História Mortal loucura - Onde apenas as palavras mais doces permanecem...

-Não precisa desse aperreio todinho não,eu tô bem..-Olívia repetia pela décima vez para a família.

-Olívia,tu desmaiou agorinha,precisa ir ao médico sim!-Miguel dizia decidido.

-Não...deve ter sido uma queda de pressão só,Miguel.-ela diz.

Está sentada no sofá da sala,o namorado sentado do seu lado segura sua mão preocupado.Isabel havia ido pegar um copo d'água pra irmã e Luzia e Piedade observavam a menina,m esmo em silêncio não deixavam de expressar sua inquietação.

-Mas como foi isso , Olívia?tu tava tão bem.-a avó diz.

-Tem certeza que não foi na Cooperativa? você não se sentiu mal lá?-Luzia pergunta.

-Tenho mainha...eu tava muito bem sim,eu acho que deve ter sido do susto sei lá..-ela diz.

-Susto?-Isabel voltava da cozinha com a água ,a entregando à irmã.

-Cadê painho,Bel?-ela tentou desconversar,sabia que não deveria ficar falando naquilo.

-Ele foi buscar dona Ceci pra ver você,mas nem adianta desconversa...que susto foi esse Olívia?-Miguel perguntou .

Ela respirou fundo olhando em direção a porta aberta,por onde entrava o sereno da chuva fresca.

-Sophie...-ela disse ficando em pé quase num pulo.Só o nome daquela mulher lhe causava arrepios.

-Sophie?o que tem ela..espera ela tá aqui?-Miguel perguntou surpreso.

-O que foi que aquela cobra importada fez agora?-Isabel cruzou os braços e fechou a cara.Não era segredo nenhum que ela provavelmente era quem menos gostava da francesa.

-O carro não funcionava e a chuva ia cair...eu vim a pé e senti uma sensação ruim,sabe?...ela apareceu..ficou me cercando que nem uma cobra,e eu queria revidar o veneno dela!mas parecia que eu tinha ficado petrificada,não sei..eu queria era ter avançado nela isso sim!mas aí ela olhou pra minha barriga e eu...meu Deus!parecia que ela podia fazer algum mal pra ele..e-e-ela  fa-falou q-que i-ia ...-as lágrimas irromperam e ela começou a gaguejar .

Mais do que prontamente, Miguel se levantou e foi até ela,a envolvendo em um abraço protetor e beijando o topo de sua cabeça.

-Essa garota não tem um pingo de juízo,só pode!-Piedade inrrompeu.

-Não é juízo que falta não vóinha... é vergonha na cara mesmo!mas isso Olívia e Miguel nem precisam se preocupar...uma mãozada minha naquela azeda e ela pega o beco na hora!-Isabel se pronuncia.

-Isabel!-Piedade repreende a neta.

-Isabel nada vó!ela ameaçou o meu sobrinho,isso que ela fez com Olívia foi pura covardia.-a caçula se pronuncia.

O casal que permanecia abraçado não falou nada,Olívia continuava em silêncio .E muito embora Miguel estivesse com raiva não pretendia deixar que fluísse junto com a de Bel ,a última coisa de que precisavam era que Olívia ficasse nervosa com aquilo de novo.

Alguns minutos depois Santo chega com Ceci ,que leva Olívia até o quarto para examina-la.Embora é claro que estivesse tendo acompanhamento médico,Ceci já havia feito muitos partos e acompanhado diversas mulheres grávidas.

Depois de um tempo a senhora sai do quarto da morena com o rosto não muito bom.

-A senhora sabe o que pode ter sido isso,dona Ceci?-Luzia  pergunta.S ua voz não era mais muito ouvida naquela casa,ela mal se manifestava e havia saído de seu estado de torpor somente por preocupação com a filha mais velha.

-Eu já vi e acompanhei muita mulher assim...cansei de ver tanto índia quanto branca,perder o menino assim do nada por causa dessas coisas... Olívia vai ficar bem sim,mas não é bom que ela passe por isso de novo.Seja lá o que tenha sido,a gravidez dela é de pouco tempo e qualquer coisa pode afetar a criança..-ela fala.

-Ah,meu Deus -Piedade fala.

-Mas o que foi que aconteceu pra essa menina passar mal desse jeito?-Santo pergunta.

-Sophie painho...foi isso que aconteceu.-Bel fala aborrecida.

Então a caçula foi contar a história para o pai, Miguel ainda sem falar nada  saiu silenciosamente até o quarto da namorada.

Sorriu genuinamente ao se encontrar na porta,sua morena estava de costas pra ele,de frente para o espelho alisando a barriga na roupa e a observando com um sorriso torto nos lábios fechados.

Sem dizer nada ele deposita um beijo em seu pescoço,ri um pouco ao sentir ela se arrepiar .Logo depois beijando desde sua nuca até próximo a sua orelha.Seus rostos ficam lado a lado e ela ri um pouco.

-Muito sorrateiro ultimamente.-ela diz.

Enquanto ele muda suas mãos que antes estavam em sua cintura,para sobre as dela em sua barriga.

