O sol está a pino em Grotas de São Francisco,na cidade o movimento era pouco,aquela hora as pessoas estavam descansando,tarde de domingo.Ninguém queria ficar fora da cama..
-Ai,Lucas!que susto que tu me deu.-ria Olívia enquanto o namorado emergia e dava-lhe um beijo estalado na bochecha.
-Vocês são fofos juntos.-disse Sophie,num tom meigo que não combinava muito com ela mesma.
-Não acha ,Miguel?-ela pergunta passando a mão no rosto do próprio namorado ,que tinha uma expressão estranha no rosto,parecia quase irritado com a cena.Ele apenas assentiu rapidamente com a cabeça.
Havia sido de Lucas a ideia de chamar os outros dois para um banho de rio,Sophie adorou .Logo os dois puxaram seus pares para o passeio.
-Vocês se conheceram em Paris,não foi?-pergunta Lucas.Agora os quatro estão dentro d'água.
-Foi sim...uma noite mágica no rio Sena.. três anos atrás.Parece que foi ontem.-ela fala encantada e sorri para Miguel,que retribui, porém sem mesma intensidade.
-Mas e você e Olívia?-pergunta ela,Miguel de repente parece ,prestar bastante atenção na conversa.
-Somos amigos de infância...essa daqui num se livra de mim mais nunca,visse.-ele ri sendo acompanhado por Sophie.
-Eu acho bonito amor assim..magnifique.-ela diz abraçando o namorado de lado.
-Eu também,aliás, vocês dois combinam .-Lucas fala,Olívia vira o rosto,fingindo olhar o horizonte.Ela mal conseguia fingir o desconforto que aquelas palavras a faziam sentir.
-Gente,tá muito bom, mas eu tenho que voltar pra ver umas coisas que painho deixou pra fazer..-ela fala,se levantando e saindo da água,era mentira.Mas ninguém precisava saber.
-Eu vou contigo.-Lucas fala já se levantando também.
-Precisa não,pode ficar aí eu vou ter que ir bater na cidade ainda..tchau pra vocês.-diz pegando as sandálias da areia fofa e saindo apressada.
-Vixe maria,já veio?e o resto?-sua avó pergunta assim que ela chega em casa.
-Tão lá ainda.-disse pegando uma toalha e indo direto para seu quarto.
Após se secar ,tirar o bíquini e o short que usava,colocou o primeiro vestido que viu pela frente e suas botas.O cabelo ficou a serviço do vento mesmo.
-E o que foi que você veio tão cedo,minha filha?num tava bom lá, não?-pergunta Luzia,sondando como sempre.
A menina apenas dá de ombros.Indo até a cozinha ,onde a avó acaba de colocar um bolo em cima da mesa.
-Baba de moça,vóinha?-pergunta já com água na boca.
-E eu não sei do que tu gosta ,menina?-ela ri.
-Ai meu Deus,vó! você é a melhor cozinheira do mundo todinho!-fala comendo um pedaço do bolo.Como ela amava coco!
-Eita,que cheguei numa hora boa.-diz Miguel entrando na cozinha e dando um beijo no rosto da avó.
-Pode se servir meu filho,corra logo pra pegar seu pedaço, por que se não essa draguinha come tudo.-diz ela rindo e fazendo os netos rirem.
-Oxe,que agora até gostar de comer é proibido,é?-ela fala com a boca melada de coco.A avó revira os olhos e sorri.Miguel ri ,ela ficava ainda mais fofa com o rosto melado,parecia uma criança.
-É verdade,desde pequena, não pode ver um bolo baba de moça que endoida.Eu tinha até que esconder pra ela deixar pro povo..-Piedade fala rindo mais.
-Com razão viu minha vó,é uma delícia esse seu bolo!-ele diz levando um pedaço à boca.
-Enquanto vocês comem aí,eu vou lá em dona Ceci .-diz pegando sua bolsa.
