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História More Than This - Love is About Letting Go


Escrita por: jauredtube

Notas do Autor


Último capitulo de uma história que durou mais de dois anos...

Hope You Like It!

Capítulo 66 - Love is About Letting Go


Fanfic / Fanfiction More Than This - Love is About Letting Go

Zayn Narrando;

Despertei e aos poucos abri os olhos e fui sentindo dores. Notei uma mascara de oxigênio em meu rosto. Minha visão foi se ajustando a leve claridade e então pude notar o quarto branco de um hospital. Olhei ao redor e não vi ninguém, só tinha a companhia de aparelhos barulhentos. Tentei levantar a cabeça, mas estava tonto e enjoado. Sentia meu corpo ardendo em febre e um cheiro insistente de fumaça.

Ainda com a cabeça confusa, fui me lembrando do que havia acontecido e o desespero cresceu dentro de mim quando me lembrei da imagem frágil e desacordada dela. Lauren! Eu precisava vê-la, precisa ouvi-la, precisa saber se ela estava bem.

Tento gritar por alguém, mas minha voz está rouca e baixa. Retiro a máscara de oxigênio e sinto dificuldade em respirar, mas insisto em tentar gritar por alguém que entrasse e me dissesse que ela está bem.

- Alguém! – Consigo soltar um rápido grito que faz minha garganta doer e em seguida me faz tossir copiosamente;

Por ajuda de Deus, uma enfermeira me ouviu e entrou no quarto. Ela me pediu calma, recolocou a máscara em mim e disse que eu havia dormido por mais de 24 horas e que o dia ainda estava amanhecendo. Meus pais haviam ido descansar em uma pousada após passarem todas essas horas ao meu lado, esperando que eu despertasse.

- Onde nós estamos? – Questionei confuso;

- No hospital de Farmingville, senhor. – Me deu um sorriso simpático;

- Lauren... Ela... Onde está a Lauren? – Perguntei enquanto ela checava meus curativos com cuidado;

- A garota que estava no incêndio com você? Ela foi levada a New York... – Respondeu pacientemente;

- Por quê? Porque ela não ficou aqui como eu? – Perguntei e logo após gemi de dor ao sentir suas mãos tocarem uma das queimaduras;

- Senhor, descanse, por favor. O senhor está com uma leve infecção respiratória, precisa ficar em repouso. – Virou-se e foi até uma gaveta de onde tirou uma injeção e um fraco com um liquido transparente;

- Me responda, por favor. Eu estou desesperado. – Implorei;

- Ela não estava bem, senhor. Ela estava doente, tinha hematomas pelo corpo todo, incluindo hematomas internos. A quantidade de fumaça que ela inalou... Foi muita, entende? – Vem novamente em minha direção;

Meu coração gelou por um breve momento pra logo em seguida disparar como uma bomba. Fechei os olhos com força e praguejei todos os nomes e santos possíveis. Isso não podia estar acontecendo comigo, com ela, com todo mundo. Isso não era justo porra, nenhum de nós merecia toda essa merda.

- Ela está viva, não está? – Minha voz quase não saiu;

- Eu não sei informar como ela está agora... Mas quando ela saiu daqui, estava lutando muito para sobreviver. Ela tem garra, senhor Malik. Ela vai ficar bem. Agora descanse. – Ela sorri pra mim mais uma vez;

Minha Lauren tem garra sim e como tem. Ela é uma leoa feroz em todos os sentidos. Sorrio por um breve momento ao pensar isso e balanço a cabeça... Então ela injeta o liquido transparente em minha veia e eu me rendo ao cansaço com a esperança de vê-la em breve.

...

Harry Narrando;

Dois dias se passaram e provavelmente o Padre da igreja próxima a minha casa não aguentava mais me ver de tanto que eu fui lá implorar a Deus pela vida dela e de Zayn. Ele despertou logo e eu senti metade de um peso sair de minhas costas. Mas a outra metade ainda estava lá, me machucando o tempo inteiro e me lembrando que ela corria risco de ir embora dessa vida. Isso me apavorava. Não conseguia parar de me culpar por ter demorado a ir atrás deles. Talvez se eu os tivesse tirado de lá alguns minutos antes ela já teria acordado. Talvez, não é?

Os médicos disseram que ela inalou tanta fumaça que desenvolveu uma forte pneumonia e infecções e que isso só estava piorando o estado dela. Ela estava na UTI. Segundos os médicos, ela não estava em coma. Apenas não acordava. Talvez pelos fortes medicamentos, talvez pela pneumonia ou talvez porque ela estivesse precisando descansar. Não consigo nem imaginar as coisas que ela passou naquela cabana, mas já tinha uma idéia. O médico disse que ela foi estuprada mais de uma vez. As partes intimas dela estavam bem machucadas, segundo ele.

