Contar para a família foi inesperadamente calmo e fácil,os dois estavam nervosos e receosos do que falar realmente.
No entanto,quando chegaram na casa todos já os esperavam na sala... já sabiam de tudo.
Luzia se encarregara de ajudar o casal com isso,contou tudo desde a verdadeira paternidade de Olívia,até o envolvimento dos dois..
O primeiro a se impor foi Santo,levantou com rosto sereno e abraçou a moça."Não importa o que aconteceu...eu sempre vou ser teu pai".Foi o que ele lhe falou.
Seguido pelo sorriso de conforto de toda a família,que aceitava sua união.Veio a hora de contar mais uma novidade uma talvez mais inesperada..
A vinda de mais um dos Anjos para aquela casa!
Assim que Olívia terminou de contar,todo mundo já estava em festa.Isabel foi a primeira dessa vez,indo abraçar os dois e deixando bem claro que se não fosse a madrinha ia ficar de mal deles.Fazendo -os rir .
A avó desejou felicidades e disse que já ia começar a fazer as roupinhas.
Santo sorria mais que todos,abençoou os filhos.Pouco lhe importava que um deles fosse apenas de coração..
Seguido disso veio a conversa com Tereza,a encontraram na cidade.Na verdade já não era degredo que eles não eram irmãos,a própria mãe de Miguel já sabia,tomou o maior susto quando soube pelo falatório alheio deles dois..
Mas o mais importante mesmo foi o ataque de choro que teve quando soube que seria avó.. abraçou os dois com força rindo e dizendo que não via a hora de começar a mimar o neto ou a neta.
Uma semana depois,a barriguinha de Olívia já era praticamente uma estrela, parecia literalmente que o pequeno tinha se empolgado por todos já saberem de sua existência,pois a mesma tinha despontado de uma hora para a outra.Ao andar em casa todos que passavam paravam para paparica-la ou para passar a mão.Já tinham tido a primeira consulta do pré natal e basta dizer que Olívia quase morreu de chorar ao ouvir o coraçãozinho bater rápida e ritmadamente(embora o papai também não tenha ficado muito para trás).
Ela estava realmente uma grávida linda,era o que todo mundo que a via dizia,principalmente o que sempre dizia Miguel.Os dois já tinham planos de morar juntos,muito embora ninguém quisesse que saíssem dali,sabiam que teria que ter seu próprio cantinho...
Assim como a gravidez,o relacionamento deles fluia muito bem ,estavam namorando.Muito embora fossem morar juntos e só esse fato já elevasse para algo mais..
Havia amanhecido meio nublado naquele dia,não era de se espantar naquela época do ano..Miguel juntamente com o pai havia saído para resolver algumas coisas em Salvador, referentes ao plantio das uvas (fora a colocação do projeto deles em prática finalmente).
-Eu volto logo,mas tu não se esqueça,sem teimar e principalmente sem fazer nenhum trabalho pesado,hein Olívia?-ele recomendou depois de beija-la e acariciar sua barriga,ela revira os olhos reprimindo um riso.
-Sempre exagerado.-ela fala.
-Não se preocupe Miguel,eu tô de olho nessa menina.-fisse Isabel entrando na sala e sentando no sofá .
Ele riu ao ver a namorada bufar, deu mais um beijo nela e saiu apressado.
-Desde quando tu também tá do lado dele?-pergunta a mais velha .
-Desde que ele tem razão..tu é muito teimosa criatura!fica pra lá e pra cá,você tá grávida,tem que se aquietar!fora você já ter feito muita coisa perigosa no início.-Bel diz abrindo um livro que tinha nas mãos.
Ela não teve como rebater aquilo..era bem verdade que tinha feito muita coisa imprópria.
Foi até a cozinha ver o que estava fazendo sua avó.Chegando lá se surpreendeu ao vê-la arrumar uma bandeja com comida.
-Pra quê isso,vóinha?-ela perguntou se aproximando.
-Pra tua mãe...ela anda sem se alimentar direito..-ela diz.
-Eu não sabia disso.-confessa ela.
-Pois é..ela anda sem ânimo pra nada ultimamente.Acho que se sente culpada...-disse terminando de colocar na bandeja a comida.
-A senhora tá ocupada,me dê que eu levo pra ela..-disse Olívia.
A senhora sorriu e entregou a ela.
-Mainha?-ela perguntou baixinho ao abrir devagar a porta.
-Oi,minha filha..-ela respondeu quase sussurrando.
Ao adentrar totalmente o ambiente escuro, ela pôde ver que a mãe se sentava na cama ao vê-la.
-Trouxe comida..a senhora tá doente?-pergunta ela.C colocando a bandeja em cima da mesa de cabeceira e sentando na ponta da cama.
-Não , Olívia..mas obrigada por trazer.-fala ela sorrindo minimamente para a moça.
O silêncio se pôs sobre elas.
-Tá crescendo rápido,né?-ela aponta a barriga da filha e ri um pouco.
-Pois é,parece que engoli um girimum.-fala.
As duas riem.
A mãe toca na barriga dela e sorri.
-Tu acha que é o quê?-pergunta.
-Não sei..na verdade nem penso muito nisso,Miguel e Bel que ficam o dia todo especulando.-fala sorrindo um pouco ao lembrar disso.
