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História More Than This - Sophie.


Escrita por: Peace

Notas do Autor


Gente, eu não sei nem onde enfiar minha fuça!! Eu perdi a noção do tempo! Juro pra vocês, credo, demorei quase um ano pra postar e eu nem percebi, eu fiquei tão atolada no colégio, na vida, em tudo que eu larguei a fic e não conseguia continuar de jeito nenhum!!! Nossa, me desculpem, se ainda sobrou alguém pra ler, fiquem sabendo que já tem mais dois capítulos prontos. "Nossa, mas o 89 não era o penultimo? Você não disse que ia acabar no 90?" Sim, gente, eu sei que eu falei tudo isso, mas eu acabei escrevendo, escrevendo e escrevendo e ainda falta um pouco pra terminar e eu não ia postar um capitulo com mais de 10mil palavras aqui porque ia ser um saco!!! Até eu acho que esse capítulo tá meio maçante pq alguem (eu) se empolgou demais na hora de descrever o nascimento... Bom, mil perdões de novo!!! MAS AGORA EU ESTOU DE FÉRIAS MOÇADA, TO LIVRE E DESIMPEDIDA (escreve assim mesmo?) E SEXTA FEIRA TEM CAPÍTULO NOVO!! NÃO É BLEFE, REALMENTE TEM CAP NOVO SEXTA, TA PRONTO JÁ, ENTÃO SAIBAM QUE É CERTO, E SEXTA É AMANHA!! E EU TO ACHANDO QUE É DEPOIS DE AMANHA PQ EU AINDA NÃO DORMI E ACHO QUE HJ AINDA É QUARTAA, ok, desculpem, to sem moral até pra usar o caps lock aqui. Espero que gostem e se tiver sobrado alguém, me digam o que acharam, ok?? Amo vocês e me desculpem.

Capítulo 90 - Sophie.


Harry entrou correndo dentro do quarto, surgindo após meu segundo chamado. Minha pernas tremiam, me apoiei na cômoda de minha pequena Sophie, consequentemente derrubando algumas roupinhas que esperavam ali para serem guardadas na gaveta.
Eu lutava para respirar e encontrar força o suficiente para falar, mas simplesmente não conseguia. Harry me perguntava o que estava acontecendo, mas eu não tinha mais forças para gritar ou falar qualquer coisa, o ar me faltava e a dor na altura do meu útero era simplesmente insuportável.

  - Pelo amor de Deus Katherine, me diga o que está acontecendo – ele suplicou apavorado e um tanto irritado pelo meu silencio.

 Eu tentava focalizar seu rosto, mas meus olhos estavam cobertos por uma cortina de lagrimas que me fazia enxergar apenas borrões. A falta de ar me impedia de soltar um único gemido que fosse e o medo de inspirar e agravar as fisgadas eram cem vezes maiores que a necessidade de oxigênio em meus pulmões. Tudo o que pude fazer foi apontar para o chão.
 Harry ficou imóvel por um segundo, e a sua falta de ação me assustou. Pisquei fortemente afugentando as lágrimas e voltando a enxergar novamente. Harry estava pálido, sua boca fazia um pequeno “O” e ele encarava o chão, mas seu pensamento estava longe.

  Quando a dor finalmente cessou eu pude chama-lo de volta a realidade.

   - Harry?

O vi sacudir a cabeça saindo de seus devaneios e olhar para mim.

  - V-vo v-o vo-c... – ele parou fechando os olhos e respirando fundo – você pode esperar só um segundo? – perguntou agitado.

  - Acho que sim. – respondi.

Ele correu rapidamente para fora do quarto.

 Respirei fundo diversas vezes, sentia meu coração acelerado e uma certa fraqueza na altura das pernas.

  Harry estava de volta poucos minutos depois, percebi que ele havia colocado uma camiseta mas continuava com sua calça de moletom e chinelo nos pés. Segurava sua carteira, celular e chaves nas mãos.

  - Segure para mim – ele pediu me entregando o que havia em suas mãos.

 Assim que o fiz, ele me tomou em seus braços com uma certa dificuldade e me carregou para fora, apenas dando uma parada na sala para pegar uma manta q estava dobrada em cima do sofá, e seguimos para a garagem.

  Com bastante dificuldade, Harry apoiou meu corpo molengo na lateral do carro enquanto o destrancava, só para em seguida me deitar numa posição estranha e pouco confortável no banco traseiro de seu Range Rover.

