História Moon And Webs - Supervisor-Aranha

  Era um belo final-de-tarde quente de Primavera, o relógio marcava 18:48. Peter Parker, o jovem Homem-Aranha estava uniformizado "voando" com a bicicleta pelas ruas de Manhattan, quase atropelando algumas pessoas. Era como se fosse um ciclo. Peter quase atropelava alguém ➜ Olhava para trás para ver se esse tal alguém se machucou  ➜ Gritava um " desculpa aí "  ➜ Por estar olhando para trás, quase atropelava outra pessoa, e por aí vai. 
  Peter havia recebido um chamado urgente de Tony Stark, pedindo para que ele fosse o mais rápido possível para a Torre Stark, sem dizer o motivo. Loki de novo?  Não, não. Mercenário, talvez? Pouco provável. Halloween? pensava ele enquanto tentava desviar desatinadamente das pessoas a sua frente. A Torre Stark começou a aparecer em seu campo de visão, por mais que a mochila a sua frente na cesta atrapalhasse um pouco. Estranhamente, não havia nada explodindo, nada pegando fogo, nada quebrado, nada de pânico. Estava tudo perfeitamente normal. Peter apressou a pedalada e ao chegar embaixo da torre, jogou a bicicleta em um cantinho, olhando para trás e certificando que a mochila ainda estivesse lá. Lançou uma teia em uma janela enorme da torre e foi subindo até lá.
  Na sala onde essa janela ficava estava Tony, parado, de lado bebendo Whisky, como se já estivesse esperando por ele. Peter o viu e franziu a testa, batendo repetidamente na janela com o dedo indicador. Tony o olhou, fazendo um sinal para que ele fosse para o lado e abriu a janela. Peter entrou na sala, parando na frente dele,  ajeitando a postura e colocando a mão na testa e tirando, como se Tony fosse um comandante.

— Tô aqui, chefe! Qual a urgência? 

Tony deu uma risada.

— Nada em especial, Parker. Apenas preciso que você faça um favor pra mim, se quiser, claro. - Tony ficou meio sério, o que é quase impossível. — Por que não tira a máscara? - Tony se dirigiu até um sofá e sentou lá. 

  Depois de um inimigo de Peter ter descoberto sua identidade de alguma maneira e ter ido atrás da Tia May, ele não se sentia mais confortável em tirar a máscara, nem para os próprios amigos de equipe. Mesmo com esse desconforto, Peter a tirou. Foi até Stark e sentou ao seu lado. Tony o encarou por um tempo e começou a falar. 

— Você conhece os Jovens Vingadores, certo? Aquele pequeno grupo de garotos e garotas da sua idade  que pediu permissão para mim e para a S.H.I.E.L.D. para atuar contra super-vilões. 

— Sim, eu conheço sim! - Peter deu um sorriso involuntário, ele conhecia e admirava a maioria dos membros. 

—Então, lembra da Blue Moon? Aquela garota que sempre ajudava o Quarteto Fantástico nos confrontos? 

— Hã....? Se for quem eu estou pensando, sim, lembro. Aquela heroína com poderes super-hiper-ultra-mega fortes e loucos? 

— Exatamente.- ele fez uma pausa e deu alguns goles no Whisky — Ela se afiliou aos Jovens Vingadores.

— E...? 

— Sempre que alguém novo entra na equipe deles, mandamos um tipo de 'supervisor', que fica de olho neles por um mês. Foi assim quando America Chavez entrou, Miss Marvel ficou lá por um mês. Eu gostaria muito que você fosse os supervisionar.

— Certo, certo, entendi. Mas por que eu? - Peter franziu a testa e o encarou com seus olhos castanhos.

— Pra ser sincero, é por que você sabe lidar com gente da sua idade, tirando o fato que você é responsável. O resto da equipe está ocupada, o único que não é o Capitão. Se eu pedisse para ele ir, seria um completo desastre. - Tony colocou os lábios para dentro da boca e forçou uma voz de 'gente velha'  — ' Quando eu tinha a idade de vocês, antes da Segunda Guerra Mundial eu saía com amigos meus lá do Brooklyn.'

  Peter tentava não rir da imitação perfeita que Stark fez do Capitão. Segundos após, voltou a ficar sério, afinal, supervisionar uma galera da idade dele, com poderes, era meio desafiador, e estranho. Peter talvez aceitasse, dependendo de apenas uma questão. 