-Você vai ser uma mãe boa..espero que melhor do que eu fui..-diz Luzia.
-Mainha..
-Não precisa me aliviar,Olívia,eu sei da minha culpa...logo não vou mais me intrometer na vida de ninguém.-ela diz.
-Como assim?-pergunta.
-Meu casamento tá por um triz minha filha...eu tenho noção disso.-fala tristonha.
A primogênita está prestes a falar algo,quando a porta abre com barulho e Bel entra.
-Olívia,é da cooperativa querem falar com painho.-diz.
-Tá bom, eu resolvo.-diz ela saindo rapidamente.
Após alguns minutos ao telefone ,pôs se a procurar alguns papéis em uma pasta de Santo que o mesmo deveria ter levado para os cooperados há algum tempo.Mas esqueceu e acabou saindo se o fazer.
Quase duas horas depois,finalmente ela achou os tais documentos ,catou a chave do carro(eles haviam ido no de Miguel)e saiu para o lado de fora.
-Aonde tu vai menina?-a avó que esyndia roupa perguntou.
-Entregar isso na cidade painho esqueceu.É pra cooperativa.-fala.
-Melhor ficar em casa,Olívia olhe a chuva que tá vindo...-ela falou.
Mas a neta já dava partida no carro e apenas acenou para a avó antes de acelerar em direção à Grotas.
Quando finalmente deixou os tais papéis na Cooperativa,o céu parecia estar em um tom de marrom tão escuro que parecia prestes a desabar,a chuva que vinha com certeza era muito forte.
-Mas tu vai voltar na chuva,menina?quando engrossar a estrada vai ficar uma buraqueira só.-disse Chico criatura.Que a viu saindo do prédio da cooperativa e foi alerta-la.
-Que nada,eu vou com cuidado Chico.-diz ela entrando no carro e acenando para ele.
Quando o carro entrou na estrada,ela buscou se apressar antes que começasse logo a chover e a estrada ficasse inviável.
Uma vez que o mesmo pareceu atolar em um local,ela tentou não se desesperar , respirou fundo tentando sair,sem sucesso.
Finalmente ,desceu do carro.Pegou-se supresa ao notar que não estava presa.Mas sim ,que um pneu de trás estava meio murxo.
Não tinha o que fazer não podia troca-lo e o carro simplesmente não ia.Então,pegando a chave da ignição e travando o carro,que por sorte não estava no meio da estrada ela saiu a pé até em casa(ligaria para o reboque mas havia saído sem celular nem bolsa).
Não estava longe da fazenda.Quando uma ligeira queimação na nuca evoluiu para quase um mal estar físico.Parecia que havia alguém a a observando.
Seu coração quase saiu pela boca,quando ao andar mais um pouco ,uma figura familiar(até demais)apareceu à sua frente.
-Sophie?!-ela parou de nadar,levando a mão ao peito,assustada.
A moça sorriu,parecendo desdenhosa.
-Vejo que os rumores são reais mesmo...nunca ia imaginar algo assim.Quer dizer que esse tempo todo, vocês não eram irmãos..-ela diz .
Olívia engole em seco .
-Também posso ver que não perderam tempo...-ela aponta para a barriga da outra.
A dos Anjos rapidamente a cobre com os braços.Como se pudesse evitar que aquela víbora"olhasse" para o seu filho.
-Se bem que pelo tempo, você já estava antes de eu voltar com ele..-ela faz uma análise indiferente à gravidez da morena.
-O que você veio ver aqui?-Olívia pergunta.
-Só vim ver de camarote o que está prestes a ruir..-ela fala chegando mais perto.
-Do que você tá falando?-pergunta.
-Da sua família ,ma chérie... não vai sobrar um pra contar história.-fala num tom estranho.
Olívia estava prestes a falar algo quando o celular da francesa toca.
Ela abre um largo sorriso ao ver o visor.
-Não pense que esqueci de Miguel..espero que aproveite bem esse seu romance e também o resto da gravidez que ainda tem... porquê essa criança não vai nascer...-ela sussurra venenosa no ouvida da filha de Santo.
Um arrepio sobe por sua espinha,uma estranha dor no peito a invade e Olívia fica desesperada.Algumas lágrimas lhe escapam,a angústia é estranha e machuca,como não se sentir mal mediante uma ameaça daquelas?
Normalmente vindo de Sophie talvez não,mas ela sentiu algo maior em jogo...ou talvez alguém mais perigoso.Mas quem se interessaria em ver a desgraça da família dos Anjos?a não ser que.. não,Afrânio não faria nada contra o bisneto..ou será que faria?
Andando meio grogue para casa,ela começou a se sentir mal no meio do caminho.Sentia dor no corpo e uma fraqueza fora do normal.Suas pernas não lhe obedeciam e ela estava já com medo de cair no chão.
Se apoiou na porteira da fazenda,escutou ao longe a voz de Miguel,estava imaginando?
-Olívia! Olívia!-a voz dele chamava .
A chuva já havia começado a cair e ela estava com a visão meio turva,quando avistou a imagem dele à sua frente,não estava muito longe.O que seria isso?meu Deus,será que estava abortando?sentiu o choro misturado com a chuva,era deu próprio medo,não podia ser aquilo...fechou os olhos e mesmo tentando não o fazer,soltou o portão.
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