História Motivos - Único

  Não era como se Lisa não gostasse das outras, era apenas sobre Rosé ser especial. E ela nunca soube explicar porque, entre todas as pessoas do mundo, era a ruiva quem tinha seu coração. 
       Talvez fosse o sorriso perfeito dela que a fazia Lalice questionar todos os dias se a australiana era uma espécie de princesa ou deusa. Ela sabia, desde que pôde admirar aquele sorriso pela primeira vez, que faria de tudo por um sorriso dela. De todos os sorrisos de Rosé, aquele envergonhado que vinha logo após a loira lhe sussurrar “eu te amo”, era o seu favorito.
       Ou talvez, Lisa se questionava, fosse a personalidade admirável de Rosé. Ela era sensível e delicada como uma flor, e ainda assim forte e persistente. Chaeyoung era definitivamente atenciosa e  amável , dona de uma doçura quase infantil. Foi exatamente com esse jeitinho que ela havia roubado o coração da tailandesa. Não havia canto algum em seu coração que Rosé não houvesse preenchido.
       E Roseanne amava a forma animada com que Lisa a cativava todos os dias, as brincadeiras bobas, a forma que Lisa a protegia e consolava, o jeito apaixonado com que Lalice a olhava e o sorriso que aparecia em seu rosto quando Rosé lhe devolvia o olhar. Ela se questionava se o olhar que dirigia a Lisa era tão bobo e apaixonado o quanto.  
     Amava cada pequena coisa em Lalisa e cada pequena coisa que Lisa fazia por ela. Cada pequeno detalhe que fazia das duas, uma. Os dedos entrelaçados, a delicadeza com que seus lábios pousavam sobre os da loira e os cuidadosos beijos que a mais nova depositava em sua testa, sempre nos momentos certos. Não havia nada ali que  Rosé gostaria de mudar.
     Todas as vezes que Chaeyoung chorava, o coração da loira se apertava e ela sentia vontade de lutar contra o mundo se fosse pela sua garota, ela apenas queria segurar a ruiva em seus braços e ser seu porto seguro pra sempre. Rosie achava que  o sorriso de Lalice poderia iluminar todo o seu mundo e se encantava com a forma sexy que a amada dançava, contrastando com a personalidade animada e risonha. 
“Um dia Chaeyoung,”  Ela começava.  “nós vamos comprar uma casa no campo e você vai tocar violão enquanto eu danço pra você e vamos viver uma vida feliz, apenas nós duas.” 
“Jennie e Jisoo irão nos visitar também ?”  A ruiva perguntava.
“ Claro que não. “ Era Jisoo que a respondia entre risos.  “Jennie e eu seremos suas vizinhas.” E recebia o sorriso das mais novas em resposta.
“Eu apenas vou aceitar , se você prometer ser pra sempre.” A australiana respondia escondendo o rosto na curva do pescoço da loira. E como Lalice negaria as condições de sua garota ?
     Lalisa amava quando a namorada cantava para ela dormir, era como se os sonhos chegassem antes mesmo do sono e o tom manhoso da voz da ruiva pela manhã, era definitivamente o seu som favorito. E ela se sentia a pessoa mais sortuda do mundo por amar a melhor amiga, por ser ela a primeira a ouvi-la ronronando “Bom Dia” enquanto esfrega os olhos de forma adorável, de ser a pessoa a quem Rosé se aconchegava quando se sentia assustada, a dona dos “eu te amo” mais sinceros vindo da ruiva, seu primeiro e último pensamento do dia. Ser correspondida de tal forma por Rosie, a fazia se sentir única.
       Talvez fosse por isso as machucava tanto ter de esconder, mas havia a pressão da empresa e da sociedade, o medo da rejeição dos fãs, pois sabiam que essa rejeição também atingiria Jennie e Jisoo e especialmente o medo de serem rejeitadas por suas familias tão tradicionais. E quando Rosé se ajoelhava todos os dias para rezar, pedia perdão por não conseguir evitar ama-la e se encolhia para chorar sem que a namorada a visse. Quando isso acontecia, sentia os braços da mais nova rodea-la e lhe sussurrar que estava tudo bem, sentia-se culpada por Lisa vê-la assim, ela conseguia ouvi-la dizendo que sentia muito quando achava que Rosie já estava adormecida, enquanto lhe deixava um afago suave em seus cabelos. Lalice não a culpava de forma alguma, sabia que Rosé sempre fora muito religiosa e que seus pais haviam a ensinado sobre o quanto aquilo era errado com ainda mais fervor que sua família,sabia que o interior dela deveria estar uma bagunça, então o que  mais poderia fazer além de tentar lhe trazer paz ? Nas vezes que  sentia-se sufocada por não poder gritar pro mundo que Roseanne era sua garota, contentava-se por lhe sussurrar no ouvido o quanto ela era especial e Rosé sentia-se como se fosse.
   Nos momentos que estavam a sós, com o corpo de Rosé aconchegado a Lisa, a loira fitava a ruiva com um olhar sereno e cheio de amor e sorrisos tímidos se faziam presentes no rosto de ambas. 
“O que foi ?” Rosé perguntava nessas ocasiões em um tom manhoso.
“ Não é nada.” Lisa sempre a respondia e a apertava ainda mais a ruiva contra si, pois ela jamais saberia expressar todas aquelas sensações que a mais velha lhe fazia.
    Roseanne não precisava de palavras, ela sabia em cada gesto e olhar, que o coração da mais nova se sentia tão agitado quanto o dela. Apesar dos sonhos e dos planos, elas não queria se preocupar com o amanhã. Elas apenas queriam fazer de cada dia, o final de um conto de fadas. Afinal, era impossível para Lisa pensar em um final feliz em que Rosé não estivesse dormindo em seus braços.