-São as más companhias que fazem isso comigo...-ele brinca 

-Até parece que eu sou a má influência dessa relação..-ela se finge de brava.

-Agora você tá me chamando de má influência?-ele por sua vez se finge de ofendido.

-Se serviu ,faça bom proveito..-ela arqueia as sobrancelhas e ele sorri ,virando o rosto dela de encontro ao seu e depositando um beijo.

-O que acha dessa má influência?-ele pergunta.

-Acho que a gente pode negociar isso.-ela diz revirando um pouco os olhos.

-Negociar?-ele ri.

-É-ela se vira,ficando de frente para ele e puxando ele ainda mais para si,com um beijo nada calmo muito menos casto .Ela se apoia na nuca dele ,que por sua vez a puxa mais pela cintura para que seus corpos fiquem mais colados.

-Tem razão...eu sou má influência pra tu.-ele diz puxando o ar a fazendo rir ,ainda abraçada com ele.

-E ai,vocês estão bem?-ele pergunta pondo a mão na barriga dela.Que sorri.

-Melhores do que nunca,foi só um susto.-fala.

-Nem tanto,Sophie realmente passou dos limites dessa vez.-ele fala,tentando controlar a raiva em sua voz.

-Miguel...-ela fala.

-Nem adianta Olívia,isso não vai ficar por isso mesmo.-ele diz.

-Tu não vai atrás dela não,né?-ela pergunta alarmada e o olhando um pouco assustada.

Ele lembra agora claramente do que Ceci havia dito,nada de passar por aquilo de novo..

-Não se preocupe com isso,se depender de mim,Sophie não vai mais nem pensar em você.-sorri para ela,que retribui desanimada.

No fundo ela sentia um pressentimento contrário aquilo que ele lhe dizia.Mas não queria dizer -lhe tal coisa.Na verdade tentava fingir que nem mesmo ela sabia,mesmo que sentisse quase como um incômodo físico a ameaça silenciosa que era aquela mulher...fora todo o estresse daquilo que fizeram com seu pai,ainda não haviam culpados e tanto seu tio,como Santo se recusavam a tocar naquele assunto com ninguém.

Miguel observava a moça dormindo tranquila.Estavam no quarto dele.Muito embora ela ainda dormisse junto de Isabel , não era incomum ficar na companhia dele em seu próprio quarto agora.

Deposita-lhe um beijo na testa e sai decidido.

Quando já está com a porta do carro aberta ,sente uma mão em seu ombro.

-Oi ,pai.-ele fala.Se apoiando na porta e encarando o mesmo.

-Você não vai fazer nenhuma besteira não né Miguel?tu não vai atrás daquela moça não..-ele fala.

-Se Olívia acordar diga que eu fui ver minha mãe ,por favor..-ele fala já entrando e fechando a porta.

-Pensei que tu não pudesse mais entrar na casa dos Saruê.-Santo diz.

-O senhor sabe que mainha não tá mais lá,meu pai..não precisa fingir pra mim não.-ele diz.

-Eu..-Santo se surpreende.

-Eu apoio o amor de vocês dois,assim como vocês apoiaram o meu é de Olívia.. só não demore muito a resolver isso painho.Nem mainha nem Luzia merecem isso.-ele fala e sorri um pouco.

Santo sorri impressionado,Tereza realmente tinha criado muito bem o filho dele.Ele acente ainda calado e vê o filho partir no carro com um rastro de poeira.

Finalmente,depois de um caminho rápido e em alta velocidade,Miguel estaciona na cidade,a chuva não cai mais,porém o tempo ainda não é dos melhores.Por isso quase mais ninguém está nas ruas.

Mas qual é sua surpresa ao encontrar andando a esmo quem ele mais queria ver..

Sem dizer nada ele apenas a puxa pelo braço até uma rua deserta e pequena.

-Mas o quê...-apesar da surpresa,da para se ver a satisfação em sua voz ao ver quem a pegou pelo braço.

-Sabia que viria logo atrás de mim era só questão de tempo...-ela ri .Aguardando o celular na bolsa .

Ele a olha com reprovação.

-Parece mesmo que você não tem um pingo de juízo,não é Sophie?-ele pergunta com raiva e soltando seu braço.

-Eu?por quê você diz isso?-ela pergunta cínica.

-Não precisa vir com mentira não!eu sei muito bem que tu foi atrás de Olívia espalhar seu veneno não foi?-ele grita.

-Ah,aquilo?foi só uma conversinha amistosa..ela ficou tão bonita grávida ,como está o bebê?-ela pergunta.Um risinho de escárnio escapando por seus dentes.

Ele a escora na parede da rua com raiva e tentando reprimir a força que queria empregar naquilo.Não batia em mulher,mas aquele estava merecendo...e como.

-Se eu souber que você chegou perto dela de novo...-ele sibila.

-Nós podíamos ir embora daqui!deixe isso tudo pra trás!vamos voltar pra Paris,ainda dá tempo..pense em tudo que podemos conquistar juntos ainda,Miguel!-ela fala tentando tocar nele.Que ri com desgosto.

