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História Months - I Miss You Already


Escrita por: Mikan_

Capítulo 1 - I Miss You Already



“Estes são meus últimos meses de vida, hyung. Me deixe vivê-los do meu jeito.”


A manhã no pequeno apartamento dos Kim começava extremamente tranquila. Hanbin remexia-se sobre o peito nu do namorado, este que esforçava-se em continuar a dormir, por mais que o menor estivesse dificultando-o em fazê-lo.

Na mente de Jiwon, ele apenas desejava não precisar acordar; estava pensando demais nos últimos dias. Pensando em si, pensando em Hanbin, pensando na distância enorme que havia formado-se entre os dois, nas desculpas que o mais novo dava para escorregar para longe de seus toques. Não queria ter que admitir que o moreno parecia estar perdendo o interesse em si; mas era inegável, afinal, não haveria outro motivo para rejeitá-lo.

Era então que o maior via-se completamente desesperado, Hanbin era extremamente importante para si, mas tinha que encerrar aquela situação de uma vez; estava destruindo-o cada vez mais. Apenas visualizar o rosto adormecido sobre seu peito faria-o desistir completamente, machucaria-se um pouco mais. Só queria apertá-lo contra si e fingir que estava tudo bem por mais algumas horas.


×


A xícara de café foi encontrar-se com o chão, partindo-se em vários pedaços.

Havia mesmo escutado aquelas palavras?

“Hanbin-ah, isso não está mais dando certo, vamos terminar.”

Jiwon estava sério, apesar do tom calmo. Hanbin não poderia se sentir mais perplexo. Sua mente ficara tão branca quanto a porcelana quebrada no chão, os olhos piscavam diversas vezes, as mãos e lábios mexiam-se a procura do questionamento certo para fazer naquele instante.

Porém ele simplesmente não existia.

—E-está falando sério?-Falara tão baixo que duvidava que Jiwon pudesse ter escutado.

—Sim, nós dois sabemos que isso está caminhando na direção errada. Eu não quero que nenhum de nós sofra, por isso acho melhor acabarmos com isso de vez.-Disse lentamente, vendo os olhos molhados de lágrimas fitarem os seus.

Doía ouvir que Jiwon não o queria mais, por que aquilo sempre acontecia consigo?

—Oh, e-eu... Eu entendo.-Sorriu fraco, limpando as lágrimas-Seja feliz, Jiwon.-Completou, cambaleando para o banheiro, onde trancou-se.

Suas costas escorregaram pela porta até que se sentasse no chão. Encarou o teto, deixando a tristeza escorrer por seus olhos num silêncio agonizante, sentia-se tonto, lento. Os remédios começavam a fazer falta em seu organismo, por mais que não visitasse o médico desde que conhecera Jiwon, sabia da importância de continuar a ingeri-los.

Por isso pegou-os, no local onde os escondia dele, e tomou-os sem nem mesmo pensar em pegar água. Deitou-se no chão frio do banheiro, fitando as paredes.

Estava sozinho, de novo.


×


Kim Jinhwan só conseguia pensar no pior enquanto encarava os números no elevador.

Jiwon chegara em sua casa contando o que havia acontecido e dera-lhe a chave do apartamento que os dois antes dividiam, alegando que não precisava mais da mesma. Isso deixara-o um tanto assustado, por ser o melhor amigo de Hanbin e principalmente por saber exatamente o que o amigo escondia do, até então, namorado.

Quando as portas metálicas abriam-se, Jinhwan correra para fora, rápidamente parando na frente do apartamento. Destrancou a porta e entrou, um silêncio perturbador enchia o local.

O loiro andara até o quarto do amigo, mas não achara-o lá, voltou-se para o banheiro, o único lugar que tinha certeza que ele estaria.

—Hanbin?-Chamou com a voz calma, ganhando o silêncio como resposta.

