Luhan chega em casa cambaleante, sentindo os efeitos do familiar desconforto após o serviço. Deixa sua bolsa de camurça cor- de- rosa no chão e entra debaixo da água gelada do chuveiro - costumava reclamar da água quente não chegar à sua moradia, mas convenceu-se de que era bom o bastante, visto que muitas das casas que o cercam nem ao menos acesso à água têm. Pragueja, franzindo a testa com a dificuldade de fundir dois pequenos pedaços de sabonete em um único que seja decente o suficiente para que lave uma de suas finas pernas. Ao molhar os cabelos a tinta magenta escorre por suas costas, mas o garoto apenas revira os olhos - desde o início ele devia ter confiado em seus instintos femininos e não usado a tinta barata do salão de bairro de Jin. Fecha os olhos e deixa que a água limpe sua pele macia, porém mal tem tempo de começar a se sentir em um comercial de condicionador quando a cortina do boxe é aberta abruptamente.
-Ei! - dá um grito estridente, cruzando as mãos em frente ao peito.
-Já está aí há quase dez minutos - Tao reclama.
-Com licença, o dinheiro de quem paga esta água aqui?
Tao revira os olhos e fecha a cortina novamente. Luhan termina de enxaguar a espuma rosada de seu shampoo e sai logo do banheiro, vestindo um roupão branco e pantufas de joaninha. Dá um tapa na mão de Tao ao se deparar com este mexendo em sua bolsa.
-Não encoste nas minhas coisas - ameaça com os olhos semicerrados, mesmo que seja praticamente um rato ao lado do outro.
-Preciso saber quanto ganhou.
-Não seria mais fácil perguntar? - revida, puxando o mais violentamente que sua força permite a bolsa das mãos de Tao.
-Você não responderia, e eu preciso de dinheiro.
-Para quê?
Tao arregala os olhos e ergue as mãos, como se fosse completamente óbvio.
-MC Jangnangam não faz shows de graça, querido!
Luhan contrái os lábios, e por fim resmunga:
-É para pagar o tratamento daquele cabelo de duas cores que o ridículo usa.
-Pelo menos o cabelo colorido dele é um pouquinho decente, não é mesmo, querida?
Como que para provar um ponto, Tao levanta- se de seus joelhos e passa o polegar pela bochecha do menor, o mostrando o dedo manchado de tinta. Antes que ele possa retrucar, a porta se abre e Baekhyun entra feito um tiro, jogando um pequeno bolo de dinheiro na mesa de centro e se deitando no sofá velho.
Tao conta rapidamente as cédulas que o outro trouxera.
-R$ 400? - pergunta com cara de desprezo.
Baekhyun ergue o rosto ligeiramente e dá de ombros.
-Foi só um boquete.
Tao arca as sobrancelhas e deixa o dinheiro no lugar novamente. Luhan ergue sua carteira de oncinha com um meio sorriso orgulhoso.
-R$ 1000 e mais alguns brinquedinhos que ele esqueceu de pegar de novo.
Os outros dois o encaram, um sinal de interrogação quase visível acima de suas cabeças. Luhan ergue um ombro e se senta em uma banqueta com as pernas cruzadas, cuidando ao extremo para não despencar dali, visto que um dos quatro pés havia quebrado há muito - e, depois da noite que teve, não pode se dar ao luxo de sentar-se propriamente.
-Uma coleira, um laço e uma lata de chantilly.
Baekhyun arregala os olhos e senta- se num pulo, perguntando- se o porquê de Luhan sempre ter melhores clientes do que ele. O do cabelo colorido faz cara de pouco caso.
-Como você consegue isso? - Tao questiona.
Ele não é desse meio, mas convive com os amigos que são desde que se entende por gente. Sabe das coisas.
-Ah, nem é nada demais - Luhan diz, abanando as mãos. - O chantilly é daqueles amanteigados, gordurosos, deixa a pele mais melada do que lubrificante de farmácia, bem horrível.
Baekhyun dá um meio sorriso e se deita de novo. A porta se abre e Chen deixa uma sacola na mesa de madeira descasada ao lado da janela.
-São as coisas que te pedi? - Luhan o pergunta sem se preocupar em cumprimentá- lo.
-É o almoço.
-Você não trouxe o que pedi?!
-Sem almoçar, mal teria energia para usar as coisas que pediu. - Chen diz e se senta na ponta da mesa. - E de nada, a propósito.
Sem mais palavras, os três garotos o seguem para a mesa e abrem as duas marmitas de alumínio. Tao reclama ao que seu irmão, Chen, não o deixa lamber a tampa do recipiente que comporta o estrogonofe de carne, alegando que pode o causar dores nos dentes novamente. Após uma breve discussão sobre o desperdício do molho que fica contido na tampa, Baekhyun cala os irmãos e todos almoçam em silêncio.
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