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História Morpho Rhetenor - O Cuidador


Escrita por: disastrrs

Notas do Autor


Olá! /joga confetinhos
Se eu estou postando aqui novamente então significa que passei para a segunda fase do concurso. Ouvi um amém?
Enfim não sei o que dizer, só sei sentir. Quase que eu não ia postando mas no fim deu tudo certo, eu acho. Mas eu tive a sorte de pegar mais um couple com o meu ultimate, então foi um pouco mais facil.

a fanfic foi inspirada no filme Como eu era antes de voce, e tenho que admitir que foi um desafio para mim. Mesmo ficando perdida no começo, deu tudo certo.

E como já é de praxe, tenho que agradecer minha moimoi por ter me aturado a todo momento e por ter me ajudado com dicas.

E a minha beta linda que madrugou para me ajudar <3

Espero que vcs gostem e tenham uma boa leitura!

Capítulo 1 - O Cuidador


Fanfic / Fanfiction Morpho Rhetenor - O Cuidador

    

Upper West Side/Nova Iorque, 15/03/2016, 04h30AM



Nova Iorque sempre fora agitada. Nunca havia uma calmaria momentânea e se você a queria tinha que ir para um lugar mais afastado, como o interior, onde havia cidades tão pequenas e calmas, que poderia ser comparado ao Canadá, por exemplo. Mas naquela madrugada a agitação estava em demasiado para um dos habitantes.

Este estava deitado em sua cama de casal, tão grande para si, que deixava tudo mais solitário. Mas em meio ao breu ele olhava para o teto que era iluminado pela luz da cidade, tinha deixado a cortina aberta. Gostava de dormir olhando para fora daquele apartamento pequeno. Mas agora estava irritado. Irritado com o mundo e com o universo, poderia estar dormindo, mas um pesadelo invadiu seu sonho calmo e lhe faz acordar suado e com a respiração desregulada.

Minseok Mille, era o habitante que amaldiçoava até a décima geração dos que deixavam a grande Green Apple um inferno por suas buzinas e trânsito. O homem mordia o lábio inferior, nervoso por aquilo ficar mais alto em sua cabeça. Queria sair correndo dali; pensou com desgosto. Mas depois soltou uma risada irônica, porque não poderia sair correndo com uma perna e um toco, que há algumas semanas atrás era a sua perna esquerda.

Sua raiva se pôs a ficar mais intensa. O que fez o homem, com um rosto tão jovem para sua idade, ficar vermelho e derramar lágrimas. Desejando voltar no tempo... Desejando sua vida de novo.

E só minutos depois, Minseok caiu em um sono pesado, dessa vez sem sonhos.

O sol iluminava todo o quarto do rapaz, que ainda dormia, ou fingia tal ato. O quarto amplo de paredes claras e de pouca mobília feita de madeira, parecia ser um lugar calmo, mas era só a primeira impressão. Quem se aventurava a entrar naquele ambiente se deparava com uma melancolia, algo que lhe fazia olhar com pena para o rapaz. E talvez lhe dizer palavras de "conforto" como; "Tão jovem e já está passando por isso" ou "É uma pena, um garoto tão lindo como ele passar por essa situação". Minseok já estava cansando de tais palavras, ouviu por uma semana inteirinha. E naquele momento só queria se fingir de morto.

Sabia que a qualquer hora sua mãe chegaria em seu apartamento, o que já estava virando rotina. Mas não queria levantar, não queria ter que sentar em uma cadeira de rodas e ver que já não tinha mais uma perna. Minseok apertou os olhos com força, primeiro desejou novamente sua perna, mas depois desejou a morte daquele que jogara uma granada em seu comboio.

Enquanto pensava e tentava ignorar a falta da sua perna esquerda, a porta de entrada do apartamento foi aberta e fechada delicadamente. Era sua mãe. A única que permitira ficar no seu espaço, agora um tanto depressivo. Ela não lhe direcionava um olhar de pena que dá vontade de revirar os próprios olhos. Ao contrário, sabia como confortar o filho e como cuidar dele, mas não poderia se acostumar com isso pois a Minyoung, sua mãe, não podia viver em função de cuidar dele, a mulher tinha seu tão amado emprego de professora e o homem sabia que ela não poderia deixá-lo para cuidar de seu filho de 26 anos, mesmo que na aparência aparentava ter menos.

Perdido entre pensamentos, não ouviu quando bateram na porta do seu quarto e nem percebeu quando a mesma fora aberta pela mulher de sua altura e cabelos castanhos longos, parecia jovem para uma mãe que tinha um filho de 26 anos. Ela estava com roupas formais, algo estranho já que ela ainda estava de licença da escola em que lecionava, que ganhará quando seu filho havia voltado do Afeganistão, ferido por lutar por seu país.

Minyoung olhou o seu filho deitado, parecia estar dormindo mas conhecia sua cria, mesmo depois que ele entrou no exército e foi para a guerra, o seu menino não havia mudado. Pelo menos não tão drasticamente. Mas sabia a dor que ele estava enfrentando, tanto emocional como física, porém tinha consciência a qual tinha mais peso em Minseok. Sentiu seu coração apertar, mas não poderia fraquejar na frente do seu filho, só se permitia a isso quando estava na companhia de seu marido, onde se escondia no abraço quente do americano e deixava lágrimas caírem livremente, desejando a melhora emocional do seu filho. Tinha medo de perdê-lo. Respirou fundo e adentrou de vez naquele cômodo tão claro, mas tão... solitário.

— Min? Filho, acorde. — disse com a voz mansa e se sentou no lado vazio da cama, começando a fazer um carinho sutil nos cabelos castanhos do garoto, este que abriu os olhos com cuidado, já encontrando o olhar amoroso de sua mãe. Sorriu desanimado, sentindo os olhos encherem d'água. Minyoung soube que era um dia difícil, mas abriu um sorriso mínimo e Minseok soube o que era para fazer. Se ajeitou na cama com cuidado e deitou a cabeça no colo dela. — Quer falar sobre o sonho?