Abriu a porta lentamente, encontrando-o deitado no chão. Em sua mão esquerda segurava seu vidrinho de remédio vazio e na direita apertava os comprimidos que deveriam estar naquele recipiente, lágrimas escorriam dos olhos fechados, não fazia um ruído sequer.

Jinhwan sabia exatamente o que se passava em sua mente.

—Você vai ficar doente se continuar deitado aí, levante-se.-Disse em tom gentil, tirando o vidrinho de sua mão para que pudesse segura-la e e levantá-lo.

—Jinhwan? Desde quando está aqui?-Sorriu para ele, sua voz saía um tanto embolada. Os remédios haviam começado a fazer efeito e por serem fortes, deixavam-o letárgico e sonolento.

—Eu cheguei há pouco tempo.-Sorriu de volta, sentindo o peito apertar.-Você parece com sono, venha.-Puxou-o pela mão, levando-o até seu quarto.

Assim que Hanbin deitou-se na cama, agarrou o travesseiro que costumava pertencer a Jiwon. O cheiro ainda estava ali, tão forte quanto a presença do outro costumava ser, as lágrimas voltaram a descer por seu rosto; Jinhwan sentou-se na cama, acariciando as costas do amigo.

—Durma, Hanbin. Eu vou estar aqui quando acordar.-Prometeu, vendo o outro ceder aos poucos ao sono.

Só deixou-se dormir pois confiava no mais velho, sabia que ele realmente estaria lá.

Ele não era como elas.



×



Os sonhos de Hanbin eram pertubadores, neles o moreno via-se morto, como não demoraria para acontecer na "vida real".

Desde que conhecera Jiwon, apenas desistira de continuar com o tratamento hospitalar, apenas tomava os remédios, fizera tal coisa, pois sabia que ninguém se envolveria com alguém com prazo de validade. Afinal, como conseguiriam amá-lo sabendo que em breve ele não estaria mais por ali?.

Elas sempre diziam-o que ninguém iria querer amá-lo, mesmo antes da doença.

“Se nem os pais quiseram, por que alguém iria querer?”

Hanbin sentia-se fadado a ficar sozinho, por isso decidira que ninguém precisava saber de sua condição, mas agora, nada disso importava; Jiwon não estava mais ao alcance de seus braços.

Voltaria a acordar sozinho e provavelmente Jinhwan convenceria-o a recomeçar o tratamento e, mesmo que sentisse que não havia motivos em prolongar sua vida por mais alguns míseros meses, faria o que o mais velho lhe pedisse.

Jinhwan era o mais perto que já havia chegado de ter uma família, ele cuidava de si melhor do que qualquer um já havia cuidado.

Melhor do que elas.

Tal motivo fazia-o obedecer e respeitá-lo, mesmo que tivesse contrariado a vontade do loiro quando abandonou o tratamento.

Sabia que Jinhwan entendia seus motivos

Ele sempre o entendia.


×


—Me desculpe por tê-lo feito cozinhar para mim e por ter te pedido para dormir aqui.-Hanbin disse, ajeitando-se na cama.

—Não fale como se isso fosse algum problema para mim.-O mais velho deitou ao seu lado, sorrindo para si.

—Talvez não para você, mas com certeza é para Junhoe. Ele deve me odiar.-Riu fraco.

Junhoe e Jinhwan namoravam desde que conhecera o mais velho, se davam bem, mas Hanbin sempre insistia em dizer que o maior odiava-o por estar sempre junto de Jinhwan.

—Deixe de besteiras, ele não pensa assim.-Puxou o amigo para mais perto, querendo ainda confortá-lo-Você deveria descansar mais, ainda se lembra do que o médico te disse, não?-Abraçou-o pelos ombros.

—É difícil esquecer da parte onde ele dizia que não há cura para o tumor no meu cérebro.-Disse em tom de brincadeira, mas deixou de rir quando viu o olhar sério do outro.-Me desculpe, eu sei que preciso descansar mais do que as outras pessoas.-Suspirou.-Eu só não quero dormir, odeio sonhar.-Sussurrou, aninhando-se ao mais velho; só se sentia seguro perto dele.

