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História Mostarda e Mel - A sombra de um sonho ruim


Escrita por: CatyBolton

Notas do Autor


Opa, como vai? xD Tá aqui mais um capítulo dessa fanfic~ espero que ninguém aqui se incomode com parágrafos longos de pura narração, pq é oq mais tem nesse capítulo :'v
Alias, me perdoem por não ter respondido os comentários do capítulo passado, não é que eu não queira, só que eu já to postando isso em uma hora que apenas n devia estar no pc (a garota aqui tá de recuperação). Mas pretendo responder todos bem direitinho logo logo!

Enfim, perdão por qualquer erro e aproveitem a leitura~

Capítulo 5 - A sombra de um sonho ruim


Na maior parte do tempo, como o esperado, Sans permaneceu no porão trabalhando em consertar a máquina e parecia estar fazendo mais progresso do que nos últimos três dias, as peças e ferramentas que Undyne ofereceu estavam de fato sendo úteis e as perguntas que precisou responder em troca delas também não foram grande coisa. Bem, ela não fez nenhuma pergunta em relação ao chefe, então realmente não fora nada demais. A maioria foram sobre a sua dimensão como um todo, sobre a história, os monstros e o esqueleto pode ver como ambos os universos eram diferentes, mas ao mesmo tempo tão parecidos. Para começar quem governava ali era a rainha Toriel e, por eliminação, certamente Asgore era quem vivia nas ruínas, como se absolutamente tudo estivesse trocado, o papel de todos, que conhecia ou não, invertidos dentro de um mundo pacifista.

Não era hora de refletir sobre isso, concluiu depois de terminar de parafusar uma placa de metal sobre o painel de fios, agora todos aparentemente certos. Quase conseguia se sentir um pouco mais útil, quase.

De manhã cedo Blue falou que iria ficar o dia fora para treinar e montar os puzzles na floresta, já havia passado dez minutos da hora do almoço e Sans só não saia do porão porque não tinha certeza se mais alguém além dele estava em casa, ou mais especificamente, se Papyrus estava ali. A solidão do porão era um conforto bom demais para que simplesmente abandonasse e corresse o perigo de saber que estava sozinho com alguém que definitivamente não queria estar. Logicamente ele entendia que aquele Papyrus não faria nada que o seu chefe um dia chegou a fazer, mas aquele sentimento irracional independe da lógica.

Bem, talvez não devesse agir daquela maneira, quer dizer, logo voltaria para casa e lá não poderia ter o luxo de evitar o irmão sempre que quisesse. Quando as coisas voltassem ao normal, quando voltasse para a sua dimensão e para perto do irmão, depois daquele tempo fora sem dar notícia e nem avisar... Da última vez ganhará uma pequena rachadura no seu crânio, a primeira de muitas que viriam. Mas, nunca havia ficado tanto tempo sem avisar, em um lugar tão inalcançável para o seu chefe... Talvez fosse melhor evitar pensar naquilo por agora.

Em algum momento a fome apertou no seu estômago inexistente e sentiu aquela sensação de falta de energia, lhe impedindo até mesmo de prestar atenção em uma atividade tão importante que era concertar o teletransportador, acabou por ceder e subir lentamente as escadas. Não tinha sinal de vida na sala e isso incentivou o esqueleto a continuar o caminho até a cozinha e, ao não ver ninguém lá, respirou fundo em alívio e finalmente pode procurar o que comer tranquilamente. Demorou alguns minutos procurando entre os armários e a geladeira até achar uma lata de molho de tomate e um pacote fechado de macarrão, ambos no fundo de um dos armários. Particularmente Sans preferia algo já pronto – como sobras, comida congelada, fast-food e afins – naquele momento, mas não estava em posição de escolher e Blue havia lhe dito que não tinha problema se cozinhasse algo.

Encontrar os utensílios foi relativamente fácil e rápido, a maioria estava nos mesmos lugares que costumavam ficar na sua própria casa e, em poucos minutos, a água dentro de uma panela, sobre uma boca do fogão, já fervia. Segundos depois que colocou a massa na água quente e, quase no timing exato, escutou a porta da frente abrir com um click discreto.

— Sans?

Travou onde estava, na frente do fogão com a panela sobre uma boca acesa, e girou o corpo para olhar para trás. O seu olhar e o de Papyrus se encontraram por três breves segundos, nesse tempo pode perceber a estranheza de como ele ainda lhe encarava,  notando como estava nervoso com a simples presença dele ali e como se tentasse, de algum modo, compreender isso. Mas era quase impossível, e não seria Sans a explicar a razão da sua própria atitude. Antes que pudesse pensar em oferecer alguma coisa, ele saiu do campo de visão, talvez indo para o próprio quarto ou algo assim. Honestamente, não ligava.