— Não. — respondeu diretamente, não queria que ninguém soubesse daqueles pesadelos — Você está arrumada. Vai para algum lugar, mãe? — Minseok comentou para desviar o assunto, só queria ganhar um pouco de carinho naquele momento. O que lhe acalmava.

— A minha licença acaba hoje, filho. — assim como seu filho, Minyoung não enrolava com as palavras, ia direto ao assunto. — Hoje eu vou te apresentar a alguém.

Só bastou soltar aquela frase para Minseok se remexer, o que deu a entender que ele queria se afasta. Ficou incomodado e desconfortável, não queria mais ver ninguém além de sua pequena família. Não queria ver novamente nenhum olhar de pena para si ou aquelas frases que o fazia ficar mais pior do que já estava. Minyoung parou com o carinho nos cabelos lisos dele e o ajudou a se sentar na cama. Vendo uma expressão dura surgir no rosto alheio.

— Quem? Mais um para me olhar com pena? Como se eu tivesse morrido!? — aquelas frases soaram completamente irônica. E era assim que Minseok estava, irônico e hostil, o que fazia sua mãe suspirar fundo e contar até dez.

— Não, Minseok Miller. — tentou soar calma e se levantou da cama, tirando os leves amarrotados que haviam surgido em sua roupa. — Você precisa de ajuda. Eu estou voltando a trabalhar e como você se recusa a usar uma prótese, precisa de alguém caso acontecer um urgência.

— Agora eu vou ter uma babá? Espera... O termo certo é enfermeira. — riu ironicamente e desviou o olhar para a parede, tentando controlar a raiva. Naquele exato momento se sentia um inválido, sentimento proporcionado por sua própria mãe. — Vai para o inferno. Você é pior que as tuas amigas.

As palavras de Minseok foram como espinhos sendo cravados em seu coração, mas não iria chorar. Apenas se virou e antes de sair do quarto, disse: — Esteja pronto em quinze minutos.— Fechou a porta e deixou seu filho preso em sua própria raiva.

Minseok continuou olhando para a parede, estava tentando evitar pensamentos que o atormentava desde que tinha voltado. Sua mãe não sabia, mas seu pequeno Min que partiu há três anos atrás não voltaria nunca mais, a raiva o consumia de uma forma tão catastrófica, mas nada que podia ser vista em seu exterior. Minseok mordeu fortemente o lábio inferior e se destapou, desceu o olhar até os seus membros inferiores e engoliu a seco ao ver o cotoco, ainda coberto por uma faixa fina. Mas logo desviou o olhar para a cadeira de rodas encostado do lado de sua cama e com um pouco de esforço se arrastou até a lateral dela, para assim se sentar na cadeira. Procurou buscar um pouco de fôlego, pois exigia um trabalho físico a mais, e destravou a cadeira.

Não se deu ao trabalho de mudar de roupa, aliás estava vestindo só uma bermuda que costumava usar para jogar nos finais de semana, então apenas vestiu a camiseta e foi até a janela, que ocupava quase a metade de sua parede. Um dos poucos luxos que se permitiu ter na vida.

Enquanto isso, Minyoung estava na sala a espera da Pessoa que iria cuidar do seu filho, ou esperava, na verdade depositava uma grande esperança sobre ela. Tinha esperança que essa pessoa iria fazer o seu filho melhorar. Estava andando nervosamente pela sala, seu salto fazia um barulho baixinho, mas já a irritava e quando foi para tirá-lo a campainha tocou. O que a fez atravessar rápido a pequena sala e abrir a porta, sorriu aliviada vendo o garoto.

— Yixing! Você chegou... — disse ainda mantendo o sorriso, que fez o garoto sorrir. Estava nervoso, nunca tinha cuidado de alguém com alguma deficiência.

— Sra. Miller. É um prazer reencontrá-la novamente. — se curvou respeitosamente para a mulher.

— Por favor, Yixing, pode me chamar de Young.

— Desculpe, Young. — Yixing sorriu um pouco envergonhado para mulher. Essa que deu espaço para ele entrar no apartamento.

— Fique a vontade, Yixing. — disse após fechar a porta. — Eu vou te mostrar tudo por aqui... O apartamento não é muito grande e você terá um quarto, caso precisar. — começou a explicar tudo para o garoto.

Como o apartamento era pequeno, não se demorarão nessa parte. Mas o novo cuidador de Minseok precisou anotar algumas coisas, por exemplo onde ficavam os remédios e algumas coisas essências.

— Ontem depois que conversamos, sua mãe falou que você é bem comunicativo. — Minyoung comentou após falar algumas instruções que havia na cozinha.

— Sim, Sra... Digo Young. Eu trabalhei em um café por seis anos, então, aprendi a lidar com... As pessoas. — era visível o nervosismo do menino. O que fez a mulher abrir mais um sorriso terno.

— Isso será bom... Venha, vou te apresentar ao Minseok. Mas antes... Quero lhe pedir desculpas, hoje não é um bom dia para ele. — sua voz saiu mais baixa que o normal, o que fez Yixing olhar para ela com atenção. Percebendo o choro engasgado na garganta alheia.

— Tudo bem, Young. Serei compreensível. — sorriu gentilmente, o que fez a mulher suspirar aliviada. Estava com receio de sua primeira tentativa não desse certo.

Mas Yixing, que era filho de sua amiga, parecia tão gentil e amoroso igual sua mãe. O que fez ela dispensar todos que se candidataram ao emprego de cuidador, assim, oferecendo um emprego ao mais novo. Minseok não precisava de um profissional e sim de um amigo. E ela viu isso em Yixing quando ele teve que acompanhar sua mãe no café que as duas iam se encontrar dois dias antes.