—Você sabe que sempre pode sair desses sonhos, eu estarei aqui.-Acariciou os fios escuros, sentindo-se mal pelo amigo.-Durma bem.-Disse baixinho, beijando a testa do outro.

Hanbin caia no sono absurdamente rápido por conta de sua condição, o que fazia o mais velho ficar acordado por mais algumas horas antes de conseguir dormir. Essas horas eram como tortura, nunca sabia se quando acordasse, teria o mais novo ainda respirando a seu lado.


×


Hanbin estava bêbado. Bêbado como Jinhwan o proibiu de estar.

Andava tortuosamente pelas ruas, procurando por um telefone público, pois eram três da manhã e tudo o que seu cérebro fazia questão de lembrar-lhe, era do número dele. Não queria mais pensar no hospital para pacientes em estado terminal, no tratamento ou nos remédios; só queria escutar a voz dele uma última vez, antes que desmaiasse ou morresse.

Passava os dedos pelos cabelos e sentia-se deprimido por estarem cada vez mais ralos; odiava aquela maldita quimioterapia, morreria de qualquer modo e, ainda assim, ia todo dia ao hospital para "tratar-se".

Sabia que não viveria por muito mais tempo, foi algo que elas o disseram.

“Ninguém escapa da morte, não será diferente contigo.”

Arremessou longe a garrafa de vodka que segurava e gritou o mais alto que conseguia; ao menos havia achado o maldito telefone público.

Discou o número, sentindo-se impaciente.

“O número que você discou está fora de área ou desligado. Deixe seu recado após o sinal.”

—Jiwon? Eu não sei se vai chegar a escutar isso.-Começou, sentindo-se estranho.-Apenas queria te dizer o quanto sinto sua falta, está sendo difícil ultimamente. Eu prometi que não te incomodaria, mas estou completamente bêbado e irritado com o mundo.-Riu, descrente do que dizia.-Essa vai ser a última vez que ouve minha voz e essa promessa eu cumprirei com toda a certeza. Eu te amo.-As lágrimas começaram a escorrer, odiava sentir-se emotivo.-Ouça essa droga, me deixa ficar na sua mente por mais algum tempo. Que inferno, Jiwon! Você está estragando todos meus pensamentos, saia da minha mente antes que eu enlouqueça!-Bateu o telefone contra o gancho e saiu de perto do mesmo.

Sentia-se irritado quando sua mente mergulhava no passado, não queria olhar para trás. Não queria voltar para onde elas estavam.

Era cruel consigo mesmo.



×


—Não podemos ficar com ele, por favor!-A mulher implorava; seu filho a olhava confuso.

Ela havia dito que iam dar um passeio, o que diabos estavam fazendo naquele orfanato?.

—O que tem de errado com essa criança para não a querer?-A outra mulher ali tinha expressões duras e parecia completamente disposta a não aceitar Hanbin em seu orfanato, por mais que o pequeno não soubesse que esse era o intuito de sua mãe.

—Não há nada de errado! Não temos como sustentá-lo!-Insistia a sra. Kim.

—Você quer dá-lo para nós temporáriamente ou permanentemente?-A mulher olhou em seus olhos, ela era fria e não se importava em falar aquilo na frente da criança.

—P-per... Permanentemente.-Abaixou a cabeça, deixando a tristeza escorrer em forma de lágrimas.

—Então jamais entre aqui novamente, esqueça dessa criança para sempre.-A sra. Kim, sem mais opções, apenas aceitou.

Soltou sua mão da pequenina que a segurava e agachou-se de frente para o filho.

