História More Than This - Saindo com o Ben

 “Querido, vou te dizer uma coisa que nenhum adolescente acredita, mas juro que é a mais pura verdade. Você se apaixona mais de uma vez, vai acontecer de novo e será mais intenso que a primeira, talvez mais doloroso, mas acontecerá de novo, eu prometo. E até lá, seja sua própria âncora.” — Teen Wolf

Zayn:

— E foi isso cara… — suspirei e joguei todo o meu corpo pra trás, caindo na cama. — Foi exatamente tudo que aconteceu e antes que você me xingue, sim, eu sei que fui burro.

— Na verdade, eu não ia falar isso. Eu só ia dizer que a situação não estava nada favorável pra Nicole e por mais inocente que ela fosse, ali, naquele momento, ela não parecia.

— Mas Liam, eu devia ter ficado do lado dela, não? Quer dizer, se estávamos tendo algo, ou quase, não sei… — fiquei pensativo por alguns instantes, pois realmente estava a fim de saber o que eu e ela éramos. — Enfim, eu deveria ter acreditado na Nicole e não na Perrie.

— Sinceramente, Zayn? — ele coçou a cabeça tentando procurar palavras e logo depois me encarou.

— Sim, fale.

— Olha cara, todo mundo erra, nunca devemos confiar em uma pessoa cem por cento, sabe? Por mais “confiável” que alguém possa parecer, acredite… Uma hora ela vai errar contigo. Nick obviamente está muito magoada, pois eu no lugar dela também estaria, só que no teu, eu também teria ficado do lado da sua ex, simplesmente pelo momento no qual ambas se encontravam, sei que não passou por sua cabeça que a própria Perrie teria se machucado e que se não fosse pelo Niall, você nunca saberia a verdade, talvez, não estou dizendo que acontecerá, mas talvez, Nicole perceba isso sozinha, porém ela precisa de tempo, meu amigo. — sentei em frente a ele e apoiei meu cotovelos em minhas pernas, com as mãos entrelaçadas e o encarei com o olhar mais triste que havia em mim.

— E o que eu faço nesse tempo? — perguntei e ele sorriu respondendo o obvio.

— Viva, mas não toque sua vida esperando que ela volte, pois como eu disse, pode ser que ela nunca mais fale contigo de novo, mas em todo caso, continue a ser você, se ela aparecer novamente, ótimo, senão… bom, ai é porque não era pra ser. — embora não conseguisse aceitar o fato de que ela poderia nunca mais voltar pra mim, sei que ele estava certo, afinal, ele sempre está.

***

Nicole:

Passei minha infância toda ouvindo a seguinte frase: “você não ficará triste pra sempre, pois nada dura muito” e acredite, nós também não ficamos felizes por muito tempo, é como se entrássemos em um meio termo, sabe? Pelo menos em minha cabeça ninguém consegue ser feliz por completo, ou falta algo, ou falta alguém.

Seres humanos sempre reclamam, nunca estão satisfeitos e isso eu mesma já percebi, eu também sou assim, mas no meu caso faltam muitas pessoas… contudo, sei que posso superar, ou então posso apenas fingir que não dói tanto.

Que diabos, baixo-astral hoje não! Tenho um encontro daqui a pouco e ainda não sei com que roupa ir, eu deveria estar mais preocupada com isso no momento.

— Pensa Nicole, pensa… — eu estava parada encarando o guarda-roupa, enquanto segurava a toalha com uma mão e colocava a outra na boca, fazendo cara de dúvida pra qualquer pedaço de pano que eu podia encontrar naquele lugar, estou começando a sentir que deveria ter visto isso horas mais cedo, nunca vi alguém mais indeciso com tal coisa do que eu, já estou começando a perder a esperanças… Nem sei pra onde Ben vai me levar, como vou escolher entre vestido, calça ou short? Ah, quer saber? Vou fechar o olho e agarrar a primeira peça que estiver na minha frente, a que eu pegar, eu vou, agora é sorte e seja o que Deus quiser.

(…)

Tá, acho que ficou bom. Estou vestida com uma saia preta, aparentemente “rodada” que vem até a cintura, uma blusa de alça fina com bolinhas pretas, sem contar com o cinto, o cordão, umas duas pulseiras e uma bolsa, acho que nunca estive tão arrumada, pode até parecer muito carregado, mas acredite, não está… porém, vou de sapatilha porque não quero parecer muito arrumada.

Daqui até o starbucks deve ser uns dez minutos, se eu me apressar, talvez não chegue muito atrasada.

(…)

Estou chegando, tô quase lá, é agora que sinto todos os ossos do meu corpo se estremecerem, como faço pra voltar? Cadê o botão que aperta pra ficar invisível? Sim, estou surtando, talvez ele nem esteja lá, vai ver esqueceu, com certeza não se lembra mais.

Acho que vou voltar, vou me virar, vou embora. Minhas mãos estão suando, Jesus, socorro!

— Calma, respira… conta até três. — sussurrei pra mim mesma, estava tomando coragem pra entrar, até que senti um outro sussurro atrás de mim que fez com que eu me arrepiasse por completo.

— Dizem que ajuda… — puta merda, era ele, meu Deus, que vergonha! Me virei e ele sorriu. — E a propósito, você está linda. — confesso que fiquei um pouquinho sem reação, afinal, fui pega no meu auge de timidez.

— Você também não está feio. — sorri meio nervosa.

— Jura? Obrigado, fico feliz, já que me esforcei pra fazer bonito hoje. — ele riu fazendo com que o clima ficasse descontraído, o que era ótimo, pois não existe nada mais chato do que homens sem humor.