Minyoung parou na frente da porta que continuava fechada, o silêncio predominava e a tensão também. Bateu três vezes na porta, só de praxe. Não houve resposta. Então ela abriu a porta, revelando um quarto simples porém confortável, cores claras e um cheirinho bom de jasmim, flor preferida de Yixing. Mas ele desviou o olhar para a janela grande e o garoto que estava em frente dela, que estava de costas sentado em sua cadeira de rodas.

— Minseok?

— A babá já chegou? — falou de forma tão fria, que fez Yixing querer recuar, mas tinha prometido para Minyoung que iria tentar.

Minseok estava com raiva, sabia que sua babá tinha chego, ouvirá sua mãe dando algumas instruções. E estava empenhado a fazer aquela estranha sair de sua casa e nunca mais voltar. Com um sorriso irônico, virou sua cadeira com cuidado, esperando ver alguma carranca na cara da enfermeira. Mas se surpreendeu quando deu de cara com um rapaz. Ele era um pouco mais alto que sua mãe, mas tinha traços asiáticos, Minseok imaginou que ele seria da China. Seus olhos não demonstravam nenhum sentimento, mas reparou que ele apertava as mãos como sinal de nervosismo.

Não seria difícil tirar aquele estranho dali. Parecia fácil deixá-lo mal o suficiente para querer sair correndo dali.

— Ótimo! Minha mãe contratou um cara para ficar limpando a minha bunda.— o comentário de Minseok foi desconcertante, tanto para sua mãe quanto para Yixing. Mas ambos resolveram ignorar.

— Minseok, esse é Zhang Yixing. Ele será o seu cuidador, por favor seja gentil com ele.

— Ultimamente eu sou a gentileza em pessoa. — Yixing percebeu a ironia, o que o fez dar um sorriso mínimo e se curvar.

— Prazer, Minseok.

— Prazer é só na cama, Yixing. — respondeu com um sorriso irônico.

— Chega, Minseok! — Sua mãe interrompera aquela respostas irônicas de seu filho. — Preciso ir para a escola agora. Yixing, qualquer coisa que precisa, não hesite em me ligar. — disse enquanto ia até o seu filho e deixava um selar em sua testa. — Passo aqui à noite, tá?

Minseok assentiu, ainda mantendo um olhar duro sobre Yixing. Sua mãe logo se afastou e se despediu brevemente, assim partindo para fora do apartamento. Tudo estava em silêncio, ambos se olhavam e Minseok declarava guerra com o olhar. E Yixing, esse não transmitia nada. Aprenderá a mascarar suas emoções quando queria e aquele momento era adequado para por em prática o que aprendeu. Minseok parecia uma pessoa difícil de se lidar.

O breve silêncio só foi quebrado quando ouviram a porta de entrada ser fechada, o que fez Minseok suspirar, antes de dizer: — Me deixe sozinho. Por ora, não vou precisar de nenhuma ajuda. Mas te chamo quando precisar ir no banheiro… — aquele contínuo sorriso irônico e irritante estava novamente em seus lábios, estava empenhado em irritar aquele garoto.

Yixing nada disse, apenas se curvou e saiu do quarto, deixando a porta aberta. Fechou os olhos, os apertando com força se perguntando onde tinha se metido. Estava tão desesperado por um emprego, já que fora demitido do seu antigo trabalho porque o estabelecimento iria fechar. Acabou aceitando qualquer um e agora não poderia perder esse.

Ele precisava tanto daquele emprego, vivia só com sua mãe e seu irmão Luhan de cinco anos em Chinatown e precisava ajudar nas despesas em casa. Era nesses momentos que sentia falta da China, onde era seu verdadeiro lar. Frustrado bagunçou seus fios e se dirigiu até a sala, onde sentou no sofá do lado de sua mochila, que tinha deixado lá por pedido da Minyoung.

Pegou seu celular e digitou uma mensagem o quanto desesperada para sua mãe.


[25/9 9:00] Eu não vou conseguir, mama. Já quero sair correndo daqui.

[25/9 9:05] Mama: Claro que vai conseguir, Yixing. Dá uma chance para o Minseok, se aproxime aos poucos.

[25/9 9:06] Como eu irei fazer isso? Parece que ele quer me ver fugindo daqui.

[25/9 9:15] Mama: Ele precisa de ajuda, não apenas física. E a Minyoung confia em você para isso.

[25/9 9:15] Mama: Você pode fazer isso. Eu sei que pode.

[25/9 9:16] Tudo bem, mama.


Yixing suspirou e deitou a cabeça no encosto do sofá, olhava para o teto, pensando em como poderia se aproximar do rapaz.

Minseok ainda olhava para rua, sentia—se raivoso mais que o normal e aquele desconhecido havia piorado tudo. Se perguntava a quanto tempo sua mãe procurava um cuidador para si e onde tinha encontrado aquele chinês que parecia ser mais novo.

Pela décima vez respirou fundo naquela manhã interminável, queria que chegasse logo a noite para ficar sozinho. Sozinho com os seus pensamentos e com sua loucura que crescia dentro de si. Não sabia que horas eram ou a quantas horas já estava ali olhando para fora. Por vezes se pegava lembrando das corridas matinais que fazia naquele parque ou as viagens que já fez.

Seus olhos já começavam a arder, iria novamente chorar. Parecia que estava chorando tudo que não chorará há 25 anos, mordeu o lábio inferior com força em uma tentativa de prender as teimosas lágrimas. Precisava se distrair, então foi até seu criado mudo e pegou seu notebook que ficava ali em cima, caso ele precisar de madrugada. O ligou, indo diretamente para um site. Um site dedicado totalmente às borboletas, uma das paixões de Minseok. Podia passar horas lendo cada artigo, vendo vídeos e fotos, que o fazia esquecer do mundo completamente. E que lhe deixava calmo e imaginando como seria ver cada espécie de pertinho voando sobre si.