—Hanbin, você lembra do nosso passeio?-O pequeno assentiu-É aqui que ele termina, a mamãe tem que ir no banco. Mas a sra. Park vai cuidar muito bem de você, está bem?-Hanbin mordera o lábio inferior, controlando o choro.

—Tudo bem, eu espero.-Murmurou, a sra. Park puxou-o para perto de si e o pequeno assistiu sua mãe correr dali aos soluços.

Ela o deixou para experimentar o inferno que seriam seus próximos anos naquele lugar. Nem todas as crianças eram maltradas, mas Hanbin sempre tentava fugir daquele orfanato, portanto acabara por se tornar alvo das agressões.

Elas nunca perdoavam uma tentativa de fulga, desculpas não funcionavam, não com elas.

Mais tarde, quando Hanbin tinha treze anos, elas o levaram até a casa de sua mãe, deixaram-o ver pela janela como a vida dela seguira bem sem ele. Havia uma garotinha no colo da mais velha, todos estavam tomando café da manhã alegremente.

Quando ele estava ali, sua família nem mesmo podia ter uma refeição decente pela manhã e agora ele até mesmo tinha uma irmã! Alguém que jamais saberia de sua existência.

Elas o tiraram dali quando começara a fazer barulho, tentando chamar a atenção da mãe; só queria que ela sorrisse para si do mesmo jeito que sorria para sua irmã.



×



Acordou assustado, lembrar delas era assustador.

Cambaleou até o banheiro e pôs para fora seu enjoo, era apenas mais um dos sintomas e, provavelmente, o que mais desgostava.

De repente, pegou-se pensando sobre seu início com Jiwon.

Conheceram-se num show de hip hop, onde o maior esvaziara uma garrafa de água sobre Hanbin, por ter confundido-o com seu amigo; claro que não fora um começo amigável, o menor quase dera um soco em Jiwon pensando que ele fosse Junhoe tentando irritá-lo, mas depois de tantos enganos, os dois acabaram por ficar juntos o resto do show. Descobriram não ir com a cara de um dos rappers que se apresentava e conseguiram uma ótima amizade.

Que felizmente evoluiu rápido para um namoro, do qual teria durado se Hanbin não estivesse sempre cansado demais para dar atenção a qualquer coisa que não fosse sua cama e travesseiro.

Sua doença deixava-o assim, mas Jiwon não sabia dela, então apenas dava desculpas esfarrapadas e sentia-se absurdamente mal por acordar abraçado ao maior na manhã seguinte.

Decidiu esquecer aqueles pensamentos e tomar um banho, logo teria que estar no hospital e Jinhwan daria-o uma bronca caso se atrasasse.



×



—Você se lembra quando me perguntou se eu sabia o motivo de todas as desculpas que o Hanbin te dava?-Jinhwan respirou fundo, já não podia guardar aquilo consigo.

Hanbin estava nos últimos momentos de sua vida, fora internado no hospital para pacientes terminais e não saía de lá nunca. Portanto, Jinhwan decidira contar a Jiwon sobre a condição do mais novo; Hanbin sempre falava da falta que sentia do maior, achou justo que ele soubesse daquilo, talvez ele até mesmo fosse visitá-lo.

—Você não vai me dar motivos para voltar com ele, não é? Já fazem quase dois meses.-Suspirou o maior.

—Eu gostaria que fosse algo simples assim.-Murmurou, fazendo o outro encará-lo assustado.

—O que houve? Hanbin está bem!?-Seu tom saíra mais alto do que pretendia, chamando atenção de algumas pessoas ali na cafeteria.

—Ele nunca esteve bem.-Disse, seco.

Jiwon já começava a desesperar-se, não queria receber nenhuma notícia ruim que envolvesse Hanbin. Haviam terminado o namoro, mas ainda nutria alguns sentimentos pelo menor e definitivamente não queria seu mal.

Contudo, de todas as coisas que pensara que o mais velho lhe diria, aquela fora a pior: um tumor no cérebro, descoberto apenas um mês antes de se conhecerem.