  - Respire fundo, vai passar, eu acho. – bela maneira de me tranquilizar – A sua bolsa estourou, deve ser a sua primeira contração, é uma questão de minutos para que passe, fique quietinha, eu preciso dirigir, eu te amo, fique bem aqui atrás... – ele tagarelava e aquilo estava me estressando.

  - Vai logo! – berrei quando senti mais uma pontada me atingindo em cheio na altura do útero.

  - Ok, ok, ok. – suas mãos tremiam enquanto ele me cobria com a manta para só depois correr para o lado do motorista e dar a partida.

Fiquei agonizando, com as contrações indo e voltando, no banco traseiro de seu carro enquanto seguíamos para o hospital.

  Assim que chegamos e o carro foi estacionado na garagem, ele andou o mais rápido que pôde comigo, em seus braços, para a emergência. Eu já havia entendido como o “esquema” das contrações funcionava, elas duravam segundos e tinham intervalos de minutos. Assim que a moça da recepção nos viu, ela correu para dentro de uma porta que havia atrás de si e logo após veio correndo em nossa direção com uma cadeira de rodas fechada em suas mãos, ela a abriu e Harry me pôs sentada ali e logo me empurrou para o balcão da recepção.

 Fiquei alheia ao que eles conversavam, estava ocupada demais desfrutando de minhas contrações e me concentrando para não berrar de dor. O médico que acompanhou a maior parte de minha gravidez logo apareceu e me levou para uma sala onde me despiram e me colocaram naquela adorável camisola verde-vômito, padrão de hospital, em mim.
A dor era tanta que eu me sentia como se fosse um bicho, se me soltassem no meio do mato eu seria capaz de correr sem parar.

 Fui deitada em uma maca e logo me levaram para algum lugar.


  - Ela entrou em trabalho de parto há pouco tempo. Seu parceiro disse que tem aproximadamente meia hora – comentou um enfermeiro que segurava uma prancheta e caminhava ao lado de minha maca.

  - Então já vai nascer? – perguntei quando a cessou novamente.

  - Não enquanto seu corpo não estiver preparado. A não ser que você queira ou que seja necessário fazermos uma cesariana – dessa vez o médico respondeu.

  - E como você sabe que meu corpo não está pronto?

  - Suas contrações estão durando por volta de 40 segundos com pausas de cinco minutos, nenhum centímetro de dilatação do útero – respondeu enquanto caminhava à nossa frente.

  - E isso é ruim? – perguntei passando a mão quase involuntariamente sobre minha imensa barriga.

  - Você precisa de uns 10 centímetros de dilatação, querida. – ele respondeu virando-se lentamente parar me lançar um sorriso tranquilizante.

Não ajudou em nada.

  - De 0 à 10 que nota você dá? – ele perguntou.

Depois de pensar por uma fração de segundo e considerar que aquilo era só o começo e que a tendência era piorar, respondi:

  - Dou cinco e meio – respondi respirando fundo.

Ele arqueou as sobrancelhas surpreso e logo continuou sua caminhada.

Fechei os olhos aproveitando meus últimos minutos sem contrações.

Me deixaram deitada em um dos quartos, juntos com uma enfermeira, alegando que deveríamos esperar as contrações ficarem mais frequentes e chegar a uns 10 centímetros de dilatação já que eu optei por um parto normal e não pela cesariana que Harry havia indicado por não querer que eu sentisse toda a dor desse ter uma criança.

  - Quantos centímetros você acha que eu já dilatei? – perguntei a enfermeira ao meu lado, assim que as contrações pararam.

Ela olhou para sua prancheta e logo após para o relógio em seu pulso.

  - Provavelmente 1 centímetro – ela respondeu meio indiferente.

  - O que? – eu berrei levando as duas mãos a boca, tampando-as e demonstrando o quão incrédula estava. – Quanto tempo faz que eu cheguei?

  - Aproximadamente duas horas – respondeu olhando mais uma vez seu relógio de pulso.

  - O QUÊ? – berrei dessa vez mais alto. – DUAS HORAS E SÓ UM CENTÍMETRO?

Ela riu baixinho e sorriu com compaixão.

  - Você é uma legítima mãe de primeira viagem. – sorriu – Eu já tive dois filhos, e o primeiro sempre é o mais difícil – contou – Eu te entendo bem, você não procurou saber muito a respeito disso, não é?

