LAURA POV
A noite caia e junto a ela vinha a finalização do segundo dia de gravação, nada de novo para mim já que havia feito diversos trabalhos na TV. Tínhamos feitos trechos aleatórios contracenados com coadjuvantes já que a atriz que daria vida a minha parceira faltara desde o dia anterior e alimentavas altas bocas malvadas.
Era como uma qualquer no set, profissionais não paravam um segundo para dar ''boa noite'', ou um simples ''oi''. Havia estado o tempo todo sozinha já que intensas dores impediram minha aproximação. Observava todos irem embora após um dia cansativo, a brisa fria arrepiava-me da nuca até os dedos dos pés enquanto o fone entupia minha mente de memórias insanas.
Notei os funcionários trancarem o local enquanto fumava numa praça próxima, eles partiram tão rápido quanto a música que enchia o local de vida, o preto e branco da cidade viraram intensas cores quando contrastados na perfeita sintonia do som e isso tudo enquanto as fumaças sumiam com o vento gelado.
Quando percebi a bateria acabar me toquei do horário, caminhei até o estacionamento e assim começou a minha noite. Revirei a bolsa em buscas da chave que abria o carro e me preocupei quando não encontrei-a, esvaziava os bolsos diversas vezes na esperança de ter deixado passar algo em branco até me tocar que havia esquecido no armário.
CACETE! -exclamei enquanto batia os pés no chão com fúria-
A esse ponto do campeonato sabia que exercitaria minhas pernas à caminho de casa, olhei em volta e percebi que meu veículo era o único no lugar, a rua estava tão vazia quanto o estacionamento, passei as mãos no rosto, recolhi tudo que havia jogado no chão e assim fui. A neblina fazia meus cabelos, agora negros, agregarem em meu rosto como imã, já molhados, escorriam pelo meu corpo, os passos lentos condiziam com minha excitação, o cansaço foi esquecido junto com a chave e a preocupação desaparecia na medida em que eu avançava...
O que faz uma morena tão bonita caminhar numa rua escura a essa hora da noite?! -dizia uma loira acompanhando-me dentro de um carro inteiramente preto-
O que faz uma loira tão charmosa parar para uma morena tão bonita enquanto dirige sozinha a essa hora da noite?! -respondi encostando na janela do passageiro-
Entra aí! -abriu a porta-
Que gentileza!
Gentileza foi o que sua mãe fez pro mundo...
Eu não te aconselho a dar carona pra estranhos assim tão fácil! -disse me aconchegando no lindo banco encourado-
Por que?! Vai me matar? -acelerou-
Quem te garante que não? -perguntei-
Você não seria capaz de tanta crueldade, seus olhos esbanjam doçura... -sorriu-
Nessa escuridão você arrumou esforços para reparar nos meus olhos? -falei num tom sarcástico-
Esforço seria se não notasse!
O carro silenciou-se por minutos, cada segundo que passava parecia uma eternidade na escuridão da cidade, a musica do rádio condizia exatamente com o local, os faróis fechavam a todo momento, pingos de chuva caiam do meu cabelo para o painel do carro tirando parte da minha atenção do seu belo sorriso.
Pra onde estamos indo? Pensei que me levaria até em casa! -disse confusa-
Eu não prometi nada... -sorriu maliciosamente-
Pra onde vamos?
Bem vinda ao meu estacionamento -desligou o carro-
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