Só Deus sabe a dor que eu sinto cada vez que eu me lembro de ter ouvido isso. Eu só consigo sentir ódio da vida por ela ter feito a Lauren passar por isso mais uma vez. Toda essa merda mais uma vez. Ela estava ficando bem, já havia parado com os remédios, as drogas e tudo o mais. Ela havia aberto seu coração pra mim e pra Zayn e agora não se sabe nem se ela vai sobreviver quanto mais se vai conseguir se recuperar de mais isso. Isso tudo é tão injusto, porra.

A cada hora que passava eu sentia mais medo de que ela morresse.

...

Mas ela acordou. Minha Lauren sobreviveu!

Era noite do 4° dia após o incêndio quando eu recebi a ligação do pai dela. Choramos de tanta felicidade e eu senti vontade de sair por ai correndo e gritando que o meu amor havia despertado e não corria mais risco de me deixar. Eu sentia tanta alegria que meu coração parecia que ia sair do meu peito. Minhas orações deram certo!

Imediatamente liguei pra Zayn, que ainda estava internado em Farmingville tratando de sua infecção respiratória.

- Ela acordou! Ela acordou! – Nem esperei que ele dissesse alguma coisa;

- O que?! Sério?!  Meu Deus! – Sua felicidade era nítida assim como a minha;

- Ela acordou a algumas horas. Mike me ligou agora e me disse. Você sabe, ela ainda está mal, mas não corre mais risco de vida. Os remédios estão fazendo efeito na pneumonia e agora ela só precisa descansar e ficar lá mais um tempo. Porra, ela está viva Zayn!  Viva! – Me atropelei nas palavras, como de costume;

- Eu tive tanto medo de que ela morresse que agora mal consigo acreditar que ela está bem. – Sua voz estava embargada certamente pelas lágrimas;

- Ela não ia morrer, nos preocupamos atoa. Você sabe que a Lauren gosta de nos assustar só pra rir da nossa cara depois. – Brinquei e ouvi sua risada;

Conversamos ativamente por longos minutos, os assuntos pareciam que não queriam acabar de jeito nenhum e parecia que nós não queríamos desligar também. Ele me disse que seria transferido pra New York no dia seguinte e que queria me ver. Nesse momento tive toda a certeza do mundo que nossa amizade havia voltado a ser o que era antes da minha traição e todas as brigas.

Eu não poderia estar mais feliz.

- Não podemos vê-la, só os pais dela tem autorização. Pelo menos até que ela saia da UTI. Não adianta nem ir ao hospital. – Lamentei;

- Mas você sabe se ela já está consciente e falando normal? – Questionou;

- Ela está confusa. Mike disse que não consegue falar direito e que não se lembra de muita coisa. Vai levar um tempo até ela melhorar isso. Enfim Zayn, descanse agora. Nos vemos amanhã. – Suspirei;

- Tudo bem. Tchau. – Respondeu com a voz baixa;

- Zayn, eu te amo. – Falei rapidamente;

- Nossa você é tão gay. – Retrucou me fazendo rir;

- Deixa só a Lauren acordar que eu faço ela te responder isso... Brincadeira, brincadeira. Só estou brincando. – Ironizei;

- Não abusa. Idiota. Também te amo, agora vai se ferrar. – Desligou;

Ri mais uma vez. Nossa como eu estava feliz.

...

Na madrugada do dia seguinte não me aguentei e fui até o hospital. As meninas me disseram que Clara e Mike passariam a noite em casa pra que pudessem descansar então eu não podia desperdiçar a oportunidade de vê-la. Soube que de madrugada a UTI ficava bem calma e vazia... Eu só precisava ser discreto;

...

 

Lauren Narrando;

Uma voz suave a cantarolar foi aos poucos me puxando pra fora da escuridão e fazendo meu corpo acordar novamente pra todas as dores insuportáveis que o acompanhava fazia dias. Uma mão fazia carinho em meu rosto e então eu abri os olhos e tentei ajustá-los rapidamente pra poder ver quem estava lá ao meu lado.

- Meu amor... – A voz era inconfundível;

- Harry. – O tom era baixo e fraco, mas acho que ele entendeu;

- Sou eu meu amor. – Meu Deus, era ele mesmo;

Pisquei várias vezes até meus olhos conseguirem formar sua imagem perfeita. Então eu o vi. Lindo, como sempre. Cabelo maior, um leve resquício de barba, sorriso enorme, olhos com profundas olheiras, mas com um brilho encantador. O meu Harry. Era ele.

Tentei tirar a droga da máscara de oxigênio, mas ele me impediu.

- Shhh fique quietinha. Temos só 10 minutos até a enfermeira vir aqui te olhar e me mandar embora. Entrei escondido. – Falou enquanto acariciava meu rosto;

- Eu te amo. – Balbuciei e vi uma lágrima de felicidade escorrer de seus olhos;

- Eu também te amo. Muito, muito, muito. Estou tão feliz que você esteja bem, meu amor. – Seu sorriso é triunfante;

- Eu não consigo me lembrar... Do que aconteceu comigo, sabe? É tão estranho. – Comento com certa inquietação;

- Talvez seja melhor assim. – Responde;

Eu simplesmente não fazia idéia do que tinha acontecido. Meus pais me contaram tudo, mas aquilo não me trazia nenhuma memória, nem sentimento, nem nada. Era como se aquilo tudo tivesse acontecido à outra pessoa, não a mim. Ou como se tivesse sido inventado enquanto eu dormia e que agora tivessem tentando me convencer a acreditar. A última semana havia sumido da minha cabeça sem explicação.