Estava tão entretido com um artigo sobre a Morpho rhetenor, uma borboleta que o encantou de tal forma, sua cor azul parecia tão viva na foto, as da cor azul eram lindas, mas nada que se comparava a ela. Perfeição, era assim que a via. Lia o texto, contendo informações básicas do inseto, tão concentrado que não ouviu entrar Yixing no quarto e só soube de sua presença, quando o garoto deu batidas em sua porta o que fez levar um susto e olhar com medo para porta.

E assim que o viu de pé ali, o medo foi substituído pelo nervoso.

— Mas que merda, garoto! Não sabe entrar sem me dá um susto? — disse grosseiramente, enquanto jogava o notebook na cama e ia até perto do Chinês.

— Me... Me desculpe, sr. Miller... Eu não quis...

— Para de me dar explicação. — interrompeu já sem paciência . — O que queres?

— Eu vim lhe avisar que o almoço já está pronto. Eu não sabia se o senhor já havia tomado café da manhã, então...

— Você cozinhou? — perguntou curioso para o garoto que já demonstrava um leve embaraçamento.

— Sim, sua mãe disse para ajudar na casa, já que o senhor não quer mais nenhum estranho aqui. — explicou-se, ainda nervoso.

— Pare de me chamar de me chamar de senhor. Só porquê agora tenho só uma perna não quer dizer que eu sou velho. — Minseok falou tão sério quando falava com os outros soldados de seu antigo pelotão. — Não entendo porquê ela te contratou, então...

— Desculpa, Minseok.

Minseok observou melhor aquele chinês, não entendia o motivo daquela raiva, talvez por ser tratado como um inválido lhe deixava assim. Mas não podia descontar toda sua raiva naquele chinês, ele não tinha culpa de nada. Então suspirou, um pouco cansado e se permitiu relaxar. Esquecendo a ideia de o fazer correndo dali, Yixing podia precisar do emprego e ele iria arruinar a oportunidade de ele ganhar um bom salário.

— Escute, Yixing... — ele disse, agora com uma voz calma. — me desculpe por hoje mais cedo. Eu não deveria ter te tratado tão rude.

Yixing se surpreendeu, não esperava um pedido de desculpas de Minseok. Esperava passar a semana em um inferno naquele apartamento, mas aquele pedido o acalmou e, de uma forma estranha, sentiu confiança em tais palavras.

— Não irei te julgar, Minseok. Estaria assim também caso acontecesse a mesma coisa comigo.

E pela primeira vez, Yixing viu o garoto dá um sorriso, meio envergonhado, mas não deixava de ser lindo aos olhos daquele que viu. Minseok não disse nada, apenas começou a andar com cadeira de rodas. Indo em direção à cozinha, acompanhado com o chinês.

O almoço foi silencioso, mas não era constrangedor. Eram dois estranhos almoçando juntos, não havia o que falar e nem o cuidador queria falar algo, queria dar espaço para Minseok. Este que comia com gosto a comida preparada, talvez, ter um cuidador que cozinhasse tão bem não iria ser de todo mal.

E assim como foi o almoço, a tarde seguiu silenciosa. Mas agora não tão tensa, de vez enquanto Yixing ia ver se Minseok estava bem ou se precisava de algo. A maioria do tempo o ex-soldado ficava no notebook lendo vários artigos e viajando entre fotos e vídeos.

E assim seguiu o dia, até a hora de Yixing ir embora. Deixando Minseok brevemente sozinho com os seus pensamentos, estes que o deixavam com dor de cabeça.



10 semanas depois.



Minseok não soube dizer quantos dias haviam se passado desde a chegada de seu cuidador em sua casa, aliás, ele nem sabia o dia certo que aquele chinês havia chegado. Mas era fato que já estava acostumado com a sua presença silenciosa. Quase nunca pediu ajuda para o seu cuidador, não queria depender dele mas tinha momentos que precisava deixar seu orgulho de lado. Como na hora do banho, tinha que pedir ajuda e com as bochechas vermelhas, deixava Yixing o tirar da cadeira de rodas e o despir.

Mas então, nesses momentos, via-se o mau humor presente de Minseok, o que era escutado por Yixing, em silêncio e só respondia, caso necessário. O cuidador não queria ampliar os palavrões ou palavras ácidas para uma briga maior, que destruiria o momento neutro que eles haviam desenvolvido. Eles só se suportavam.

Em uma tarde que fazia frio, Yixing estava jogado no sofá lendo um livro qualquer e ao seu lado, havia uma xícara quentinha de chocolate quente com algumas bolachinhas caseiras feitas por sua mãe.

Aprenderá a se distrair com outras coisas em momentos que não estava ajeitando o apartamento ou cuidando de Minseok. Mas interrompeu sua leitura para olhar as horas em seu celular, vendo que estava na hora de fazer uma vitamina que seu "paciente" tomava todos os dias, se levantou com um pouco de preguiça e foi até a cozinha para fazer a bebida. Não sabia como o mais velho conseguia tomar aquilo... O cheiro era tão desagradável para si, imaginava que o gosto deveria ser pior. Após de terminar de batê-la, colocou em um copo e seguiu até o quarto, como a porta estava encostada ele bateu para avisar que estava ali, mas não ouviu nada.

Então, um pouco já trêmulo colocou a mão no trinco e abriu cuidadosamente, não podia negar que sentiu um pouco de medo. Era visível que Minseok estava depressivo, nem sair do quarto queria mais, então pensava que poderia acontecer algo pior. Mas ele soltou a respiração (quem nem reparou que prendeu), aliviado em ver o mais velho dormindo calmamente, com um livro aberto ao seu lado.

