Ai, que sorte... E agora vai ficar me incomodando o tempo todo em minha mente, sua coisa?”
 

“Não porque não sou como aquele seu amigo loirinho. Mas não pense que vou ficar calada pra sempre. Uma hora você vai precisar de mim para se salvar, então já estarei pronta. E não sou uma coisa, sou você, lembra?”
 

“Queria não lembrar...”
 

Por ela falar nisso de que precisarei dela, isso me fez recordar do que houve hoje e em parte ela tá certa. Porém, não é dela que vou precisar, mas sim dos poderes dela e de toda a minha parte Oni; a começar por aquele chakra preto de cura. Ergui parcialmente a minha blusa até um pouco acima do ferimento enfaixado e coloquei minha mão com cuidado nele para não sentir dor nem nada. Me concentrei enquanto usava a raiva que senti no treino com os meninos, afinal aquela foi a única vez que liberei aquele Chakra; para o meu azar, porém, somente liberei o meu chakra normal na minha mão..
 

- Droga! Se não foi a raiva, então o que me fez liberar aquele chakra?
 

“Pensar ajuda, sabia?”
 

Resolvi ignorar ela, não queria me estressar à toa. Contudo, contra meu orgulho, segui o conselho dela e pensei mais a respeito daquele dia. Eu estava nervosa por lutar com eles e com raiva do baka do Uchiha, entretanto nenhum desses dois sentimentos me fizeram despertar esse chakra agora. Além disso, eu também me preocupei com eles quando iam se atacar e quis proteger o Naruto... Talvez esse sentimento de proteção seja o que preciso, não custa tentar.
 

Concentrei meu chakra mais uma vez na mão, desta vez lembrando do momento que me pus entre as kunais e protegi ambos de se machucarem, especialmente o Uzumaki. No inicio saiu normal, mas aos poucos foi ficando preto como naquele dia e pude sentir meu ferimento ir fechando. Então era isso? Nossa, haha! Valeu loirinho.
 

- Eu consegui... - Murmurei para mim mesma, sorrindo; Estava muito contente por ter conseguido. Retirei a faixa e vi o ferimento completamente curado. - Pelo jeito posso usar suas habilidades sem que você comande, o que mais poderei fazer além disso? – Pensei comigo mesma, quero muito ver até onde posso chegar com isso.

- x -

Bom, se passaram três dias desde a nossa chegada. Os Tsuuka ficaram muito surpresos com a minha rápida recuperação, e claro que não contei a eles, senão contariam para o Kakashi-Sensei e isso me traria muitos problemas. Por eu estar começando a usar o poder da Inner (sim, passei a chamá-la assim.), ele poderia querer avisar ao Hokage e talvez quisessem me prender ou sei lá. Eles foram bons pra mim, só que eu não sei até onde posso confiar neles...
 

Estávamos indo pros portões da vila quando Harumi veio correndo até nós, ela realmente parecia preocupada com algo. Naruto ficou reclamando que a missão foi chata algumas vezes, mas com o tempo se acostumou. O Uchiha não achou a missão nada demais, agiu “normalmente” nesse tempo que passou. E claro que ele sacou que aprendi como controlar o chakra da Inner, mas não falei com ele mais pra evitar qualquer pergunta dele sobre esse meu feito. Ele realmente é insistente.
 

A Tsuuka disse ao Kakashi-Sensei que alguns homens da vila que foram para uma mina há alguns dias estavam sumidos; não se tinha mais noticia alguma deles, e um dos homens era o irmão dela. Naruto ficou contente por poder fazer mais alguma coisa antes de voltarmos para Konoha, e o moreno nem ligou, ficou na dele como sempre. Eu disse que ela podia contar com a gente e assim tomamos rumo pra mina, que, de acordo com a ela, ficava em um morrinho na floresta e era só seguir os trilhos. Eu estava andando bem distraída quando escutei a voz do Uzumaki me chamar baixinho.
 

- Sakura-Chan, eu ainda não entendo como conseguiu se recuperar tão rápido daquele ferimento.
 

 “Sutil...”
 

- Bom... – Estava pensando em um desculpa, uma coisa simples não iria convencê-lo.
 

- Tudo bem se não quer contar! - Disfarcei o alivio em uma expressão normal, senão daria na cara. Naruto sorriu pra mim e logo em seguida olhou para o Sensei, que estava um pouco a nossa frente. - Kakashi-sensei, vai demorar quanto pra essa missão acabar e começarmos uma nova?
 

- Dobe... Parece que tá com fogo pra sair em mais missões. - Não esperava menos do Sasuke, e o Uzumaki também não, porém ele já ficou todo irritado; tem vezes que é engraçado vê-lo bravo, e outras que não.
 

O loiro passou a caminhar do lado do Sensei, eu já imaginava isso, porém acabei ficando do lado do Uchiha; e o moreno não perdeu tempo...
 