Balancei a cabeça negativamente e ela logo prosseguiu.

  - O primeiro trabalho de parto de uma mulher dura cerca de 15 horas...

  - Espera, você está falando que eu ainda tenho mais 13 horas de sofrimento? – perguntei pensando que fosse desmaiar.

Ela assentiu de leve.

  - Leva mais ou menos uma hora e meia para que o útero dilate 1 centímetro. O sofrimento é grande e a dor maior ainda, e ela aumenta a cada segundo, mas depois que nasce... Depois que nasce nada mais importa. Quando você pega o seu filho nos braços pela primeira vez – seus olhos lacrimejaram e ela olhou para cima tentando evitar que as lagrimas escapassem enquanto abanava o rosto. – Depois que você pega o seu filho nos braços pela primeira vez, você percebe que tudo valeu a pena, você esquece toda a dor e tudo o que você sente é um amor incondicional por aquele pequeno ser tão indefeso em seus braços.

 Eu adoraria continuar a conversa, mas logo fui tomada por mais alguns segundos daquela dor horrível que parecia durar horas e não segundos. A dor era tão grande que eu cheguei a vomitar e me debater como uma louca. Eu sentia vontade de levantar e correr, de espernear, me jogar no chão, eu sei lá, qualquer coisa que fizesse aquilo parar.
Uma outra enfermeira entrou no quarto e ficou assustada até que a outra lhe contasse que se tratava de uma paciente em trabalho de parto normal.

 O médico voltou para verificar como eu estava. Recomendou que eu ficasse um pouco na banheira com água morna e caminhasse durante as pausas.

  - Geralmente ajudam para que as próximas contrações sejam um pouco menos dolorosas – ele contou.

Enquanto caminhava pelo hospital, com a ajuda de duas enfermeiras, encontrei Harry perto de uma janela, coberto pela manta e virado de costas para mim, falando ao celular.

Esperei por que ele se virasse e me visse, mas isso não aconteceu e eu continuei seguindo meu caminho.

As duas enfermeiras me vestiram e me levaram até uma espécie de banheiro que tinha uma banheira consideravelmente grande.

Elas me despiram e recebi a ajuda de ambas para me sentar dentro dela.

As contrações continuaram e a melhora que a água morna proporciona era quase impossível de ser notada.

Fiquei sentada lá por um bom tempo. A agua foi trocada duas vezes por motivos de ter esfriado, meus dedos já estavam enrugados e ficar ali já começava a me incomodar.

As moças, que permaneceram ao meu lado o tempo inteiro, me ajudaram a sair dali, me secar e pôr a camisola novamente. Caminhei por um bom tempo pelo hospital, sentando a cada contração.

Acabei tendo que tomar uma anestesia peridural para aliviar as contrações e me deixar mais relaxada, o que achava na dilatação do útero.


Lá pras quatro horas de trabalho de parto, Harry entrou no quarto. Ele parecia cansado.

  - Me desculpe por isso – ele sussurrou enquanto eu apertava sua mão e me contorcia de dor.

  - Já está passando – sussurrei depois de ter as últimas pontadas. Eu estava deitada e completamente exausta.

  - Mais um banho na agua quente? – uma das enfermeira perguntou.

  - Seria ótimo – respondi.

  - Consegue ir andando? Andar faz bem? – ela perguntou tendo o auxílio de Harry para me pôr de pé.

  - Sim – me pus de pé com um nível pequeno de dificuldade.


Quando já estava novamente dentro da banheira, pedi para que elas me deixassem sozinha com Harry e prometi que as chamaria novamente caso fosse necessário.

  - Onde você esteve esse tempo todo? – perguntei a ele assim que ficamos a sós.

  - Bom, depois que me certifiquei que você estava e continuaria bem, eu fiz algumas ligações para explicar o meu sumiço repentino e dizer onde estarei nas próximas horas. – ele respondeu brincando com a água.

  - Está com frio? – perguntei ao notar que ele ainda estava com a manta. Ele havia dado um nó em suas pontas deixando o sobre seu pescoço, de maneira que o agasalho pendesse sobre seu corpo como uma capa.

  - Não muito – ele me deu aquele seu maravilhoso sorriso de lado. – E você?

  - Não muito – respondi imitando-o até no sorriso de lado, arrancando uma risadinha gostosa de sua boca. – Na verdade, a agua está me mantendo bastante aquecida.

  - Como você se sente?

