História More Than This - Ano novo.

Fiquei estática quase sem respirar. Ele disse mesmo isso? Não posso acreditar. Aposto que não foi verdadeiro. Que tipo de idiota ele é? Não se brinca assim com os sentimentos dos outros e ele deveria muito bem saber disso.

  - Kath? – perguntou ao não receber resposta.

  - Ah, por favor! Você é ridículo, me poupe – cuspi as palavras para ele – Eu realmente me impressiono com a sua falta de sensibilidade, porque falando sério, você fala “eu te amo” como quem fala bom dia, então não venha tentar me fazer acreditar que esse é verdadeiro por que eu não caio nessa, não mais.

  - Mas é verdadeiro – parecia ofendido.

  - Harry, eu realmente estou ocupada. Estou no meio de um jantar de natal e você está atrapalhando. Tchau.

  - Não – gritou urgente.

  - Harry, se for pra reforçar o seu falso “eu te amo” desiste – adiantei.

  - Onde você está? Por favor, me diz.

  - Tchau.

  - Eu te amo, é sério.

  - Tchau.

  - Diz que ainda me ama.

  - Tchau.

  - Eu sei que você ainda me ama. Eu demorei muito pra perceber isso, mas eu sempre te amei e sempre vou amar.

  - Tchau.

  - Sabe o que eu estou percebendo? Que você gosta de ouvir o som da minha voz.

  - Hã? – como assim?

  - Você dá “tchau” mas não desliga o telefone, espera pra ver se eu vou falar mais alguma coisa. Acho que isso é uma prova de que você ainda me ama, eu te am...

Desliguei.

  - Toma, bem feito – ri para o aparelho.

Todos presentes na cozinha me olharam sem entender o que se passava.

Ok, talvez isso tenha sido realmente estranho.

  - Seu telefone  – entreguei para minha tia.

Eles continuaram a me olhar sem reação.

  - Ah, qual foi, gente – revirei os olhos e fui pra sala.

*

Deviam passar das quatro horas da manhã quando todos haviam ido embora. Confesso que cochilei por várias vezes no sofá enquanto via a programação da tv.

  - Vamos, eu te ajudo a ir para a cama – meu irmão me pegou no colo e seguiu para o quarto comigo.

A casa de minha mãe não é lá grande coisa, só tem três quartos. Um dela, um meu e outro que minha tia e Wilmer ocuparam.

Adivinhem só onde meus irmãos dormiram? Um pirulito pra quem disse o meu quarto.

Karen por ser a mais nova dormiu na cama comigo enquanto Matt e Megan dormiram no chão.

*
Não pudemos aproveitar muito o dia 25 do natal. Foi um dia chuvoso que acabou se resumindo a bacias de pipoca, panelas de brigadeiro e filmes sobre a história de Jesus na tv.

O dia 26 e 27 fora praticamente a mesma coisa, só que dessa vez a programação era outra.

O dia 28 foi cansativo já que resolvemos dar uma de turistas e ir ao Cristo Redentor.

Já no sábado, dia 29, foi outro dia cansativo pois fomos às compras: todos nós fomos para o mercado comprar comida para fazer no ano novo, e tivemos que ir para o apartamento em Copacabana onde costumávamos passar o ano novo, já que era de frente pra praia e mais fácil de chegar à praia na hora da contagem regressiva para o ano novo.

Não passamos o anos novo na praia desde que meu pai partiu.

Mas agora a família está reunida para passar o ano novo juntos, assim como passamos o natal, e talvez seja por isso que decidimos passar a virada de ano na praia.

Fins de ano sempre me emocionam, o por que eu não sei.

  - Talvez seja bom já irmos hoje mesmo para o apartamento e arrumar tudo já que vamos dormir lá amanhã – minha tia sugeriu.

*

Acabou que deixamos tudo no apartamento e em vez de arrumá-lo, fomos para as areias lotadas da praia de Copacabana.

  - Céus! – exclamou minha mãe. – Vamos voltar, não há lugar para eu pôr o dedinho mínimo no meu pé.

  - Ah vamos lá Jennifer, você já encarou praias mais lotadas – minha tia a encarajou.

Caminhamos pela orla até a descida.

  - Puts, a areia está muito quente – reclamei ao pisar com os pés descalços.

  - Você é uma fresca – Karen correu até o mar.

Claro que eu sou fresca, você está calçada e eu não.

  - Deixa que eu te levo – antes que eu pudesse protestar, Matt já havia me tomado em seus braços.

  - Ah Wilmer, porque você também não é tão cavalheiro quanto meu sobrinho? – brincou minha tia.

  - Você é leve – Matt comentou.

  - E você é retardado. Deve estar sendo horrível caminhar segurando meu peso nessa areia quente.

  - To de chinelo.

Megan e Karen já estavam no mar. E o resto estava alugando cadeiras de praia.

  - Kath ao mar – Matheus berrou ao me lançar na água.

Filho da mãe!