Era estranho como o mais alto respeitava espaço de Sans por mais que ele fosse o intruso ali, com certeza não lembrava nenhum pouco as atitudes do seu chefe e não ousaria reclamar disso, mesmo que não achar estranho fosse quase impossível. Apenas tratou de cozinhar logo a sua comida, porque a fome realmente estava apertando naquele momento.

Em pouco tempo já havia preparado e comido todo o macarrão, nesse tempo não escutando mais sinal de Papyrus dentro daquela casa. Talvez fosse a preguiça falando mais alto e por resolveu deitar no sofá para cochilar por pelo menos meia hora, mas a verdade era que já fazia algum tempo que não dormia e, por mais que estivesse conseguindo fazer progresso na máquina, estaria fazendo mais se apenas não estivesse tão cansado. Ficou encarando o teto por poucos minutos, sem ter nada de especial em mente, antes de sentir o cansaço pesar sobre as suas órbitas, e fecha-las para ter o tão necessitado descanso.

[...]

Os sonhos – ou melhor, os pesadelos – de Sans eram sempre muito reais. Porque sempre se baseavam em acontecimentos reais, que havia vivido intensamente em algum momento nas linhas do tempo passadas. Às vezes voltava a vivenciar, no mundo dos sonhos, a linha do tempo em que todos que conhecia viravam pó pelas mãos do humano diante dos seus olhos, o seu irmão, Undyne e cada pequeno ou grande monstro, e no final ele iria enfrentar a criança humana, matando-a muito mais vezes do que conseguia contar, mas ela sempre voltava. Então, finalmente, em um um ponto que havia gastado todas as suas forças, ele finalmente conseguia lhe matar... Aquela foi a primeira vez que realmente queria ter tido, em algum dia da sua vida, mais vontade de viver, pois assim não seria morto tão facilmente... Mas, ao mesmo tempo, a morte conseguia ser o alívio mais mórbido de todos, quer dizer, se apenas morresse não iria mais precisar suportar aquela vida.

Claro que o humano lhe roubava aquele descanso no momento que resetava, de novo.

Outras vezes sonhava com as inúmeras outras linhas do tempo que agora já não mais existiam, e só ele era capaz de lembrar. Tinha as vezes que havia matado a pequena e irritante flor, ou as que Flowey reiniciava ele mesmo. Aquelas foram de longe os piores resets de todos, pois obrigavam o esqueleto a vivenciar certas situações que ele apenas queria poder esquecer, de novo e de novo, até que o humano finalmente apareceu e começou a reiniciar a linha do tempo a partir de um momento mais brandos, mas ainda sim era torturante precisar viver as mesmas coisas, de novo e de novo, dias e dias se repetindo como um disco riscado e sendo fadado a imaginar um futuro inalcançável, por um tempo que muitas vezes parecia ser infinito. A parte mais torturante era carregar esse fardo sozinho, ser o único a lembrar de tudo.

Tinha dias que também sonhava com o tempo que ficou sozinho no subsolo, quando ainda não acontecia reset algum, em um absurdamente minúsculo apartamento no subúrbio da capital, a parte mais perigosa da cidade. Aquela não foi a pior época da sua vida, claro que precisou fazer algumas coisas as quais não se orgulhava para sobreviver, mas foi a época que teve um pouco mais de liberdade, se comparado a todo o resto. Normalmente os seus sonhos envolviam o dia em que Papyrus lhe achou, depois de vários anos, em um momento completamente inoportuno, e isso não era algo que gostava de lembrar.

Mas os piores pesadelos sempre envolviam a sua família, as lembrança que faziam Sans ter aquele medo irracional, que faziam ele tremer, acordar assustado... Gaster fazendo aqueles malditos experimentos contra a sua vontade, quando era apenas uma criança querendo proteger o irmãozinho, os dias que quase havia morrido, quando ele fez o seu HP ser reduzido a 1 em troca de um poder que simplesmente não fazia a menor questão de ter. Talvez estivesse um pouco mais feliz hoje sem a sua boa memória, boa até demais para o seu próprio bem... Também tinham os com seu chefe, e aqueles sem sombra de dúvidas eram os mais infelizes. Somente desejava poder esquecer tudo que aconteceu, se prender as lembranças melhores e mais felizes de quando eles eram apenas crianças, de quando ainda eram irmãos, mas certa coisas na vida se tornam impossíveis devido às circunstâncias, devido a quanto elas podiam pesar na cabeça de uma pessoa.