-Eu levo a senhora-diz o neto.
-Precisa não meu amor,vou num pé e volto noutro.-diz já saindo.
-Cadê os outros dois?-pergunta Olívia.Saindo da cozinha e indo até o lado de fora,ele a segue com as mãos nos bolsos e calado.
-Assim que tu saiu,Sophie pediu pra conhecer a região.Ai ele se ofereceu,claro.-diz ele a olhando sério.
-Ah.-diz ela.Ela desvia o olhar,ainda passando a mão na boca,para o caso de ainda estar suja.
-Tu sabe que a gente tem que conversar,né neguinha?-ele pergunta a ela.
-Nós já falamos o que tínhamos pra falar,Miguel.-ela para de andar e o encara.Sua voz saia baixa,mesmo que estivessem apenas os dois do lado de fora.
-Ainda , não.A gente precisa resolver essa situação!-ele diz já quase irritado.Toda aquela cena no rio o deixara bastante desconfortável.Tanto de Sophie se pendurando nele na frente dela,como em Lucas praticamente a agarrando.
-Não tem o que resolver,Miguel! nós somos irmãos,nada importa além disso.-ela fala.A última parte sai mais baixa .
-Negar uma coisa que existiu não adianta nada ,Olívia.-ele fala pegando ela pelos ombros e sacudindo de leve.
Ele já estava indo à insanidade com aquela situação toda,o amor que não podiam viver e o sentimento que eram obrigados a reprimir.Ver ela todos os dias,ter que aguentar agora Lucas completamente doido por ela.
-Não é negar..é viver como se nunca tivesse existido.-ela fala com a voz destruída.Ela o olha bem nos olhos,ele baixo seu olhar,trincando os dentes e preferindo não responder nada.
Quase imediatamente ,ele a larga e sai andando a passos largos.Dando-lhe as costas pela primeira vez desde que se conheceram,fazendo ela sentir quase como se ele a estivesse rejeitando.Muito embora,de certa forma fosse isso que ela estivesse fazendo com palavras.Rejeitando,tudo o que já viveram ou que pensaram em ter e fazer um com o outro.
-Miguel,espera!-ela grita com voz de choro.
Ele continua a andar,os dois já estão na plantação,as uvas os cercam ,somente eles naquela imensidão verde e que cobria suas cabeças.Ele anda mais devagar agora.Ela solução um pouco.Só aquele simples ato dele de virar as costas parecia ter quebrado seu coração.
-Por favor,não me deixe sozinha!-ela grita já chorando livremente.Ele para ,já também de rosto molhado,era dolorido ver ela daquele jeito.Tratá-la com frieza com toda certeza doía mais nele mesmo.
-Por mais que eu tente eu não consigo lhe ver como minha irmã..é estranho ,de você pra Bel,é como se ela sempre tivesse sido minha irmã caçula.Já você..-ele diz se virando e a olhando.
-Eu sei o que você quer dizer,comigo é assim também,eu...-ela tenta falar,mas não consegue.O choro a impede de continuar.Ela abaixa o rosto.
Antes que ela perceba ,ele está lá ao lado dela,abraçando e confortando.A dor que os dois partilhavam e que machucava tanto que era difícil até mesmo de pensar nela...era pura injustiça tudo aquilo.Como poderia tudo ter dado tão errado para eles sem nem ter começado direito?
-Vai ficar tudo bem,nós vamos ficar bem.-ele diz afagando seu cabelo .
-Tomara,Miguel..não aguento mais viver desse jeito.Eu tô sufocando um pouco a cada dia.-ela fala agoniada ,saindo devagar do abraço dele.
-Não se preocupe não,vai dar certo.Vamo voltar pra casa.-diz pegando pela mão dela ,andando de volta e sorrindo um pouco para anima-lá.
Ela retribui o mesmo.Mas sua alma dói só em o fazed.Retribuir um sorriso dele,sabendo que não poderiam se beijar em seguida.
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