- Ele morreu. Ele morreu queimado. – Harry me tira de meus pensamentos;

- Eu sei... Me contaram. – Respondo com um suspiro;

- Ele morreu e junto com ele morreram seus demônios. Você não tem mais a quem ou ao que temer. Ele foi enterrado. Acabou tudo. – Ele segura minha mão e me diz essas palavras de forma muito doce;

- Eu não sinto nada em relação a tudo isso Harry. Eu não entendo o porquê... Merda, eu preciso que o Dr. Davis venha com aqueles papinhos ensaiados de psiquiatra e me faça entender isso. – Debocho e ouço sua linda risada;

- Ele virá com certeza... Ah, eu estava com o Zayn, amor. – Fala e enche meu coração;

- Zayn! Eu o amo tanto. Eu amo vocês dois. – Sorri e ele beija minha mão;

Antes que pudesse responder, uma enfermeira velha e rabugenta entrou no quarto e se espantou ao ver Harry. Em seguida, ficou brava.

- Você não pode estar aqui rapaz! Só a família dela pode! E como você conseguiu entrar?! – Ela foi enfurecida em direção a Harry que olhou pra mim e fez careta;

- Tudo bem, tudo bem. Eu já estou indo embora dona enfermeira. Não precisa surtar não, relaxa ai. – Ele fala me fazendo rir;

- Ela precisa de repouso, não devia nem estar falando quanto mais batendo papo com você! Por favor, retire-se! – Ela ordena;

Ele novamente faz careta, me dá um beijo na testa e sai rapidamente.

...

Quatro dias depois eu já estava com a saúde bem melhor e havia sido transferida para um quarto normal. Recebi a visita dos meus irmãos, minhas amigas, Harry, Drew e Zayn! Trocamos beijos e juras de amor. Eu me sentia estranhamente forte e completa, contrariando as expectativas de todos. Não consegui me lembrar de nada, então meu pai deu um jeito dos policiais fecharem o caso mesmo sem meu depoimento (Jacob estava morto mesmo, que diferença isso ia fazer?). Sequestro, estupro, tortura. Ah claro, incêndio e morte acidentais. Caso encerrado!

- Lauren! Como é bom te ver sã e salva! – Dr. Davis entra no quarto com um sorriso no rosto e sua típica voz simpática;

- Salva sim, sã nem tanto. – Ironizo;

- Ah como eu adoro o seu humor. – Ele ri;

Me dá um longo abraço, puxa uma cadeira e se senta ao lado da minha cama. Me olha profundamente por longo segundos e então diz:

- Você parece muito melhor agora do que nos últimos anos. – Comenta;

- Ah qual é, eu estou com o corpo todo fodido. Nem em minhas sessões de surra eu fiquei desse jeito. Até emagreci muito e só pra te lembrar, pneumonia é uma droga. – Reclamo e reviro os olhos;

- Não estou falando do físico. Estou falando do seu eu. Vejo seus olhos, mas não vejo seus demônios.  O que houve realmente Lauren? – Questiona;

- Eu o matei. – Respondo e ele arregala os olhos;

- Você matou o Jacob?! Então não foi acidental?! – Ele parecia surpreso;

- Não estou falando nesse sentido. Quero dizer que eu o matei em mim. – Falo;

Ele suspira aliviado (?), bebe um copo de água que estava na mesinha ao nosso lado, se ajeita mais na cadeira e volta a me olhar em seguida.

- Qual a última coisa de que você se lembra? – Me olha nos olhos;

- Eu não sei direito. É tudo tão confuso. Eu sei que fui procurar o Drew no colégio, senti uma pancada na cabeça e acordei aqui. Eu só não me lembro do que aconteceu na tal cabana. Eu... Eu não consigo explicar. – Respondo jogando minha cabeça no travesseiro e suspirando frustrada;

- O que você está sentindo em relação ao Jacob e a seus traumas? – Ele me cutuca com o pé pra que eu o olhe novamente;

- Nada. Não sinto nada. Tudo me parece sem sentido agora. E não encoste esse sapato sujo em mim. – Faço cara feia pra ele;

- Primeiramente: Não estão sujos. Agora voltando, você não sente nada com relação a tudo aquilo que antes de aterrorizava? – Insiste;

- Tudo agora parece idiota, entende? Tudo o que eu fiz por causa daquilo parece idiota. Não consigo entender porque passou tanto tempo me fazendo mal. Não me parece tão importante. Eu nem consigo me lembrar direito. Só passou. – Respondo e ele balança a cabeça positivamente;

- E em relação a Harry e Zayn? – Ele pergunta;

- Eu os amo, mas acho que tomei minha decisão em relação a nós. – Falo;

- Uau... Você está me deixando sem palavras com essa mudança. – Ele ri;

