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História Mostarda e Mel - Uma máquina quebrada


Escrita por: CatyBolton

Notas do Autor


Eu demorei um bocado, n demorei? Mas já vou dizendo que essa não é a minha maior demora para atualizar uma fic... mas, de qualquer jeito, sorry ;-; a criatividade as vezes n colabora...
Bem, aproveitem a leitura e perdão por qualquer erro~

Capítulo 4 - Uma máquina quebrada


Depois de investigar aquela máquina mais a fundo, desmontando-a o máximo que ela permitiu sem causar danos, Sans descobriu que existiam bem mais diferenças do que pensou a princípio. Reconhecia algumas coisas, mas haviam componentes que ele nunca vira em toda a sua vida, os circuitos também eram diferentes e a placa-mãe aparentava ser ultrapassada se comparada ao do teletransportador em seu universo. Sem realmente perceber, ficou horas naquele porão, tentando decifrar aquele novo-velho enigma e procurando por pistas dentro das caixas, chegou até mesmo a achar alguns papéis de Gaster, mas todos estavam incompletos e a maioria se referia a determinação, nada realmente útil, e o pouco que falava sobre as linhas do tempo alternativas nada tinha sobre a máquina, focando-se no desenvolvimento das teorias, que conseguiam ser muito mais avançadas e complexas do que o seu criador alguma vez pensou que pudessem ser, por mais que aparentasse estar incompleta. Parecia que o cientista daquele universo havia passado a maior parte do tempo imaginando, e pouco tempo foi dedicado a um modo de chegar no que ele teorizava a existência.

Até o momento Papyrus ainda não havia trazido as tais peças que falou mais cedo, Sans sentia que não conseguiria fazer progresso sem elas e por mais que tivesse vontade de ir cobrar, não tinha coragem para fazê-lo. As vezes que cobrou algo do seu chefe, as poucas vezes e sobre pequenas coisas, nunca acabavam bem, ele não admitia que o seu inútil e fraco irmão fosse lhe cobrar algo, sendo que o único que realmente trabalhava ali era ele e que com seu salário de um emprego com patente alta conseguia sustentar ambos muito bem. Antigamente, desde bem antes do seu irmão mais novo voltar, Sans fazia alguns pequenos e sujos serviços afim de ganhar dinheiro o suficiente para sobreviver cada dia naquele mundo onde ninguém fraco vivia por muito tempo, mas parou porque não era mais necessário e, de acordo com o chefe, mancharia ainda mais a reputação da família deles. O esqueleto nunca discordou.

Tudo bem que o seu irmão não estava ali, mas era impossível não lembrar dele pelo menos dez vezes ao dia e não gostava disso, precisava manter a mente sempre ocupada para não faze-lo.

Suspirando, afastou aqueles pensamentos e coçou uma parte do crânio perto da rachadura, pensar naquilo não resolveria a incógnita na sua frente, tinha que se focar na máquina para voltar para casa o quanto antes. Estralou os ossos da coluna antes de levantar, pelo tempo que ficou sentado no chão desconfortavelmente e sem encosto, procurando por uma pista inexistente em uma pilha de anotações aleatórias. Olhou para o teletransportador mais uma vez, no momento quase completamente desmontado, e para as peças inúteis separadas em um monte que chegava mais ou menos na altura da metade da máquina. Simplesmente não tinha mais o que fazer ali, não sem as peças novas, seria obrigado a abandonar a zona de conforto e ir verificar o motivo daquela demora, por mais que não quisesse.

Mas quando virou-se para a porta, que obviamente ficava no final da escadaria, em um tempo quase perfeito, a maçaneta girou e Blue abriu a porta. O recém chegado esqueleto carregava uma caixa um pouco grande demais debaixo do braço direito, mesmo que aparentemente não estivesse com dificuldades em relação a isso, e quando ele lhe viu deu um sorriso.

— Hey, Red! – Blue cumprimentou, ao mesmo tempo que descia rapidamente as escadas. – O Papy me pediu para te trazer essa caixa, você tá mesmo concertando aquela máquina?

— Tentando. – Assim que ele estava perto o suficiente, pegou a caixa de suas mãos. – Valeu...

— Foi um prazer!

Sans se afastou um pouco e sentou-se de volta no chão para abrir a caixa e investigar o seu conteúdo, não era nem metade do que precisava, porém era um bom começo. Até mesmo achou alguns papéis em wingdings, mas os leria depois, quem sabe eles não tivessem algo de útil em relação a máquina? Blue ficou ali em baixo mais tempo do que esperou que ele fosse ficar, revezando em olhar a máquina e lhe observar trabalhar, até que também se sentou no chão e por lá ficou vários minutos antes de chamar pelo apelido:

— Red?

— Uhn? – Respondeu, mas sem tirar os olhos ou as mãos do conteúdo da caixa.

Ele ficou em silêncio por alguns instantes, como se ainda estivesse pensando no que falar, silêncio que deixou Red estranhamente apreensivo. Normalmente o outro presente falava bem mais que isso, mesmo que fosse para iniciar uma conversa.

— Eu não sei se é só impressão minha mas... Por que você tem medo do Papy?

Blue era mais observador do que Sans pensou a princípio, estralou a língua e não fez questão de olha-lo, achando melhor somente mexer naquele emaranhado de fios, quando respondeu:

— Eu não tenho medo dele.

— Tem certeza? – Insistiu, era quase como se ele sentisse que Red não estava falando exatamente a verdade. – Você não parece muito confortável perto dele...

— Acho que eu tenho certeza de quem eu tenho medo. – Respondeu de um jeito mais rude do que pretendia no início.