Meio litro de agua salgada foi engolida, agua no nariz, água no ouvido, olho ardendo eu engasgada e um belo caixotão.

  - Matheus, você me paga – berrei ao meu levantar.

Ele correu pela areia molhada e eu fui atrás.

  - Crianças, parem de brigar e venham passar o protetor – minha mãe nos chamou.

Compramos açaí e depois voltamos para a água.

*
Foi tão gostoso, já perto do pôr do sol todos se renderam ao mar. Todos felizes, alegres, sorrindo por nada e dando risadas verdadeiras e gostosas de se ouvir.

  - Você jogou água no meu olho – Megan reclamou jogando água em mim.

  - Onda – minha mãe nos alertou.

  - Me solta, me solta, me solta – me debati quando bati me ergueu com um braço só.

Resultado: dois idiotas caídos na areia depois de levar um caixote.

 E foi assim que o dia terminou. Era exatamente disso que eu estava precisando; ser feliz, e foi isso que esse momento em família me proporcionou.
Essa vinda para o Brasil apareceu na hora certa.

*
Lá pelas 18h quando saí do banho, depois do dia na praia, fui checar minhas mensagens no telefone.

“Katherine?”

“Katherine, você está viva? Feliz natal.”

“O aniversário do Louis passou e você nem parabéns deu à ele.”

“Assista esse vídeo do Youtube, é sobre você.”

Todas as mensagens eram de Eleanor. Não havia uma mensagem ou ligação sequer de Harry.

Puts, esqueci o aniversário do Louis. Daqui à pouco eu ligo para ele.

Abri o link no vídeo, só tinham dois minutos de duração.

“  - Há alguma modelo que você achem bonita? – perguntou a entrevistadora para os meninos do The Wanted.

  - Várias – respondeu Nath.

  - Alguma em especial? – a mulher insistiu.

  - Eu acho a Candice Swanepoel linda – Tom respondeu.

  - E tem aquela que estava na capa da Papparazzo – Max ressaltou.

  - Ah é, aquela garota é linda – Nath acrescentou.

  - Aquela que a gente viu a revista, dessa edição? – Jay perguntou.

  - Essa mesma – Max respondeu.

  - Qual é o nome dela mesmo? Não consigo me lembrar. – Max olhou para a apresentadora.

  - Kath... – Nath lembrou do primeiro nome.

  - Katherine Jowett? – a apresentadora perguntou um pouco surpresa.

  - Essa mesma – Max comemorou.

  - Ah, ela é realmente uma gata! – Tom comentou.

  - Vocês ficariam com ela? – a entrevistadora perguntou.

  - Sem sombra de dúvidas, quem sabe até rolava algo a mais – Nath piscou brincalhão.

  - Claro que sim, ela é linda – Max respondeu.

  - Ela não é a ex do Harry Styles? – perguntou Jay.

  - Sim – a apresentadora respondeu.

  - Que cara sortudo – Nath sorriu.

  - Ex? Porque alguém terminaria com essa garota? – Max perguntou à entrevistadora.

  - Para namorar com Taylor Swift – ela respondeu.

  - Porra – Nath e Max sibilaram sem emitir som.

  - Que desperdício – Jay balançou a cabeça.

  - Melhor para vocês: agora que ela está solteira, quem sabe não dá uma chance a um de vocês? – a entrevistadora deu-lhes uma piscadela.

  - Maravilha – comentaram e essa parte da entrevista acabou”

  - Caramba – sussurrei surpresa para mim mesma.

“Essa entrevista é de quando?”

Enviei para Eleanor.

Liguei para Louis que deu um chilique por eu ter esquecido seu aniversário, mas que de qualquer modo aceitou meu “Feliz aniversário.”

*
Depois da janta vi que minha mãe havia feito o meu doce preferido que não comia há anos. Quem costumava fazê-lo era o meu pai.

Nós nos sentamos na sala para ver tv e acabamos vendo um filme de romance. Eu mereço.

*

Acordei na cama, o que foi estranho já que não me lembro de ter vindo para cá.

  - Até que enfim – minha tia murmurou quando viu que eu havia acordado.

  - Que horas tem? – perguntei.

  - 14:25.

Esse fuso-horário está mexendo com o meu relógio biológico. Droga.

O pessoal chegou mais cedo do que eu esperava, lá para às 18h da noite a casa já estava cheia.

  - Acredite em mim, o Harry está louco! Ele queria contratar um cara para descobrir onde você está. – Eleanor contou.

Nós estamos conversando pelo Skype. Ela estava dentro de um banheiro, para falar comigo, em uma comemoração do réveillon.

  - Não acredito – ri surpresa.

  - Katherine, você ainda está de pijama? Se apronte e venha, é o último dia do ano. – Minha mãe entrou no meu quarto.

  - Vou me arrumar, estou indo me arrumar – respondi me levantando. – Tchau Els, feliz ano novo pra você e pra todos, diga à Louis que mandei um abraço.

E então finalizei a chamada.