Pensou em voltar, mas o vendo descoberto entrou silenciosamente no quarto, deixando o copo encima de um pequeno criado-mudo e foi até o armário, pegando uma mantinha para não deixar Minseok passando frio. Assim que foi cobri-lo, se aproximou mais para ajeitar a manta em seu tronco. Mas parou de fazê-lo quando observou o rosto alheio mais de perto. Sua respiração estava calma e batia em sua pele, deixando Yixing arrepiado. Mas se distraiu o observando, não podia negar que Minseok era lindo, seus olhos que o lembrava um de gato se destacavam, assim como sua boca pequena com lábios cheinhos. Mesmo magro em demasia por conta do acontecimento fatídico, não deixava de ser lindo.

Yixing se aproximava mais, sem pensar, apenas queria atender o seu desejo momentâneo de sentir a textura dos lábios de Minseok. Mas, Minseok, abriu os olhos.

— O que você pensa que está fazendo? — Disse um pouco rouco, mas estava com um tom bravo na voz.

Yixing que estava com os olhos fechados, os abriu rapidamente arregalando, lhe deixava com uma careta engraçada e se afastou rapidamente se curvando enquanto pedia desculpas várias vezes. O que fez Minseok revirar os olhos e pegar o livro que estava lendo, este que era sobre borboletas.

— Para com isso, Yixing.

— Desculpa, Minseok... Eu... Me desculpa.

— Para de se desculpar, idiota. Não repita mais isso, eu poderia ter te dado um soco. — ele falou sincero, pois sabia o quão fácil se assustava agora. — O que você queria?

— Eu? Eu... Eu vim trazer a sua vitamina. — apontou para o copo transparente com o líquido verde, que fez Minseok fazer uma careta de desgosto.

— Mas você estava dormindo... E

— E resolveu me beijar? — lhe interrompeu com uma pergunta em um tom sarcástico, vendo uma coloração vermelha nas bochechas de Yixing, que o fez rir levemente. Sem perceber que foi a primeira vez que riu depois do acidente.

— Desculpa... Eu só queria te cobrir. Eu…

— Você pare de pedir desculpas. E me passe aquele suco, por favor. — Pediu, se sentando sobre a cama. Fazia uma careta olhando para o copo e que ficou mais visível quando o pegou, levando até os lábios e tomando rapidamente todo seu conteúdo. Para Minseok aquela vitamina era uma da piores do mundo, mas foi receitado tomar todos os dias por seu novo nutricionista. Odiava o Dr. Wu.

Agradeceu baixinho e estendeu o copo até Yixing, que o pegou de volta, ainda se sentindo totalmente envergonhado. Queria ir embora o mais rápido possível daquele lugar, então em passos apressados foi até a porta, mas parou quando foi chamado por Minseok.

— Yixing, na próxima vez que for querer me beijar, precisa só pedir, tá? — seu tom foi tão debochado, que fez o chinês querer cavar um buraco e se esconder lá dentro para sempre.

O cuidador não disse nada, apenas continuou a sair apressadamente do quarto o que causou mais um riso em Minseok. Ele não ficou bravo por aquele quase beijo, não tinha o porque. Mas resolveu ignorar o acontecimento e voltou a ler o seu livro, mas ainda mantinha um sorriso.

Se distraiu tanto com o livro que nem viu as horas passarem e muito menos percebera que tinha começado a chover, como estava com o fone de ouvido não tinha nem escutado o barulho da chuva. Só notou quando deu um raio, o que lhe assustou ao ponto de deixá-lo tremer.

Respirou fundo tentando manter a calma, Repetia em sua cabeça que era só um trovão, nada mais que aquilo. Deixou o livro de lado e ficou observando a chuva, não ia mais se concentrar em sua leitura. Já estava distraído demais pensando em alguns momentos que tinha passado naqueles cinco anos de exército, lembrava das tardes de folgas que jogava futebol com outros soldados e de alguns conflitos que ao chegar ao fim, agradecia por ter sobrevivido. Sabia o quanto seus pais ficavam aliviados quando recebia uma ligação dele ou quando era dispensado para passar uns dias em casa.

— Você é bastante distraído. — a voz de Yixing lhe tirou de seus pensamentos um tanto distante, que o fez desviar o olhar para porta, onde o outro estava.

— Isso não importa. Quer tentar me beijar de novo, Yixing? — era visível que Minseok ainda iria usar aquele ato impensado para deixar o outro com vergonha.

— Não... Na verdade, eu vim avisar que eu já vou...

— Mas você vai com essa chuva? — olhou para fora, percebendo que piorou a tempestade. — Fique aqui essa noite. Você mora aonde?

— Chinatown.

— Então, é longe daqui. Não acha? — perguntou, franzindo o cenho, se perguntando o porquê Yixing vinha de tão longe para aquele emprego.

— Tudo bem... Eu vou ficar.

— Sabe onde é os quartos de hóspedes, certo?

— Sei sim. Hm... Você quer que eu faça o jantar?

— Não precisa. Minha mãe deixou uma sopa ontem na geladeira, então só a esquente.

— Tudo bem. Com licença.

Minseok viu Yixing se retirar e sumir pelo corredor, que já estava escuro. Suspirou cansado, não estava com nenhuma vontade de sair de sua cama naquele dia frio e sentia uma leve dor no seu cotoco, onde tinha uma recém cicatriz. E agora, se perguntava o porquê de Yixing vim tão longe. Às vezes, ficava curioso para saber mais sobre seu cuidador, e, agora que se sentia um pouco mais a vontade com ele, não via problema em desenvolver uma conversa.

Mas não aconteceu. Depois daquela curta conversa, nenhum dos dois conversaram, só trocaram poucas palavras durante o momento que Yixing ajudará o mais velho na hora do banho. O cuidador parecia está vermelho em demasia naquele momento.

E assim foram dormir. Trocando simples boa noite e ambos se aconchegado em camas quentinhas e sendo embalados com o barulho da chuva, que ainda continua forte.