Red realmente não tinha medo do Papyrus daquela realidade, mas tinha muito medo do seu chefe, e ele se parecia muito com o chefe. Aquele sentimento ruim ao encara-lo era inevitável, ao menos enquanto continuasse ligando a aparência dele ao do próprio irmão.

— Certo, desculpe. – O outro esqueleto presente falou rapidamente, concordando talvez rápido demais. – Mas, ei, já fazem horas que você tá aqui em baixo, não quer sair para tomar um ar?

— Horas? – De maneira nenhuma podia ter passado horas ali, mal havia sentido o tempo passar. – Não, eu preciso arrumar isso logo e-

— Aposto que você vai conseguir bem rápido! – Exclamou Blue animadamente, interrompendo outro.

— Por que?

— Porque você se parece comigo! Se eu sempre faço tudo perfeitamente sendo tão grandioso como sou, não tem motivo para você também não fazer!

Em outra situação aquilo poderia ter soado muito arrogante, mas Blue tinha o poder de tornas frases assim cômicas, pois a normalidade com que ele falava, tomando como verdade absoluta cada sílaba, era de não acreditar. Seria egocentrismo ou autoconfiança invejável? Não tinha como saber. Sans não conseguiu conter um breve e baixo riso, logo respondendo:

— Talvez você esteja certo.

— Claro que eu estou certo!

[...]

Naquele dia mais tarde Papyrus apareceu junto da Undyne daquela linha do tempo. Sans a achou particularmente estranha e bem diferente da guerreira sanguinaria e implacável que conhecia no seu mundo. Essa era menor, sem cicatrizes visíveis e, ao invés de usar uma armadura, vestia um jaleco de cientista. A ruiva lhe olhava com algum receio do outro lado da sala enquanto falava com o esqueleto mais alto, em um tom de voz tão baixo que era impossível escutar de onde estava, sentado no sofá, sem falar que Blue tagarelando incansavelmente ao seu lado, sobre o que passava na televisão, não ajudava nem um pouco.

— Ei Red, também tem um Napstablook no seu mundo?

Lembrou-se do pequeno, porém ameaçador, fantasma negro de olhos vermelhos. Aquele robô não parecia nem um pouco com o Napstablook que um dia chegou a conhecer, em algum dos resets dado pelo pirralho humano, mas, de algum modo, conseguia lembrar Metatton.

— Sim.

Blue estava prestes a fazer mais uma dúzia de perguntas quando Papyrus se aproximou dali, sem o seu costumeiro cigarro e com as mãos enfiadas nos bolsos, para primeiro falar com o irmão:

— Ei bro, você não tinha um treino com a Alphys hoje-?

— Eu esqueci completamente! – O esqueleto se levantou em um pulo e deu um abraço breve e desajeitado no mais alto, de despedida, logo soltando. – Obrigado por avisar, Papy!

E ele não deu tempo para Papyrus responder, apenas deixou a sala em uma corrida assustadoramente rápida até a saída, dando um leve susto em Undyne, que até pouco tempo mexia no celular. A monstro peixe olhou para a porta recém fechada e depois virou a cabeça para o sofá, vendo os outros dois esqueletos restantes.

— He-hey – Pela primeira vez desde que entrou ali, ela dirigiu a palavra a Sans, lhe cumprimentando com um sorriso fraco e timido. Quase não foi capaz de ouvir o resto, mas talvez não devesse. – e-eu não esperava mesmo você…

— Eu disse que você não ia acreditar. – Papyrus falou casualmente, enquanto acendia um cigarro.

— Ei, eu to ouvindo. – Sans falou grosseiramente, mas pelo menos não era ele que estava falando de alguém como se essa pessoa não estivesse escutando.

— Tanto faz…

Sem que percebesse, deixou algo parecido com um grunhido escapar de sua boca, voltando a olhar para a televisão e se encolhendo dentro do seu casaco, com as mãos nos bolsos. Nem mesmo o seu chefe conseguia ser tão irritante quanto aquele cara.

— Então, o que vocês querem? Eu tava tentando arrumar a lata velha lá embaixo, e isso aqui tá me fazendo perder um tempo precioso.

— E-eu… – Undyne pareceu ligeiramente intimidada, mas logo recuperou a compostura. – É sobre isso que eu vim falar, m-mas antes… – Ela lhe olhou, agora, meio assustada, e se aproximou do sofá. – Não acha melhor cuidar da sua cabeça…?

Red passou uma mão pelos curativos em sua cabeça, sentindo-os molhados pelo seu sangue. De todos os machucados, lesões e cortes que havia tido em toda a sua vida, aquele estava sendo o mais preocupante. Murmurou um palavrão enquanto arrancava as bandagens manchadas de vermelho.

— N-não acha melhor curar isso com magia…?

— Não. – Respondeu secamente.

A algum tempo atrás, seu chefe havia lhe proibido de curar os próprios machucados com magia, falando que talvez assim ficasse mais forte, aguentasse melhor a dor e deixasse de ser um pouco menos inútil do que já era. As ordens eram claras, nada de usar magia para esses fins, mas uma vez, um dia Sans pensou que talvez Papyrus não fosse descobrir, o pequeno corte no osso do braço esquerdo não era nada demais e por causa daquilo desobedeceu essa ordem. Mas o chefe descobriu, e ele não era exatamente misericordioso ou flexível com quem desobedecia suas ordens, isso se aplicava ao irmão.  Depois daquele dia nunca mais ousou usar magia de cura em si mesmo, e muito menos permitiu que outro o fizessem.

Havia ganhado muito mais que um corte no braço, e não fazia questão de passar por mais uma vez.

— Eu vou ficar bem.


Notas Finais


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