História Mortal loucura - Festança(parte 1)

O dia tinha amanhecido mais ensolarado do que nunca em Grotas.A alegria daquela data pairava sobre a fazenda Piatã.

Olívia acordou mais cedo para ajudar a avó e a mãe com os preparativos de seu aniversário.

-Não precisava de festa.-ela fala enquanto colocam tudo do lado de fora.

-Oxe,menina,claro que precisa.-sua mãe fala.

-Não é todo dia que se faz vinte e um ,minha flor.-a avó sorri para ela.

-É Olívia,deixe de besteira.-Bel fala arrumando alguns enfeites.

A manhã transcorre e junto dela chega a tarde,os convidados chegam ,a festa é íntima,apenas a família dos Anjos,com Beatriz e Bento,Dona Ceci ,Lucas e é claro Sophie junto de Miguel.

-Cê tá é linda,irmã.-Bel sorri quando a irmã sai do quarto.

-Obrigada,Bel.-ela abraça a mais nova.

Ela usava um vestido simples,mas encantador,de um ombro só,branco e totalmente feito com renda.Havia sido presente feito por sua avó e irmã caçula.O cabelo estava solto como sempre ,havia crescido um pouco,ela tinha usado alguns grampos para prender algumas mechas de cada lado.Sua maquiagem era discreta e natural.

-Como tu cresceu,parece que foi ontem que lhe vi nascer peitica.-Santo sorri.

-Painho.-ela sorri e o abraça.

-Vamos lá pra fora que o povo já chegou.-ele sorri e eles andam abraçados.

Lá do lado de fora tudo está organizado.Algumas mesas e cadeiras,a tarde que já vira noite iluminada por algumas luzinhas coloridas,flores de todas as tonalidades.Numa mesa um bolo lindo,decorado também com muitas flores multicoloridas ,docinhos de coco e salgados também tinha de monte.

-Parabéns!-tio Bento veio a abraçar,junto de Beatriz e dona Ceci,que também felicitaram a moça.O tio deu a ela um enfeite de cabelo.Já as duas a presentearam com mais um vestido,esse lilás e longo.

-Espero que goste ,Olívia.-Sophie sorriu indo de encontro à moça.

-Obrigada, não precisava se incomodar comigo.-o presente era bonito, teve de admitir,era uma saia com estampas modernas e tecido grosso.Não fazia muito seu estilo,mas podia apostar que assim que a visse Bel ia querer.

-Ah,não custa nada agradar minha nova cunhada.-ela sorri e vai se sentar com Miguel.O mesmo já tinha dado parabéns a ela antes pela manhã.Quando se trombaram perto do banheiro.

Alguns ​minutos depois ,o semblante de felicidade de Luzia se desfez quando o carro de Tereza estacionou .

Olívia​ sorriu ao ver a mulher sair do carro.Ela mesma tinha convidado a mãe de Miguel,gostava muito dela,se identificava com Maria Tereza.

-Parabéns,minha linda!tudo de bom pra ti!-ela disse, abraçando a moça que retribuiu o carinho sorrindo.

-Tudo em dobro pra tu, Tereza.-ela ri.

-Olhe,eu trouxe uma lembrancinha.Não é muita coisa ,não.Mas eu achei que ia gostar.-Ela entrega um embrulho médio .

Os olhos da morena brilham ao abrir e vislumbrar o presente.

-Muito obrigada! não precisava ,é tão linda..-ela sorri passando a mão pela madeira escura da pequena caixinha de música.

-Oxe,imagine...toque pra ver.-ela diz.

Olívia abre a caixa e vê um lindo casal ,gira uma chavezinha e eles começam a valsar,ao som de uma música que parece de ninar.

-É muito lindo,delicado.-ela fala olhando a valsa dos bonecos.

-Era da minha mãe..ficou pra mim,mas como eu só tive um menino,fica pra ti ,porque eu lhe tenho como filha.-ela sorri e ganha mais um abraço emocionado da menina.

-Eu sei que você e painho se amam,e  não acho justo minha mãe ter sufocado esse amor dos dois por todo esse tempo...espero que vocês se acertem.-ela sussura no ouvido da mais velha.

Quando se soltam, Tereza tem os olhos marejados,ter o amor e a aprovação da filha de Santo era mais do que importante para ela.