- Espero que isso seja uma coisa boa... – Retruco;

- É uma coisa tão boa que eu mal consigo acreditar. Lauren, tenho meu diagnostico sobre você. Gostaria de escutar? - Ele cruza os braços;

-Mas já?! Meu Deus, você é mesmo uma fraude. Enriqueceu as custas do meu pai e nem psiquiatra você é... Mas me conte, preciso ouvir qualquer explicação. - Dou uma risada irônica e ele me mostra o dedo do meio;

-Engraçadinha... Bom, é bem simples. O seu cérebro bloqueou a sua memória a do sequestro e a respeito dos traumas. - Ele diz e eu me surpreendo;

- Como isso é possível? - Questiono;

- É algo raro, não vou mentir. Mas é possível. Quando alguém passa por uma situação extremamente estressante e traumática, o cérebro simplesmente desenvolve um bloqueio que te impede de reviver o que aconteceu. É uma situação psicológica. Só Deus sabe o que você foi sujeita a passar naquela cabana e mais esse choque se somou aos anteriores e isso criou uma perturbação psicológica. A solução que a sua mente encontrou pra remediar todos esses abalos foi justamente bloqueá-los. Os sentimentos e as lembranças estão ai, mas inconscientemente você se auto impede de lembrar e de sentir. - Ele explica;

- Isso é tão complexo... Isso é ruim? Vai me fazer mal? - Me preocupo;

- Não. Mas isso pode não durar pra sempre. Talvez um dia essas memórias voltem pra te atormentar novamente, mas o meu conselho pra você agora é: aproveite a chance que Deus te deu pra recomeçar sua vida sem toda aquela bagagem pesada e difícil. Você agora está livre do peso. Você é jovem demais Lauren, aproveite isso e viva! - Ele fala em um tom autoritário;

- Você acha que foi Deus quem me deu essa mudança repentina? Como uma chance pra recomeçar do zero? - Questiono em voz baixa;

- Não sou um cara religioso, mas gosto de pensar que sim. Não desperdice isso Lauren. Me prometa que vai dar continuidade a sua vida. Isso é o mínimo que você pode fazer agora. - Ele estica sua mão pra mim;

- Eu prometo. - Aperto ela;

- Tome sua decisão em relação a Harry e Zayn, mas pense bem. Tome o caminho que não fará você se arrepender depois... Quando você sair do hospital, quero te ver no meu consultório. Temos uma coisa pra fazer. Agora preciso ir, tenho 3 pacientes pra atender e ainda preciso explicar a seus pais. Torço pra que fique bem logo. - Ele se levanta e me abraça novamente;

Quando ele sai eu fecho os olhos e agradeço a Deus pela nova oportunidade e peço perdão pelas blasfêmias que eu disse a ele nos momentos de raiva e desespero. Eu realmente não sabia se merecia mesmo uma coisa tão boa a essa altura do campeonato.

Ele me deu uma segunda vida.

...

1 mês se passou. Era véspera natal e eu já estava 90% recuperada. Havia saído do hospital alguns dias atrás e a maioria dos hematomas já haviam me deixado. Me sentia ótima, sem preocupações, sem traumas, sem demônios. Me sentia, como é mesmo a palavra? Normal! Me sentia normal pela primeira vez em dois anos.

Quando alguém me tocava eu não sentia mais aquela dor agonizante. Eu me sentia normal. Eu mal podia acreditar que em um passe de mágicas tudo aquilo tinha sumido de mim e agora eu era só uma jovem que abraçava a família e os amigos sem se sentir um lixo e sem chorar de medo. Era algo sem precedentes.

- Lauren o Dr. dos loucos ligou e te disse pra ir lá hoje! Sem faltas, sem atrasos! Ás 15:00 em ponto ele quer ver esses olhinhos verdes lá na sala dele. - Dinah fala quando entra em meu quarto com um pote de sorvete na mão;

Desde que eu havia saído do hospital, minhas amigas tinham se hospedado na minha casa e não tinham previsão de sair.

- É Dr. Davis, Dinah Jane. E eu não sei por que ele quer me ver. Eu já estou boa, não preciso de terapia. - Dou de ombros;

- Mas então, você vai falar com os britânicos quando? Não acha que já os evitou o suficiente? - Normani pergunta me fazendo sentir um frio na barriga;

- Semana que vem, no ano novo. Me parece bem conveniente. - Suspiro;

- Você tem certeza de que é isso mesmo que você quer? Escolher isso não é fácil, ainda mais quando os dois são tão loucos por você. - Ally me disse;

- Eu sei, mas eu já escolhi. Escolhi no momento em que abri meus olhos naquele quarto de hospital e pensei seriamente sobre meu futuro. - Afirmei;

- Siga seu coração. Vai magoar, vai doer, mas no fim é só isso que importa. Nada mais. - Camila disse;

...

Meu pai me deixou no consultório do Dr. Davis. Estava deserto, nem uma só pessoa dava as caras, mas a porta da sala dele estava aberta e eu ouvi alguns barulhos de gavetas. O que ele estava aprontando?