Mas Yixing não sabia que Minseok tinha pesadelos recorrentes. E naquela noite, foi um gatilho para o mais velho, suas lembranças do acidente se tornaram mais vívidas em seu sonho.


Minseok estava em um deserto, ele conhecia aquele lugar. E reconhecia o comboio que estava em cima, via seus amigos sorrindo uns mais sérios porque estavam indo para uma zona perigosa. Mas outros não deixavam de fazer algumas piadinhas, para tentar tirar a tensão do grupo que foi montado por seu comandante.

— Minseok? Quer um pouco? — um soldado que estava em sua frente lhe estendeu um cantil de inox.

— Cara, você trouxe whisky pra cá? — soltou um riso fraco, com a cara de pau do soltado Park.

— Hoje pode ser o nosso último dia de vida, meu caro Minseok. — disse com um sorriso no rosto, o que causou o mesmo no outro

— Então, ao nosso último dia de vida! — Minseok pegou o cantil e deu um gole generoso na bebida. O que fez os outros que estavam no comboio sorrirem.

Minseok olhava para o soldado a sua frente. Olhava apaixonado. Ninguém sabia que os dois mantinham um relacionamento com aquele soldado, que também era descendente de coreano, porém  era mais novo que Minseok e se chamava Kim Jongdae. Mas era mais conhecido pelo seu nome de batismo: Matteo . Ele sorria para Minseok do mesmo jeito.

Mas, então, em um minuto estava tudo bem, já no seguinte houve uma explosão e Minseok sentiu como era voar, não entendia nada, alguns gritos de soldados se misturavam e Minseok já jogado no chão, olhava para o céu azulzinho, tentou se mover mas sentiu uma dor absurda em sua perna esquerda.

Tentou gritar por ajuda. Tentou levantar ou pelo menos sentar, estava agoniado e quando conseguiu se arrependerá na mesma hora. Viu Joe quase perto de si, desacordado. Seu desespero aumentou e já chorava pedindo por socorro, não estava pronto para perder Jongdae . Não queria morrer ali ou ver o seu amado morto.

Gritou tanto por ajudar, até que ouviu alguém lhe chamar, a voz estava distante... Mas parecia ser de um conhecido e cada vez ela ia ficando mais perto, o fazendo ficar confuso até que reconhecer que era de Yixing. Chorou mais ainda, queria tanto ajuda.


— Minseok? Minseok? Acorda. — Yixing parecia assustado, talvez, perdido também. Mas sentiu ser sacudido e acordou. Acordou mais uma vez de um pesadelo, mas só que foi o dia do ataque, o dia que perdeu sua perna.

Minseok olhou assustado para todos os lados, ainda sendo segurado pelos ombros por Yixing que o olhava preocupado, tinha acordado com os gritos do mais velho e correu achando que ele havia se machucado gravemente. Mas encontrou aquele homem, que naquele momento pareceu menor e indefeso, chorar e gritar durante um pesadelo.

— Min... Calma. — ele falou tentando deixar o seu tom de voz o mais calmo possível . — Você está seguro. Aqui comigo, certo? — Minseok o olhou, ainda assustado e não pensou duas vezes antes de puxar Yixing para um abraço, deixando mais lágrimas escorrerem enquanto escondia o rosto no peito nu do Chinês.

Yixing não se afastou, apenas o abraçou de volta e aos poucos foi se ajeitando ao lado de Minseok este que aceitou dividir aquele espaço, até ficar mais perto do chinês que se sentou na cama, fazendo carinhos leves em seus cabelos para acalmar o paciente, enquanto que mais tempo se passava menos intenso era o choro. Até que nada se ouviu, Yixing iria continuar ali mesmo que Minseok já tivesse dormido, não queria deixar ele sozinho.

— Yixing? — nunca ouviu ser chamado daquele jeito tão acanhado, o que fez olhar para o americano que o olhava. Deu um sorriso mínimo incentivando o outro a falar. — Desculpa... Por ter te acordado.

— Está tudo bem. — sua voz saiu mansa, o que fez o coração de Minseok se acalmar. — Quer conversar?

— Eu... Só tive um pesadelo do dia que eu perdi... A minha perna. — sentia um bolo na garganta, por ter revivido aquele dia novamente. — Foi tão horrível, Yixing...

Yixing o abraçou mais forte, deixando que o outro falasse o que quisesse. Minseok precisava de alguém que lhe ouvisse.

— Eu fui soldado por cinco anos. Mas fazia dois que estava no Afeganistão. — deu continuidade, sabendo que Yixing iria ouvir e se sentindo confortável para contar. — Digo, ia fazer dois anos esse ano... E no dia que estava acontecendo um conflito, minha equipe foi recrutada. Estava indo tudo normal, até que soltaram uma granada em nosso comboio.

Yixing o olhava quieto enquanto que ouvia tudo, não conseguia imaginar tudo que o mais velho passou e aquilo apertou o seu coração, queria o proteger.

— E foi tudo tão rápido... Jongdae estava perto de mim, só vi quando o resgataram primeiro. Eu fiquei tão assustado, estava sozinho... Fiquei com medo de morrer sozinho. — O choro recomeçou, mesmo Yixing curioso para saber quem era Jongdae, não fez nenhuma pergunta. Apenas voltou a fazer carinho em Minseok, tentando acalmá-lo. Acalmar sua alma.

— Shh... Estou aqui agora, Min. Você está seguro. — disse baixinho, afirmando que ele estava seguro e protegido.

E nada mais foi dito, apenas o silêncio era preenchido pelo som baixinho do choro de Minseok. Não importava quanto tempo passasse, o chinês não queria sair do lado daquele garoto, que era tão sarcástico de dia mas a noite parecia tão indefeso.

Não sabia quanto tempo estava naquela mesma posição, mas o mais velho não parecia querer soltá-lo tão cedo, o corpo de Yixing estava tão quentinho e confortável. Se sentiu bem ali, pela primeira vez se sentiu bem. E não queria ir dormir tão cedo, estava com medo de voltar a ter pesadelos.