-Você me lembra muito eu,quando era jovem.A mesma ambição,os mesmos sonhos...espero que os seus se realizem .-ela sorri e solta a menina.Indo sentar na mesa com o filho e sua namorada.

-Num sei pra quê convidar essa descarada.-Luzia chega ao lado da filha e espia por seu ombro o presente que ela ganhou.

-De novo não,mainha..-ela diz devolvendo o presente ao embrulho e impedindo a mãe de botar defeito.

-De novo sim! você e seu pai insistem em se aproximar dela.-fala raivosa.

-Ela é mãe de Miguel,mainha.A senhora querendo ou não ela faz parte da nossa vida agora.-a moça fala e se afasta dela.Indo guardar seu presente no quarto.

Após depositar a caixinha com cuidado dentro do guarda-roupa ,ela se assusta ao sentir mãos tapando seus olhos.

-Ai !que susto Lucas...-ela diz e escuta a risada dele.

-Também te amo, minha raivosinha.-ele brinca dando um selinho nela.

Ela ri de seu jeito atrapalhado.

-E por isso, vim lhe trazer isso.-ele diz sorrindo e mostrando a ela um lindo buquê de rosas vermelhas.Ela sorri agradecida.

-São muito bonitas,obrigada.-ela diz.Sorrindo realmente agradecida.

-Você sabe um jeito melhor ainda de me agradecer...-ele diz fingindo-se de desentendido.

Ela ri e o beija.

Fazia apenas uma semana que estavam namorando.Sua família tinha aprovado ,afinal.

Embora Lucas a fizesse se sentir bem,ela não o amava.Pelo menos não como mulher.Era para ela como um irmão ,um companheiro de aventuras.Ela se sentia mal por enganar ele.Mas, tinha a esperança de que com o tempo pudesse sim brotar algo com relação a ele em seu coração.

Lá fora, tudo estava mais do que animado.Luzia havia pegado a sanfona ,cantando e tocando músicas do sertão.Todos se animaram e em pares foram dançar.

Santo chamou a filha caçula,Beatriz puxou Bento ,Ceci e Piedade dançavam sozinhas,apenas se balançando de leve,as duas conheciam bem um verdadeiro forró pé de serra.Tereza foi com o filho,uma vez que Sophie disse que não sabia dançar forró e nem quis tentar.

Assim como Lucas puxou Olívia ,que animada foi se juntar a ele,eles riam e se divertiam no meio de todos.A sanfona de Luzia parecia reluzir junto de seu próprio sorriso.Todo o possível mal humor da mulher sempre sumia quando pegava no instrumento.

Pelo ombro de sua mãe,ele podia ver Olívia  e Lucas dançando colados.

Era melhor assim..pensava ele,ela pelo menos estava com alguém que realmente gostava dela e podia fazer feliz.

A noite transcorreu animada ainda,com várias músicas e claro,comida de dona Piedade.

Até mesmo Luzia parecia ter relaxado e aproveitado a festa.

Lá por volta das sete horas,chegou a hora do parabéns.

Se juntaram em um círculo e começaram a cantar para ela.Que meio encabulada,sorria para todos ali,sua mãe e seu pai  um de cada lado ,Lucas à sua esquerda e Bel pegada em sua mão.

A sua frente estava Miguel,sorridente e genuinamente feliz por poder estar ali com ela.

Sorri para ele.O rapaz não desgruda os olhos dos dela ...

E é justamente ele,o primeiro a notar que alguma coisa estava errada com a morena.

Ainda no começo do parabéns, Olívia sente um calafrio estranho correr-lhe a espinha,sua cabeça gira.Ela continua encarando Miguel.Ele desmancha o sorriso ,quando vê que o rosto dela está lívido e ficando pálido.

Assustada,ela fecha os olhos com força para ver se a sensação horrível passava.Solta a mão da irmã devagar e segura na mesa.Tudo discretamente e sem nenhum tipo de alarde.Osboutros continuavam cantando .

Ao abrir novamente os olhos,vê a preocupação nos de Miguel.Ele a olha com dúvida,mas ela não consegue falar.

Suspira...aquilo estava ficando incontrolável.

Sua visão fica turva e seus pés começam a formigar de forma estranha.

Sente suas pernas falharem e escuta a cantoria parar,braços a seguram e a última coisa que vê é a preocupação no rosto de Miguel.