— Vamos entrar?

— Claro, você primeiro… — ele abriu a porta e deu passagem para que eu passasse, que cavaleiro, não? Bom, acabei escolhendo a mesa perto da janela enorme, onde dava pra ver perfeitamente a rua, fizemos o pedido e ficamos conversando pra quebrar o gelo.

— Então, por que escolheu ser oncologista? — precisava perguntar.

— Meu pai morreu de câncer porque mal ia a hospitais por falta de médicos na região onde eu morava e ele naquele estado, sabendo que não tinha nada que pudesse fazer pra mudar aquilo, decidi que não queria mais famílias passando pelo mesmo que passei, mesmo sabendo que às vezes não dá pra salvar algumas vidas, juro que tento ao máximo fazer com que meu paciente nunca se sinta um peso, tento fazer com que eles sorriam até o último suspiro.

— Sinto muito pelo seu pai.

— Não se preocupe, já passou… Me fale sobre você. — esse é o momento em que eu esqueço até meu nome, nunca sei o que falar exatamente.

— O que quer saber?

— Tudo. — bastante específico você em, parabéns.

— Ok. — respirei fundo e comecei. — Tenho dezenove anos e fui criada em um orfanato, vim pra cá pra estudar artes cênicas em Oxford, minha cor preferida é azul, minha mãe morreu e a mulher que me criou também, não sei quem é meu pai e nem se ele ainda respira nesse mundo, acho que é isso.

— Posso falar uma coisa?

— Com toda certeza. — sorri.

— Você é incrível, mesmo tendo passado por isso tudo, não desistiu do que queria, uma verdadeira guerreira. — ele me fitou e antes que eu pudesse falar algo, Ben pegou em minha mão e disse que tinha que me levar a um lugar, perguntei onde era, mas a resposta foi: “é segredo”. Entramos em seu carro e depois de um tempinho chegamos a um lugar chamado “Golders Hill Park”.

— Que lugar lindo. — falei enquanto admirava a vista.

— Posso te contar um segredo? — ele me olhou.

— Pode sim.

— Bom, na verdade são dois, o primeiro é que esse é um dos meus lugares preferidos em Londres e o segundo… — ele pausou, olhou bem em meus olhos e logo completou. — Fico até sem graça de falar, mas eu achava que nada poderia, em hipótese alguma, ser mais bonito que aqui, até eu olhar pra você. — o encarei sem saber o que dizer e ele se aproximou de mim, acariciou meu rosto com sua mão direita, enquanto a esquerda estava em minha cintura me puxando pra mais perto, nossos corpos se aproximaram e nossas respirações já estavam praticamente virando uma só, seus olhos estavam fixos nos meus lábios e o meu nos dele e então, eu fui beijada. Seu hálito era de uma menta suave e sua boca era macia, não exitei e deixei que meus instintos me guiassem, sem culpa alguma do que poderia acontecer depois. — Desculpa, acho que eu não deveria ter feito tal coisa.

— Pelo contrário, — sorri, ainda meio sem graça. — você deveria fazer isso mais vezes. — ele me encarou por alguns instantes e eu resolvi quebrar o clima perguntando o que mais iriamos fazer.

— Vou te apresentar todo esse parque maravilhoso. — respondeu empolgado, peguei em sua mão e fomos caminhar e realmente aqui é muito lindo, tem muitas coisas pra fazer, adorei a casa de borboletas e tem até um mini zoológico, não teria como esse lugar ser mais encantador.

Zayn:

— Ela pediu pra me entregar?

— Sim, Zayn. Cheguei lá e Nicole estava se desfazendo de algumas coisas, tudo que a fazia mal. — Niall respondeu.

— Tinha mais coisas?

— Sim, eu disse “coisa” no plural. — ele sorriu.

— O que ela tava jogando fora?

— Eram objetos que a faziam lembrar do passado, não eram nada velhos, incluindo tinha uma pulseira linda lá que ela também disse que ia jogar fora, não sei o motivo, mas aquilo parecia deixá-la tão triste quanto você a deixou. — fico pensando se devo ligar ou ir atrás, dizem que perdemos muitas pessoas por falta de atitude, por não ir procurá-la por causa do orgulho, e eu realmente quero tentar falar com Nicole de novo.

— Talvez eu devesse ir até a casa dela, o que acha? — perguntei.

— Não sei, talvez seja bom ou talvez só piore tudo. — respondeu confuso. — Contudo, a escolha é tua, faça o que sua intuição diz. — coração é burro, mas vou tentar de novo.

(…)

Pedi conselhos para algumas pessoas e bom, estou em meio a uma floricultura, escolhendo as mais belas flores pra levar, escrevi em um papel tudo que estava sentindo, talvez não dê certo, sei disso, porém é melhor tentar, estou parecendo garoto de filme romântico clichê, chega a ser ridículo.

(…)

Depois de sair da loja, fui caminhando em direção ao apartamento da Nick e juro que ao chegar lá perto, me arrependi amargamente de tudo, das rosas, do cartão, até mesmo de vir aqui.

Bom, eu estava todo empolgado com que poderia acontecer até que eu a vejo com um outro cara, bem na entrada, eles pareciam bem íntimos, pois afinal, ele a beijou. Não sei ao certo o que eu senti ao ver aquilo, acho que foi do ciúme mais insano até o ódio mais profundo, talvez isso sirva de lição, talvez eu aprenda a ouvir o Liam, quando ele diz que o tempo é a melhor saída, que tenho que levar a vida sem esperar que ela volte, porque depois do que vi hoje, acho que Nicole não volta nunca mais.