  - Me sinto como alguém que daqui a aproximadamente dez horas vai ter uma cabeça saindo da própria vagina – tentei rir mas logo fui atingida por mais uma contração e agarrei seu braço com força, cravando minhas unhas ali.

  - Acho que seria recomendável pedir para que cortassem as suas unhas já que pretendo ficar ao seu lado até o fim, caso o contrário, corro o risco de sair daqui sem meus braços – brincou acariciando de leve o meu cabelo. – I won’t let these little things slip out of my mouth, but if i do, it’s you, oh it’s you, they add up do, i’m in love with you, and all these little things...

Ele começou a cantar o refrão e depois o seu solo em Little Things e meus olhos se encheram de lágrimas enquanto meus ouvidos eram abençoados ao ouvir sua voz suave cantarolar no pé do meu ouvido.

  - Eu te amo – sussurrei quando a dor passou e ele continuou cantarolando.

  - Pode ter certeza que esse amor é totalmente recíproco. Meu coração é todo seu, Katherine. Eu te amo mais do que um dia pensei em ser capaz de amar alguém, e esse amor é tão grande, mas tão grande que até temos provas dele – ele disse com a voz meio falha e eu pude ver que ele estava chorando. Uma de suas mãos tocou minha barriga debaixo d’agua. – Essa é a prova do meu amor por você, do nosso amor. Agora eu tenho dois amores na minha vida. Você, e a nossa pequena Sophie que está à caminho.

Coloquei minha mão sobre a sua em minha barriga, totalmente afetada, abrindo um sorriso tão grande que por um segundo pensei que fosse capaz de rasgar meu rosto. Mais uma vez meus olhos estavam nadando em lágrimas.

  - Eu te amo – sussurrei mais uma vez, sem ter forças para falar mais alto que aquilo.

Ele se aproximou ainda mais de mim, sua mão que estava livre foi em direção ao meu rosto e ele enxugou minhas lágrimas, uma atrás da outra, todas que escapavam. Mesmo depois de conseguir dominar um pouco de minhas emoções, ele continuou fazendo carinho em minha bochecha e tudo o que pude fazer foi fechar os olhos e inclinar minha cabeça na direção de seu toque, aproveitando suas caricias. Fui pega de surpresa quando seus lábios macios tocaram os meus levemente. Permaneci com os olhos fechados e minha língua pediu passagem aos seus lábios. Nós nos beijamos de forma intensa e apaixonada, era como se fosse possível tocar todo aquele sentimento que emanava de um para o outro tamanha era sua força.
 Fui obrigada a partir o beijo quando mais uma fisgada me atingiu em cheio. Ri baixinho apesar de toda a dor. Não perdemos o contato, nossas testas estavam coladas uma na outra, a ponta de nossos narizes de tocavam. Abri os olhos e encarei aquelas belas íris verdes pelas quais meu apaixonei me encarando novamente com compaixão.

  - Eu te amo – ele sussurrou e seu hálito quente me fez querer beijá-lo novamente. E foi isso o que eu fiz quando a dor cessou.


 Estava deitada no quarto, nove horas e meia de trabalho de parto. Assistia a um programa qualquer na televisão junto com Harry que estava sentado na poltrona próximo a mim.

  - Eu vou comer algo, tudo bem? Eu prometo voltar logo – ele falou de repente.

  - Tudo bem – respondi e recebi um selinho demorado antes de ser deixada sozinha no quarto.


Ele voltou algum tempo depois comendo uma banana e tomando chá, ele parecia estar quase tão cansado quanto eu.

Olhei para o relógio na parede e marcavam exatamente onze e quarenta e quatro da noite, ele devia estar com sono.

  Observei-o sentar se na poltrona e descascar sua banana pelo lado contrário.

Ele olhou para mim e sorriu fechado enquanto terminava de engolir sua banana, suas pálpebras estavam pesada e isso era visível a cada vez que ele piscava e lutava para abri-las novamente. Retribui seu sorriso e dessa vez ele não lutou contra o sono.
Olhei para as minhas unhas, grandes demais. Se ele realmente for ficar ao meu lado durante o parto, é melhor que elas estejam pequenas, só por precaução. Comecei a roer as unhas enquanto esperava aflita para que acontecesse logo.