Enfim, provavelmente teria sido melhor se Sans não tivesse ido dormir, não com os sonhos ruins que era fadado a ter toda vez que se deitava para descansar por algumas horas. Havia despertado com alguém balançando os seus ombros, claramente com o objetivo de acorda-lo de propósito, mas ainda estava atordoado demais, com a visão muito turva por ser tão bruscamente acordado, para ser capaz de identificar quem exatamente estava na sua frente. Era alguém muito parecido com o seu irmão então, por influência do pesadelo que estava tendo a segundos atrás, o tomou imediatamente como sendo o chefe e o medo tomou conta dos seus ossos no mesmo instante em que escutou um estrondo de algo caindo e se quebrando. Com aquele susto empurrou o seu chefe para longe, com um misto de ansiedade e horror no rosto.

Estava apavorado. Havia dormido demais, o suficiente para ter sonhos, de novo! Por que apenas não podia ser mais cuidadoso, QUE DROGA! Agora o seu chefe iria… Ele iria…

Sans fechou as órbitas com força, fazendo algumas grossas lágrimas descerem pelo seu rosto, trêmulo e se afastando o máximo que podia do outro esqueleto, de modo que ficasse com os joelhos dobrados e com os pés no estofado, encolhido como um animal ferido, desejando muito poder atravessar aquele sofá agora, como se fosse um fantasma, sumir, desaparecer, fugir para qualquer lugar! Cobriu o rosto usando ambas as mãos e murmurou, em pânico demais para gritar:

— P-por favor Papyrus, não me machuque….

Mas nada aconteceu.

Aos poucos foi juntando o pouco de coragem que lhe restava na alma e abriu os olhos também tirando as mãos do rosto, enquanto o choro silencioso não dava trégua. Viu a princípio apenas o tronco dele, que usava um moletom laranja atípico. Levantou um pouco a cabeça e encarou Papyrus… Que não era o seu chefe.

Mesmo depois que a realidade caiu sobre o seu crânio como um balde de água gelada, fazendo-o se arrepender de imediato da sua atitude anterior, não foi capaz de parar de tremer. Um silêncio desconfortável, daqueles que ambos querem iniciar uma conversa e não sabem como, reinou por longos e torturantes segundos, quase um minuto inteiro. Sans sentia uma profunda vergonha por ter agido daquele jeito, quando antes se esforçou tanto para reprimir e esconder esse medo, pensando em como não seria nada mal se naquele instante houvesse um reset. Esse Papyrus não precisava conhecer e compreender os seus medos, não existia necessidade dele saber o motivo de tanta aflição. Não queria que ele soubesse! Era humilhante apenas cogitar a ideia de que falaria algo para ele!

— O que o seu irmão te fez? – Papyrus questionou, tirando o cigarro dos dente e segurando entre dois dedos, havia uma sombra de preocupação no olhar dele .

A pergunta pegou Red totalmente desprevenido, seus ossos ficaram tensos e sentiu uma intensa vontade de chorar mais uma vez, mesmo não sabendo exatamente o porquê. Encarou ele por alguns segundos, engolindo o choro que desceu dolorosamente, antes de responder:

— Nada.

O esqueleto mais alto lhe encarou com incredulidade, obviamente sabendo que não estava sendo honesto com aquela resposta. Sans esperava do fundo da sua alma que ele não fosse insistir com aquela conversa desagradável.

— Então por que você ainda tá com medo?

— Eu não tô com medo.

— Não é o que parece. – Insistiu com pouca ou nenhuma hesitação.

— Foda-se. – O mais baixo retrucou, sem achar uma resposta verdadeiramente convincente, quase em um rosnado.

— Eu não posso te ajudar se você não falar-

Antes que ele pudesse terminar de frase, Red o afastou com o empurrão, o que na realidade não fez muito efeito, levantou-se do sofá e exclamou bem mais alto, com bem mais raiva, do que pretendia no início:

— Eu não preciso da sua ajuda!

Assim que terminou de falar, algo no olhar de Papyrus fez Sans se arrepender, não de ter negado a ajuda, mas por ter gritado, pois de repente ele pareceu falar sério quando disse que queria ajudar. Mas também estava falando sério quando afirmou que não precisava de ajuda. O monstro mais alto se afastou alguns passos para trás, lhe dando mais espaço, e esse outro momento de silêncio aparentou durar muito mais que um minuto.

— Certo, eu vou te deixar sozinho.


Notas Finais


Mereço feedback? ;u;


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