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História As flores de um Jardim de Sangue (Hiatus) - A Flor de Cerejeira que não cai com qualquer brisa. Parte 3


Escrita por: Camprella8

Notas do Autor


Aaaaah, fiz o que fiz, e agora já foi também. HAUHAUHAUHA

Capítulo 10 - A Flor de Cerejeira que não cai com qualquer brisa. Parte 3


Fanfic / Fanfiction As flores de um Jardim de Sangue (Hiatus) - A Flor de Cerejeira que não cai com qualquer brisa. Parte 3

O final entre nós dois.

 Estava lendo para ela igual na primeira vez, por mais que ela observasse as palavras no livro, ela focava no jeito em que lia e notava em minha voz, Adele havia se largado no sofá e se apoiava em mim, nós já estávamos sentados lá a um bom tempo e estava quase acabando de ler, prestava mais atenção no conteúdo do que nela ao meu lado, mas então, senti ela se mexendo e virei para ver o que estava fazendo, me dando de cara com seu rosto, numa expressão calma e atenta.

 Estávamos perto demais, sentia sua respiração em meu rosto e via seus olhos focados nos meus, não disse nada a ela, e nem ela decidiu dizer alguma coisa, suas mãos vieram as minhas costas e ela me abraçou, não entendi bem o motivo, mas fechei o livro e retribuí o abraço. Adele se levantou um pouco e me “forçou” a deitar junto a ela. Encima de mim, a única coisa que ela fazia era olhar nos meus olhos, sua expressão não demonstrava mais algo específico.

“Adele”? Eu a chamei, mas ela permaneceu em silêncio. Fechando os olhos, ela apenas se deitou, dizendo a primeira palavra alguns minutos depois.

“Relaxe”.

 Era difícil fazer o que ela pedia, eu estava nervoso. Há coisas que não tenho como controlar muito bem, há coisas que fazem o contrário em mim, ela ter um contato como esse me fazia pensar demais... Não era hora, eu simplesmente não posso agora.

“Adele, não”.

“Por que não”?

“Estou nervoso, não consigo relaxar com você sendo tão direta assim”.

“Ah... Desculpa, é que eu”...

 Agora meu nervosismo pertencia a ela, que levantara depressa e se afastava o máximo que podia, escondendo o próprio rosto com as mãos, Adele se encolheu no sofá e ficou lá. Eu me levantei e encostei em seu braço, fazendo com que ela se assustasse e mostrasse o rosto vermelho e um tanto assustado.

“O que foi? Por que está quase mais nervosa que eu”?

“É que não é a hora certa, mas a algo que queria te contar”...

“Conte, não irei me ofender nem nada”.

 Ela olhou nos meus olhos novamente, percebeu que eu estava “tranquilo” e disse:

“Eu acabei gostando muito de você, eu me empolguei fazendo isso? Sim... Mas era meu único jeito de mostrar”.

“Aah, que linda”... Eu peguei em seu rosto, acariciando-o. “Eu gosto muito de você também, mas eu me sinto muito mal por isso”...

“Por que”?

“Porque aqueles que conheço... Bem, não conseguem permanecer muito ao meu lado”.

“Como assim”?

“Eles se vão, não entende”? Ela me deixava irritado por perguntar tantas coisas, e quase não me aguentava mais.

“Desculpa, não quero ficar perguntando coisas o tempo todo, mas quero te conhecer”.

“Eu deixo você me conhecer, posso até te contar meu maior segredo, isso se não contar para ninguém”.

“Eu prometo, nunca que eu faria algo do tipo”.

 Eu a peguei pelo braço, o que a assustou, e fiz com que ela deitasse prendendo-a com as minhas mãos.

“Imagine algo que você nunca acharia que eu fosse... Ou melhor, pense em algo que minha aparência já fez você imaginar”.

 Adele ficou olhando para mim, seu rosto preenchido de tensão, era a primeira vez que eu usava algo semelhante à tortura psicológica para causar certas reações em minhas vítimas. Mas sei que ela não sabia o que queria fazer, a falta de uma reação física mostrava que ela ainda tinha confiança em mim, e que, em sua mente, eu estaria apenas fazendo um drama.

“Sobre o que exatamente”? Ela perguntou, ainda olhando diretamente para mim.

“Do que eu tinha cara mesmo”? Eu disse, fazendo uma expressão de duvida, como se eu realmente não soubesse.

 Ela pensou, pensou profundamente no que era, e então começou a tentar se soltar disfarçadamente.

“Descobriu não”?

 Adele queria fugir de qualquer jeito, ao ouvir minha voz ela fez ainda mais força, mas não iria a soltar fácil assim, e juro que se ela corresse, o destino seria ainda pior. Não a avisei sobre isso, posso não correr por correr, mas se o objetivo for perseguir alguém... Eu sinto pena da pessoa.

“Me larga”! Ela berrou, acho que cansou de forçar uma fuga daquele jeito.

“Por que você me amava antes e não agora”?

“Porque agora que descobri que você é doente”!

“Doente não, meu amor, apenas insensível e cruel”. A mente humana é incrível para mim, não há nada melhor que uma mudança brusca de emoções e comportamentos. Ela tentou me agredir uma ou duas vezes já que as pernas estavam soltas, mas sem sucesso, Adele simplesmente se limitou a fazer uma cara de choro e continuar forçando uma fuga, gritando:

“Para com isso! Agora”!