— Obrigado, Xingie. — agradeceu baixinho, usando um apelido que já fazia tempo que o chinês não escutava mais.

— De nada, Min...

— Jongdae era meu namorado. — sussurrou, imaginando que o outro estava com essa dúvida. — A gente queria voltar pra cá, para casar, mas depois do que aconteceu... Acho que uns três dias depois, ele me viu na enfermaria e terminou comigo.

— Por quê? — Yixing se permitiu saciar aquela dúvida, sussurrando. O que fez Minseok levantar a cabeça e olhar para ele, dando um sorriso triste.

— Porque ele não saberia lidar com a minha nova condição física.

— Então, ele não te merecia... Não merecia o teu coração. — falou tão sério, que fez o coração de Minseok acelerar.

— Você acha?

— Eu tenho certeza, Min. — deu um sorriso lindo, deixando a mostra uma covinha em uma de suas bochechas. E deixando Minseok bobo. Ainda ficou alguns segundos admirando o rosto do Chinês. Alternava o olhar entre seus olhos e lábios, estes que eram cheinhos.

— Yixing? — lhe chamou mais uma vez.

— Oi?

Não disse mais nada, apenas aproximou seu rosto do dele até que ambas respirações se misturassem em uma só e seus lábios se tocassem timidamente, o que não demorou muito para o contato ser aprofundado. Suas línguas se entrelaçavam em busca de mais, o corpo de Minseok estava arrepiado, mesmo se sentindo levemente nervoso ainda dava continuidade a aquele beijo, que o deixava calmo e mais leve.

Uma das mãos de Yixing desceu até a cintura alheia, deixando um carinho significativo, enquanto mantinha o beijo lento e carinhoso. Minseok o apertava com um pouco mais de força, sentindo a pele quente daquele homem em sua mão e perto do seu corpo.

E foi ele mesmo que quebrou aquele contato, mas não foi nada repentino, foi algo leve, com uma simples mordidinha no lábio inferior do chinês e dando um selar, assim abrindo os olhos os quais se encontraram com os semelhantes e deu um sorriso tímido.

— Quer que eu durma com você hoje? – Yixing questionou carinhosamente, ao encostar sua testa no do outro.

— Quero... Por favor.

Yixing estava rachando o muro de proteção de Minseok.

Ambos se acertaram na cama de casal, Yixing não se incomodou em deitar e ainda continuar abraçado com o menor, mas ainda mantinham sustentar a troca de olhares. Eles sabiam que algo iria mudar entre eles e torciam para ser algo positivo.

Minseok não se sentia mais sozinho.

E novamente se beijavam, mas dessa vez pareceu algo mais necessitado. Tanto que Minseok não sabia mais dizer quem recomeçou aquele contato, que se aprofundava mais. Yixing acariciava a lateral do seu corpo, assim como Minseok fazia. Os dois estavam arrepiados e queriam mais, precisavam de mais.

Yixing o agarrou com carinho a cintura do mais velho e com cuidado fez os seus corpos rolarem, para ficar em cima. Entre aquele beijo, o chinês desceu os lábios até o pescoço alvo para começou a dar leves selares. Selares que faziam Minseok se arrepiar e apertar os olhos, ainda se sentia inseguro, principalmente quando sua camisa foi tirada. Revelando um tronco alvo, com algumas cicatrizes e um corpo magro demais. Mas Yixing não ligou, ao contrário, sussurrou um “lindo” olhando em seus olhos e voltou a beijar. Mesmo vermelho, Minseok ainda o olhava e viu quando os beijos foram parados em sua pélvis.

— Posso, Min? — Yixing perguntou preocupado, deixando um carinho em sua coxa esquerda, queria saber se deveria continuar com tudo aquilo.

Minseok acenou confiante e ganhou um sorriso lindo do seu cuidador, enquanto tirava sua boxer preta e ganhava selares em lugares que o fazia gemer e sentir sua excitação presente. Se sentiu vivo novamente.

E naquela madrugada, entre os trovões e a chuva que ainda se faziam presentes, houveram gemidos e dois corpos nus se chocando em busca de prazer.

Um prazer que nenhum dos dois havia sentindo antes.


《♡》


Naquela manhã, o dia estava nublado, ainda garoava fraco quando Yixing acordou, um pouco perdido por não saber momentaneamente onde estava mas ao olhar para o lado viu Minseok dormir calmamente, que o fez dar o sorriso e manter o olhar por cada traço daquele garoto. Levou sua mão até o rosto do outro, fazendo um carinho de leve em sua pele enquanto o observava em seu sono, aparentemente tranquilo.

Mordeu o lábio inferior, pensando em tudo que aconteceu, sabia que desde que viu o ex-soldado sentiu algo, mas não se permitiu alimentar tal sentimento preferiu se manter afastado e evitando as brigas bobas que o mau humor do outro causava. Tentava não se permitir, mas lembrando de cada contato íntimo que tiveram e como sentiu a confiança alheia sendo restaurada. Era impossível não se permitir aos poucos.

Ficou olhando Minseok até ele acordar, o que foi fofo quando deu um bocejo e coçou os olhinhos, ainda fechados. Só depois os abriu lentamente, dando de cara com o seu cuidador lhe olhando e se lembrou de tudo, o que deixou suas bochechas coradas.

— Bom dia... — Yixing disse com um sorriso lindo, mexendo com Minseok que se sentiu trêmulo.

— Bom dia. Para de me olhar assim, idiota. — disse se fingindo de bravo, mas fez o outro rir. E se aproximar para roubar um selar breve do mais velho.

— Dormiu bem?

— Dormi... Eu sonhei com borboletas. — sorriu minimamente ao lembrar do seu sonho.