O encontro dos dois que apenas acontecera pois Hanbin pedira a Jinhwan para deixá-lo aproveitar os últimos dias de sua vida; as desculpas que não eram nada esfarrapadas ou sem fundamentos e a mais chocante das informações: Hanbin estava em seus últimos momentos.

Jinhwan ficara tenso com a reação de Jiwon, ele não dissera nada, não expressara nada; apenas levantou-se e saiu.

O loiro não sabia se ele iria ver Hanbin, como havia pedido-o para fazer, ou se apenas ficara chocado demais para fazer qualquer coisa.


×


—Hey, Hanbin.-Jinhwan chamou baixinho, vendo o outro abrir os olhos lentamente.-Trouxe Junhoe para te ver, consegue acordar ou quer descansar mais?-O tom gentil do loiro lembrava Hanbin de sua mãe, fazendo-o sorrir.

—Deixe eu colocar minha touca, então ele pode entrar.-Sussurrou, esticando a mão e tateando o colchão a procura da touca azul que Jinhwan havia dado-o.

Hanbin não ficava sem ela na frente de ninguém, queria que as pessoas tivessem na lembrança o seu "eu" saudável.

Assim que Jinhwan voltara ao quarto com Junhoe, o mais novo dos três parecera bastante surpreso com o estado do amigo.

A última vez que vira Hanbin, ele não parecia tão mal, mas agora, seu rosto estava magro, os olhos fundos e com olheiras horríveis, os lábios secos e rachados. Não lembrava em nada o garoto que conhecera, este que era animado e brincalhão, agora estava reduzido a alguém fraco que mal conseguia sentar-se na cama.

Mas o sorriso brilhante continuava lá.

—É possível que você tenha crescido mais ainda?-Brincou, vendo o maior rir.

—Eu não duvido.-Falou, sentando-se de frente para o mais velho-Como tem estado?-Hanbin sorriu novamente, era bom ver Junhoe por ali. Sempre ficava apenas com Jinhwan, não queria "roubá-lo" de seu namorado, então gostava quando o maior vinha.

—Com frio na cabeça, é estranho não ter mais cabelo.-Riu fraco-Hoje vocês não precisam ficar muito, aumentaram a dose de morfina, quase não estou conseguindo me manter acordado-Contou, vendo o loiro lançar-lhe um olhar preocupado.

—As dores aumentaram?-Hanbin negou com a cabeça.

—Eu estou apenas mais perto.-Sussurrou, sentindo os olhos pesarem.-Saiam para um encontro, não quero que fiquem aqui nesse quarto. É deprimente.-Pediu, sorrindo fraco.

—O que está dizendo, nã-O moreno interrompeu-o:-Hyung, vá. Eu não quero interromper sua vida, se algo acontecer, o seu número será o primeiro a receber a ligação.-Sua fala já começava a sair embolada, os olhos já estavam fechados e o sorriso continuava lá.

Junhoe arrastou Jinhwan para fora quando percebeu que Hanbin havia dormido, o mais velho do trio não queria sair dali. Estava assustado, como poderia se divertir com Junhoe se sentia que ao virar as costas para aquele hospital Hanbin escorregaria por seus dedos e nunca mais o veria?.


×


As mãos tremulavam só de pensar em girar aquela maçaneta. Hanbin estaria diferente, disso sabia; mas não queria encontrá-lo e perceber que ele estava num estado pior do que imaginava. Tinha que abandonar aquele medo se quisesse vê-lo uma última vez, porém, como faria-o se tinha medo até de chamar aquela visita de "última vez"?.

Bateu na porta, sentindo um nervosismo absurdo. Hanbin estranhou, Jinhwan nunca batia na porta para entrar e as enfermeiras também não o faziam.

Quem poderia ser?.

Pegou sua touca, colocando-a rápidamente e então, com a voz rouca e baixa deu permissão para quem batia a sua porta entrasse.