O reloginho na parede fazia um barulhinho de ‘tic tac’ irritante. Eu já não sentia mais dores tão fortes há um bom tempo e não sabia se isso era efeito do soro ou se era normal durante o trabalho de parto. Zapeei alguns canais na TV, fiz tranças em pequenas mechas de meu cabelos e cantarolei algumas músicas mas ainda assim o tempo parecia se arrastar.

 Mais uma olhada no relógio: 00h52min. Estava cansada mas não sonolenta. Meu corpo inteiro estava em alerta pelo que me esperava ali a pouco.

Harry dormia tranquilamente na poltrona a minha esquerda e eu o invejava por seu estado de paz.

Fechei os meus olhos e tentei alcançar a mesma tranquilidade que o dominava, por mais que fosse difícil por conta do meu corpo em alerta e rígido tamanho era meu nervosismo, pelas minhas mãos tremulas e suadas, mas no fim das contas, consegui canalizar todo o meu medo sobre o que me esperava a qualquer momento e me permiti ter bons pensamentos sobre como seria incrível poder ter minha menininha nos braços, poder sair dali, amamenta-la e ter uma boa noite de sono em casa.

 

 De repente eu senti uma pontada bem maior e mais forte e duradoura na altura do útero. Eu não gritei, apesar de que a dor fosse lancinante. Tinha em mente que passaria logo. Pelo menos era o que eu achava.

  - Me ajude – tentei gritar, mas a minha voz saiu falha e esganiçada devido ao pouco estoque de ar em meus pulmões. Sentei-me na cama apoiando minhas mão sobre ela para permanecer naquela posição. Inspirei o mais fundo que pude, coletando a maior quantidade de oxigênio que meus pulmões aguentasse então gritei uma única vez, o mais alto e mais forte que conseguir – Me ajude!

Harry despertou assustado e um tanto desorientado. Olhou ao seu redor e me encontrou gemendo agonizada na cama, olhando para ele. Hazza levantou e correu até mim, logo em seguida apertou o botão vermelho, de emergência, na parede.
 
 - O que aconteceu? – ele perguntou ofegante ainda do susto.

  - Eu... – soltei mais um grito de dor. Fechei os meus olhos com força enquanto tentava reprimir mais um grito de dor. A cada segundo ficava pior – Vai nascer! – gritei cravando minhas unhas em seu braço e por um segundo fiquei feliz por tê-las cortado, roído, tanto faz.

  - Ah meu Deus – Harry sussurrou e ele parecia meio esverdeado e totalmente desperto de seu sono interrompido.

  - Qual o ocorrido? – a enfermeira chegou às pressas no quarto com a sua inseparável prancheta nas mãos. Ela e Harry me ajudaram a deitar novamente na cama.

  - Vai nascer – Harry respondeu e mais soou como se fosse uma afirmação para si próprio.

Senti minhas bochechas em chamas tamanha era minha vergonha quando as fisgadas se tornaram mais frequentes, bem mais fortes e com intervalos consideravelmente menores. Eu gritei tanto que mais quatro enfermeiros entraram no quarto. Um enfermeiro segurou a minha mão, a que não estava atracada no braço de Harry, e me auxiliou a como respirar da maneira correta mediante a situação.
 
Minutos, que na verdade pareceram horas, se passaram até o momento em que o médico entrou na sala, pegou das mãos da enfermeira a prancheta, anotou alguma coisa e saiu novamente da sala.

  - Transfiram-na para maca – ele disse assim que voltou para a sala.

As enfermeiras ao meu redor abriram espaço para dois enfermeiros me pegarem e me colocaram na bendita maca.

Olhei rapidamente ao redor mas não conseguia encontrar Harry em lugar algum e de repente eu me sentia claustrofóbica dentro daquele quarto com tantas pessoas.

  - Sala de parto – o médico instruiu.

Tudo o que eu conseguia ouvir era barulho, muito barulho. Vozes vindas de todos os cantos enquanto meus olhos giravam na órbita. Fechei-os firmemente, mais uma vez, enquanto apertava, com toda a força que pude, as laterais da maca. Tentei reprimir o grito mas ele escapou levando junto todo o ar de meus pulmões. Respirar já era um ato difícil pois a cada vez que eu tentava exercer a tarefa mais fácil do mundo, a dor parecia se intensificar só pelo pequeno esforço. Ainda conseguia sentir os enfermeiros me conduzindo para a sala de parto, mas eu não conseguia encontrar Harry em lugar algum.

  - Inspire duas vezes pelos nariz e expire duas vezes pela boca – alguém instruiu.


