História Monster On My Mind Camren - Dois dias - Lauren

Dois dias. Dois dias nesse lugar e eu não aguento mais. É frio, sem graça e solitário. Eu ainda não consigo acreditar que minha mãe me pôs aqui.

- Eu não sou louca! - Murmuro baixo comigo mesma.

Sim, você é. Louca, burra e não serve pra nada!

Boto as mãos na cabeça para tentar para-lo. Não adiantou, pois ele continua. Sussurrando essas palvras com uma voz rouca e assustadora. Me sinto tonta, tento me apoiar na prateleira de livros que ali tinha. Derrubei alguns livros no chão e a dor piorou. Abro os olhos e ali está ele. Encarando-me com um sorriso malvado.

- SAIA DAQUI! - Taco nele um dos livros que se encontravam no chão e ele some juntamente com o livro que nele toquei.

Deito-me na cama velha, fedida e suja do lugar como qual irei poder chamar de lar por 5 meses e meio. Fecho os olhos e ponho-me a pensar sobre esse inferno que posso chamar de minha vida. Ele sempre esteve aqui. Na minha cabeça perturbando-me por miseráveis 23 anos. No início ele era meu amigo, mas depois quando eu me apaixonei pela primeira vez por Kate Petter no 6° ano do fundamental, ele passou a ser um demônio em minha mente. Fez todos se afastarem de mim, me fazendo ficar sem amigos. Era o ciúme. Quando Kate chegava perto de mim ou pelo simples fato de eu a abraçar, ele a fazia passar mal, ter fortes dores de cabeça e desmaiar. Eu o odeio por isso. Eu o odeio eternamente.

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Acordo com um barulho. Abro os olhos e vejo Hedwig, a senhora que cuida da alimentação desse lugar. Já tinha a conhecido no meu primeiro dia aqui e ela parece ser legal, pois foi bem simpática comigo me trazendo alguns livros para mim ler e passar o tempo.

- Olá, senhorita. Vi que você não foi ao refeitório, então eu trouxe para você o jantar... - Deixou a bandeja na mesinha que ali tinha, olhou para os livros caídos no chão e voltou a olhar-me. - Que bagunça é essa? Amanhã Karla vem aqui e vai querer recebê-la com essa bagunça?

KARLA?

- Quem é Karla? - Olhei confusa para a idosa em minha frente e ela sorriu.

- Karla é uma de nossas melhores psicólogas aqui e se interessou a poder ajudar-te, Lauren.

Você não precisa de ninguém além de mim, Laur. Ninguém.

- EU NÃO SOU LOUCA E NÃO PRECISO DE AJUDA! Ele não vai querer ela aqui! Eu não quero ela aqui... - Fecho os olhos com força desejando novamente tudo ser um pesadelo.

- Sinto muito, mas as escolhas são feitas por April e por sua mãe. Apenas trate de arrumar essa bagunça! - Disse e saiu dando-me boa noite.

Peguei o prato de comida e o encarei. Purê de batatas com uma aparência nem um pouco agradável, feijão preto com um cheiro ruim, folhas de alface secas e um pedaço de carne de frango que parecia estar bom. Hedwig não parecia ser uma boa cozinheira, mas ela tinha um coração bom. Hedwig era uma mulher simples, na média dos 67 anos, baixa, cabelos grisalhos e um humor bem bipolar. Bom pelo menos ela não é como April, que é a dona desse manicômio.

April é a pessoa mais arrogante e nojenta que eu já vi na vida! Ela é baixa, gorda, tem uma cicatriz horrível no queixo e uma verruga enorme acima da boca. E além de ser horrível na aparência, ela é mandona e sem respeito algum pelos outros jovens que estão aqui.

Começo a comer aquela comida, que nem sei se pode ser comida porque eu JURO ter visto uma barata ali! Termino de comer e saio do quarto devegar com o prato e talheres em mãos. Olho para os dois lados, ninguém vejo e vou caminhando devagar até a cozinha. Ouço diversas coisas. Gritos, choros, sussurros, risadas e conversas assustadoras.

Você é tão ingênua, Laur...

Respiro fundo e sigo meu caminho. Vejo um grupo de garotos sentados e cochichando enquanto olham para mim e dão um sorriso malicioso.

Tão ingênua, pequena Laur... Por que não se mata? Ninguém iria sentir tua falta... Tu não é ninguém, Lauren! NUNCA SERÁ!

Eu grito e levo minhas mãos à cabeca imediatamente, soltando o prato fazendo-o cair e quebrar em pedaços. O barulho das talheres e do prato colidindo contra o chão era alto e ecoava em meus ouvidos junto com a risada dele. Tento abrir os olhos e vejo muitas pessoas correndo até mim. Nisso, eu apago. Desmaiando em meio ao refeitório.

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Conversas. Vozes. Sussurros. Tem alguém aqui. Acho que são 2 pessoas. Uma tem a voz doce e suave, a outra tem a voz mais grave, rouca e parece um homem. Tento abrir meus olhos devagar e não tenho sucesso. Estou cansada. Sinto minhas pálpebras pesadas e uma dor infernal na minha cabeça. Só quero dormir e quando acordar, ele não estar mais aqui. Sentado na poltrona da janela como sempre está, com aquele sorriso idiota estampado no "rosto". Eu apenas desejo que toda essa minha vida, seja um pesadelo e nada seja real...