- Matthew... - O chamei pelo primeiro nome com uma voz provocante;

- Nem tenta me enganar. Sei que é você. – Gritou da sua sala me fazendo rir;

- O que você quer comigo em pleno 24 de dezembro? Eu poderia estar fazendo coisa muito melhor agora do que vir aqui ouvir seus discursos de auto-ajuda. Eu já estou curada, não preciso mais de ti. – Reclamei enquanto me sentava preguiçosamente em um dos sofás da recepção;

Ele sai da sala com sua jaqueta de couro marrom pendurada em seu braço e com um envelope pequeno nas mãos. Sorri pra mim com aquela velha expressão simpática e em seguida tranca sua sala. Passa por mim apagando todas as luzes da recepção e verificando se estava tudo devidamente fechado. Olho pra ele com interrogação.

- Vamos. Temos um compromisso. – Me encara e aponta em direção à saída;

- Você vai querer se despedir de mim me levando a um motel? – Brinco e ele ri;

- Sou casado e fiel... Agora vamos, precisamos voltar cedo. É Natal. – Fala;

Ainda confusa eu me levanto e saio com ele. Caminhamos até o estacionamento e vamos em direção a seu carro esportivo onde entramos e seguimos em direção a um lado da cidade que eu não costumava frequentar. Não trocamos nenhuma palavra, estávamos em nossos próprios mundos. Pensei em Harry e em Zayn e no quanto eu estava evitando eles desde que havia chegado em casa. Os tinha visto apenas no dia em que voltei, cada um separadamente é claro, pra que pudéssemos trocar beijos intensos e cheios de saudade. Eu sentia mais do que nunca que os amava mais do que tudo nessa vida e isso é o que mais me deu certeza da decisão certa a seguir. Não podia mais continuar vivendo aquela farsa de que estava tudo bem em amar e ficar com os dois. Já tinha dado o que tinha que dar.

Após longos minutos pensando, Matthew parou um carro em uma rua deserta e então pegou o envelope e me entregou. Pediu que eu o abrisse e eu me surpreendi quando reconheci a letra do conteúdo que estava nele.

- Sabe o que é isso Lauren? Lembra-se disso? – Ele me encara;

- É a carta... – Falo em tom baixo e surpreso;

- Que carta? Quero que diga em alto e bom som. – Sua voz é firme;

- A carta que eu vinha escrevendo sobre a minha vida. – Respondo;

- Sim. A carta que você vinha escrevendo sobre o que você falaria ao Jacob, não? Não era essa a intenção? Você expressar tudo o que sentia e vivia como se estivesse contando a quem te causou tudo isso? – O seu olhar era duro sob mim;

- Sim... Aonde você quer chegar com isso? – Questiono receosa;

Ele desce do carro e sai andando, me obrigando a sair atrás dele.

Logo ele para e me aponta o locar aonde iremos. Meu corpo gela e meu coração dispara. É a primeira vez que sinto isso em muito tempo.

- Te trouxe aqui pra que você leia e entregue essa carta ao Jacob. – Ele fala;

- Você me trouxe ao cemitério... – Sussurro o óbvio;

- Essa é minha ultima consulta com você Lauren. Você vai cortar todos os laços que tem com ele. Vai desentalar tudo o que está escondido ai em você. O medo e o nervosismo que está sentindo agora demonstra que você ainda sente e que precisa lavar a alma. Eu vou ficar aqui fora, isso é assunto somente seu e dele... Ele está enterrado no jazigo particular da família dele, é só você seguir em frente até avistar o portãozinho. Tome o tempo que precisar. Agora, vá! – Ele ordena;

Não ouso retrucar, pois seria em vão. Apenas passo alguns segundos processando a informação em minha cabeça e em seguida respiro fundo na tentativa de controlar os velhos sentimentos apavorantes que voltaram de repente. Ele estava certo, estava tudo escondido dentro de mim.

Faço o que ele mandou e a cada passo meu coração aperta mais. Quando chego então no local indicado, vejo o nome “Bennet” desenhado delicadamente no portão de ferro. Eu o abro e entro no local pequeno e sombrio. Caminho olhando brevemente os nomes escritos nos túmulos até que encontro o dele. Jacob Bennet. Aquele nome que me causava arrepio na espinha e que agora não era nada mais que uma escritura na lápide. Eu tive tanto medo que ele me matasse e agora era ele quem estava morto. A vida é uma grande fábrica de surpresas.

Pego a carta e a abro. Olho fixamente para a lápide dele e então respiro fundo antes de pigarrear e começar a ler o conteúdo.

“As trevas me acompanham desde o momento em que eu abro meus olhos toda manhã. Sinto como se uma sujeira estivesse me cobrindo lentamente. Sinto como se estivesse presa num corpo enlameado que nenhum ciclo de lavagem pudesse limpar.

Sempre que eu penso sobre o que aconteceu, eu começo a chorar compulsivamente e não consigo me concentrar em outra coisa. Isto se manifesta também na hora de dormir e eu posso ficar acordada por dias seguidos ou dormir direto durante umas dezesseis horas.