“Continue gritando, isso me anima... Mas não abuse de minha paciência, posso não estar armado nesse momento, porém minhas mãos já são o bastante para te matar”.

“O que eu fiz para merecer isso”?!

“A culpa não é sua, eu sou o problema aqui... Posso até dizer que você é muito azarada”.

“Eu já sofri tanto... Por que não me deixa viver”?

“Pelo simples motivo de que escolhi você para isso, e agora que comecei tenho que terminar, alias, se sofre tanto, posso te salvar dessa vida”... “Ultimas palavras”?

“Eu me arrependo muito de ter te conhecido... Mas queria muito que fosse normal”.

“Obrigado, também queria ser”.

 Soltei seus braços e fui direto ao seu pescoço, ela fechou os olhos e deixou tudo acontecer, possibilitando algumas lagrimas caírem, via seu rosto indo do vermelho ao roxo e sem hesitar ela deixou a morte a levar. Depois de matá-la eu me sentei no sofá e me lembrei de Victória, mais especificamente de quando levei sua vida, arrumei Adele do sofá da mesma maneira que ela, parecia estar dormindo.

 Andei um pouco por sua casa, arrumei o que estava bagunçado, fiz uma limpeza básica, chequei se havia alguma marca de violência na pele de Adele, não queria ser preso e por mais complicado que fosse o trabalho de evitar evidencias e digitais, era prazeroso pensar na polícia se enrolando toda para resolver um assassinato, mas então, eu pensei... Por que não forjar um suicídio? Sei tudo sobre a adolescência de Adele, posso até escrever uma cartinha de adeus.

 Usei seu computador para escrever a carta e utilizei luvas para evitar as malditas digitais, tudo isso porque não coseguiria copiar sua letra, e após escrever e imprimir coloquei-a na mesa de centro, então chegou a parte mais divertida.

 Peguei uma das facas de sua cozinha e fiz vários cortes no braço contrário à mão que escrevia, sendo o maior e mais profundo deles localizado no seu pulso, o local onde as veias cortadas causam danos mais fatais, coloquei a faca na sua mão e deixei-a lá no sofá me sentando no chão mesmo.

 Passei um bom tempo pensando na minha vida, sei que é uma ironia, mas faço isso de vez em quando, eu observava as gotas de sangue respingando no chão e depois começava a pensar apenas na minha respiração, às vezes, o que mais passava na minha cabeça era: “Por que eu não fico nervoso ao fazer tudo isso também”? Mas esse pensamento sempre era ignorado.

 Às dez horas eu decidi sair, não havia quase ninguém na rua, porém tomei cuidado mesmo assim para que não houvesse uma pessoa sequer para testemunhar contra mim, cheguei em casa depois de alguns longos minutos de caminhada, fiz umas torradas só para ter algo para comer e fui dormir, sendo que ficaria na realidade várias horas apenas olhando para o teto.

 Alguns dias mais tarde, ouvi sobre o suicídio de Adele Takara, a jornalista cujos trabalhos fariam falta, a polícia acabou suspeitando um pouco devido a comentários dos seus amigos e pessoas a sua volta, que diziam que Adele era uma pessoa feliz demais para cometer suicídio, porém, a carta falsamente escrita por ela dizia outra coisa, principalmente sobre seu passado e o que acontecia no trabalho, o jogo no qual utilizei para fazer tudo se tornar totalmente fácil de se acreditar foi o seguinte parágrafo:

 “A pressão de sempre lembrar do que ocorrera em meu ultimo ano escola e de sair do trabalho dos meus sonhos estava corroendo meus pensamentos, claro, eu parecia feliz, mas sempre chega um momento em nossas vidas que a falta de alguém para compartilhar essas agonias estoura de uma forma incontrolável, e infelizmente, eu não aguento mais, não quero mais me fazer de forte e nem de aceitar coisas que só farão o pior, eu peço que me compreendam, e peço desculpas aos meus familiares, que acreditavam que nada me perturbava”.  

 Era impossível que, com toda essa emoção, alguém chegaria a falar “Não é possível, ela era tão positiva”! E foi exatamente por isso que mesmo com as suspeitas dos policiais, aquela cena foi tratada como suicídio.

 Claro que as minhas visitas à biblioteca se tornaram um pouco “diferentes” por causa dos questionamentos por parte das bibliotecárias, já que foram as últimas pessoas a me verem com ela. Elas me perguntavam, “você soube que aquela sua amiga se matou”? E de começo eu respondi quase que em desespero, dizendo “Como assim? Ela estava tão bem à última vez que a vi”. Sempre fazendo aquela encenação teatral no estilo Romeu e Julieta, as seguidas dramatizações com respostas diferentes só pararam após algumas semanas e eu finalmente pude sossegar um pouco.

 Uma curiosidade sobre todo esse caso, é que eu não pretendia a matar... Posso dizer que agi por puro constrangimento, há duas coisas que me fazem ter reações indesejadas, a vergonha e a raiva, em alguns casos também a tristeza, mas não fico triste frequentemente, a última vez que chorei “autenticamente” foi quando fiz 18 anos, e o motivo não é tão importante assim.

 Mas, de certa forma, tive uma diversão a mais nesse verão, não foi nada tão extraordinário, porém foi algo diferente para esses três meses.


Notas Finais


Preparem-se, o próximo capítulo será um pouco fora do comum.


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