História Monsters - Esse não será o último escandalo da sua família com lobos

Nico estava parado na frente do grande colégio branco. Hazel normalmente pegava ônibus para ir para a escola e voltar, então ele imaginava que sua irmã não iria se importar de pegar uma carona. O lobo estava apoiado em uma árvore do outro lado da rua quando quase teve um ataque de irmão protetor.

Hazel saia abraçada com um garoto alto e forte, com os olhos levemente repuxados, com mais alguns amigos, todos rindo e conversando sobre qualquer coisa que Nico não se importava. O menino deu um selinho na morena e se despediu dela e de todos ali, indo para o outro lado.

- Hazel! – Nico gritou tentando não parecer irritado.

Ela tinha quinze anos, era na opinião do irmão protetor, muito nova para namorar, mas tentava não ter uma crise de ciúmes ali. A menina ao ouvir e reconhecer a voz do irmão lhe chamando arregalou seus olhos a procura do garoto, não demorando a achar.

A adolescente correu até ele que tinha uma cara emburrada.

- Nico, o que faz aqui? – Levesque perguntou abraçando seu irmão, que retribuiu, mesmo estando levemente puto.

- Vem, vim te dar uma carona, vamos conversar no carro. – Di Ângelo disse indo até o veículo que ele tinha pego emprestado com o pai para buscar a garota.

- Olha, Nico, por favor não faz isso. – Ela pediu ocupando o banco do carona. – Ele é um garoto legal e...

- Porque não me contou? Ou pra Bianca? Ou pro pai? Hazel a quanto tempo você tá namorando? – O menino perguntou se exaltando um pouco.

- Eu não te contei porque sabia que ficaria desse jeito, não contei para a Bianca porque ela é enxerida demais e iria querer conhecer ele e dar uma de irmã protetora e eu não contei pro pai porque ele é um Skinwalker. – Hazel disse vendo a boca do irmão se entreabrir e ele parar o carro pasmo.

Nico não tinha preconceito com espécies, afinal ele era melhor amigo de uma vampira, mas ele já poderia imaginar o surto do pai quando descobrisse que a filha mais nova estava namorando um skinwalker. Skinwlakers são parentes distantes dos lobisomens, quase como primos, mas qualquer lobisomem que se prese tem preconceito ou no mínimo zoou um desta espécie. Já que eles não são tão fortes quando lobisomens e em vez de lobos gigantes e fortes com presas e mortíferos eles se transformam em cachorros, pequenos e alguns até bem domesticados.

- Tudo bem. – Nico disse se recuperando do choque. – Uma hora o pai vai precisar saber, além dele ser seu pai ele é seu alfa.

Hazel era filha da segunda mulher do seu pai, a mais nova da família, já que Perséfone não pode dar um filho ao pai dos garotos, ainda era novata nos quesitos controles, considerando que ela ainda estava se acostumando com seus acessos de raiva na TPM e apesar de ainda ter tido mais facilidade de aprender do que Bianca.

- Eu sei Nico, mas eu não sei como contar a ele e além do mais eu tenho medo de falar e algumas semanas depois eu acabar terminando com o Frank, ou quem sabe meu pai fazer a gente terminar. – Hazel disse tampando o rosto com as mãos tremendo de leve.

Nico a puxou para si, sabendo que ela estava tentando se manter controlada.

- Fazemos o seguinte, leva esse relacionamento com ele por mais um tempo, até vocês terem certeza que estão prontos para encarar o pai, para contar a ele, se quiser eu posso conhecer o menino antes para ajudar vocês a conversarem com Hades. – Di Ângelo disse depositando um beijo na testa da irmã, tentando acalma-la. – Não precisamos nos apressar.

- Tudo bem. – Ela disse fungando, indicando que estava chorando.

- Não chora princesa. – Ele disse apertando mais ela contra si. – Vai ficar tudo bem, se você realmente gosta dele eu nunca vou deixar o pai impedir que vocês dois fiquem juntos, não importa quanto ele tente.

- Queria ter sua coragem. – A pequena admitiu se soltando do abraço do irmão, limpando o rosto com a mão.

- Se você quer qualquer coisa Hazel, não importa se é ficar com um garoto, manter uma amizade, mudar de carreira, seguir seu próprio rumo, qualquer coisa, você tem que lutar por isso, não importa quem esteja ao seu lado ou contra você, você pode cair quantas vezes precisar, mas tem que fazer seu melhor, todas as vezes levantar e lutar e principalmente correr atrás do que deseja. – Nico disse colocando os cabelos cacheados da garota para trás tirando dos eu rosto.

A menina não demorou a se acalmar e voltar a postura alegre que ela sempre possuía. Quando sua cara de choro se esvaiu por completo, Nico retornou a dirigir, parando no caminho para comprar um sorvete para ambos e descontrair um pouco.

Thalia entrou em casa decidida a tomar um bom e demorado banho quando a voz que ela tanto temia ouvir surgiu em seu ouvido.

- Zeus, você continua deixando lobisomens entrarem na sua casa? O que aconteceu com você e sua filha não é o suficiente? – Drácula disse da cozinha, sentindo o cheiro da garota ao atravessar a porta.

Jason olhou nos olhos da menina e mandou ela subir para o quarto apenas com gestos. Correu escadaria acima, se trancando no quarto e indo direto ao banheiro. Deixou que a água gelada tocasse sua pele despida, pensando em como seria aquela janta em família, ela queria Nico ali, mas sabia que aquilo só pioraria as coisas, afinal acabaria sobrando para ele e mais cedo ou mais tarde um dos dois se descontrolariam.