Não esperava ele ali, de forma alguma.

Nem pensava que chegaria a vê-lo mais uma vez.

—Ji... Won?-O tom saiu incrédulo. Procurou pelo controle da cama, para incliná-la; queria ver o rosto do outro mais claramente.

Tinha certeza que estava sonhando e que quando acordasse, Jinhwan estaria lá para perguntar sobre o que havia sonhado, mas mesmo assim queria aproveitar, estava agradecido por lembrar-se do rosto do maior.

—Me desculpe por não ter vindo antes.-Disse, sem graça enquanto sentava-se ao lado da cama.

—M-mas, como você descobriu?-Questionou.

—Jinhwan.-Murmurou-Por que não me contou antes?-O tom do mais velho parecia chateado, o que despedaçara o coração de Hanbin.

—Eu não queria que ficasse comigo por pena.-Disse baixinho, com medo das reações do outro-Mas não deu muito certo.-Riu sem humor, sentindo um nó se formar em sua garganta.

—Se tivesse me contado, eu ainda teria ficado contigo pela pessoa maravilhosa que é.-O moreno olhou-o surpreso-Saber disso agora me deixou extremamente chateado.-Confessou.

—Eu ainda devo ter uma semana, é tempo o bastante para você deixar essa chateação de lado?-Sorriu fraco-Eu odeio ver seu rosto emburrado.-O menor entrelaçava um dedo ao outro, sentindo-se nervoso com o silêncio alheio.

—Você fala da morte com tanta simplicidade.-Jiwon suspirou.

—Bem, eu tive que me acostumar com essa ideia.-Baixou o olhar, não conseguindo encarar o maior.

—Hanbin, você está mesmo tão mal?-A voz de Jiwon saiu falha, fazendo o coração do outro apertar.

Hanbin puxou a toca, deixando a mostra o maior motivo de sua dor.

—Sabe, eles caíram atoa. Eu gostava do meu cabelo e tive que desistir dele, mas eu vou morrer do mesmo jeito.-Mordeu o lábio inferior, segurando o choro.

Jiwon o olhou, conseguindo sentir a dor que ele sentia. Levou suas mãos as do mais novo e entrelaçou seus dedos aos dele.

—Você ainda parece tão atraente quanto quando nos conhecemos.-Sorriu de canto, arrancando um riso fraco de Hanbin.

—Você continua péssimo com cantadas.-Retrucou, sentindo seu corpo ser puxado para mais perto do maior, num abraço meio desajeitado-Você vai me perdoar por não ter te contado?-Olhou para o rosto de Jiwon, levando sua mão as bochechas dele e acariciando-as.

—Eu já te perdoei, não temos tempo pra ressentimentos.-Apertou o menor contra seu peito.

—Jiwon.-Hanbin já se sentia sonolento novamente-Eu amo você.-A voz saíra baixa e um tanto falha.

Caíra no sono tão rápidamente que não conseguira ouvir as palavras do maior.

“Eu também amo você, Hanbin.”



×


Os dias que vieram após aquela visita, foram ótimos para todas as partes. Jinhwan e Junhoe tinham mais tempo um para o outro, pois Jiwon estava sempre junto de Hanbin. O casal ainda aparecia todos os dias para checar a condição do outro, mas preferiam deixar ele e Jiwon aproveitarem da compainha um do outro.

Jiwon sempre soube que seus sentimentos por Hanbin não haviam desaparecido e estava feliz por finalmente poder ficar próximo a ele sem que nenhuma desculpa os separasse; a sensação de ter Hanbin dormindo em seus braços nunca fora melhor.

Como em qualquer outro dia, chegara animado ao quarto do mais novo. Entrou rápido, não querendo perder um segundo sequer do tempo que teria com ele.

—Hanbin?-Chamou baixinho, cutucando as bochechas do rapaz.