— E o que elas faziam? — Yixing, ainda próximo fazia carinho nos cabelos bagunçados de Minseok.

— Elas voavam sobre mim... Eram minhas borboletas preferidas.

— Você gosta de borboleta, Min? — perguntou baixinho, fazendo o coraçãozinho de Minseok acelerar por ouvir seu apelido sair daqueles lábios.

— Eu sou apaixonado por elas... Mas amo as azuis.

— Então foi com elas que você sonhou? — Minseok assentiu, um pouco mais envergonhado, mas se aproximou e abraçou Yixing. Seu corpo ainda se mantinha quente.

Ambos ficaram em silêncio. Cada um com os seus pensamentos confusos mas tão organizados. Yixing se permitiu sentir algo pelo Minseok. E esse estava se permitindo dar uma chance de ser feliz.

— Min... Eu acho que eu estou me apaixonando por você.— o silêncio foi quebrado com aquela frase que acelerou o coração de Minseok.

— A recíproca é verdadeira, Xing... — sussurrou, olhando em seus olhos e lhe deu um beijo de leve. — Obrigado.— Agradeceu, em um sussurro. se aconchegando nos braços do rapaz.

— Pelo o que, Min? — Yixing perguntou curioso.

— Por ter aceito ser o meu cuidador. — disse, antes de abrir um sorriso largo.



Cartagena/Colômbia 18/06/2019 15h30PM



A tarde estava propícia para ficar jogado na rede, sentindo a brisa gostosa que vinha do oceano. Para muitos estavam propício. Mas para Minseok e Yixing, os dois moradores recentes daquela cidade, significava outra coisa. E isso incluía rolar pelos lençóis brancos e preencher o quarto com gemidos e palavras de amor sussurradas.

E entre a ápice, Minseok sussurrou um eu te amo entre a respiração entre cortada, o que fez Yixing sorrir tão largo quanto a primeira vez que tais palavras foram ditas e ouvidas.

— Eu amo você... Mais. — sussurrou em seu ouvido e riu, ao levar um tapa no ombro e ser xingando de idiota.

— Irritante quando você fala assim. É óbvio que eu te amo mais, seu idiota. — reclamou Minseok, formando um bico em seus lábios, que foi mordido levemente.

— Você é lindo, Minseok. — Yixing disse olhando em seus olhos e se retirou cuidadosamente de dentro do mais velho. O que causou um gemido de prazer em ambos.

— E você é idiota, Yixing. — rebateu, não estavam brigando. Mas Minseok tinha o seu jeito próprio, o que fazia o chinês rir. — Porém, é um puta de um gostoso.

— Safado!

— Que ama você. E que você ama. — disse entre um riso convencido e se sentou sobre a cama.

Minseok lembrava de tudo que havia passado e parecia que nada aconteceu com ele. A entrada de Yixing em sua vida foi a principal causa dessa impressão, o garoto havia mudado sua vida de uma forma tão positiva.

Após eles se conhecerem melhor e perceberem que seus sentimentos eram verdadeiros, Minseok se sentia mais leve e em menos de seis meses já estava saindo. E aceitando a ideia de começar a usar uma prótese, mesmo que no começo só usava com calças, por vergonha de si mesmo, fora incentivando pelo Yixing a usar até bermudas sem ligar para qualquer comentário alheio.

Yixing o encorajou tanto nesses quatro anos que estavam juntos e se estava morando em Colômbia agora, era por causa de Yixing, que quando ele fizeram um ano de namoro, lhe deu de presente uma viagem para o país, para Minseok conhecer a tal borboleta azul que tanto gostava.

Só tinha a agradecer o chinês por ter mudado sua vida. Claro que algumas cicatrizes mentais causadas pela guerra, não iriam desaparecer mas apareciam com pouco frequência. E quando apareciam, Yixing, o amor da sua vida e seu anjo cuidava de Minseok com carinho e amor.

Minseok olhava fixamente para a parede azul claro do quarto do casal e Yixing sabia que ele estava se perdendo entre pensamentos, então, começou a beijar seu braço até chegar no ombro, onde deu uma mordida de leve. Chamando atenção do americano que o olhou e deu um sorriso, um largo que mostrava pequenos dentinhos branquinhos. Um sorriso infantil.

— Um beijo pelos seus pensamentos. — disse, sorrindo junto com ele.

— Só um?

— Todos que você quiser, meu amor. — Minseok riu, estava completamente feliz.

— Estava pensando em você. Em nós. E nas borboletas azuis.

— Hm... Tópicos interessantes.

Minseok continuou em silêncio olhando para Yixing, tudo naquele chinês o encantava, principalmente quando ele sorria e aparecia um pequeno buraquinho em sua bochecha esquerda, o que lhe deixava mais lindo. Mas além de sua beleza externa, Yixing tinha a sua beleza interna, o garoto tinha um coração grande e gentil. E cada sentimento dele era uma preciosidade, assim com suas borboletas azuis.

— Obrigado, Yixing. — falou baixinho, quebrando o breve silêncio. Fez um carinho rosto do mais novo, que o fez sorrir, antes de beijar seus lábios com carinho e amor.

— Pelo o que, meu amor?

— Por ter entrado na minha vida.

E nada mais importava para os dois. Aquela tarde era só deles, não existia trabalho e muito menos faculdade. Era Minseok e Yixing, dois amantes se amando em uma tarde gostosa.

E que Minseok acreditava fielmente que a borboleta azul deu sorte à ele para encontrar Yixing. A borboleta que voou sobre antes de desmaiar de dor no dia do ataque, era de um tom azul tão vivido.

Nunca soube como ela havia aparecido lá. Ou talvez estivesse delirando, mas parecia tão real... Que nunca duvidou do que tinha visto.

A Morpho rhetenor lhe deu sorte para encontrar o amor de sua vida.


Notas Finais


Então... por hoje é só.
Espero que tenham gostado.
E até a próxima!


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