Quatro ou cinco noites por semana eu tenho pesadelos com o que aconteceu. Isto me faz evitar o sono e por isso estou constantemente cansada. Tentar dormir com o que se prenuncia como horas de pesadelos, não é nada repousante. Eu acordo suada e em pânico.

Lembro todas as manhãs do que foi feito contra mim e do controle que isso tem sob a minha vida hoje e o controle que terá amanhã e depois de amanhã e depois e depois e depois...

Para tentar me desligar, tenho bebedeiras, uso drogas e passo noites em festas. Estou exausta de me sentir assim a cada hora de cada dia;

Os meus “relacionamentos” sempre começavam bem e eu seria capaz de ignorar tudo por algumas semanas. Mas conforme nós íamos nos tornando íntimos emocionalmente, as trevas voltavam e a cada noite lá estariam eu, ele e as trevas num negro e horrível ménage-à-trois. As trevas me cercavam e penetravam e quanto mais nós nos aproximávamos mais intensas elas se tornavam.

Isso fez com que eu odiasse e repugnasse ser tocada. Enquanto estávamos separados eu poderia ver o mal como uma visão de fora, boa e gentil. Uma vez que nos tocávamos, a escuridão também o envolvia e o levava, de maneira que o mal que estava dentro de mim também terminava envolvendo-o... Eu sempre me senti como se estivesse infectando alguém com tudo de ruim que eu estou.

Perceber que minha família e meus amigos, não poderiam mais me tocar, doeu mais em mim do que neles, eu acho. Eu senti algo semelhante à vergonha. Vergonha por não ser forte o suficiente a ponto de afastar a minha dor das pessoas que eu amo e que me amam. E foi ai que a bebida, os comprimidos e as drogas entraram...

O álcool e as outras drogas me deram uma maneira alternativa de ignorar a realidade da minha situação. Era muito fácil passar a noite bebendo e tentando esquecer que eu não tinha nenhum futuro para ficar esperando.

O álcool e as outras drogas são coisas que me deixam escapar das trevas, mas elas sempre me encontram depois, sempre irritadas por que eu havia tentado escapar e me fazem pagar por isso.

Muitas das coisas irresponsáveis que eu fiz, foram resultados da combinação das trevas e dos entorpecentes. Eu nunca gostei do que essas coisas fazem comigo, mas é melhor do que encarar de frente a minha existência com honestidade.

Mas quer saber?! Sempre que estou sóbria, percebo que não há nenhum futuro aqui. As trevas estarão sempre comigo. Não há nada a fazer. Nunca vou poder escapar da escuridão ou a miséria associada a ela.

Eu me sinto um mal dentro de mim. Um mal que me faz querer sumir pra sempre. Um mal que me faz querer acabar com a minha vida... Eu não sou nada. Eu não sou ninguém. Eu sou uma simples casca quebrada e miserável de um ser perturbado.

O fato de ter sido espancada e abusada sexualmente, me definiu como pessoa, me moldou como ser humano e isso fez de mim o monstro que eu sou hoje. Não há nada que eu possa fazer para escapar disso. Não conheço nenhuma outra forma de existência possível. Eu não sei o que a vida poderia ser além disso.

Eu ativamente desprezo a pessoa que sou. Eu me sinto profundamente quebrada, quase não humana. Sinto como se eu fosse um animal que acordou um dia em um corpo humano, tentando dar sentido a um mundo estranho, vivendo entre as criaturas que não compreende e às quais não consegue se conectar;

Eu aceito que as trevas nunca vão me permitir entrar num relacionamento. Um de verdade, sabe? Eu nunca vou dormir nos braços de alguém, sentindo o conforto de suas mãos ao meu redor, sentindo o calor do seu corpo e sua respiração suave na minha nuca. Eu nunca vou saber o que é uma intimidade incontaminada. Nunca terei um vínculo de exclusividade com alguém. Alguém que possa ser o destinatário de todo o amor que eu tenho para dar, mas não consigo.

Eu realmente tentei minimizar a dor.

Algumas pessoas são tratadas horrivelmente nesta vida. Eu sei que muitas pessoas sofrem coisas piores do que eu e talvez eu não seja mesmo uma pessoa forte, mas eu realmente tentei lidar com isso. Tentei lidar com isso todos os dias dos meus últimos anos, mas não posso mais aguentar essa porra.

Muitas vezes me pergunto como é que a vida deve ser para outras pessoas. Pessoas que conseguem sentir o amor dos outros e devolvê-lo puro. Pessoas que podem passar um dia rindo e se divertindo com seus amigos sem uma voz gritando dentro da sua cabeça. Pessoas que podem experimentar as cores e todos os acontecimentos deste mundo sem uma miséria constante. Pessoas que podem experimentar o sexo como uma experiência íntima, pura e alegre, não uma serie de pancadaria da qual eu preciso me machucar pra sentir prazer.

Eu tentei ao máximo que puder ser uma pessoa boa, mas percebo que nunca cheguei muito longe fazendo isso.