-Você não muda não é?pensa que não sei daquele homem?-ele diz ,mal controlando o ódio em sua voz.

-Homem?que homem?-ela pergunta se fingindo de desentendido.

-Não precisa fingir...eu sei da sua traição,sabia desde que terminamos...mas sabe por que eu voltei com você?por que eu não podia ter a mulher que eu amava ...eu estava no fundo do poço,por isso me contentei contigo!eu tentei negar a mim mesmo quando você veio toda arrependida pro Brasil,mas a verdade é que tu não presta Sophie!nunca prestou!e eu lhe como estepe ,como um muro pra que eu não falhasse,pra que não chegasse perto de Olívia!mas nem pra isso você serviu...-ele fala pra ela.

-Você não ama aquela garota,quando se cansar dela vai vir correndo atrás de mim!-ela exclama com raiva.

Ele ri dela com gosto.

-Tá vendo?tu é patética...eu amo Olívia,sempre vou amar...ela foi a primeira mulher por quem eu senti isso de verdade.Nós vamos construir uma família juntos e ninguém principalmente você,vai nos atrapalhar!-ele fala.

Ela o olha num misto de ódio e descrença.Depois de um curto silêncio faz menção de sair.

Ele agarra novamente em deu braço a impedindo de sair por enquanto.

-Que fique avisado,Sophie.Não chegue mais perto dela,entendeu?!-ela o olha com raiva e assente largando seu braço com força e saindo a pisar duro.

Olívia abre os olhos assustada,está no escuro e acaba de ter o pior dos pesadelos.Que começava com Sophie sussurrando seu veneno para ela e acaba com ela vendo o sangue descer por suas pernas.Ela quase pode sentir as lágrimas vindo,sua respiração é ofegante e ela treme um pouco.

-Shiii.-escuta uma voz soar próxima a seu ouvido.Mãos acariciam seus cabelos e sua barriga e ela nem precisa olhar para saber quem é o dono daquele hálito de hortelã.

-Pesadelo?-Miguel pergunta.

-De novo..-ela fala ajeitando a cabeça que estava no ombro dele.Haviam dormido abraçados.Ou ao menos ela abraçada a ele,já que o rapaz não tinha conseguido dormir direito.

Naquele dia depois de Miguel ter chegado da cidade ela não o interrogou,Santo havia assim como o combinado dito que ele tinha ido ver Maria Tereza.Mas claro que ele sabia que ele gora atrás de outra pessoa,mesmo assim decidiu não tocar no assunto.

Então à noite depois do jantar,quando todos já se preparavam para dormir,ela bateu na porta dele , já de camisola e com um sorriso tímido dizendo que não conseguia dormir sozinha.Ao que ele prontamente a recebeu no aconchego da sua cama de casal.

-Não dormiu?-ela pergunta.Biscando no escuro seu rosto.O mesmo está assim como o dela iluminado somente pela luz do luar,que adentra a janela aberta do quarto.

-Tô sem sono.-ele diz,ainda passando a mão na barriga dela.

-Se eu soubesse não tinha vindo atrapalhar seu sono.-ela diz.

-Não é isso,por mim eu nunca mais saia dessa cama.-ele fala.

-Então o que foi? tá sentindo alguma coisa?-pergunta ela curiosa.

-Não é nada disso,deve ser ansiedade pelo que você vai me responder...-ele fala.

-Eu?lhe responder..como ass...-ela se interrompe,ao perceber com a fraca luz o brilho de uma aliança em seu dedo anelar da mão direita.Ao olhar para a mão dele que está sob sua barriga,vê outro anel nesta.Seu coração dispara sem ela nem mesmo se dar conta.

Se senta e se vira de frente a ele.

-Isso quer dizer que..-ela fala.

-Isso quer dizer que eu estou pedindo pra você que interrompa meu sono pro resto das nossas vidas..., eu ia fazer isso de manhã,mas você acordou antes neguinha.-ele ri.

Ela ainda está perplexa.Embora tivessem decidido morar juntos não era algo imediato,na verdade com o bebê e tudo mais nem havia pensado muito como ficaria o status do relacionamento deles.

-Ah,meu Deus..-ela suspira e ele ri.Se aproximando mais dela e acarinhando seu rosto.

-Eu tô pedindo que você Olívia dos Anjos,mãe do meu filho,dona do meu coração e mulher da minha vida...aceite casar comigo.-ele diz,olhando profundamente nos olhos dela,que mais parece hipnotizada pelos dele.

Ainda em silêncio,ela levanta a mão,dessa vez para passar a mão no rosto dele.Sorri com o seu próprio gesto,ele era absurdamente lindo.

-Eu aceito..mil vezes,se fosse preciso passar por tudo isso que eu passei só pra a gente ficar junto,eu passaria feliz...eu te amo e não vejo a hora de casar com você.-ela sorri emocionada,sendo puxado logo depois por ele para um beijo ,ela aos risos e ele ainda sem acreditar.Parecia que tudo aos poucos estava se encaixando em suas vidas...