*
Coloquei um vestido branco, sandálias gladiadoras e fiz uma maquiagem básica. Estou pronta.

Fui para a sala que estava lotado com praticamente todos os meus parentes, há mais gente que no natal.

Conversamos e bebemos um pouco. Matheus e eu já estávamos na cozinha preparando os utensílios para fazermos as simpatias de ano novo.

Minhas véspera de ano novo já teve sua primeira parte triste. Quando entrei no Instagram para postar uma foto com meus irmãos, encontrei um vídeo do Harry beijando a Taylor na virada do ano há algumas horas atrás lá.

*
Lá para às 23:30 da noite nós descemos para à praia. Eu ainda estava me sentindo um pouco pra baixo por conta do vídeo que vi de Harry, mas vai passar.

O barulho era tão alto que tínhamos que gritar para conseguir um ouvir o outro. Estava lotado.

  - Trouxeram uvas e lentilha? – Wilmer perguntou.

  - Trouxemos.

  - Ele manja das mandingas – Megan brincou.

O estranho é que Wilmer é o único que não fala português, as vezes isso chega a ser um pouco cansativo.

  - A gente vai lá pra frente pra tentar pegar o show do David Guetta? – Matt perguntou.

  - Vamos? – Karen suplicou.

  - Se conseguirmos – minha mãe deu de ombros.

  - Cinco minutos – um cara gritou.

  - Daqui a cinco minutos ontem será 2012 e hoje 2013 – Matt raciocinou.

  - Ah, você jura? – ironizei.

  - Adeus ano velho, feliz ano novo... – Matt começou a cantar.

  - Não cante, sua voz é feia – Megan implicou.

  - Que tudo se realize no ano que vai nascer – ele continuou.

  - Para, cacete – ela o empurrou.

  - 1 minuto – alguém gritou.

Aí o burburinho começou, todos comentando “um minuto”.

Eu já estava olhando para o céu esperando o espetáculo de fogos coloridos começar.

  - Trinta segundo – outro alguém gritou.

  - Trinta segundos – Matt reforçou.

Trinta segundos. Trinta segundos para o ano novo e tudo o que não sai da minha cabeça é que desejo desesperadamente Harry ao meu lado neste instante, mas ele já passou o ano novo com a sua namorada. Depois ainda quer que eu acredite que me ama.

  - Dez, nove, oito – começou a contagem regressiva.

  - Sete, seis, cinco – gritei acompanhando – quatro, três, dois, FELIZ ANO NOVO – berrei agarrando Matt que estava ao meu lado.

  - Feliz ano novo – ele gritou erguendo-me no ar.

Os fogos foram ateados para o alto, cruzando o céu iluminando-o com cores vivas.

  - Feliz ano novo, Kath – minha mãe veio até mim.

Abracei a todos que estão comigo e ainda as pessoas desconhecidas que estavam ao meu redor.

Era engraçado ver algumas crianças fascinadas ao ver os fogos no céu e ao mesmo tempo tapando seus ouvidos protegendo-os do barulho ensurdecedor.

Sinto como se tivesse cinco anos novamente, a primeira vez em que meu pai me trouxe para passar o ano novo aqui. Aqui estou eu, só que sem ele.

  - Vamos pular onda – minha tia nos puxou correndo para o mar. – Faça um pedido a cada onda que pular, são sete – minha tia explicou a Wilmer.

O meu primeiro pedido foi que esse ano seja melhor que 2012, que me surpreenda, e o segundo foi que eu consiga me resolver com o Harry.

Fizemos todas as simpatias imagináveis e possíveis no momento. E dividimos três garrafas de champanhe, bebemos direto da garrafa.

Quando os fogos acabaram, fomos pegar mais bebida e seguimos pela areia para um lugar mais perto do show.

  - Porra, perdi cinquenta reais – Matt reclamou ao abrir a carteira.

  - Já era, perdeu – zombei.

Não conseguimos ficar perto do palco, na verdade ficamos à quilômetros de distância, mas conseguíamos ouvir as músicas e ver um pouco do palco.

Fiz aposta de bebida com o Matt e ele perdeu. Olha logo com quem ele quer apostar.

  - Ganhei, passa cinquenta reais – entendi à mão.

  - É pra já – e então ele veio correndo até mim e se jogou comigo dentro do mar.

Ainda bem que minha carteira está com o Wilmer.

Engraçado que o mar nem estava com tantas pessoas, mas depois que eu e Matheus entramos, outras resolveram aparecer.

  - Saiam da agua, vocês estão bêbados – acho que foi isso que ouvi minha mãe gritando na areia para nós.

  - Estamos bens – gritei de volta mas duvido que ela tenha sido capaz de ouvir.

Estávamos nos divertindo mas infelizmente uma onda nos levou de volta.

  - Bebam, é muito bom – Megan nos deu um copo de caipirinha.

*
Numa tentativa falha de chegarmos mais perto do palco, nós abrimos caminho dentre as pessoas. E foi aí que eu encontrei um garoto alto e de cabelos cacheados.

Harry?