 Fui posicionada entre os materiais de parto e os enfermeiros presentes. O médico sorria de modo tranquilizador, mas nada me ajudava. Eu gritava desesperada e tentava encontrar oxigênio.

  - Respire devagar pela boca, inspire duas vezes e expire duas vezes, calmamente. – fui instruída novamente e dessa vez o doutor demonstrava como fazer.

Eu segui seu exemplo só para ser interrompida por um grito que escapou de meus pulmões, aquela pontada parecia ter sido mais forte que todas as outras.

  - Está perto – o médico informou para um enfermeiro enquanto seguia para uma bancada para lavar as mãos.

Ouvi a porta sendo aberta e logo lembrei que havia alguém que não estava presente na sala.

  - Harry! – gritei e meus olhos foram a sua procura.

Uma mão grande e forte, vestida por uma luva, tomou a minha direita na sua e a puxou até a altura de lábios macios, depositando um beijo em meus dedos.

  - Estou aqui – ele respondeu.

Meus olhos caíram em seu corpo e eu vi que ele estava vestido como os enfermeiros presentes. Deduzi que sua ausência havia sido para se trocar.

Seu cabelo, assim como o meu, havia sido envolto por uma touca hospitalar, em seu pescoço uma máscara. Quanto ele seguiu meu olhar, rapidamente posicionou-a novamente cobrindo a extensão o de seu queixo até o seu nariz, e ele estava vestindo a mesma calça e camiseta verde que os outros enfermeiros..

  - Fique aqui comigo – eu pedi apertando sua mão com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos.

  - Eu ficarei – ele sussurrou perto do meu rosto. Em seus olhos um pedido de desculpas quando um grito não reprimido saiu de minha boca.


 Não demorou muito para que eu começasse a ser incentivada a fazer força, para que meus gritos se tornassem mais frequentes e agudos e eu sentisse algo me rasgando lá embaixo. A dor era tão insuportável que eu poderia jurar que a minha morte estava próxima. Eu fiz força enquanto esperneava em diferentes posições, os gritos pareciam me rasgar por dentro e estourar minhas cordas vocais.
 Sem sombra de dúvidas eu daria um trilhão de vezes a nota 10 por essa dor e agora eu entendia porque minha obsteta me achava meio louca por querer ter um parto normal, mas eu me lembrava que minha mãe disse que o parto normal fazia com que a mulher se sentisse mais... mulher.

Em meio a soluços, lagrimas, gritos, choros e dor, Harry estava ao meu lado segurando minha mão. Eu não conseguia abrir meus olhos para ver o seu rosto, a dor era tão avassaladora que eu nem ao menos conseguia exercer esse ato.

  - Respira fundo e faz força, eu acho que estou vendo algo – o médico disse.

*
  Uma vida inteira depois, eu ouvi um chorinho que fez com que meu coração parasse de bater.

  - Quatro horas e dezessete e sete minutos, saudável.

Por instinto abri meu olhos, e meus braços foram preenchidos por algo quente, macio e molhado.
Eu estava segurando a minha pequena no colo, tão pequena, tão frágil, encolhidinha em si própria.

A sala inteira ficou em silencio, exceto pelo chorinho que cessava aos poucos, e pela segunda vez em menos de três minutos o meu coração perdeu o compasso da batida novamente. Eu não tinha reação alguma, só sentia um calor emanando de cada centímetro do meu corpo. Eu jamais havia sentido aquilo na minha vida, era um amor tão arrebatador que não havia como explicar ou comparar com qualquer coisa que já foi sentida antes. Eu me sentia em combustão e poderia ficar para sempre ali, tendo-a em meus braços. Beijei o topo de sua cabeça e uma curva fraca apareceu em seu rosto. Meus olhos arderam e mais lágrimas vazaram deles banhando toda a extensão do meu rosto.

  - Parece que alguém gostou do carinho da mamãe. – eu ouvi a voz de Harry e nesse segundo lembrei que não estava sozinha no quarto com a nossa filha.

Agora que eu a tinha em meus braços, a palavra ‘mamãe’ parecia ter um sentido e um significado muito maior, ela me queimava por dentro tamanha era a intensidade do que eu sentia, um amor incondicional e jamais sentido antes.

  - Ela é incrível – eu sussurrei maravilhada.