- Vai me dizer como aprendeu a controlar aquele chakra?
 

- Falando desse jeito, vai espalhar pra Kami e o mundo. – Falei simplesmente, olhando pra frente.
 

- Não sou igual ao seu amiguinho hiperativo, só quero saber como aprendeu tão rápido.
 

- Não querendo ser grossa, mas larga do meu pé! Você já tá enchendo com essa história.
 

Ele precisava levar essa patada pra me largar de mão, essa persistência está me irritando. Levou acho que pouco mais de 10 minutos, mas chegamos na entrada da mina; tinha várias pedras cobrindo a entrada, certamente ocorreu um deslizamento e eles ficaram presos. O local era em uma clareira e coberto por uma vasta floresta ao redor. O Sensei foi até a entrada da minha e ficou analisando tudo, tentando deduzir o que houve – pra mim estava óbvio.
 

- Isso é estranho... - Ouvi ele se pronunciar enquanto fitava as rochas. - As pedras caíram, mas não foi por um desabamento.. – Admito, ele é muito bom analista e observador.
 

- Sensei, ali em cima. - Escutei o Uchiha falar e o encarei de canto de olho; ele apontava pra parte mais acima da entrada, e logo olhei pra ver o que era. Tinha uma parte mais escura, tostada, eu acho. Estranho... - Parece queimado.
 

- Boa observação, Sasuke. - O moreno não ligou muito pro elogio, o estranho foi ele ter sorrido; ou foi de deboche ou foi só por sorrir, certeza. - Não é tão recente, então faz sentido com o dia que os homens desapareceram. Alguém fez isso, com certeza, agora o porquê eu não sei.
 

- Você e o Naruto podem ir investigar ao redor, ele tem que aprender a procurar rastros. - De novo ele ajudando? O que deu no Sasuke hoje? - Eu fico com a Sakura pra tirarmos as pedras e ver se eles ainda estão vivos.
 

“Ta aí sua resposta.”
 

“Não te chamei..!”
 

“Nunca me chama, então venho e volto quando quero.”
 

- Você não dá as ordens aqui, Sasuke! - O loiro exclamou, eufórico. Por Kami! obrigada por ter me tirado dos meus pensamentos Naruto.
 

- Quieto Naruto, ele está certo. - O Sensei interrompeu, deixando o Uzumaki e eu de boca aberta. Ele não era de defender nós de nós mesmos, era mais de botar moral em todos sem preferir ninguém. - Você tem muita coisa pra melhorar, e os dois tem uma variedade maior de técnicas pra tirar as pedras sozinhos.
 

- Mas Sensei, ele só tá falando isso pra que eu não faça nada e fique procurando pistas no tédio!
 

Algo me tirou do foco da conversa deles, eu senti uma presença como naquela luta com o Mizuki... Espero ser só coisa da minha cabeça, mas posso jurar que é a mesma que senti naquela vez.. Não sei dizer se é um chakra benigno ou maligno, mas que isso é estranho é, e muito...
 

- Depois que eles forem, vai dizer como aprendeu a controlar aquele Chakra. - Ai desgraça! Ficou sei lá quantos segundos sem falar e vem do nada?! Encarei-o com uma expressão que mostrava o quão estava de saco cheio daquilo, quase bufando até.
 

- Baka.. Você tá mais chato do que já com-
 

Um barulho no meio da floresta me interrompeu e aos outros dois que ainda discutiam, parecia ser algo se mexendo nas plantas, como se caminhasse por ali ou passasse muito rápido; o suficiente para atrair a atenção de nós quatro. Naruto e Kakashi-Sensei vieram até mim e Sasuke já atentos, principalmente o Sensei – já estava até com uma kunai em mãos.
 

- O que foi isso...? – Murmurei. Tem algo errado... Isso tem a ver com a presença que senti, tenho certeza.
 

- Nossa conversa fica pra depois... - Escutei o moreno sussurrar para mim e vi de canto de olho ele usar seus selos de mão e se aproximou da floresta. - Katon! Goukakyuu no Jutsu! – A bola de fogo se espalhou e foi devastando aquela parte da mata, um belo estrago. Só que as chamas foram apagadas por vários litros d’água que se estenderam por todo o chão! - Fala sério...
 

Dois seres com capas pretas e encapuzados saíram de onde o fogo foi apagado e ficaram nos encarando, e ambos usavam máscara. Um era de gato, branca com umas poucas listras vermelhas, e a do outro era de pássaro com o mesmo estilo, e as duas tinham olhos pretos. Fico em posição defensiva e os encaro tentando permanecer firme, assim como os garotos e o Sensei estavam. Esses dois são sinistros...
 

“As coisas estão ficando interessantes..”
 

- Digo o mesmo, Uchiha.