Os olhos abriram-se mais devagar do que o normal, o sorriso não estava ali pois não tinha forças nem mesmo para levantar os lábios.

—Ji... Won.-A voz saíra terrívelmente falha; falha como as batidas do coração do maior tornaram-se.

—Não está se sentindo bem hoje?-Os dizeres dele pareciam estar longe, era difícil escutá-los.

—E-estou bem.-Levou a mão trêmula a do mais velho, segurando com o máximo de força que tinha.

Hanbin nunca acreditara que aquela história de um filme de sua própria vida passar diante de seus olhos fosse, de fato, verdade, mas agora via o quão verdadeira ela era.

Num instante estava sendo deixado por sua mãe naquele orfanato, então elas batiam em si e seus pais construíam outra família. Depois conhecia Jinhwan, naquela festa do ensino médio da qual havia ido apenas com o pretexto de não ficar junto delas.

Descobria sua doença, chorava por horas nos braços de Jinhwan. Então Jiwon esvaziava aquela garrafa de água sobre si, os dois conversavam e acabavam tornando-se amigos. Logo estava em seu primeiro beijo, lembrando de toda euforia que ele o trouxera.

Quanto mais as memórias avançavam, mais tinha vontade de chorar.

Viu sua primeira noite com Jiwon, seu término e até a piora de seu estado.

Piscava os olhos e via Jiwon encarando-o assustado.

—Hanbin? Hanbin, não brinque assim comigo!-Segurou o rosto do outro, vendo-o sorrir.

Está ficando difícil ficar acordado, —Jiwon.-Acariciou as mãos que rodeavam suas bochechas.-Eu... Jiwon...-Não sabia exatamente o que queria dizer, mas tinha algo que precisava dizê-lo.

—Estou assustado.-Confessou.-Deita comigo, eu não quero ir ainda.-O maior fez o que o outro pedia-o, abraçando-o assim que deitara-se.

—Fique calmo, meu bem. Você não está indo agora, eu sei que não está.-Beijou sua testa; por dentro o medo corroía-o.

—Dizer adeus era assim tão difícil?

Fique aqui até que eu acorde, por favor.-Assentiu.-Jiwon, eu te amo.-A voz começava a abaixar.-Não deixe que Jinhwan e o Junhoe esqueçam de mim, você também não pode esquecer de mim. Siga sua vida, mas me deixe viver nas suas lembranças.-O pedido atingira o maior em cheio, levando-o a derrubar lágrimas silenciosas.

—Não é como se fosse possível te esquecer.-Sussurrou bem próximo a orelha alheia.

Hanbin sorriu, deixando-se cair no sono. Estava feliz, ainda assustado com a ideia de ir.

Porém, se a promessa estava feita, então iria sem arrependimentos.



×


Jinhwan estava animado para ver Hanbin, queria contá-lo da grande novidade. Junhoe havia finalmente pedido-o em casamento, não poderia estar mais feliz e tinha que dividir aquilo com o amigo. Entretanto, quando abriu a porta, encontrou Jiwon chorando abraçado ao corpo menor.

A animação sumiu, o desespero apareceu rápido.

Jiwon o olhou, enquanto negava com a cabeça, estava tão desesperado quanto o mais velho. O loiro aproximou-se do corpo sem vida; os olhos estavam fechados com tracejados úmidos saindo dos mesmos e na boca havia um sorriso fraco, quase imperceptível.

Hanbin se fora durante a noite, enquanto Jiwon dormia agarrado a si.

Sua presença deseparecera para sempre levando os dois ali presentes aos soluços altos, entrecortados por gritos cheios e dor.

“Há algo que eu nunca disse para ninguém, mas eu odeio quando vejo alguém que gosto chorar. É como se meu coração sentisse a dor junto delas.

Eu não queria morrer para que não os fizesse chorar, mas eu sei que farei. Então eu quero me desculpar desde já.”


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3


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