Meus olhos rolaram até Harry e ele sorria em meio as lágrimas que encharcavam seu rosto tão perfeito. Ele estava com seu celular na mão e registrava todo o momento.

  - Como você – ele respondeu sorrindo.

Sem nenhuma sombra de dúvidas aquele era o melhor momento da minha vida, a melhor experiência que eu poderia ter. Ainda era meio surreal de tão perfeito que era e eu custava a acreditar que não era apenas um sonho.

  - Você quer segurá-la? – perguntei depositando mais um beijinho da testa dela.


  - Eu não sei como fazer isso – ele gaguejou.

  - Eu também não sabia, e ainda não sei bem ao certo, e além do mais você não sabe o que está perdendo – sorri e pisquei fortemente na tentativa de afugentar as lágrimas de felicidade.

  - Acho que eu posso tentar – ele secou as lágrimas com os pulsos enquanto eu me ajeitava na cama. – Mas antes deixe-me tirar mais uma foto, mas dessa vez eu quero um sorriso seu.

Logo após eu ajeitava Sophie em meu braços e uma enfermeira a tomava nos seus para passá-la com maior segurança e da maneira correta para os braços inexperientes de Harry.

Outro enfermeiro havia pegado o celular de Harry, a pedido do dono, para registar o momento em que ele pegaria nossa filha no colo pela primeira vez.

Meio sem jeito, ele tomou nossa pequena nos braços e eu jamais serei capaz de descrever exatamente o semblante que surgiu em seu rosto, era um misto de felicidade, prazer, amor, compaixão, tantos sentimentos juntos numa só expressão que era impossível decifrar ao certo o que era.

 Quando sua fase de hipnose esvaiu-se, ele sorriu de orelha a orelha e tentou aninhá-la novamente em seu braço.

Ele veio para o meu lado e se agachou para ficar na minha altura, segurou-a entre nosso corpo e selou rapidamente nossos lábios.

  - Ela é a melhor coisa que nós fizemos juntos – ele sussurrou para mim.

  - Obrigada por me fazer mãe.

  - Obrigado por me fazer pai.

Depois de alguns segundos de silencio, o médico se pronunciou.

  - Odeio quebrar o clima do momento, mas o assunto é crucial – ele pigarreou para chamar nossa atenção. – Ainda temos que retirar a placenta de dentro da senhora – ele gesticulou para mim. – E a sua bebê tem que ser levada para fazer os exames, pesagem e ser higienizada – ele concluiu tranquilamente o que eu não recordava.


*


 Estava deitada no quarto descansando, eu não havia descansado e já amamentava, o médico me informou que era crucial para Sophie que ela recebesse o leite materno o quanto antes, e por mais que eu estivesse a ponto de desmaiar de cansaço, ou entrar em colapso pela falta de descanso, eu estava lá, realizada, maravilhada e completa. Minha filha estava em meu colo, mamando! Sim, eu estava amamentando-a e isso é uma sensação louca e inexplicável, mas definitivamente adorável. Seu corpo pequeno e frágil repousava tranquilamente, se eu não sentisse-a sugando meu leite, acreditaria que ela estava dormindo.
 
 Eu me sentia numa paz tão imensurável que era impossível acreditar que havia passado por tanta coisa em menos de 24h. Eu me sentia completa, feliz e até responsável.

 Logo percebi que Sophie dormira. Ajeitei a pulseirinha de identificação em seu pulso antes de transferir minha atenção para a enfermeira que estava sentada na poltrona ao meu lado lendo uma revista.

  - Acho que ela já dormiu – respondi para a enfermeira.

Ela pegou Sophie no colo, pronta para levá-la para a maternidade.

  - A senhorita já está liberada para descansar. – ela sorriu sabendo que aquelas eram exatamente as palavras que eu queria ouvir.

Coloquei tufos imensos de algodão em meus seios para tentar controlar temporariamente o vazamento de leite. Harry havia se esquecido de pegar a malinha que eu havia deixado pronta para a hora do parto e agora eu tinha que me virar com o que tinha.

Não lutei contra minhas pálpebras, deixei que elas se fechassem para não se abrirem novamente tão cedo.


Notas Finais


Minha habilidade com títulos para capítulos ta cada vez mais deplorável, deuses!! Se tiver sobrado alguém: ME DESCULPEM, PELA MILIONÉSIMA VEZ!!! Espero que tenham gostado, sexta tem capítulo novo e me digam o que acharam, ok? ok. Amo vcs <3


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