De fato, eu nunca fui quem todos queriam que eu fosse. Talvez sem as trevas, eu teria sido uma pessoa melhor, talvez não. Me faço essa indagação todo santo dia. Seria muito, muito bom saber essa resposta.

Eu destrui a vida de todos a minha volta. Destrui meus amigos, destrui a amizade de dois homens que eu amo, destrui minha família. Destrui todos que me deram amor e um pouco de esperança.

Só queria ter uma chance de recomeçar tudo e seguir a minha vida como eu sempre quis que ela fosse. Queria viajar o mundo, conhecer novas pessoas e em algum momento me casar e ter filhos. No fim do dia, é isso que eu peço a Deus.

Todas as pessoas que foram próximas a mim no decorrer desses anos tentaram me despertar e me trazer de volta a luz, mas ninguém pôde fazer isso completamente e agora eu entendo o porquê: No final, o único amor que pode salvar uma pessoa, é o amor dela por si mesma."

Ao terminar de ler a carta eu estou em prantos. Choro de tristeza por ter passado dois anos me sentindo dessa forma e de alegria por ter conquistado a chance que eu tanto desejei. Choro e choro muito. Tinha a sensação de que meu choro lavava a dor da minha alma pra fora do meu corpo e a mandava embora pra longe.

- Sabe, eu passei todo esse tempo te odiando, mas o que eu deveria ter feito mesmo era ter orado por você e pela sua alma perturbada. As mesmas trevas que me acompanhavam, acompanhavam você também e nós dois nos perdemos no caminho. Você foi à maior vitima disso tudo e acabou sem vida... Eu espero que um dia Deus possa te perdoar e te faça encontrar a luz que você nunca teve. E eu? Eu perdôo você. Sim, eu perdôo você. Adeus Jacob. – Em meio às lágrimas, eu digo estas palavras olhando fixamente para o nome dele cravado em mármore;

Dobro a carta e a coloco embaixo do jarro de flores que está sob sua sepultura. Faço o sinal da cruz pela sua alma, respiro e vou embora.

...

Ao chegar na porta da minha casa, Matthew parou o carro lentamente e me olho com um olhar terno. Sorri pra ele e segurei sua mão.

- Obrigado por tudo o que você me fez no decorrer desses anos. Eu sempre brinquei com você e disse que terapia não me ajudava em nada, mas no fundo eu sempre soube que conversar com você me trazia paz. Você foi à pessoa que eu mais confiei, sabia? – Falei já quase chorando novamente;

- Sempre tive esperanças em você Lauren. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você recuperaria o amor próprio que tanto precisava pra sair da escuridão. Quando você acordou naquele hospital, você acordou com confiança e força em si mesma e isso foi o que te salvou. Porque Lauren, é essa a chave pra felicidade em nossas vidas: Amar e ter fé em si mesmo. Lembre-se disso todos os dias quando acordar. E sempre que precisar de discursos prontos, me ligue. Ficarei honrado em ouvir o seu bom humor. – Riu ao dizer a ultima frase e vi seus olhos ficaram vermelhos, mas ele manteve a pose e não chorou;

- Eu lembrarei sim, prometo. Alguma recomendação final, Dr.? – Fui irônica;

- Continue lutando todos os dias da sua vida. O mal sempre está do nosso lado, mas cabe apenas a nós dar a ele o poder de agir. – Ele beija minha mão;

...

31 de dezembro, 21:00, Central Park. Nunca vi o lugar tão agitado quanto estava nesse dia, certamente por ser ano novo. Marquei com Harry e Zayn propositalmente no lugar onde descobrimos a peça que o destina nos havia pregado. Enquanto os esperava, eu lembrava das cenas daquele dia de pura tensão e um sorriso brotou em meus lábios e pensei “quem diria que tudo isso aconteceria em tão pouco tempo.”

- Oi. – Ouvi suas vozes e meu coração disparou;

- Oi. – Respondi com um sorriso já tomado de tristeza;

Eles se sentaram em um canteiro em frente a mim e seus olhares já pareciam prever o que estava prestes a ocorrer. Respirei fundo e juntei forças pra começar a falar.

- Só Deus sabe o quanto eu amo e sou grata a vocês por tudo o que você me fizeram em tão pouco tempo. Foi menos de 1 ano mas pareceu ser um século recheado de adrenalina e sentimentos. Vocês me mostraram que eu ainda tinha amor dentro de mim e me fizeram ver que eu ainda podia me envolver com alguém, não só pra transar. O que vocês dois fizeram por mim ninguém mais faria. Vocês quase sacrificaram uma amizade de infância, passaram por cima de coisas que eram intragáveis pra vocês e literalmente se atiraram no fogo pra salvar minha vida. Isso é muito mais do que eu merecia e vocês me deram sem pestanejar. Vocês foram os melhores beijos, os melhores toques e os melhores sexos que uma mulher podia ter. Eu nunca vou passar um dia sequer sem amar vocês, eu tenho certeza disso – Enquanto falava, derrubava lagrimas insistentes;

- Você está se despedindo não está? – A voz de Harry falhou;

- Você está falando no passado como se tudo isso já tivesse acabado Lauren. – Zayn completou;

- Esperem... Eu só preciso fazer mais uma coisa antes de terminar de falar, ok? – Limpei as lágrimas;

Me ajoelhei e beijei Zayn lenta e profundamente sendo correspondida com certo desespero. Depois disso, fui até Harry e fiz o mesmo sendo correspondida da mesma forma. Não me importei se alguém veria a cena e apenas a fiz sem me preocupar... Quando acabei, me sentei novamente no banco e respirei fundo mais uma vez.