Uma batida insistente na porta do banheiro tirou Thalia da sua fuga temporária. A híbrida se enrolou em sua toalha abrindo a porta, vendo os olhos azuis claro do irmão que sorriu preocupado.

- Como está a situação lá embaixo? – Questionou ainda deixando que a porta separasse os dois.

- Indo de mal a pior. – Jason disse triste dando espaço para a irmã caçar uma roupa para si. – O pai ainda não sabe de você, Hera tá falando merda em um complô com Drá...Cronos, odeio o apelido Drácula.

- Sim. – Thalia disse revirando os olhos.

O apelido Drácula era como o avô dos dois era mais conhecido, mas apenas sua família o chamava pelo seu nome real e que não estava escrito em lendas que era Cronos Grace.

- Assim que eles te verem vão saber Thalia, então já tem que descer preparada para isso. – O garoto disse vendo a garota retornar ao banheiro para se vestir.

- Eu não sei se estou pronta, Jay. – Afirmou se olhando no espelho e colocando a blusa.

Visualmente Thalia quase não tinha mudado. Seus cabelos negros tinham ganhado um pouco mais de volume, sua pele pálida estava levemente avermelhada pelo fato dela não se incomodar mais tanto assim com o sol, ela tinha emagrecido alguns quilos e até mesmo ganhado um pouco mais de corpo, coisas pequenas, nada realmente notável se você não prestasse atenção.

Mas tinha outras milhões de coisas, seu cheiro irritante que apenas vampiros pareciam se incomodar com tal, sua respiração obrigatória, seu temperamento oscilante, seu coração que normalmente a entregava sempre que ficava nervosa, o sangue correndo em suas veias, tudo isso sim era o que a mais preocupava, já que qualquer um presente naquela casa poderia perceber estes detalhes.

Vestida, segurou a mão de Jason, descendo a escadaria, o garoto não falou mais nada depois que os dois saíram do quarto, os quartos eram aprova de som, mas da porta para fora, todos ouviriam tudo que eles falassem. Ambos entraram na cozinha juntos, onde os três adultos sentados em volta do balcão conversavam.

Hera foi a primeira a perceber, se calando de imediato, nem ela ousava falar algo imprudente em um momento como aquele. Logo, indiretamente, a mulher levou os dois homens a perceberem também.

Thalia respirou fundo, sorrindo leve e de forma nervosa.

- Precisamos conversar.

***

Todos estavam sentados em volta da mesa, Jason tinha sua mão apertada com força embaixo da mesa, Cronos, Zeus e Hera estavam sem palavras. O pai da garota queria socar algo, mas ele se mantinha calado, como tinha permanecido durante todo o monologo da Grace.

Cronos tinha ódio estampado em seus olhos, ele poderia simplesmente declarar guerra a todos os lobisomens agora mesmo; o que fez Thalia pensar de que lado ficaria se isso acontecesse. Hera, por sua vez, estava estática, ela não conseguia acreditar em nenhuma palavra que a garota tinha dito, porém, sabia que nada mais teria uma explicação racional para a menina que antes era uma vampira que agora respirava, comia e tinha um coração batendo firme e forte, quase ensurdecendo todos os vampiros ali, de tão desesperado que estava.

- Então, está assim a alguns dias. – O senhor Grace afirmou, olhando a filha que assentiu. – Porque não me contou antes?

- Eu não sabia como contar, eu...- As lágrimas caíram pelo rosto branco da garota, que se xingou pelas emoções fora de controle.

- Não precisa chorar querida. – Hera disse com pena da menina, segurando a outra mão dela. – Não foi sua culpa, nem do garoto.

- COMO ASSIM NÃO FOI CULPA DAQUELA ESPECIE...- Cronos começou, se exaltando e batendo as mãos contra a mesa, que quebrou de imediato, fazendo todos se levantarem, mas Zeus cortou o pai.

- Não foi culpa de ninguém. – O vampiro disse irritado. – É normal, ela é adolescente, teve curiosidade de ver o que tinha na floresta, o que não seria tão comum se as pessoas abrissem o bico e o lobo estava apenas fazendo seu trabalho, ele esteve cada segundo ao lado dela tentando a ajudar de qualquer maneira que ele achou e ela não precisava me dizer isso para eu saber.

- Você fala isso porque enfiou isso na sua cabeça por suas burrices, se não tivesse feito merda ainda teria seu melhor amigo, não o ódio mutuo entre vocês, sua melhor amiga e paixão não teria perdido o filho que ela teria com o amor da vida dela, no qual você era tão grudado que pareciam irmãos, se VOCÊ não tivesse tomado a decisão estupida de quebrar essa regra não seria o ser fraco que é hoje. – O mais velho dali disse irritado, deixando o ódio estampado na voz.

- O que aconteceu comigo, não tem nada a ver com que aconteceu com a Thalia, o garoto nunca tentaria machuca-la. – Zeus disse sendo segurado pelo braço por Hera, que viu que o amado iria voar em direção ao pai.

- É sempre assim, não é Zeus? Não importa o quanto aqueles lobos destruam sua família, te coloquem em perigo, coloquem seus filhos em perigo, você sempre estará do lado deles. – Cronos disse com nojo na voz, irritado com tudo aquilo.

- Nem todo lobisomem é igual, os tempos mudaram, aceite isso. – O filho disse encarando os olhos vermelhos do pai, que riu.

- Tudo bem, mas me escute muito bem, esse não será o último escândalo da sua família com lobisomens e espero que ninguém morra da próxima vez que algo acontecer. – Drácula, proferiu deixando a casa irritado e largando tal frase no ar em meia a enorme tensão.