— Vou ter que mostrar meu rosto? Ou vou poder ser apenas o amigo da vizinhança legal que tá na casa de gente como ele?

— Você que decide. Você só vai pra supervisionar mesmo. Ou vai querer impressionar alguém? - Tony deu um sorriso malicioso. 

— Que? Não! - Peter ficou vermelho. — Quanto eu menos mostrar quem eu sou é melhor! 

  Peter ficou um tanto incomodado com aquela pergunta; 'Ou vai querer impressionar alguém?'. Depois do namoro fracassado com Mary Jane, o que Peter mais queria era distância de relacionamentos. Mary Jane foi, até então, a garota que ele mais amou em toda a sua vida. Perder ela foi como perder o chão, ela era tudo para ele. Sua vida nunca foi mais a mesma após o término do namoro. Peter deu uma leve sacudida na cabeça e olhou pra Tony novamente. 

— Você ainda não superou aquela garota, não é Parker? - disse Tony. 

— Como superar a única garota que você amou, chefe?
 
— Qual é, Parker! Não vale a pena ficar pra baixo com isso! Você é novo, ainda vai ter muitos relacionamentos na sua vida. 

  Peter sabia que não valia a pena discutir sobre amor com Tony. Ele era bilionário, dormia com quem ele bem quisesse, amor, provavelmente, era uma palavra que não se encaixava no dicionário de Tony.

— Quando é que eu vou pra lá? - disse Peter, desviando o olhar e o assunto. 

— Hoje mesmo. Happy vai te pegar na casa da sua tia as 20:00. 

— QUE? - Peter deu um grito e pulou do sofá, quase indo parar no teto — Mas, é muito pouco tempo para eu arrumar minhas coisas! O que eu vou dizer pra Tia May?

—  Inventa alguma mentira. E você não foi coisado por uma aranha radioativa? Usa isso ao seu favor, se apressa lá, vai. 

— Tony, eu não sou um Mercúrio da vida. - Peter bufou. 

— Então vai logo pra casa da sua tia, Parker! - Tony disse rindo. 

  Tony era um babaca ás vezes, mas era gente boa. Por mais que Peter estivesse irritado, fez um sim com a cabeça obedecendo seu querido 'chefe'. Colocou sua máscara e saiu pela janela, se grudando na torre até ir para o chão. Pegou sua bicicleta e voltou para seu ciclo de quase atropelar todo mundo. 

                                                                       ●                              ●                                ● 

  Peter escancarou a porta arfando. Havia trocado suas roupas em um banheiro público, o que complicou tudo ainda mais. Tia May correu preocupada com um pano na mão até a porta.

— Peter! - Tia May colocou uma mão sobre os olhos e a desceu pelo rosto  — Você quase me matou de susto! 

— Desculpa, Tia May, sério! - Peter deu um beijo na bochecha da tão querida tia e prosseguiu falando rápido, de um jeito que quase não dava de entender — Vou fazer uma viagem com a escola, por um mês, pra outra cidade pra estudar uma coisa lá. Te amo. To subindo. Tchau. 

  Peter era péssimo com mentiras, a única que conseguia esconder bem era o fato de ele ser o Homem-Aranha. Peter entrou como um míssil em seu quarto e jogou metade das suas roupas dentro da mochila. Arrumou mais algumas coisas e colocou a mochila que quase não fechava nas costas. olhou para o relógio na parede e faltavam apenas dois minutos para que Happy chegasse. Peter andava de um lado para o outro do quarto, inquieto. Instantes depois, pode ouvir o som alto da limousine de Stark. Peter desceu correndo. 

— TCHAU, TIA MAY! - gritou Peter ao sair e bater a porta. 

  Peter correu até a limousine e entrou, ainda inquieto. 

— Happy, coloca aquela música, por favor! Eu preciso me acalmar! 

— Certo, Peter! - Happy sorriu, adorava a presença do garoto. 

  Happy colocou In The Name of Love, do Martin Garrix e da Bebe Rexha. Peter suspirou e deixou a música tomar conta da sua mente. Ao olhar para a casa, percebeu que Tia May estava na porta, encarando o garoto com um olhar triste. Peter se sentiu horrível, odiava vê-la assim. Happy deu partida no carro, aos poucos, Tia May ia desaparecendo, assim como a inquietação de Peter. 

— Qual é mesmo o destino, Peter? - perguntou Happy. 

— Jovens Vingadores - Peter olhou pra ele — A Mansão dos Jovens Vingadores.