- É, isso é mesmo uma despedida. – Zayn abaixou a cabeça e colocou a mão nos cabelos como se estivesse prestes a chorar;

- Eu não posso escolher entre vocês dois. Então eu não vou ficar com nenhum. – Falei;

- Eu esperava que esse dia não fosse chegar nunca. – Harry estava chorando;

- Eu também. – Zayn falou, mas não se mexeu, continuou do mesmo jeito;

- Eu espero que me entendam. É a coisa certa a se fazer. Não podemos viver os três pelo resto da vida como se isso fosse resolver tudo porque não vai. Não podemos fingir que isso é o saudável a se fazer. Isso não é o certo pro nosso futuro. – Expliquei tentando não fraquejar;

- Você está certa Lauren. Mas isso dói demais, dói tanto... Você me ensinou o que é amar alguém independentemente de todas as circunstâncias. Você me transformou de um moleque á um homem e eu sou grato a você por isso. Você colocou um brilho nos meus olhos que eu nunca mais tirar e eu vou amar você até o dia da minha morte. Você é a coisa mais bonita que já me aconteceu. Eu não queria que você saísse da minha vida nunca, mas se isso é o melhor pra nós três então eu vou respeitar e tentar seguir em frente. Eu quero que a gente seja feliz mesmo que não seja juntos. – Nunca ouvi a voz de Harry soar tão triste e firme ao mesmo tempo;

Chorávamos tanto que chegava a doer. Era o pior dia da minha vida.

- Não espere que eu vá encontrar alguém pra ocupar o teu lugar porque isso nunca vai acontecer. Você vai ser sempre o amor da minha vida e eu vou falar de você pros meus filhos, pros meus netos... Nunca vou deixar de te desejar e de sentir sua falta, mas eu também sei que isso é o certo a se fazer. Se insistirmos nesse triângulo louco só vamos nos machucar mais. Você me ensinou que por um amor a gente deve ir até o inferno se for preciso porque ele é o maior e mais bonito sentimento que podemos ter. Você me ensinou que o poder de uma amizade é tão grande que a gente pode até dividir alguém se for pra felicidade dele também. Eu também vou tentar seguir em frente ser feliz. Nós somos tão jovens, ainda tem tanto pra acontecer. – Zayn disse rapidamente, como se a qualquer segundo fosse se engasgar nas palavras;

- Faço minhas as palavras de vocês, sabem disso... Meu pai conseguiu que eu tire meu diploma virtualmente nos próximos meses. Conversei com eles essa semana e decidimos que o melhor pra mim é ir embora daqui por uns tempos. – Disse;

- Embora? Pra onde? – Harry pareceu assustado;

- Pra Europa, depois Ásia e só Deus sabe pra onde... Temos parentes espalhados pelo mundo e cada um deles é bem receptivo. Vou arranjar emprego por esses lugares e vou me atirar nas estradas como um pássaro que acabou de sair da gaiola. Esse sempre foi meu sonho: viajar o mundo. Talvez comece a fazer faculdade daqui um tempo, talvez passe o resto da vida com empregos loucos e divertidos. Não sei, mas pretendo descobrir. E vou começar agora em janeiro. Marquei esse encontro não só pra resolver nossa situação, mas também pra me despedir. Não sei quando ou se nos veremos novamente. – Sorrio tristemente;

- Isso é pior do que quase morrer queimado. – Zayn disse;

- Então é isso? Um adeus? – Harry perguntou;

- Um “até logo”. Um “vejo vocês por ai”. Um “adeus” jamais. Não quero tirar vocês da minha vida. Vocês acham mesmo que eu vou deixar de encher o saco? Nunca, vou estar sempre ai como um parasita. Quero ver que rumo vocês vão tomar e quero que vocês vejam o meu. – Brinquei;

Me levantei e os encarei pela última vez antes de partir sem rumo por muito tempo. Meu coração estava dilacerado, mas era o certo a fazer.

- Nós nascemos pra nos amar, não pra ficarmos juntos. – Afirmei;

Acenei e com um sorriso no rosto, eu parti em direção a minha longa jornada de descobertas e deixei-os pra trás para que pudessem fazer o mesmo. Porque no fim, isso é amor de verdade: Deixar ir e voar!

 

Fim...


Notas Finais


Gostaria de agradecer profundamente a quem acompanhou a fanfic até agora e é isso ai, finalmente chegamos ao fim. E pra não perder o costume:

So, this is it!


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